CEARÁ, UM OUTRO PARADIGMA!
SERÁ QUE ALGUM CEARENSE, COM TEMPO DISPONÍVEL PARA GASTAR COM ESPECULAÇÕES SOBRE O CEARÁ, PODERIA AJUDAR O COMENTARISTA A INICAR ALGUNS TEXTOS SOBRE O ESTADO?
AGUARDAREI A GENEROSIDADE DOS COMENTÁRIOS!
O Ceará é um capitulo à parte no que diz respeito a originalidade, ao exotismo e a forma surpreendente como consegue inventar respostas para desafios, as vezes, quase impossíveis de serem vencidos. Na verdade o Ceará sempre, com criatividade, talento e ousadia, conseguiu “dar, o que se chama, nó em pingo d’água”. Ou seja, muita gente se surpreeende como um estado sem qualquer ancoragem de base para estimular a crença de que alguma atividade produtiva, pudesse, em alguns casos, prosperar e assumir uma posição de relevância no concerto da produção nacional, assiste ao crescimento de atividades produtivas não esperadas ou imaginadas.
As pessoas ou os ditos técnicos em desenvolvimento econômico, ao examinarem, a partir de critérios tradicionais de análise, as pré-condições donde se procuraria buscar fontes de surgimento, expansão e crescimento de atividades produtivas de qualquer ordem no estado, nada encontravam e ninguém ousava especular ou sugerir que fatores potenciais poderiam basear suas expectativas.
Na verdade, com todas as limitações de clima e de solo, além das significativas restrições de água para as lavouras ou para a criação de animais e de pescado em cativeiro, o Ceará, com um nível de miséria e de pobreza profundo, surpreendentemente, se apresenta hoje como o quarto maior produtor de frutas do Pais, o segundo maior produtor de flores e, o município de Jaguaribara, como o segundo maior produtor de tilapia do Brasil! Além disso o Ceará é o 3o. maior exportador de frutas do Brasil, levando a surpreender aqueles que analisam as fontes de expansão e crescimento da economia desse estado que, até bem pouco, pela pobreza de potencialidades, era o patinho feio do Nordeste.
Hoje as alternativas que se descortinam desde um potencial turistico enorme e que ja vem mostrando um desempenho altamente dinâmico, parece tal atividade que terá um enorme empuxo agora, não apenas pelos seus mais de 600 quilômetros de costa e de belas praias, além do que o HUB da Air France e da empresa aérea alemã, alem da privatização do aeroporto de Fortaleza sendo assumido por uma empresa alemã, cria uma perspectiva altamente favorável a transformação do turismo, quer nacional quer internacional, como uma das mais significativas fontes de dinamismo da economia estadual.
Se isto não bastasse, os estudos “Fortaleza 2040” e “Ceará 2050”, além de identificar e especular sobre possibilidades abertas pela entrada, pelo estado, de todos os cabos de integração nacional e internacional de fibra ótica, jå antecipam que tal fato favorecerá, enormemente, o desenvolvimento de plataformas de serviços o que, por certo, permitirá ao Ceará reproduzir uma espécie de India dos trópicos. Também, se se examinar o que se conquistou de implantação de projetos de energia éolica, o que já representa a maior parte da oferta de energia elétrica do estado, mostra uma das vertentes desse salto de modernidade experimentado pelo Ceará. Da mesma forma já começam a surgir grandes projetos de energia solar de envergadura além de estudos e pesquisas na área de exploração de energias alternativas, notadamente de exploração da plataforma marítima.
Feitos tais comentários, é fundamental promover um grande “brain storming” em termos das opções de modernidade que agora se abrem para um estado que tem tudo para representar o protótipo do verdadeiro estado revolucionário do país. E, se pode afirmar com tal convicção tais potencialidades, porquanto os paradigmas do crescimento mudaram de maneira radical onde a tríade terra, capital e trabalho, foi fundamentalmente alterada pois que realidade virtual, inteligência artificial, fontes alternativas de energia, criatividade, inovação, ousadia e iniciativa são os novos e vibrantes fatores produtivos.
Três fatos marcaram, esta semana, uma mudança de paradigmas no processo de transformação estrutural e das fontes de dinamização e crescimento da economia cearense. A assinatura do primeiro contrato de hubby aéreo entre companhias internacionais associadas a uma empresa nacional. estabelecendo Fortaleza como ponto de convergência de seus voos para o Brasil e, consequentemente, para a Europa. Isto representará, se acompanhadas de políticas destinadas a promoção do turismo internacional, em uma espécie de “breaking even point” ou um ponto de inflexão na história do turismo estadual.
