AGORA SIM, A CAMPANHA VAI COMEÇAR!
Depois de uma verdadeira “comédia de erros”, o comando da campanha de José Serra, finalmente, superou a questão da escolha do candidato a vice-presidente, ou seja, do seu companheiro de chapa.
As escaramuças entre o DEM e os tucanos acabaram sendo vencidas, não pelo DEM, mas pelos seus preciosos minutos de televisão, pela sua estrutura partidária e pelo fato de que a estratégia de agregar mais dois milhões de votos do Paraná, com a intentada escolha de Álvaro Dias, para vice de Serra, senador por aquele estado, foi inviabilizada pelo irmão, Senador Osmar Dias, que aceitou sair candidato a governador do Paraná, com o apoio do PMDB e do PT. Assim a “fumaça branca” do “habemus vice” só saiu ontem, com a indicação do surpreendente nome do jovem – 39 anos – deputado federal de primeiro mandato pelo Rio de Janeiro, Deputado Índio da Costa.
Relator do projeto “ficha limpa”, o deputado ajuda a melhorar o palanque de José Serra não apenas garantindo a base de apoio e palanque que lhe falta no Rio de Janeiro como também pelo fato de permitir fazer um contraponto, em termos de renovação. Isto porque, o vice de Dilma, já anda “pela casa dos setenta anos de idade” e, aparentemente, não teria nada a dizer à maioria do eleitorado brasileiro, que é de jovens.
Adicionalmente, a demonstrar que a campanha está começando, a recente decisão do TSE, como que fazendo “renascer” a idéia da verticalização, vai promover uma série de reviravoltas nos palanques ou, pelo menos, na propaganda dos candidatos nos estados. Isto porque se os chamados partidos “nanicos” continuarem a estabelecer, como estratégia de ação política, ter candidatura própria a Presidente da República, então vários palanques estaduais terão que ser revistos, pois que não poderá haver palanque que abrigue dois candidatos e não poderá haver candidato que esteja em dois palanques partidários, a não ser que o partido que “abre” o palanque, não tenha candidato nacional a Presidente. Mercadante, por exemplo, não poderá ter nem Lula e nem Dilma na sua campanha, a não ser que abra mão do apoio do PRTB e Anastazia, em Minas, não poderá contar com José Serra em sua propaganda eleitoral, a não ser que abra mão da coligação formal com o PSB.
Uma hipótese para superar o problema e para facilitar a vida dos candidatos a Presidente, realmente competitivos, seria que os atuais candidatos dos partidos pequenos – Oscar Silva, do PHS; Mário de Oliveira, do PT do B; Américo de Sousa, do PSL; Levy Fidelix, do PRTB, Ciro Moura, do PTC, entre outros -, do alto de seu espírito público e do seu desprendimento e, convencidos por um bom latim e também por algum “lubrificante cívico”, desistam de suas postulações!
Por outro lado, o resultado da última pesquisa do Vox Populi, assemelhando-se ao resultado apresentado, faz mais de dez dias, pelo IBOPE, mostrou uma vantagem de cinco pontos percentuais para Dilma Roussef. Dizem as más línguas que quanto menos Dilma aparece e fala, mais ela melhora o seu desempenho nas pesquisas. Quanto mais a preservarem de discursos, entrevistas e debates e a mantiverem numa campânula, sem os assédios da imprensa, dos políticos e dos adversários, melhor será a sua performance. Os seus seguidores, entusiasmados com os resultados das pesquisas e os tropeços e equívocos do comando da campanha de José Serra, já falam que é possível que não ocorra, sequer, segundo turno, tamanho o entusiasmo com os resultados das sondagens de opinião e dos novos apoios.
Porém, três coisas devem ser consideradas nessa apreciação. A primeira delas é que a pesquisa ainda representa apenas um instantâneo, incapaz de revelar cristalização de preferências. No máximo, os resultados de pesquisa, agora, servem mais para estimular a militância, ampliar as promessas de fundos para financiar a campanha e para avaliar a estratégia de mídia e marketing adotados, do que para definir tendências e perspectivas. A segunda constatação é que, em investigação recente feita com eleitores, neste mesmo momento, mostrou que a sua preocupação maior é com a copa do mundo e que, só após a copa, irá começar a acompanhar a política, os debates e as idéias dos candidatos. A terceira revelação é que, para Serra, o fato de que, desde a última pesquisa, que já garantia a Dilma os cinco pontos percentuais de vantagem, não houve mudança nas avaliações e, portanto, apesar da comédia de erros experimentada pela tucanada, nos últimos dias, Serra viu, como que estancada a sangria nas suas preferências. Ou seja, se não piorou é porque o que está ficando, no momento, é o que se conhece de experiência de outras campanhas: o PT e Lula têm cristalizados, 30% dos votos; as oposições têm também 30% dos votos e, entre os partidos pequenos, indecisos, brancos, nulos, etc. ficam os demais 40%!
Ou seja, a guerra vai começar agora, com escaramuças de toda ordem, para ver quem abocanha parte ponderável desses quarenta por cento. E é bom lembrar que não basta achar que, por exemplo, no caso dos adeptos e entusiastas da campanha de Dilma, que o favor recebido, do saco de bondades de Lula, será determinante para definir as opções eleitorais dos brasileiros, país afora. Muitas vezes, o que pode prevalecer é o princípio de que “benefício recebido é benefício esquecido” e o eleitor só vai querer saber o que vai “ganhar” nesta eleição.
Da mesma forma, usar a expressão de James Cargill, marqueteiro de Bill Clinton que assegurava que indo bem a economia, a eleição era uma barbada – that’s the economy, stupid -, para explicar como os eleitores votam, vale, talvez, para uma sociedade como a americana, mas talvez não para uma sociedade emergente como a brasileira, onde a única expressão da economia que interessa as pessoas de baixa renda é se elas vão “comer mais, comprar mais e viver melhor” e não os índices estatísticos sobre emprego e renda. Ou seja, é preciso uma manifestação expressa, cristalina e cabal do que ele vai agregar de valores, dentro do seu universo de demandas, preferências e sonhos, apostando num ou noutro candidato.
O fato é que, a partir do dia 5, último dia para qualquer alteração das atas das convenções estaduais, depois da vitória do Brasil sobre a Holanda e da derrota da Argentina para a Alemanha, é que a “poeira vai assentar” e as coisas vão começar a definir os seus contornos e, a partir daí, é que se estará desenhando o cenário possível para o dia D, ou seja, para o próximo dia 03 de outubro.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!