QUAL O “TIMING” CORRETO? O DOS ECONOMISTAS OU O DOS POLÍTICOS?
Governar é administrar pressões, conflitos e interesses. E quando se trata de um paìs em crise como o Brasil, aí a coisa complica muito mais pois há ingredientes os mais variados para tornar mais desafiadora a arte de governar. Não são apenas os dramáticos problemas econômicos que exigem duríssimas medidas de austeridade fiscal além de reformas institucionais e revisão do tamanho do estado, descentralizando atribuições, competências e recursos entre os níveis de poder. Há que haver, também, uma busca incessante com vistas a redução dos desvios de função e de conduta na execução de programas de governo. E, se não bastasse, uma luta enorme que deve ser travada no sentido de melhorar a eficiência na gestão da coisa pública.
Se os desafios fossem apenas esses, que já seriam enormes, até que seriam palatáveis embora que, deveras complicados. Mas, o mais sério é que, mesmo esses, devem ser encaminhados e resolvidos subordinados a um processo de negociação política, não apenas no Parlamento mas com entes da sociedade civil, com uma Oposição intransigente e com uma mídia extremamente vigilante e, no mais das vezes, não se sentindo com qualquer compromisso no sentido de contribuir para que as coisas deem certo ou não para o País. Alie-se ainda as restrições legais e as questões jurídicas sempre levantadas que tumultuam e comprometem, pelo menos, a necessidade de urgência que a situação dramática do país requer.
Imagine-se, só para se ter idéia de como é difícil fazer escolhas, estabelecer alternativas e satisfazer a maioria dos interesses envolvidos, como se amplificou um episódio menor criado por um conflito entre dois ministros, sendo que um solicitava uma decisão do ministro da cultura no sentido de arbitrar uma divergência entre dois órgãos a ele, ministros da cultura, diretamente subordinados e, sendo ele o próprio responsável pelo esperado arbítrio, o que ocorreu foi algo inusitado.
Tudo talvez, surgido por culpa de uma ambição de promover um protagonismo com sonhos de uma carreira no cenário eleitoral carioca ou, até mesmo, nacional. Episódios menores, magnificados como esse foi, ao lado da divulgação da lista da Odebretch, onde todos os protagonistas políticos e empresariais do país são considerados culpados de ter cometido um crime que ainda não era crime, o tal do caixa dois, então se tem a dimensão de como estão difíceis os espaços de movimentação do poder.
Mas, nesse quadro de tantos desencontros, de exteriorização de vaidades, de ambições pessoais desenfreadas e de falta de compromisso com o País, a lucidez de um homem, no caso FHC, chama à responsabilidades os homens púbicos e as lideranças nacionais para que entendam que os graus de liberdade que se tem para enfrentar a enorme crise são muito limitados e, que “só se tem uma ponte muito estreita, uma quase pinguela para atravessar esse tempestuoso rio” e, que, a crise só será vencida se os que tem compromisso com o hoje e o amanhã do Brasil resolverem superar divergências, ambições e egoísmos e juntem esforços para que se faça tal travessia.
Mesmo que não se queira, não há como e, o País não suportaria experimentar uma nova crise institucional, um novo impedimento de um presidente e se tentar estabelecer novas alianças que garantam a governabilidade para o estabelecimento de um novo caminho para a superação das dificuldades.
Não há saída a não ser acelerar as medidas de austeridade, promover o mais rápido as reformas institucionais e as políticas anti-cíclicas que antecipem a retomada do crescimento e o estancamento do desemprego no País. E o caminho é o que está proposto e plantado talvez só requerendo uma maior agilidade, rapidez das medidas e uma atitude mais proativa do empresariado. Do contrário as coisas não se resolverão.
M
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!