O segundo fato deveras relevante é o início da viabilização do acordo de cooperação entre o Porto do Pecém e o Porto de Amsterdam na Holanda antevendo um processo de turbinação das relações comerciais e as possibilidades de ingresso de novos capitais de investimentos no estado. Se a tal se juntar os esforços de viabilização de uma refinaria de petróleo chinesa ora buscada, além de novos investimentos na ZPE ali em implantação, então a consolidação do polo de transformação econômica do estado em que ora transformou o terminal marítimo do Pecém, transformar-se-á em um instrumento fundamental de mudança na economia do Ceará.
É fundamental chamar a atenção para o fato de que, o Porto do Pecém, assume hoje posição prioritária na transformação estrutural da economia cearense já se podendo antever que, se se considerar a possível instalação d e um possível Polo petroquímico com a refinaria chinesa, o já implantado polo siderúrgico além da ZPE, de maneira muito rápida se pode dizer, acelerada, a tendência é que Pecém, já e já ultrapasse o Porto de Suape, como alguns analistas já estão a antever.
E, nesse processo de ir agregando, em uma saudável mescla, as potencialidades que o “desembarque” dos terminais ou das redes e cabos internacionais de conexão com a “chamada inteligência artificial” embutida naquilo que tais cabos permitem ao Ceará transformar-se, praticamente, numa espécie de uma nova Índia, em termos de plataforma de serviços de toda ordem! É nesse universo de possibilidades que ora se abrem, aliada as indústrias trandicionais que voltam com nova roupagem, aí então os cearenses começarão a contar uma nova história.
Tancredo Neves chamava Tiradentes desse “herói ensandecido de esperança” que, começou, de fato, “um novo caminho para esta pátria descoberta por Cabral”. Aqui, alguns malucos, com os seus delírios, já imaginam um Ceará diferente, alegre, ousado, criativo e audaz buscando esses novos caminhos. E, entre eles, tendo a identificar o Secretário Maia Junior, no afã de inventar moda e sugerir aos cearenses que existe um modo diferente de fazer as coisas e construir novos caminhos, como um desses tresloucados de esperança. E esses caminhos são aqueles que são capazes de delinear espaços novos condizentes com a ânsia de crescer, criar e subir da cearensidade.
Mas, essa história de ruptura com o modo antigo de buscar o desenvolvimento do estado tem raízes nesse próprio passado de lutas, de tentativas e de incessante busca para encontrar os caminhos e as alternativas de ser e de fazer. Essa história, a bem da verdade, tem o seu marco talvez, definitivo, nos anos sessenta/setenta quando se mostrou patente essa angústia de buscar algo diferente, ousado e sustentável! Isto porque insistir num polo metal-mecânico a partir de uma siderúrgica, para aquela época, sujeita a todos os condicionantes e restrições, era nada mais do que “uma espécie de um sonho de uma noite de verão”. Era o mesmo quando se falava na vinda de uma salvadora refinaria que transformaria o humilde Porto do Mucuripe, numa imponente réplica do Porto de Aratu, criando-se um complexo muito maior e mais dinâmico do que o próprio Complexo de Camaçari!
Assim, antes de adentrar nesse admirável mundo novo que, muito antes do que se esperava entra, sorrateiramente, porta a dentro, vale a pena mergulhar num passado, não muito distante, de sangue, de suor e de lágrimas e, acima de tudo, de lamentacões e sofrimentos mas que, aos poucos, “foi se desfazendo e se transformando em brumas matinais”.
Há cêrca de quarenta anos atrás, o cenarista, responsável pelo planejamento estratégico do estado do Ceará, empreendia estudos, promovia colóquios e provocava, em tom desafiador, empresários, politicos e alguns pretensos formuladores de políticas publicas, no sentido de discutir quais as perspectivas, quais as alternativas e quais os caminhos que poderiam ser abertos com vistas a apontar uma luz sobre qual poderia vir a ser a estratégia de expansão das atividades produtivas estaduais.
Um estado sem uma oferta d’água regular e sistêmica, quer via descargas dos rios permanentes — já que inexistiam tais rios no Ceará, a não ser os seus famosos rios secos! –; tambêm, sem água de subsolo, porquanto o estado está completamente assentado no chamado cristalino; solos pobres e fracos, caracterizados, de maneira mais dramática na proporção em que, inexistindo uma Zona da Mata, era o único estado onde se dizia ‘que o sertão entrava no mar”, ou seja, a ausência de uma região de precipitação pluviométrica mais elevada e regular que permitisse uma transição menos chocante e cruel entre sertão e mar, como era a chamada zona da mata, deixava os cabeças chatas desolados ! Ademais, a constelação de minérios estratégicos ao desenvolvimento, era de uma pobreza mais que franciscana! O destino parecia ser emigrar e começar gilete em Copacabana!
