AO SE PERDEREM AS REFERENCIAS, PARA ONDE SEGUIR?

O cenarista tem andado desistimulado para fazer comentários sobre o atual estado da nação. Aliás, assim falando, pareceria não ser o cerne da questão pois, mais que a própria nação, o que ora está em jogo é a alma, são as esperanças e são os sonhos da sociedade como um todo. Isto porque, sem ser derrotista nem excessivamente pessimista, a pergunta que não quer calar é o que sobrou desse enorme e interminável escarcéu? Para os brasileiros tudo se assemelha aquele registro de quase desespero da poesia de José Régio, vate lusitano, tão respeitado pela qualidade dos seus versos: “Não sei para onde vou, não sei como vou, só sei que não vou por aí!”

Este sem destino e sem caminho dos patrícios, é muito fruto menos da crise econômica que já traumatizou a tantos e ainda continua traumatizando milhões de cidadãos desempregados e familias desestruturadas, mas, diante da crise de valores ético-morais, perderam-se as referências tanto em termos de nomes e de homens mas, também, de instituições.

Não há mais partidos como nos velhos tempos de PSD, UDN, PTB e outras poucas siglas que definiam opções para o eleitorado, mesmo com as limitações determinadas pelos vícios dos processos eleitorais já presentes àquela época. Se a crise de identidade e de propósitos se abate sobre as siglas partidárias, também o que dizer das representações sindicais, outrora dominadas pelo peleguismo hoje por uma combinação de prlegos com oportunistas da pior espécie  que sequer são capazes de estabelecer  opções reivindicatórias ou bandeiras políticas fora da esperteza e do oportunismo.

A própria igreja católica, outrora tão proativa, hoje não há mais uma CNBB ativa e presente na discussão do graves desafios do País como na época de Dom Aluisio Lorscheider e de Dom Luciano de Almeida.

Onde está a OAB que não se manifesta com alguma idéia, proposta ou ação capaz de sensibilizar a sociedade e os brasileiros? Cadê a ABI, como atuante instituição da sociedade civil capaz de se fazer presente como no tempo das Diretas Já? Onde anda a FIESP com alguma causa a defender além da monocórdica ladainha de redução da carga tributária com um inequívoco apelo de defesa de um interesse marcadamente particular?

Na verdade, quando se fala em perda de referências é por que não há figuras do clero, como Dom Helder Câmara, um Evaristo Arns, os Lorscheiders, os Casaldáglias e outros tantos  pontificando com suas idéias, atitudes e ações, muitas vezes polêmicas mas, contributivas para a construção do debate nacional.

Se há esse deserto de homens e idéias no campo da igreja, já no cenário político, foram-se os Teotônios, os Ulysses, os Tancredos, os Djalma Marinhos, os Brossards, os Passarinhos, sem falar nos mais antigos como JK, Lacerda, Jânio e outras  figuras marcantes que estabeleceram uma ética de compromisso e de responsabilidade que hoje não mais se fazem presentes na atitude da classe política e não se fazem mais conhecer por parte da sociedade. Há um tempo que não vai tão longe, os eleitores. referiam-se aos seus representantes, não raro com certo orgulho, dizendo “este é o meu deputado!” enquanto hoje, quando por acaso se lembram em quem votou, referem-se de maneira muito grosseira e pesada e com palavrões implublicáveis.

Assim, as pessoas ainda querem apostar num futuro mais promissor mas, como, se não há em quem e no que acreditar pois não há em que ancorar sonhos e nem perspectivas? Esse não é um simples desabafo mas um ato de quase renúncia à luta e uma espécie de desistência de  brigar por direitos e pelo que a cidadania cobra e exige de cada um. É difícil, sem referências e sem em que ancorar esperanças, estabelecer um canto de fé no amanhã do país e da propria sociedade brasileira. Aos poucos, argentinizam-se os brasileiros e, se não ocorrer um fato novo e promissor, o caminho para que se vnezuelizem estará bem próximo.

Descupem os leitores o pessimismo pois até os antigos líderes que ainda estão vivos ou estão senis ou comprometeram a sua história com erros e equívocos agora exibidos pelas várias operações e investigações em curso.

Se não fora o andar da carruagem da economia, descolada, por enquanto, do que ocorre no campo politico-policial, quase näo restaria nada em que acreditar. Espera-se que, se a evolução dos indicadores econômicos não forem comprometidos pela falta de confiança nas instituições e pela ibsegurança juridica, seja possivel chegar a 2018 com um pouco mais de fé e de esperança em dias melhores.

E aí, quem sabe surja um recomećo com o surginento de novas lideranças e a reconstrução de novas instituições menos viciadas e menos desacreditadas!

 

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