DE TRUMP, NADA DEVERIA ASSUSTAR!
Passada a semana de “stress do mercado” diante da eleição, das idéias de campanha de Trump e, de muitas especulações e avaliações, muitas vezes tenebrosas, do que seria o governo Trump, serenam-se os ânimos e surgem análises mais sóbrias sobre as efetivas mudanças que poderão vir a ocorrer no mundo e, para o Brasil, em particular! Concluí-se que muito pouco deverá acontecer do que foi falado, temido e especulado, apesar de todo o alarde. A não ser, é claro, em questões intrinsecamente internas ou que toquem bem de perto os interesses americanos, talvez as previsões e especulações tenham foro de verdades.
Isto porque o voluntarismo de Trump não será algo impune e sem controle pois que, uma democracia com instituições tão sólidas como a americana, quaisquer que sejam as decisões de um presidente eleito elas passam, em primeiro lugar, pela aprovação e aceitação, por parte da população. E, como prometido em campanha, um conjunto de medidas, pelo menos polêmicas e questionáveis e que, necessariamente, irão provocar manifestações as mais inesperadas e, talvez, preocupantes para a paz e o equilíbrio da sociedade, serão objeto de avaliações mais incisivas dos americanos..
Também, há que se considerar que certas decisões ou a maioria delas, sujeitam-se ao crivo do Congresso Americano no qual, embora Trump tenha maioria nas duas Casas, medidas polêmicas poderão enfrentar reações as mais diversas nas casas. É importante considerar que algumas decisões poderão vir a ser, até mesmo, contestadas na Suprema Corte.
Talvez o protecionismo na economia possa vir a ser mais intenso do que o que costumeiramente ocorre, embora, é possível que ocorram retaliações que poderão advir diante de tal atitude. Hoje o mundo não é mais bipolar como nos tempos da Guerra Fria. Num mundo multipolar com players da dimensão da economia chinesa, tentar isolá-la para conter a sua movimentação, parece ser idéia estravagante e sem chance de vingar.
Seria uma política que estaria vindo tardiamente pois que, as dimensões da economia daquele pais asiático já assumiram tamanha dimensão e as suas interrelações e complementariedades com outras economias e blocos, já são tais que a ação soaria mais como bravata do que como algo a mudar os dados da economia mundial.
Agora mesmo quando se discute ações e estratégias no campo energético, por exemplo, os americanos estão sendo surpreendidos com a velocidade com que a expansão das fontes alternativas de energia ocorre na China, em substituição as fontes hidráulicas, nuclear e utilizadoras de carvão e óleo diesel.
Por outro lado, hoje qualquer ação protecionista contra a economia chinesa encontra fortes restrições dos próprios empresários americanos porquanto um grande número deles encontra-se instalado naquele país ou tem “joint ventures” com empresas chinesas.
Quando se examina o impacto das medidas pensadas por Trump sobre a situação da América do Sul, há que se observar que como a América do Sul nunca foi prioridade para a politica externa americana, tendo importância menos relevante do que a chamada America Latina em si, notadamente os problemas que envolvem as relações dos EUA versus Cuba ou versus Mexico ou, até mesmo, vesus Venezuela, então, de uma certa maneira, tranquilizam-se os gestores dos países sul americanos.
Alguém poderia argumentar que medidas como o aumento dos juros americanos poderiam ter impacto sobre os paises emergentes. Para que isso ocorresse, o tamanho do aumento nas taxas praticadas teria que ser tal a alterar, sobremaneira, as decisões de investidores que são atraídos pelas oportunidades de negócios nos paises emergentes. E, pelo que se especula, o possível aumento ficaria entre 0,25 e 0,50 na taxa de juros anual. Ademais, o Tesouro Americano também considera o tamanho de sua dívida externa, superior a 13 trilhões de dólares, com os seus encargos e que poderia ser impactada por tal elevação.
Na verdade, as mudanças serão mais de ajustes no Obama Care, na prometida expulsão de 3 milhões de imigrantes ilegais dentro da política de legalização de imigrantes, nas divergências americanas sobre o acordo mundial sobre o clima e no que respeito as áreas de conflito — Siria, Iraque, Afeganistão, emtre outros — que poderão se intensificar ou virem a ser minoradas diante de interesses econômicos envolvidos pelos EUA.
No caso do Brasil, talvez Governador Valadares venha a sentir o impacto da expulsão de imigrantes irregulares mas, o mercado brasileiro e as empresas nacionais, provavelmente, não sentirão maiores efeitos. Ao contrário poderao ser até favorecidas por uma exigência maior de competitividade para continuarem atuando no mercado internacional. Talvez a política externa brasileira seja beneficiada por uma abertura maior à realização de acordos comerciais bilaterais e fuja da mesmice que é a dependência de um acordo comercial que já se esgotou faz tempo, que é o Mercosul.
Para o Brasil, o que se espera é a votação de matérias que mudem e melhorem o ambiente de negócios, ordene e organizem as finanças e a gestão da coisa pública; e que modernizem o modelo politico-eleitoral hoje em vigor, serão fundamentais para dar um novo alento ao País.
Votada essa semana a MP 241 ou 55 do Senado; avançada a renegociação das dívidas de estados e municípios; aprovada o novo prazo para repatriação de recursos de brasileiros no exterior; aprovada a legalização do jogo de azar; aprovado o fim do foro privilegiado e as medidas de reforma politico-eleitoral — cláusula de barreira, fim das coligações proporcionais, da reeleição e redefinição do financiamento público de campanha — muita coisa terá avançado nesse processo de rearrumar a vida e os caminhos do Brasil.
Se a semana for, de fato, tão preenhe de bons resultados, abrem-se espaços e perspectivas para, não só apoiar estados e municípios no dramático processo de fechamento das contas do ano e aproveitar para estabelecer os compromissos dessas unidades da federação para com o equilíbrio fiscal como para outras urgências de mudancas no País.
Aproveitando o momento de conscientização da sociedade para com a gravidade do quadro da Previdência Social, abrir-se-á, com certeza, ambiente propicio para estabelecer as bases de sua imprescíndivel reforma. E aí, talvez com, pequenos ajustes na CLT, garantir-se-à a possibilidade de retomar a expansão da economia brasileira já no primeiro semestre de 2017.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!