A situação do estado era tão séria e grave que, sempre massacrado por secas periódicas, o Ceará estava sempre numa constância impar, a exibir uma procissão de miséria dolorosa e dolorida, ceifando vidas, destruindo sonhos e matando esperanças. Para que se tenha mais uma idéia ou noção do grau de gravidade que tudo isto representava, nos 64 anos mais recentes, em 32 deles o Ceará enfrentou os chamados rigores da estiagem prolongada, ou seja, na metade deles, as secas foram dramaticamente impiedosas. E isto, como é sabido, tais intempéries desestruturavam a sua já frágil atividade produtiva marcada pelo binômio algodão/boi, atividades essas com baixíssimo nível de eficiência.
Os estudos que se faziam, à época, a nível internacional e local, Indicavam uma tendência de um aprofundamento das diferenças de renda entre o estado e os próprios companheiros de Federação na região e, o pior, era que as desigualdades de renda dentro do próprio Nordeste e dentro de sse cada estado, individualmente, eram ampliadas em caso de situações como as do Cearástudo e. Ao final dos anos setenta, ao examinarmos as possibilidades de crescimento, duas preocupações adicionais eram levantadas. A primeira delas, que teve enorme repercussão, foi o impacto sobre o pensamento dos estudiosos locais das conclusões dramáticas do estudo realizado pelo Clube de Roma, chamado de Limites do Crescimento, sobre as desastrosas perspectivas para a economia mundial diante das restrições da oferta de solos para o plantio de alimentos; em face da limitação na oferta de matérias primas estratégicas para o crescimento das manufaturas e também diante das limitações impostas pelas inovações tecnologicas, tão pouco dinâmicas àquela época. E tudo isto diante de uma crescimento acelerado das populações, notadamente daquelas nitidamente pobres ou mesmo miseráveis, da America Latina, da Africa, da Asia e de parte da própria Europa.
Nesse quadro de referências poucas iniciativas prosperavam nas áreas urbanas do Nordeste a não ser a atividade comercial muito limitada e, algumas iniciativas industriais como simples manufaturas na área têxtil e de confecções; na área calçadista; no segmento quase artesanal de artefatos de metalurgia e na indústria de alimentos, onde outras iniciativas esparsas que, pelo seu tamanho e fragilidade, não representavam uma massa critica de produção capaz de gerar transformações e nem dinamismos conducentes a mudar os rumos da vida e da história do Ceará.
A União, a época, representando o pensamento e as aspirações do Brasil, reorganizada no seu aparato de estado, atual8zada e revista a máquina pública diante das demandas do novo tempo e das circunstancias econômicas, a lhe cobrar adequaçòes e ajustes, foi capaz de apropriar-se ou de experimentar uma espécie de ciclo virtuoso de expansão econômica, à época, denominado de Milagre Econômico Brasileiro. É impressionante concluir que, naquele período, até mesmo os programas de correção de desequilíbrios regionais mostravam uma eloquente, fria e triste contradição qual seja, no balanço liquido das transferências da Uniao para o Nordeste, ocorreu nos dez anos estimados pelo economista Osmundo Rebouças, uma perda líquida em desfavor do Nordeste. Ou seja, considerando entradas e saídas de meios na relação Uniâo versus Nordeste, a pobreza regional pagou o pato e assistiu o aprofundamento das diferenças de renda dentro do País
Se a nível nacional aproveitava o pais esse notável momento, ou seja forte expansão econômica, o Nordeste via passar ao largo tal oportunidade e regiões pobres dentro da região essas eram as que em nada se aproveitavam desse dinamismo que tomava conta do País.
Assim, de um patinho feio, inviável segundo os referenciais e restrições tecnológicas de quarenta anos atrás, o Ceará se transmuda, aproveita o talento, a criatividade e a iniciativa dos cabeças chatas além das grandes, aceleradas e profundas revoluções tecnológicas que estao a abrir novas e amplas possibilidades de desenvolvimento para mostrar que há um novo modo de fazer o desenvolvimento que não fica limitado as restrições de um estado centralizado como é o brasileiro e uma federação capenga como é a nacional.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!