A MALDIÇÃO DOS 16 …
O brasileiro tem a sua história, sua vida e o seu comportamento marcados por crenças, crendices, superstições, medos e temores, frutos da sua religiosidade e da mistura de credos e de religiões que compreendem o que se denomina o sincretismo religioso brasileiro. Sendo assim, lendas e crenças, misturam-se fruto, também da carga cultural e do resultado da da miscigenação racial, da influência de vários povos e credos e, mais uma vez, pelo próprio caldeamento cultural que domina a cena brasileira.
A questão é tão séria que, agora mesmo, diante do desafio de ganhar o hexacampeonato mundial de futebol, os brasileiros recordam, com temor, a tragédia que foi a perda da copa, realizada no Brasil, em 1950. Àquela época, jogando em casa, com uma seleção de craques do melhor naipe, a seleção canarinho quase que atropelou as demais seleções e chegou a final com o direito de jogar tão somente pelo empate.
Duzentos e cinqüenta mil brasileiros assistiram ocorrer, no Maracanã, perplexos e estupefactos, o poderoso time brasileiro, após estar ganhando por um a zero do pequeno Uruguay, num passe de mãgica, a Celeste ganhar de dois a um, tendo como carrasco o velho Gighia, ainda hoje vivo e relembrando a vitória dos uruguaios sobre os brasileiros. Foi triste, foi lamentável e pôs a pátria do futebol de luto. E isto, até hoje, ressabiados, os brasileiros temem que possa vir a se repetir, agora, que estamos a sediar o evento, após 64 anos!
Cerca de 16 anos depois desse episódio de triste memória e, após de ter ganho duas copas do mundo seguidas — em 1958 e em 1962 — o Brasil volta a defrontar o fantasma de dispor de uma seleção do melhor quilate e ser derrotado, em 1966, com sua seleção bicampeã do mundo, logo nas oitavas de final quando, para surpresa geral, obteve apenas uma vitória em um jogo e perdeu os outros dois, numa campanha pífia e decepcionante! Ali os portugueses quebraram Pelé e a Inglaterra, praticamente, enterrou o escrete de ouro.
Se a sina dos chamados dezesseis anos, não preocupasse tanto, vez que a Copa do Mundo realizada na Inglaterra, ocorreu em 1966, uma seleção aparentemente desacreditada, rumou para o Mexico para arrancar, com muita glória, garra e determinação, o tricampeonato mundial, numa vitória acachapante, de quatro a um contra a Itália.
Mas, a sina viria a se manifestar dezesseis anos depois quando, em 1982, contando com um time excepcional — Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, entre outros — sofreu um duro revés ao jogar contra a Itália! Naquele infausto dia, um mediano jogador da Azzura que era Paolo Rossi, sozinho, fez os gols que derrotaram o Brasil e a melhor das seleções canarinhas, de todos os tempos, segundo alguns analistas!
Após 1982, o Brasil se recuperaria do revés sofrido e, depois de 24 anos ganharia a copa de 94, garantindo o tetra campeonato para os brasileiros. A euforia tomava conta de todos depois que Romário ganhou a Copa de 94, praticamente sozinho, nos Estados Unidos. O talento de Ronaldo, o Gordo, e de Ronaldinho Gaucho, além da classe e da habilidade de Rivaldo, permitiram o sucesso alcançado nas duas copas.
Mas, 1998 e a síndrome dos dezesseis e o fantasma de um possível fracasso, insistia em assustar os mais crédulos. Parece que perseguia o Brasil. Ronaldo, tres vezes o melhor jogador do mundo, teve um piripaco, até hoje não explicado, convincentemente e, diante da França de Zinedine Zidane, jogando pobre e precariamente, foi derrotada a canarinha, para a decepção dos brasileiros.
Mas, 2002, com a disciplina e a orientação de Felipe Scolari, o time da famiglia, engrenou e, numa final emocionante contra a Itália, viu Tafarel, sagrar-se o herói nacional na defesa de dois penalties e Roberto Baggio, o grande jogador da Itália, desperdiçar o último penalty que manteria as esperanças de seu pais de derrotar o Brasil, mais uma vez, após a tragédia de 1982. Os brasileiros deram o troco!
Depois de 1998, surge o espectro da sina dos dezesseis anos, a assustar os torcedores brasileiros. Que tipo de mandiga, de mezinha, de reza há de se buscar para afastar qualquer chance de que um desastre não venha a ocorrer? Talvez a única alternativa possível seria fazer uma troca com o Capeta já que, por certo é ele que comanda tal sina. Que tal, segundo sugerem alguns, afastar “esse cálice maldito” dos brasileiros e trocá-lo por alguma outra coisa?
Ah! Alguém soprou no ouvido do cenarista que, este 2014 é quando, se Dilma for eleita, o PT atingirá, em 2018, 16 anos de domínio da cena e da política nacionais. Alguém estaria propondo que se trocaria a não renovação dos quatro anos adicionais do PT, desde que se preservasse o futebol brasileiro de não ter que enfrentar essa decepção já que os problemas do País são tantos, as esperanças tão poucas e a confiança nas autoridades é quase nenhuma?
A brincadeira é apenas um chiste e não merece ser levada a sério. Nem o chamado trade off proposto e nem a crença supersticiosa de que essa coisa das tragédias futebolísticas a cada 16 anos venha a se repetir. Terá o país uma excelente Copa, mesmo como os seus puxadinhos, superfaturamentos, maquiagem de obras e os tradicionais “desculpem-nos pelos transtornos” diante do que deveria ter sido e não foi do Brasil e a conquista do Hexa que, a despeito de tudo e de todos, mesmo esses ainda não exteriorizaram o seu entusiasmo e vibração para com o evento, há um mixto de esperança e de preocupação com as chances brasileiras.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!