Agora parece que tudo é festa!

Escrito em 1º de fevereiro de 2008.

O Carnaval está chegando. O desmatamento é só uma “coceira”; a crise do “subprime” não afetará o Brasil; o “apagão” aéreo se foi e, por acaso, pois nada efetivamente foi feito. A economia continua “bombando” e os resultados de crescimento, superávit primário, gastos com dívida e déficit nominal de 2007, foram bem favoráveis.

Por outro lado, a entrada de 4.2 bilhões de dólares de investimentos externos em janeiro mesmo que com a saída de 1.8 bilhões das bolsas, aliados a queda nos resultados das transações correntes a ocorrerem neste ano, não preocupam as autoridades econômicas.

Claro está que as “boas notícias” continuam a surgir como a descoberta do campo de gás Júpiter que se juntou ao campo de petróleo de Tupi, aliadas as tendências de acelerar as privatizações de concessões de rodovias, o aumento de investimentos nos portos e as novas privatizações nos setores ferroviário e de energia. São todos elementos que favorecem o ambiente econômico.

Também o volume de reservas cambiais do Brasil e a solidez do sistema financeiro criam um pouco de blindagem diante do cenário internacional. É importante chamar a atenção para problemas pontuais que afligem o país como a questão das reservas hídricas para a produção de energia elétrica; o boicote da União Européia à carne brasileira; o impacto dos dados do desmatamento amazônico sobre a decisão de investidores externos; a não sinalização de cortes nos gastos públicos no Orçamento e a falta de sinalização quanto a alguma medida do governo para acelerar o PAC.

É mister afirmar que existe preocupação especial com o fato de não apresentar o governo uma agenda positiva para 2008. A reforma tributária, se sair, não deve ter qualquer possibilidade de aprovação, nem sequer parcialmente. Talvez se houvesse objetividade por parte do governo ele se fixaria na simplificação da legislação do ICMS, na mudança de cobrança dos encargos trabalhistas e na desoneração das exportações, investimentos e compra de máquinas e equipamentos.

Ademais, alguns aperfeiçoamentos no FGTS, abrindo mais a chance dos trabalhadores aplicarem parte dos recursos na Bolsa de Valores bem como a maior flexibilidade no uso de recursos do FAT para investimentos na infra-estrutura, criariam mais frentes de poupança para investimentos na economia.

Fica no “index” das questões básicas, as áreas de educação de base e de formação de profissionais e técnicos, melhoria de qualidade do ensino superior, incentivos à inovação tecnológica e propostas consistentes na área de desburocratização e melhoria de gasto público.

No campo político, a “pacificação” do Senado com as nomeações recentes e o apoio maior à manutenção da confortável base na Câmara deverão ser objeto de monitoramento permanente para que não se perca o que foi construído nos últimos meses. Para que isto ocorra caberá ao Executivo não impor restrições às emendas parlamentares, melhorar o relacionamento dos ministros com os parlamentares – será que isto será possível com os ministérios esvaziados e tudo centralizado na Casa Civil? – e, acompanhamento, bem de perto, da evolução das eleições municipais onde ministros se abstenham de tumultuar as relações de convivência dos partidos da base de sustentação do governo.

A “novela” do Orçamento não será de difícil condução, pois o aumento da arrecadação previsto, pequenos cortes pedagógicos, a manutenção dos investimentos e a preocupação com os parlamentares no atendimento a seus pleitos, serão ingredientes favoráveis a um final feliz.

Apesar da febre amarela, da dengue, da malária, do desmatamento, do apagão aéreo, etc., “la nave va”!

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