AOS TRANCOS E BARRANCOS …


A sensação que se tem, com a frequência quase diária de anúncios de delacões, de denúncias,  de corrupção e de achados que não acabam mais, tanto dessa fonte quase  inesgotável que é a Operação Lava-Jato, como também  daquelas derivadas de outras operações assemelhadas, é que tais solavancos e embaraços continuarão, ainda por algum tempo, a perturbar os brasileiros.

Acrescente-se ainda que foi a ação firme, enérgica e destemida de  procuradores e juízes como Sergio Moro, Marcelo Bretas e Wallisney de Sousa de Brasilia, entre outros. que talvez tenha  estimulado uma quase sede de vingança da população contra aqueles que trairam a sua confiança e saquearam o País. E, o mais grave, é que a cada dia que passa se descobre quão amplo é o mundo de desmandos, de sujeiras e de crimes, os mais variados, cometidos por políticos, agentes públicos e empresários, Brasil afora.

As decisões do Supremo, hoje uma instituição em baixa cotação no mercado da credibilidade dos órgãos de regramento das relações entre o estado e o cidadão, quando, não está a exorbitar de seu papel, invadindo competências legislativas, procura se colocar acima de tudo e de todos, estabelecendo decisões confusas como a mais recente, aquela que mandou o Senado devolver à Câmara, o projeto de lei do chamado projeto de iniciativa popular de medidas anticorrupção, matéria já votada naquela Casa,  gerando-se, com isto, um sério impasse institucional. Também, a esdrúxula e questionável  decisão da Justiça de indenizar, com 60 mil reais, as famílias dos presos que foram chacinados em Manaus, gerou indignação e revolta na sociedade como um todo. Chocou também os brasileiros a decisão do STF de mandar pagar aos presos que vivem em presídios com lotação acima da sua capacidade,   uma indenização de valor de 2 mil reais a cada família enquanto milhões de brasileiros, trabalhadores e honestos, “sem eira nem beira e nem ramo de figueira”, sem ter para onde ir e nem para quem recorrer, imploraria para receber uma remuneração, pelo menos igual ao de um meliante que matou, roubou e estuprou, com requintes de crueldade.

Todos os dias o governo, lamentavelmente, é questionado quanto a seriedade e crediblidade de seus membros e de suas ações e intenções. E, nesse quadro de desencontros surgem informações sobre a conjuntura política que  tendem a gerar mais confusão e perplexidade, como foi o caso da divulgação dos dados de uma pesquisa de opinião sobre potenciais  candidatos à Presidência, onde, a surpresa maior não seria Lula liderando a disputa. Mas,  Jair Bolsonaro surgindo em segundo lugar, assusta os rumos para onde o Paīs caminha! E isto assusta a qualquer analista imaginando esse quadro de radicalização de posições e idéias, pois, se tal ocorrer, apreciar-se-á um confronto de  posições politico-ideológicas radicais, que não será nada saudável para o Brasil.

Mesmo com tais destemperos as coisas caminham e a economia mostra sinais de que as circunstâncias  estão melhorando, não só diante do  excepcional desempenho do setor externo, como pelo comportamento da inflação — recuperando o poder de compra das remunerações; reduzindo o valor da divida brasileira,  além de reestabelecendo a confiança dos agentes econômicos. Adicionalmente, a queda esperada na taxa de juros básicos, o equacionamento das finanças de estados e municípios além da aceleração dos processos de concessões e de privatizações, tanto a nível federal como a nível estadual, são  outros indicadores de que as coisas tendem a melhorar.

Assim, aos trancos e barrancos, “la nave va” e, aos poucos, as noticias do tipo que a apresentada, recentemente,  sobre a oportunidades de vagas de trabalho, inclusive não ocupadas pela falta de qualificação de quem as buscam, mostra que há algo no ar “além dos aviões de carreira”.  A safra agrícola, notadamente de grãos, será de 15 a 16% superior a do ano passadoq; os precos das commodities tendem a melhorar pelo efeito Trump e, por enquanto, nada vai afetar o fluxo de capitais externos para o Brasil, senão alguma coisa que o favoreça.

É claro que os percalços políticos continuam gerando essa gangorra em  termos de expectativas e credibilidade das instituições, tão necessárias à estabilidade e a confiança dos negócios e dos agentes econômicos. Apesar disso, as coisas caminham e, ao ouvir relatos até mesmo sobre o inverno, notadamente no semi-árido nordestino, onde a seca já completa seis anos e, de repente, um período chuvoso de grandes proporções, enchendo barragens e gerando amplas possibilidades de expansão da atividade produtiva do meio rural, muda todo o clima e, para uma região que vinha tendo desempenho econômico melhor que a média  nacional, isto é muito alvissareiro que as coisas voltem a ocorrer como nos últimos anos.

Claro que essa instabilidade política, a insegurança nas ruas, a violência de toda ordem, a belicosidade dos grupos políticos antagônicos levando, inclusive, a uma agressividade nunca vista na atitude dos brasileiros como um todo, conduzem a uma preocupação de que  tais circunstâncias politico-sociais pode, tender a perturbar o processo de ajustes necessários e urgentes da economia.

Há quem admita que se as reformas trabalhista e previdenciária, a nova lei de renegociação das dívidas de estados e municípios não ocorram nesse semestre, então as coisas podem se complicar. Também, na proporção en que se aproxima o pleito de 2018, a cobrança de estipêndios mais altos por cada voto do Parlamento, começa a tornar quase inviávelqq o preço a pagar pelo governo. Assim, há que atravessar o Rubicão antes de agosto chegar, com todo o dever de casa já feito pois deputado algum votará qualquer matéria antipatica à opinião pública depois do recesso do meio do ano.

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