A CAMPANHA PARECE QUE COMEÇOU…

A movimentação dos candidatos, a montagem dos palanques estaduais e, agora, os debates promovidos pelas entidades patronais de classe, começam a dar a sensação de que a campanha eleitoral dá sinais de que, agora vai! Também, embora as baixarias e agressões ainda permeiem o quadro das disputas, começam a surgir, nas discussões, as primeiras idéias ou propostas que identifiquem os candidatos.

Até agora, nos dois debates enfrentados pelos principais candidatos, já se estabelecem algumas distinções entre as propostas dos candidatos e se definem aspectos mais característicos de cada um dos principais pleiteantes. Eduardo Campos estabeleceu um compromisso no sentido de reformar a estrutura tributária, não apenas no sentido de diminuição do tamanho da carga mas, também, a sua simplificação, prometendo enviar uma proposta ao Congresso Nacional, logo nos primeiros dias de seu mandato de presidente, claro se ele for o escolhido.

Aécio, embora muito mais focado na crítica às políticas públicas postas em práticas pelo governo Dilma, não apenas quer uma discussão da estrutura de tributos para sua diminuição e simplificação, mas uma melhor repartição das rendas públicas entre os entes federativos. Também, de forma coerente com quem quer reduzir a carga tributária, insistiu muito na redução de ministérios e de cargos de confiança do governo, além de medidas para reduzir os enormes custos e a ineficiência da máquina pública.

Na verdade, com o objetivo de dar mais conseqüência e consistência as suas idéias, Aécio propôs, não apenas a recriação do Ministério da Infra-Estrutura, reunindo os atuais Ministérios dos Transportes, das Minas e Energia e das Comunicações como também, um robusto órgão destinado a favorecer e fortalecer as políticas de governo orientadas à superação dos graves gargalos que hoje comprometem, em muito, o crescimento econômico nacional.

Segundo o presidenciável mineiro, uma outra idéia prioritária, seria aquela destinada a fortalecer o setor agropecuário nacional. A proposta seria a criação do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Pesca, dando coerência e integração às ações e diminuindo as áreas cinzentas onde as competências se conflitam ou se intercalam nas atribuições dos três ministérios. É bem provável que, num maior amadurecimento das políticas publicas destinadas ao setor primário, para diminuir ainda mais os conflitos de atribuições, talvez se incorpore, ao novo ministério, o segmento da Irrigação, da agricultura familiar e da Reforma Agrária.

Eduardo Campos, no debate com o setor agropecuário, embora se comprometesse com o fortalecimento das políticas para o setor, notadamente uma revisão crítica das ações e instrumentos usados pelo atual governo relacionados com a área do Etanol, teve dificuldades para compatibilizar as opiniões e idéias de sua vice, Marina Silva, onde pontificam posições que, às vezes, entram em conflito com as opiniões dos líderes do agronegócio.

Embora, ficando ainda dúvidas sobre as suas posições, Eduardo mostrou-se confiável aos empresários, não apenas do setor manufatureiro como também aqueles pertencentes ao agronegócio. É importante sublinhar que ambos os candidatos, no caso Eduardo e Aécio, tranquilizaram os homens do agronegócio sobre a forma como procurarão lidar com a questão da demarcação de terras indígenas e as momentosas questões ambientais, de forma a compatibilizar o respeito aos direitos dos silvícolas e da preservação ambiental com o crescimento das atividades agropecuárias.

A posição de Dilma é mais complicada porquanto os dois segmentos tem críticas e queixas em relação, principalmente, à incapacidade de diálogo dela e de seu governo, com o empresariado e, as incertezas plantadas pelos equívocos da política econômica ora posta em prática. Na verdade, a postura de Dilma tem sido a de defender o que foi feito no seu governo, sempre buscando, quando possível, fazer um contraponto com o governo FHC e, procurando demonstrar que, dentro das limitações, foi feito muita coisa e muita coisa está em processo ou em andamento no seu governo.

Também a Presidente tem procurado convencer aos espectadores que é possível fazer melhor do que já está sendo feito e, esse, é o propósito e o mote da campanha por um novo mandato.

De um modo geral, o que se sente é que os atentos participantes desses encontros esperam é ouvir propostas convincentes e consistentes de como se repõe e se reorganiza a ordem na base da economia — recuperando os seus fundamentos — e como se restabelece a confiança nas instituições além do compromisso de não interferir na operação interna das estatais de peso, do país, como é o caso da Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Economica, Fundos de Previdencia, entre outros.

A retomada do crescimento, a manutenção e aperfeiçoamento dos instrumentos de redução de desigualdades de renda; a abertura econômica mais ampla; a desestatização e desregulamentação das atividades produtivas, melhorando o ambiente econômico e permitindo a atração de investimentos externos, são outros pontos destinados a fazer com que o país volte a crescer, pelo menos, aos níveis da média mundial.

Finalmente, espera-se uma melhoria na qualidade e gestão de políticas públicas, em especial, aquelas relativas à construção e à operação de obras de infra-estrutura além, é óbvio e urgente, aquelas destinadas ao enfrentamento dos desafios relativos as dramáticas questões urbanas.

Claro que há muito mais coisas mas, ao se tentar colocar todas as questões consideradas prioritárias, acaba-se com o próprio conceito de urgência e deixa-se de hierarquizá-las. Assim deixar-se-ia de cumprir os grandes objetivos e de atender as grandes aspirações nacionais, caso se pretenda atender a todas as demandas, aspirações e problemas do País.

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