A SUCESSÃO DESLANCHOU?

Meirelles, sem chances quer para a indicação pelo PMDB como candidato à vice-presidência e, com uma possibilidade muito remota de êxito para conseguir uma vaga de senador por Goiás, “disse ao mercado e a Lula que fico”, acalmando os mercados e fazendo a alegria de Michel Temer. E todo mundo sabe porquê!
Aécio, diante da ampla viabilidade de eleição de Serra e, também, em face do fato de não ter para onde ir – porquanto não pode ir para Dilma e será apenas mais um Senador, no Senado, na hipótese de qualquer um ganhar – já dá sinais de que pode aceitar a indicação para ser vice de Serra.

Ciro ainda teima, mas, como todos já sentem, a chama do entusiasmo e da determinação para manter a sua candidatura já se apaga diante da postura de seu partido e da ação conciliatória de Tasso que, pelo que se sente no ar, já acertou com Serra o palanque do mesmo no Ceará e com Cid Gomes, que o apoiará para a sua reeleição a Senador pelo Ceará. Assim, até o início da próxima semana, Serra, Tasso, Ciro e Cid, juntos, decidirão que o palanque de Serra, no Ceará, será definido por Cid, afastando-se, o mesmo do PT e selando a sorte da antiga aliança dos Ferreira Gomes e de Tasso, aliança esta que volta mais firme do que nunca. Todos sabem que é uma aliança que vem de, pelo menos, 1986!

O discurso de Serra, bem trabalhado, bem estruturado e bem dosado, definiu as bases de sua campanha, estabelecendo princípios e valores e, ao mesmo tempo, estabelecendo linhas e diretrizes da sua proposta de transformação estrutural da economia e da sociedade brasileira.

Da mesma forma, Dilma continua na sua mesma linha de propor “continuidade com continuísmo”, porquanto assenta a sua estratégia em Lula e tão somente em Lula.

Ademais, praticamente os vices já começam a ser definidos, pois que, o G-8 da Câmara, com o respaldo do PMDB do Senado, já se definiu pelo apoio a Michel Temer, para contrariedade de Lula e de muitos petistas, mas, para a objetividade e factibilidade da aliança, vão ter que engolir Michel.

Por outro lado, Serra, ainda tendo mais tempo para traçar a sua estratégia de escolha do vice, na verdade, segundo as más línguas, já acertou todo o seu acordo com Aécio Neves que deverá, para o “bem de todos e felicidade geral da nação”, aceitar, com doce constrangimento, a sua indicação para vice. Caso venha a ocorrer um recuo de Aécio, diga-se de passagem, muito difícil de ocorrer, Serra teria duas alternativas possíveis e viáveis, quais sejam, a indicação de Tasso, para atender o Nordeste ou a indicação de Beto Richa, para conciliar interesses e a unidade dos apoios no Paraná.

Os palanques estaduais estão sendo fechados para ambos os candidatos ocorrendo alguns problemas para Dilma em estados como o Ceará, em Minas Gerais, no Pará e, agora, pela atitude esdrúxula do PT do Maranhão, em rejeitando o apoio a Roseana Sarney, criou-se um sério embaraço com o Morubixaba do Senado e seus companheiros. E aí podem faltar palanques para Dilma em alguns estados e, quem sabe, colocar o próprio Sarney e, talvez, Renan, nos braços de Serra. Ademais, em São Paulo, em Minas e no Rio, a atitude de Lula em relação à questão dos royalties pode, com certeza, de um jeito ou de outro, conspirar contra Dilma. Serra “nada sabe e nada fala” sobre a questão mesmo que São Paulo venha a ser muito prejudicado com a mudança dos critérios da partilha dos referidos royalties.

Os analistas mais sinceros confessam, agora, que a estratégia de Serra de não se declarar candidato e com todas as pressões dos correligionários e da mídia, até agora, ajudou-o, diferentemente do que se pensava, em muito, a reduzir as agressões e os ataques a ele e ao seu governo. Conseguiu manter-se com as preferências cristalizadas nos 35 a 40%, durante todo esse período e, agora, pode definir seus caminhos e alternativas com mais tranquilidade e serenidade. É por isto que, a partir de agora, como se pode deduzir das críticas educadas, porém duras, aos que cercam Lula – “não fui cúmplice de corrupção e de desmandos” -, crítica esta que, de forma direta, atingem o próprio Lula. E Serra espera que ele ou Dilma acusem o golpe, pois aí, o embate começa a ficar mais interessante. Fez, com a inauguração do Rodoanel uma declaração do tipo “obra não é no discurso e nem no papel, mas em concreto e pedra e cal”. E arrematou dizendo que não se deve confundir sério com sisudo nem vê-lo como centralizador ao invés de vê-lo como gestor capaz de coordenar ações e de cobrar resultados.

Por tudo que ocorreu na antevéspera da “sexta-feira da Paixão”, com as despedidas dos dois principais candidatos a Presidência, a sucessão começou e começou para valer!