A POLITICA É A ARTE DA CONTROVÉRSIA!

Dizia Magalhães Pinto, no jeito mineiro de ser e de observar as coisas, que a politica é como nuvem: “a gente olha pra cima ela está de um jeito. A gente baixa a cabeça e, em seguida, ao levantar a vista outra vez, ela mudou de figura”!

Outro, este menos mestre e mais para pseudo-filósofo da politic do que para oráculo, menos votado e menos apreciado pela sua cultura e vivência no “metier”, justificando atos seus questionáveis de esperteza e de negação de lealdade ao seu criador, afirmava que a politica era dinâmica. Ou seja, suportava qualquer atitude ou falta da mesma, desde que fosse para ganhar a disputa.

Na verdade os episódios relacionados a mudanças de partido, de alteração de postura programática e de acordos, as vezes espúrios, renegando compromissos doutrinários e partidários, revelam a falta de um mínimo de ética de compromisso e de responsabilidade por parte da classe!

E tais práticas, atitudes e comportamentos, não tem nada a ver com o espírito que, em passado não muito remoto, dominava a cena política!

Djalma Marinho, pela sua ética e pelo seu intransigente amor pela causa das liberdades civis e pela causa da democracia, era cognominado, por alguns dos seus pares, de o “homem que pintava cavalos azuis”! Contemporâneo do Menestrel das Alagoas, Theotonio Vilella e do Senhor Diretas, Ulisses Guimarães, além de figuras outras inspiradoras da arte de fazer politica com espírito público, hoje praticamente não mais existem. Um Pedro Simon e um Jarbas Vasconcelos foi o que sobrou desse Tsunami que levou de roldão, valores, princípios, compromissos e sonhos. Praticamente, tudo que sobrou, nessa terra arrasada, foram práticas dominadas pelo se veio a denominar de pragmatismo dito responsável, que se traduz na transformação das Casas Legislativos em verdadeiros balcões de negócios. Estão aí os mensalões do PT e o do DEM/PSDB a demonstrar que é assim que se fazem as maiorias parlamentares!

E não há mais a chamada política com P maiúsculo! É só ” o dá cá, toma lá” , numa troca espúria de valores, mais pecuniários do que de qualquer outra natureza, aviltando tudo e amesquinhando o que deveria ser a arte de servir ao povo!

E nesse quadro de insegurança, de desconfiança, de descrédito, de maneira estranha, busca-se retomar a idéia de que a reforma fundamental ou, como é chamada, a mãe de todas as reformas, a política, é crucial para garantir as bases de sustentação de uma expansão econômica-social e política, continuada e dinâmica!

E, nesse campo de referências, a antevéspera de eleições quase gerais, numa busca de dar respostas à angústias e insatisfações da sociedade, a classe política, se sente estimulada a patrocinar o surgimento de ideias relacionadas à reforma política. Reforma presumidamente destinada a dar mais legitimidade à representação política, garantir maior respeito aos direitos da cidadania e gerar a ambiência propícia às transformações econômicas, sociais e políticas requeridas e desejadas pela sociedade!

Isto porque, a instituição hoje mais desacreditada ê, sem sombra de dúvidas, o Parlamento. E é o segmento que menos respeito tem da sociedade. Recuperar parte do respeito e fazer com que o povo acredite que a política voltaria a ser a base para legitimar escolhas, definir prioridades, eleger caminhos e alternativas para o crescimento e a preservação dos valores mais caros da sociedade, esse seria parte dos grandes propósitos da reforma sugerida!

As idéias até agora postas não respondem a indagações colocadas pela sociedade quanto ao próprio regime democrático, a operação da democracia participativa, os vícios do regime bicameral, o equilíbrio, interdependência e harmonia entre os poderes, o sistema eleitoral, a correção dos vícios da estrutura partidária, a natureza do voto, as características básicas do processo eleitoral, que são aspectos fundamentais caso se queira ver discutidos e explorados os elementos essenciais da referida reforma!

Mas, pelo que se sente, parece que o desejo da classe politica, é aquele que “se ê para não mudar as coisas, que se promovam as reformas que, com certeza, manterão as coisas do jeito como elas hoje estão!

Na verdade, o quadro político brasileiro é desanimador e não mostra perspectivas nem sinais de que venha a mudar, nem que seja só um pouquinho, para melhor!

Otto Lara Resende dizia, numa bela crônica que era uma verdadeira ode à classe política que:
“A política é a atividade dos ímpios. O político é pai de órfãos, marido de viúvas e irmão de deserdados. Todo estranho lhe chega com um punhado de problemas insolúveis e lhe pede respostas imediatas. E, tal qual como o artista, por ínvios caminhos, o que o politico busca é recolher algumas migalhas de aplausos”.

Essa visão romântica do que era ou do que devia ser a política, desapareceu. O que restou foi a descrença, a desconfiança e não mais qualquer esperança que um político, efetivamente, aja como representante do povo. E, o mais grave, por causa das generalizações. os poucos bons políticos que ainda existem, acabam desistindo do oficio por ser assacados contra eles epítetos que ferem a dignidade de qualquer cidadão, máxime de alguêm que se dedica a causa do povo e não aos seus interesses particulares.

Virgilio Távora, ex-governador, ex-senador e ex-ministro de estado, dizia que a politica era a pior das amantes pois era a mais cara, a mais possessiva e a mais infiel! Apesar disso, morreu amando-a e destruindo o patrimônio seu e da mulher para financiá-la!

Para os que sonhavam em buscar o respeito, a admiração e o aplauso de seus pares, o tempo passou e, a não ser que as redes sociais ajudem a estabelecer uma espécie de Ágora moderna, permitindo que a sociedade fiscalize, cobre, sugira, proponha e force as mudanças e atitudes destinadas a favorecer a sociedade que se quer ver construída e a que se tem direito, lamentavelmente, há pouca esperança que isto possa vir a ocorrer! É lamentável afirmar tal fato de maneira tão peremptória, mas infelizmente esse é o quadro que se tem e que pode delinear!

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