AS RUAS, A ECONOMIA E O GOVERNO!

Uma situação é considerada grave quando não se vislumbra perspectiva de solução e falta aos gestores, notadamente públicos, a humildade, a visão estratégica e auxiliares que lhes permitam intentar formular saídas viáveis para os problemas mais urgentes.
Parece ser esse o impasse por que passa a Presidente Dilma Rousseff. Segundo a jornalista e analista político, Eliane Cantanhede, diferentemente de FHC que tinha inteligência política; de Lula que tinha um faro político extraordinário, e, de ambos que tinham time, faltam a Dilma “bagagem, instrumental e equipe”. E segue a colunista “… Não é com Mercadante na política, Mantega na economia e Gleisi na prateleira que a Presidente vai pular a fogueira e superar a crise”.

E, como as ruas não têm muita paciência, os interesses políticos em conflito buscam tirar maior proveito possível da crise instalada, e aí a coisa fica deveras confusa e difícil!

A Presidente fez pronunciamentos, reuniu os auxiliares mais chegados e mais confiáveis, buscou uma reunião ministerial para pedir agilidade nas ações e prometeu que, hoje, enviaria as bases do plebiscito que gostaria ver levado ao distinto público.
Só que, mais uma vez, sem ter carta nenhuma na manga para responder as angústias das ruas ou até mesmo na única proposta que buscaria responder algum anseio da população, que é a reforma política, os parlamentares quase que de forma uníssona, são contra o uso de tal instrumento. Eles são mais favoráveis a um referendum após a aprovação de uma reforma pelo Congresso e não um plebiscito que não se considera como o mais eficaz instrumento de consulta dessa natureza. Aliás, muitos juristas renomados partilham dessa mesma opinião contra a teimosia da Presidente que, encasquetou que esse é o instrumento tão pouco prioritário e relevante quanto ao seu trem-bala!

Diante disso, como diz o ditado popular, “a situação está de vaca desconhecer bezerro”. As notícias na área econômica, tanto as fruto do desempenho interno como aquelas que, externamente, afetam a atividade no País, só fazem ampliar as preocupações, crescer o pessimismo com tudo e com todos e gerar expectativas mais que negativas sobre o amanhã.

O déficit comercial do primeiro semestre deste ano é o maior dos últimos dezoito anos, mostrando um desequilíbrio que deve fechar o ano com um déficit superior a 72 bilhões de dólares! E, dadas as medidas do Federal Reserve dos Estados Unidos, a tendência é que, os tradicionais e já costumeiros ingressos de capitais externos, esse ano não ocorrerão com a prodigalidade do passado recente e, tal contingência, exigirá um aumento do endividamento externo do país ou uma redução do seu volume de reservas cambiais.

Se nas contas externas o desequilíbrio é enorme, nas contas internas, por conta dos desequilíbrios e desajustes fiscais, a coisa tem mostrado um “empeioramento” assustador!

O déficit da previdência cresce, a inflação tende a se acelerar, o pib, nas previsões atualizadas, cada vez deverá crescer menos — a última previsão é de 2,40%! — e o desemprego reduz a sua dinâmica de redução e, o número de garotos na chamada faixa do “Nem, nem” – nem trabalha e nem estuda — só faz aumentar.
Se as coisas assim se colocam no campo econômico, na área política, a tendência é piorar cada vez mais. A base de sustentação político-parlamentar de Dilma quem sempre foi deveras gelatinosa, agora, diante dos movimentos das ruas, tende a ficar ainda mais difícil de administrar.

Por outro lado, os possíveis candidatos a presidência da república e aos governos estaduais, começam a se ouriçar já que, diante de uma possível reforma política que, com certeza, será limitada, e, difícil de ser aprovada, antes de outubro, bem como diante das possíveis alianças a serem construidas nesse meio tempo, já começam a se angustiar com os temores de que a queda de popularidade de Dilma afete os seus interesses.
Aliás, conforme o comentário anterior, onde aqui se afirmava que todos os males do País são debitados ao Executivo, em face de uma formação e de uma tradição histórico-cultural, o povo está atribuindo os problemas das grandes cidades a Dilma e aos governadores e prefeitos. Basta examinar como e quanto caiu a popularidade de Sérgio Cabral e Eduardo Paes bem como a de Alkimim e Fernando Haddad!

E a pergunta que não quer calar é, como a crise se resolve ou não vai se resolver! As manifestações continuarão ou arrefecerão? O governo conseguirá dar agilidade as obras prometidas? A política econômica sofrerá mudanças significativas, com uma possível troca de comando? Enfim, o Congresso vai se mancar e ensaiar a votação de uma reforma política ao gosto do que o povo quer, acabando com a figura do suplente de senador sem voto; do vice-governador que também não é votado; das siglas de aluguél; do voto obrigatório; do voto distrital misto; da redução da influência da grana nas eleições, entre outras matérias?
E o povão quer ver sangue e pede, como revelado em pesquisa recente, de que quer ver os mensaleiros na cadeia. Isto ficou demonstrado na vontade de 74% das pessoas consultadas!

Como será esse novo Brasil? Será que vai acontecer ou vai ficar nessa mesmice de sempre?

Um Comentário em “AS RUAS, A ECONOMIA E O GOVERNO!

  1. Parece que o Estado teima em não ver ou finge não entender o que querem os que vão a rua reinvidicar. Oferecer um sacrificio – no caso, o quase ex-deputado, agora sem partido, Donadon – para acalmar a massa que quer os mensaleiros na cadeia, se parece uma tentativa de curar pneumonia com xarope para tosse. Ficam aí, ainda aguardando as devidas respostas, as perguntas do cenarista que agora devem estar sendo feitas por quase todos os cidadãos brasileiros.