A SUCESSÃO COMEÇOU!

As primeiras escaramuças entre governistas e oposicionistas, os movimentos de Lula e Dilma por um lado, de Serra por outro e as angústias existenciais enfrentadas pela Direção Nacional do PMDB, por Ciro Gomes e por Marina Silva, definem os primeiros contornos da disputa presidencial.

Sergio Guerra, o senador pernambucano, Presidente do PSDB, em entrevista a revista Veja, desancou Dilma chamando-a, entre outras coisas, de mentirosa, embusteira, incapacitada e dissimulada além de ameaçar processar o governo por campanha eleitoral antecipada. O Presidente do PT contra-atacou  chamando o Senador de jagunço, hipócrita e desequilibrado.  E Dilma respondeu no mesmo diapasão chamando o Senador Sérgio Guerra de irresponsável por querer acabar com o PAC e com o Bolsa-Família.

Lula, diante do que ocorreu no Chile, tentou acalmar os petistas dizendo que aqui a situação não tem nada a ver com o Chile e que sua capacidade de transferir prestígio para Dilma só tende a aumentar com a maior exposição da candidata. Inclusive, pediu aos ministros que não entrassem na baixaria do PSDB e apresentassem êxitos do governo para alimentar a campanha fora de época da sua candidata. Mas,  afinal, como ninguém é de ferro, não se aguentou e chamou o Senador Sérgio Guerra de babaca! No Chile, como se sabe, Michele Bachelet, com 85% de apoio popular, não conseguiu eleger o seu sucessor e acabou com uma sequência de 20 anos da esquerda no poder. Aqui, a eleição municipal última mostrou que, em muitos casos, Lula não conseguiu eleger os seus candidatos, como em São Paulo, em Porto Alegre e em Natal, por exemplo.

E o que faz Lula agora é buscar construir palanques sólidos para Dilma nos colégios eleitorais que representam  mais de 53% dos votos totais do país.

No Rio, com o apoio de Sergio Cabral e, se possível, acomodando o Prefeito de Nova Iguaçú, Lindemberg  Farias, como candidato ao Senado ou a vice de Sergio Cabral, tenderá a acertar um palanque para Dilma embora o Rio seja, eleitoralmente, sempre complicado de se entender.

Em São Paulo, Lula quer por que quer Ciro Gomes candidato a governador, pois sabe ele que Ciro, não apenas tirará Serra do sério, diante da sua língua ferina, como terá notável impacto sobre o eleitorado nordestino, que tem grande peso nas decisões político-eleitorais de São Paulo.

Em Minas Gerais, a única alternativa que sobra a Lula é fazer Hélio Costa o vice de Dilma e reduzir, em muito, o apoio dos mineiros a Serra. Será que obterá êxito em tal empreitada?

Mas, com tais movimentos, Lula terá que superar problemas no PMDB, onde a Direção Nacional, diga-se de passagem, não tem controle sobre o partido, quer ver logo definido Temer como vice de Dilma. Lula diz que a definição sobre o vice não deve ser agora e pode esperar e, para isto, contará com seu fiel escudeiro no PMDB, Senador Renan Calheiros que já se manifestou sobre o adiamento de tal decisão sobre a escolha do vice. O PMDB retruca antecipando a eleição de presidente do partido, para reconduzir Temer e, com isso, fortalecer a sua posição e torná-lo o único negociador do partido para a escolha do vice de Dilma.

Também, até agora, Lula não conseguiu convencer o PT de São Paulo a engolir Ciro como candidato a governador do estado, o que não será uma tarefa fácil. Ainda, por cima, como já foi dito, terá que superar o imbróglio do Rio com o caso Lindemberg.

Serra, praticamente, já resolveu a composição do seu palanque no Rio, com Gabeira candidato a governador e, com certeza, com a promessa de que, caso não seja eleito, será o próximo Ministro do Meio Ambiente. Em Minas, recomposto com Aécio, o palanque está armado e sólido.

Dilma deverá também enfrentar, em 2010, os problemas econômicos, previdenciários e fiscais que afetarão o Governo, como a elevação das taxas básicas de juros, a deterioração da balança de pagamentos, o estouro nas contas públicas e um PAC que não anda, além da sua repaginação que, para não parecer caricatural, deverá ser muito cautelosa.

E mais, a maré para as mulheres, no mundo como um todo, não está para peixe. Bachelet não conseguiu fazer o sucessor. Cristina Kirchner vive o seu inferno astral. Angela Merkel não vai bem das pernas. Enfim, a mulherada não passa por um bom momento e, como Dilma não tem a simpatia nem o jeito folgaz do seu chefe, talvez os problemas, para ela, sejam bem maiores do que se imagina.