A ESPERANÇA ACABOU?
Na campanha presidencial de 2002, Lula, tendo alcançado a vitória, fez da frase “A esperança venceu o medo”, o mantra dos petistas para afastar os temores de um governo radicalizado pelo dogmatismo, pelo ideologismo, pelo sindicalismo e pelo estatismo. Para tanto, não só Lula moderou o discurso, fazendo, segundo alguns militantes da esquerda mais agressiva, concessões à direita, ao capitalismo e à “dominação yankee”, na linguagem um pouco anacrônica de tais membros do socialismo internacional, como agregou a sua “chapa” presidencial, a candidatura do empresário mineiro e conservador, José Alencar, como seu vice. Também, para aquietar ainda mais a Avenida Paulista, convidou Antonio Pallocci, embora petista de carteirinha mas, extremamente aberto ao diálogo e um pouco mais à direita, para ser seu Ministro da Fazenda.
Agora, quase doze anos depois de domínio petista sobre o governo, do aparelhamento do estado por sindicalistas e por um “às favas com a ética” que tem caracterizado a atitude e o comportamento dos adeptos do lulopetismo, o que se sente no ar é que, os recentes episódios, expostos à sociedade, nas mais variadas formas de apagões — na economia, na energia, no abastecimento d’água, na educação, na saúde, etc — tem conduzido, não só a uma descrença nos gestores públicos como cresce e aprofunda-se uma espécie de apagão no segmento da violência, não apenas nas grandes cidades mas, em todos os pontos, deste imenso país.
As cenas de agressão à paz, à tranquilidade e ao ir e vir dos cidadãos, que tem marcado aquilo que seriam manifestações democráticas e pacíficas da sociedade contra os vários descasos da gestão pública, em todos os níveis, promovidas pelos black blocs, pelos líderes de facções criminosas de dentro dos presídios, pela vandalização de ônibus, pela tentativa de desestabilizar a vitoriosa experiência das UPPs, no Rio, entre outros, são exemplos marcantes desse processo!
Tais deploráveis acontecimentos, não apenas refletem um processo de banalização da violência como são causadores de pânico, angústia e desespero das populações. Chacinas, mortes que não mais discriminam níveis de vida e locais de habitação; a ação de justiceiros, como o que marcou a execução de um jovem, em plena via pública e às vistas de todos, chocam e clamam por uma nesga de esperança de que o poder público venha a agir e venha a fazer alguma coisa.
Agora mesmo, um menor delinquente foi acorrentado nu, numa praça de um grande centro urbano do País, ao mesmo tempo em que um cinegrafista morria em decorrência de um morteiro atirado por um encapuzado “black bloc”. E, em represália, tanto à omissão ou mesmo a impotência da polícia e, como que, conter a ação desses grupos de mascarados e vândalos, surgem agora, os chamados “white blocs”, objetivando conter a ação e a ousadia daquele grupo de marginais que, segundo alguns, estava e estão a serviço de políticos inescrupulosos.
Parece que se vive um passado distante quando existiam grupos de execução dentro das polícias como forma de conter a ação ousada de marginais.
E aí, para onde vai a esperança de que as coisas caminhem para uma convivência pacífica entre os cidadãos? Além da violência, dos apagões, dos pobres pagando o preço maior pelas medidas contencionistas — governo vai subsidiar em 9 bilhões o setor energético, valor a ser pago pelo contribuinte –, para onde vai o Pais? E, até em relação as manifestações, diante da histeria política, dos interesses político-eleiçoeiros e de uma polícia não treinada para enfrentar manifestações e marcada por desvios de comportamento, surge e pipocam, daqui e dali, propostas de lideranças do governo sugerindo uma espécie de AI-5 para conter os desmandos dos ora chamados terroristas!
O tal AI-5 representa limitar o exercício de ir e vir dos cidadãos e, até mesmo, a própria ação da imprensa e, não se sabe, a quem beneficiará e que objetivos alcançará.
Para completar o quadro de confusão instalada, não chove onde deve chover; a Petrobrás ainda não mostra perspectivas de que vai sair do buraco; os médicos cubanos estão aproveitando a deixa e, em atos de rebeldia, buscam asilo diplomático em vários países; quinze mil sem terras invadem um Supremo que volta a experimentar uma nova crise existencial; Lula continua a se achar Deus e, interfere, dar pitaco em tudo, interfere no governo Dilma. O espetáculo quase circense que ora experimenta o País, diante da incompetência dos gestores públicos, gera um ar de desânimo, desesperança e descrença na proporção que ninguém sabe para onde o país marcha e onde quer chegar.
Dá um desânimo terrível, até mesmo tentar interpretar o que se passa ou escrever alguma coisa que possa dar alento a tantos que acreditaram que as coisas marchariam para um bom porto, depois que Lula, no primeiro mandato de seu governo, acenou para um governo de crescimento econômico, redução de desigualdades e equilíbrio de suas instituições. Mas, agora, está tudo em frangalhos e, ainda não há em que se agarrar para alimentar esperanças e sonhos.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!