ME DUELE ESPAÑA, COMO DIZIA UNAMUNO!

Diante dos dramáticos eventos que marcaram a Guerra Civil Espanhola, Miguel de Unamuno, o grande escritor espanhol, assim se referia a sua tristeza e pesar diante dos descalabros e dramas provocados pela referida luta fratricida.

Agora, vivem os brasilienses, o pior dos seus momentos porquanto os episódios expostos pela televisão e, diante da fúria daqueles que nunca aceitaram Brasília como a capital administrativa e política do País, transferem a seu povo e a sua gente, a culpa pelos descalabros promovidos ou propiciados pela classe política brasileira. A política mudou e mudou para pior. Essa é a dura e triste constatação! Transformou-se, ao invés da arte da controvérsia, em arte da esperteza. E o pior. É uma esperteza que nem talento tem. Não dá para chamar de “adoráveis cafajestes” aqueles que agem da forma a desmoralizar até o talento para ser corrupto e esperto. É algo que agride o talento, a cultura, o conhecimento, a própria esperteza. Doe àqueles que fizeram política num passado recente, o que se mostra hoje! Nem sequer hoje é possível admirar a decantada esperteza mineira, marcada por algo que se colocava acima de expropriar o Erário, enganar o parceiro e aumentar o patrimônio pessoal. Nega-se, hoje, o que a política deveria ser e não tem mais sido. O passado relembra o tempo em que um parlamentar era visto pelos seus representados como alguém que o orgulhava e, quando aparecia na televisão, o eleitor, cheio de orgulho, dizia para os demais telespectadores: “Esse cara aí é o meu deputado!”. Diferentemente dos dias que correm onde, quando aparece um político na TV, prontamente, de maneira quase unânime, o eleitorado reage: “Esse aí é o fdp em que eu votei”.

Por isto é que os episódios que tomam conta da crônica política e que, injustamente, atribuem-se à cidade de Brasília, são vícios endêmicos, oriundos de vários pontos do país, onde Brasília apenas recolhe o lixo moral da classe política nacional. Brasília não produziu tal descalabro. Se isto aqui prolifera é porque concentra a base do poder político do País. Brasília cansou. Se quiserem, transfiram, mais uma vez, a capital para algum lugar que precise de um instrumento de correção de desequilíbrios regionais, quem sabe, para o interior do Ceará ou do Piauí, mas deixem em paz dois e meio milhões de brasileiros que não se apropriam de todas as maracutaias que o poder central, estimulados por esse brasilzão afora, provoca, estimula e projeta em Brasília.

Brasília faz cinqüenta anos! Não é uma velha senhora, mas, nos tempos de hoje, uma bem apanhada mulher com todos os sonhos, aspirações e desejos de uma jovem e bela mulher que quer ser vista, não como uma prostituta respeitosa, mas como uma dama que não se tornou uma mulher de vida fácil mas que buscou conquistar o respeito pela sua beleza, pela sua plasticidade e, acima de tudo, por não ter nada a ver com toda essa “ópera bufa” que a classe política brinda o País. Brasília, mulher bela, madura, porém decente, exige o respeito que lhe é devido. Que expulsem toda a corja que enxovalha a sua vida, patrocina manchetes de jornalistas a busca de notoriedade fácil e de escândalos que vendam os seus jornais e os seus espaços publicitários, mas que permitam que essa bela cidade viva a sua vida com tudo a que tem direito! Deixem em paz o povo simples, ordeiro e trabalhador que, vindo de todos os recantos do país, transformou a cidade em um símbolo da síntese da brasilidade!