A POLÍTICA, A ÉTICA E A ESTÉTICA DOS PROTAGONISTAS!
Há, indiscutivelmente, um ar de cansaço da população com o estado das artes da pátria amada. O otimismo de outrora, que sempre marcou a atitude dos brasileiros, em todas as circunstâncias, viu-se substituído por um misto de revolta, de indignação e de repúdio com aquilo que simboliza os desencontros do país que é, no caso, a sua classe política. As pessoas estão tão insatisfeitas com tudo o que instituições e pessoas públicas estão a oferecer, fazer ou explicar que cresce, perigosamente, o número dos eleitores que pretendem ou se abster, ou votar em branco ou mesmo, anular o voto.
Ou ocorre uma mudança ética e uma modificação radical dos protagonistas da cena política, ou nada se conseguirá, com o respaldo da sociedade, no sentido de operar alterações urgentes e necessárias ao País. Ou se consegue uma transformação ou, mais que isto, uma substituição das caras, do perfil, da postura e das atitudes daqueles que irão lidar com os destinos dos patrícios, ou, com certeza, a vaca vai para o brejo.
As pessoas estão fartas dessas figuras carcomidas, desgastadas, desacreditadas, repetitivas, marcadas por desvios de conduta, cansativas no seu discurso e incapazes de reconquistar a credibilidade perdida junto à população. Descrédito, desconfiança e a impossibilidade óbvia dessas figuras, algumas delas, vistas até como nefastas e nauseabundas, são as avaliações que movem o sentimento da maioria da população! E, tais “dinossauros” do poder e da política não podem mais ser apresentados como capazes de encarnar um discurso que recrie as esperanças e a crença de que será possível construir dias melhores para os brasileiras.
Todos sabem que é difícil que a elite política brasileira, envelhecida, envilecida e apodrecida, possa ser ainda apresentada e “vendida” ao país como sinônimo de qualquer coisa de bom, de útil e de válido para o Brasil. É bom frisar no entanto que, quando o cenarista fala em elite deve ser entendido no conceito weberiano da expressão, compreendendo todo o conjunto de profissionais liberais, empresários, militares, cientistas, funcionários públicos, lideres políticos, lideres religiosos, lideres sindicais, lideres operários, enfim, todo o conjunto que responde pela liderança de um processo ou seja aquele conjunto de formadores de opinião, dentro da sociedade.
Dilma, pelo seu estilo e aparente frieza, poderia ter interpretado a maneira agressiva e grosseira como foi “saudada”, por quatro vezes, no Itaquerão, não como gesto mal-educado e incivilizado da “chamada elite branca, rica e cheia de privilégios do Pais”. Isto porque o brado deselegante acabou contaminando todo o estádio e foi repetido em um quase uníssono pelos 65 mil espectadores ali presentes. A leitura que se faz é que, a reação não era específica e voltada tão somente para Dilma em si, mas pelo que ela representa e o que ela encarna.
Ademais, o cansaço das pessoas com os desmandos e desencontros do país, manifestar-se-ia contra qualquer um que representasse o poder, máxime o poder central, por se atribuir a ele todo o controle da sociedade, a quem o povo atribui os seus problemas, as suas incertezas e as dificuldades atuais e aquelas dificuldades futuras que todos temem, diante da falta de perspectivas em relação ao seu amanhã!
Não é que se esperasse que ela tivesse o “fair play” do deposto Presidente Washington Luiz que, ao caminhar para embarcar no paquete que o levaria a Europa, no forçado exílio por conta de sua deposição do poder em 1930, sendo conduzido pelo Cardeal Dom Sebastião Leme, ao receber uma sonora vaia de alguns iconoclastas e mal-educados ali presentes, foi indagado por um jornalista o que havia achado da vaia. E, ele, serenamente, saiu-se com esta: “A vaia é o aplauso dos que não gostaram!”
Assim, se o que ocorreu com Dilma gerou tanta comoção entre os petistas, é bom lembrar que a rejeição a ela e ao seu governo já chega aos quase 50% em São Paulo, o que a tem levado a se sentir à beira de um ataque de nervos. Isto porque o governo vai mal, comunica-se mal e, pelos problemas acarretados ao povo por promessas não cumpridas, por gastos além do razoável e pelas perspectivas nada favoráveis para a economia e para o próprio País como um todo, o que, até bem pouco era indiferença, transformou-se em indignação e hoje já se caracteriza como revolta incontida.
Para aliviar o quadro de dificuldades e, para fazer esquecer um pouco os insultos, a população está mergulhada na Copa, nas esperanças de que o Brasil vá bem e, a bem da verdade, embora as obras de estádios, aeroportos, portos e de mobilidade urbana não tenham sido totalmente concluídas, a população sente que elas estão cumprindo o seu papel e, o próprio esquema de segurança, com 170 mil homens e com os feriados para descomprimir as áreas urbanas, tem permitido um tranquilo ir e vir de torcedores e turistas.
Se os políticos não provocarem os cidadãos com as suas tentativas de tirarem proveito das circunstâncias, nem tampouco, fizerem aparições intempestivas e inoportunas, vaias, agressões verbais e atitudes desrespeitosas não ocorrerão mesmo que, muitas vezes, a propaganda enganosa dos governos e as promessas inviáveis dos políticos, provoquem a ira dos cidadãos. Se não houver provocação, aí o espírito de confraternização que, até agora tem dominado o país, deverá continuar a prevalecer.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!