UM TRIPÉ QUE ASSUSTA O PT E TAMBÉM ASSUSTA LULA!
A prisão temporária do ex-ministro Guido Mantega e, logo depois, a sua revogação, por parte do Juiz Sérgio Moro, deve ter consequências que, provavelmente, podem aprofundar, ainda mais, o processo de crise existencial que ora enfrenta o PT. Na verdade, cada vez mais se conclui que a Lava-Jato está muito longe de se encerrar e que, os treze anos de poder do partido, promoveram um processo de envolvimento, de quase todos os líderes da agremiação, em atitudes eticamente questionáveis. Tudo isto em face da facilidade que o poder conferiu aos seus membros.
A crise em que está mergulhado o PT, com reações de indignação e, até mesmo, de revolta, por parte da sociedade civil, na proporção em que vão aparecendo os mal feitos de seus líderes, e a frustração diante de tudo o que foi prometido e que veio embutido no discurso ético do partido, vai se ampliando num crescendo e vai incorporando mais e mais figuras proeminentes do cenário político do País.
O tripé que ora se apresenta como base e elemento de maior preocupação para Lula e o PT, está consubstanciado nas figuras de Mônica Moura, Eike Batista e a delação “ampla e irrestrita” da Odebretch. Se se quiser, agregue-se ainda ao tripé algo adicional que intranquiliza o PT e a Lula. No caso, uma possível delação premiada do próprio Guido Mantega. Ele, o mais longevo ministro da Fazenda do País, homem de confiança de Lula e de Dilma, presume-se que saiba de tudo e mais alguma coisa”, como se expressa o povo, possívelmente, foi levado a atender as demandas dos dois Presidentes e dos líderes do partido, no sentido de apoiar a busca de fundos para financiar os seus projetos e as suas ambições de poder.
A sensação que se tem é que há uma espécie de cerco aos desvios de conduta do governo petista e de Lula, cada vez mais sendo estimulado o processo com a agregação de mais e mais evidências de erros e somando-se mais e mais protagonistas que antes não era cogitada a sua participação, como é o caso de Mantega. Pelo que se sente das delações de Eike e da Odebretch, além de Mantega, de imediato, surge já o nome do ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho como co-responsável por possíveis desvios de comportamento.
Preocupa ainda mais a cúpula do PT e a Lula, o fato de que os seus homens fortes — José Dirceu, Pallocci, João Paulo Cunha, José Genuino, André Vargas, os três tesoureiros, os ex-presidentes — todos parecem ansiosos em se livrarem dessa “espada de Dâmocles” sobre as suas cabeças. E, é claro, raciocinam com a hipótese plausível de buscarem minimizar as suas penas e livrar-se desse processo que paralisa as suas vidas e estreita os seus horizontes em termos de perspectivas. Portanto, nao se descartam delacoes premiadas dos marqueteiros, de Mantega, de Pallocci e do ex-tesoureiro, Paulo Roberto.
Dessa forma o que se sente é um processo de esfarelamento do partido e de desestruturação do próprio ex-Presidente Lula que, tornado réu em dois processos, mesmo diante de todas as atribulações que levaria a qualquer um a se descabelar, procura, numa invejável mostra de determinação, recompor os escombros de um projeto de poder! Não se sabe se, Lula e o que restou de um PT com um mínimo de lucidez, tem consciência de que todo esse inferno vivido, assim se fez, talvez por uma séria incapacidade demonstrada de administrar o próprio êxito.
Isso fez com que o partido e os seus líderes mergulhassem em um amplo conjunto de trapalhadas que, não apenas redundaram em erros como os agora evidenciados, mas também, na desestruturação do projeto de condução da coisa pública. E, com isso, foi-se o poder, o discurso, a militância e os votos, gerando essa perspectiva extremamente pessimista diante do pleito que se avizinha.
E, parece que, mesmo com todas as tentativas de se vitimizar, como fez Lula no discurso pronunciado após ter sido denunciado pelo Ministério Público Federal, a quem ele acusa “esses meninos que não sabem o que fazem pois se soubessem iriam pedir desculpas a ele”, e, como agora querem fazer com Mantega e sua mulher com câncer, não irão mais sensibilizar o país da novela e do dramalhão.
Ao contrário, as reações da sociedade civil vão se tornando de maior indignação porquanto, em primeiro lugar, revela-se a frustração e o desencanto com um líder carismático que representou as aspirações e sonhos de um país ético e socialmente mais justo e que pugnava pela redução das diferenças e desigualdades.
Isto fica demonstrado quando, como registram as redes sociais, depois da visita de Lula ao interior do Ceará, onde o ex-presidente, após destilar, em comício, a sua fúria contra “as elites brancas”, recolhe-se a um hotel cinco estrelas em que esteve hospedado e, a seguir, apanha um jatinho particular para devolvê-lo a São Paulo, negando todo um discurso de simplicidade, humildade e voto de pobreza.
Diante disso, as avaliações sobre o desempenho eleitoral do PT, talvez seja muito ruins, prevendo-se uma queda de mais de 40% dos postos municipais ora ocupados, podendo ser até pior tal índice, na proporção em que seus aliados não consigam maiores e melhores resultados vez que podem vir a ser contaminados pelos efeitos perversos dos desgastes sofrido por Lula, pelo governo do PT e pela própria agremiação.
Assim, a recriação do partido, a volta da militância ao batente, a capacidade de mobilizar as ruas, parecem que são sonhos de uma noite de verão. Por mais bobagens que faça Michel Temer, isto não será o bastante para reposicionar o PT junto ao eleitorado e abrir-lhe perspectivas de uma volta ao poder, até mesmo o poder em estados ou capitais nitidamente outrora de esquerda. O tempo passou para o partido e para Lula.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!