ACREDITAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO!

Este cenarista participou de uma reunião onde o expositor era o Dr.   Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse que, no ano passado, já havia se credenciado perante a categoria, os empresários e a mídia, por ter sido o único analista de plantão,  na contramão do pensamento da maioria dos seus colegas, a ousarem prognósticos relacionados ao crescimento da economia, em 2012. Enquanto quase todos alardeavam, lá pelos idos de setembro que o crescimento ficaria ao redor de 3%, Nilson afirmava, a partir de suas simulações e análises, que tal desempenho ficaria em torno de 1%!

Mais uma vez Nilson, através de um alentado estudo de conjuntura, assemelhando-se a um noivo — otimista como sempre! — aposta, agora,  num crescimento, de 4% para este ano! Mas, se alguém se detém na apreciação dos argumentos , das simulações e dos números apresentados pelo economista, é possível, por mais pessimista que alguém queira se situar, a acreditar em tal perspectiva de crescimento. A agricultura que, na pior das hipóteses deverá crescer a cerca de 5% ao ano! A  demanda de bens de capital, puxada pelos caminhões e máquinas agrícolas, bem como o desempenho fortedos desembolsos do BNDES, para as empresas de bens de capital? E  os efeitos dos vários estímulos  concedidos às empresas, a certos segmentos e à sociedade, como um todo? E  a recuperação americana, a manutenção de uma taxa de 8% de expansão da China e uma Europa, embora em crise, que irá se manter no crescimento zero mas sem o sufoco financeiro dos apertos vividos no  ano que passou, aliada até a uma Argentina que retomou o ritmo de aquisição de produtos brasileiro, tudo isto concorrerá para tal estimativa otimista do crescimento da economia tupiniquim.

Os efeitos da redução das tarifas de energia elétrica; a desoneração da folha de pagamentos de um sem número de empresas; a diminuição de impostos sobre veículos, bens de capital e sobre a linha branca, além de outras providências tomadas, como a redução de encargos sobre a cesta básica, contribuem para a possibilidade do alcance de tal expansão.

E êste cenarista está a imaginar uma situação utópica qual seja,  caso o Brasil tornasse o custo do gás comparável ao custo do mesmo extraído do xisto betuminoso nos EUA? Caso  se colocassem incentivos e redução de impostos para tornar o aço brasileiro mais palatável para a indústria? Imagine-se  caso  os portos cumprissem os objetivos esperados com a aprovação da chamada MP dos Portos? Caso as telecomunicações fossem conduzidas a reduzir, bastante, as suas tarifas? E se se facilitasse, com urgência, a entrada de fundos de investimentos.  de investidores diretos, de empreendedores com a sua tecnologia, experiência e capacidade de gestão para que o país pudesse enfrentar os gargalos do transporte ferroviário, de cabotagem e aeroviário? E  ainda, se se adotasse o processo de RDA nas obras da copa, de mobilidade urbana, do pac, entre outras?? E, se finalmente, fosse votado, com espírito público e responsabilidade para com o País, o marco regulatório da mineração? Então esse país de macunaímas seria a Pindorama idealizada e então viveria um período não de incertezas mas um ciclo virtuoso capaz de mexer com a sua própria auto-estima. Será que o cenarista foi contaminado pelo otimismo do Economista-Chefe do Credit Swisse ou experimenta o que os americanos chamam de wishful thinking”?