ARMADILHAS, CONTRADIÇÕES, INSTABILIDADES, MENTIRAS E INSEGURANÇAS. O QUE IRÁ PREVALECER?m

Nesta disputa presidencial, o que irá sensibilizar mais o eleitor? A disputa de currículos e de histórias de vida pessoal e profissional? Um passado de obras e realizações? A consistência das propostas, das idéias e dos argumentos? A simpatia pessoal?

Até agora os marqueteiros, senhores detentores do saber e “escarafunchadores” da alma e dos sentimentos dos eleitores, ainda não disseram o que tocará mais os corações e consciências daqueles a quem será pedido o voto. A simpatia pessoal, “uma boa embalagem”, nem que apresente um ar de falsidade porquanto, até bem pouco não correspondia ao conteúdo, será fator muito relevante para o eleitorado? E a simpatia pessoal? Todos esses elementos estarão presentes ou já se fazem presentes nas posturas dos candidatos. É comum se dizer que o povo, mais simples, não vota em candidato feio e nem em candidato pobre. Será?

A questão que se coloca é que os chamados votos já cristalizados – 30% para cada contendor e mais os 10% para Marina – não devem ser objeto dos atuais candidatos. Mas, os tais quarenta por cento que não se definiram, estão desinteressados ou não sabem ao certo se a sua manifestação atual, a favor de um ou outro candidato, está consistente com que espera e deseja dos presidenciáveis?

Acredita-se que os erros, equívocos e deslizes como os cometidos por Lula versus Collor; Covas versus Afif; Ciro versus Ciro; e, Roseana versus Lunus ou Serra, não irão mais promover viradas ou inviabilidades de candidaturas. Por outro lado, tão somente repisar no favor concedido ajuda, mas não define. O povo quer saber o que vai vir de acréscimo ao que ele já conquistou.

As críticas de Serra a Dilma e de Dilma a Serra começaram a ser ensaiadas. Provavelmente o questionamento relacionado, por exemplo, no caso de Dilma, a sua proposta inicial de programa de governo, que continha recomendações do tipo “realização de audiência prévia para a reintegração de terras invadidas”; “controle social dos meios de comunicação ou combate ao monopólio da mídia”; “implantação do imposto sobre grandes fortunas”; “a reestatização do País”, entre outras idéias saídas da cabeça do principal assessor e coordenador do programa de governo de Dilma, Marco Aurélio Garcia, devam sofrer, pelo menos, por enquanto, recuos estratégicos.

As demais idéias colocadas por Dilma, como, por exemplo, a realização de uma ampla reforma tributária, desonerando investimentos e folha de pagamentos, além de unificação da legislação do ICMS deverão sofrer questionamentos sérios sobre impasses difíceis de serem solucionados. Impasses do tipo se cobrar os tributos na origem ou no destino? Como acabar com a guerra fiscal, mas, ao mesmo tempo, promover a correção de desequilíbrios regionais? Como propiciar a construção de um novo pacto federativo? Tudo isto será muito discutido nos debates entre os candidatos.

Quando da elevação da temperatura da campanha, questionamentos relativos a terem os contendores mentido sobre currículos, dossiês e proteção de aloprados, além de, para mobilizar militares, indagações sobre a criação da Comissão da Verdade, entre outros temas, também estarão na pauta das discussões.

Questões sobre se Serra vai acabar com os programas sociais, desmantelar o bolsa-família, promover uma reforma da saúde que ele não fez como ministro, além de vir a ser questionado sobre as suas declarações de que os grandes projetos nacionais, para o Nordeste, para a Saúde e para a Educação, entre outros, criados à época do governo FHC, terem sido todos de sua lavra, também levantarão suspeitas sobre a sua honestidade intelectual.

Ou seja, os defeitos, os equívocos, a distorção da verdade, a mudança de discurso para se tornarem mais palatáveis e até a plastificação física, emocional e de idéias e conceitos, serão explorados, se não diretamente pelos candidatos, mas, com certeza, pelos seus prepostos.

Mas, o mais relevante disso tudo é que os candidatos deverão buscar mais criatividade nas idéias e na sua apresentação, pois que a maioria dos questionamentos aqui mencionados já foi objeto de exploração na mídia e, se não bem postos, revistos e atualizados, terão a cara de coisa requentada.