A CRISE PARECE QUE NÃO VAI PASSAR!

Os problemas de entendimento e de cooperação entre o PMDB, principal partido da base de apoiamento de Dilma no Congresso e o Governo, parece que não serão superados com a entrega de ministérios, liberação de emendas e outros mimos! Isto porque, na raíz de tudo, está a inabilidade, o fastio com a classe política e, as atitudes grosseiras e intempestivas da Presidente Dilma que, diante do seu antecessor, fica a anos-luz da capacidade de levar, “no bico”, os seus interlocutores.

Como bem disse o Senador Alvaro Dias do Paraná “Lula até que agrega quando vai ao Paraná mas a Dilma, cada vez que vai lá, melhora o ambiente político para nós, oposição”. Isso demonstra porque é tão difícil superar os problemas atuais de relacionamento do PMDB com o PT, com Dilma e com a arrogância dos interlocultores da Presidente.

O PMDB pode ser aético, amoral e indecente, como se referem muitos petistas graduados, mas, com certeza, não é burro. Primeiro, tem consciência que só junto, coeso e “lavando a roupa suja em casa”, terá forças e instrumentos para reivindicar o que pensa que lhe é de direito e, consequentemente. fazer as suas conquistas.

O PMDB tem a convicção de que Dilma nunca deixará que a agremiação venha a ser um protagonista, no seu governo, pelo menos igual ao PT e, independentemente de ter o Vice-Presidente Michel Temer — “Tirante Aureliano, vice não serve para nada!”– ele, na verdade, como mostram os anos desse primeiro mandato da Presidente, nada agregou de respeito aos líderes e dirigentes do velho PMDB. E o pior. Reeleita, os líderes tem consciência disso, ela ficará muito pior no trato pois não terá mais projeto a não ser a vaidade de não sair, ao final, tão mal da Presidência.

Por outro lado, quem tem 20 candidatos competitivos a governador nos estados brasileiros e, como a sua vocação de partido é nitidamente parlamentarista — o negócio é fazer uma grande bancada no Congresso e nos estados, para poder mandar no governo, essa é a lógica do partido! — não abrirá mão de seus palanques nos estados, sob hipótese alguma.

Como o tempo é curto, o orçamento é ainda mais curto e a burocracia é emperrante, nesse ano eleitoral será difícil fazer cortesia, com obras federais, para sensibilizar os deputados.

Segundo alguns analistas, se por acaso, as bancadas do PMDB do Ceará e do Rio e, ssegundo avaliam, isto estaria bem próximo de ocorrer, no caso o rompimento da aliança com o PT, aí as coisas se complicariam muito para a Presidente. Embora, pelo que se comenta, Dilma estaria hoje, no Ceará, para sensibilizar Eunício a mudar de projeto ou forçar o Vice-governador a assumir o Ministério da Integração. Se ela tiver sucesso, aí então a chance de aprovação de apoio, à sua reeleição, na Convenção Partidária do PMDB, ficará bem próxima de se concretizar. Se ela tiver, pelo menos, o êxito parcial nessa empreitada, como parece que está tendo na desmontagem do “blocão”, então poderá surgir um novo cenário politico no processo sucessório nacional!

O contencioso do governo no Congresso é grande e complicado. Não são apenas os vetos presidenciais mas matéria como o marco regulatório da internet, a criação de municípios, o piso salarial de bombeiros e policiais militares, a revisão da tabela do imposto de renda, o imposto de renda sobre resultados de empresas brasileiras no exterior, o piso salarial do SUS e outras matérias relevantes, complicam a vida da Presidente. E, é sempre bom lembrar que, em ano de eleição, os deputados não hesitarão em votar a seu favor e daqueles que lhes garantem os seus votos, do que optar em votar em favor de Dilma ou, até mesmo, do próprio País.

Na temporada de ameaças, os petistas sugerem que Dilma poderia anunciar que, para assustar os peemedebistas, a chapa para concorrer as eleições presidenciais seria Dilma/Lula o que, alguns opositores mais agressivos, ameaçam com o levantar e requentar todas as denúncias contra Lula, até buscarem sensibilizar o Congresso para a votação de seu “impeachment”. Tal ameaça ou tais ameaças, ficarão mesmo, em apenas ameaças e nada mais.

A crise não amaina porquanto é da natureza de Dilma o confronto, a agressão, a grosseria e o fastio no trato da política e, mesmo que Dilma se repaginasse e se mostrasse, pelo menos, com um pouco mais de polidez e educação doméstica, soaria falso e seria uma postura insustentável.

Assim, parece que ao PMDB não há, agora, nada a fazer a não ser cuidar dos seus palanques estaduais, fazer as suas costuras e garantir a continuidade de manter-se sendo o maior partido do País. Conciliar, agora? Não há porque. O governo comprará o PMDB? Parece que o momento passou e, tal qual a prostituta respeitosa de Faulkner, o PMDB mostrar-se-á ético, comprometido com o país e suas causas e, afirmando que, se fosse Lula o Presidente, a aliança com o governo não corria risco de ser mantida. Mas parece que, agora, “é tarde e Inês é morta”!

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