Postado em 18 mar, 2017 Deixe um comentário
Rodrigo Janot e as suas listas, é a temática que domina todas as discussões, não apenas no Congresso Nacional, na mídia, nas escolas mas, em todas as esquinas e bares do País. Para onde levam tais movimentos, além de tirar o sono de muita gente e criar uma enorme confusão na cabeça dos acusados, ninguém sabe, quais as consequências e o que resultará de todas essas denúncias e acusações. O que quer Janot? O que pode e do que é capaz o Supremo? O que o Congresso fará para se proteger e buscar se sobrepor a tantas e tão pesadas acusações? Se o Congresso aprovar uma anistia para o caixa dois, qual será a reação da sociedade? Ninguém sabe e ninguém prevê! O fato objetivo é que, mesmo com todas essas circunstâncias, aliadas as manifestações populares contrárias as reformas institucionais, ao balcão de negócios que se transformou o Congresso Nacional e a intranquilidade do Congresso, o que prejudica a esperada celeridade na aprovação das reformas, as coisas marcaham.
Ninguém tem dúvidas de que as reformas serão aprovadas! Todas serao aprovadas, com alterações, modificações e, pode ocorrer até descaracterizações, mas, ao fim e ao cabo, no meio do ano, elas jå serão página virada. Não resta a menor duvida de que a estratégia do governo no seu encaminhamento, ao que se avalia, foi a mais adequada pois estabeleceu margens para negociação. O ideal ē como foi encaminhada, embora o possível, no quadro de referencias do País, difere bastante em alguns pontos, fundamentalmente no que respeita as regras de transição.
Nào obstante tais ponderações, é bom que se pontue que, se não fora a pobre e limitada estratégia de comunicação do governo, as coisas estariam bem favoráveis no Congresso. Na verdade, só agora Temer e seus auxiliares mais diretos se deram conta de que não há, de forma convincente, uma estratégia de comunicação que, pelo menos, se não livrasse a cara do Governo Temer, não deixassem tão desprotegidos e vulneráveis, aos ataques da Oposição e das manifestações populares, os parlamentares que apoiam o governo e as reformas. Parece que encontros com dirigentes e donos das empresas, discutindo as verbas orçamentárias para a publicidade do governo, permitirão que a mídia mude de tom e veja o “lado importante e inadiável da reforma”, máxime a da Previdência, resguardando e estimulando os parlamentares no cumprimento de seu papel em favor do País.
É importante chamar a atenção para o fato de que, na guerra da comunicação quanto a questão da reforma da previdência, a Oposição está ganhando, “de goleada”, com argumentos discutíveis e sofismáticos, inclusive fazendo uso das aparições de Lula e de Dilma, na Avenida Paulista, no último dia 15. As articulações tiveram impacto significativo, não só porque presença de manifestantes, de significativo tamanho, como também porque os discursos foram muito incisivos na crítica impiedosa não só ao Governo Temer como também ao conteúdo da reforma. Apesar do quadro e da atitude da Oposição, as listas de Janot vem causando um enorme estrago em toda a classe política, inclusive, de maneira mais incisiva, ao PT. E isto tem favorecido ao governo na proporção em que as listas e as denúncias estão, como que, representando quase que uma manobra diversionista, para que as crīticas à reforma da previdência, em parte, se esvaziem.
O que se tem quase certeza é que o governo dispõe dos votos necessários para aprovar as articulações e, de um certo modo, os parlamentares serão estimulados a apoiá-las não apenas pelos favores de governo — nomeações, emendas parlamentares, uma possível proteção diante dos processos das várias operações, além de compromissos com as suas reeleições — mas também porque, em assim fazendo ou agindo assim, melhorariam a sua imagem perante a opinião pública! Dessa forma, poucas dúvidas restam de que as reformas serão aprovadas e, se houver bom senso e habilidade do governo em ceder em alguns pontos, negociar em outros e avaliar que, feitas tais alterações, elas garantirão credibilidade ao governo, sustentando a tese de que se avançou e que poder-se-à avançar muito mais ainda mais adiante. Basta que os resultados da economia comecem a aparecer.
A Lava Jato continuará até o Sérgio Moro cansar e “jogar a toalha” diante da lentidão do STF e das manobras dos politicos através das interpretações do famoso Caixa Dois e do que se deverá criminalizar ou não. Alias, há quem estabeleça uma sobrevida de mais dez anos para que as denúncias sejam apuradas, as defesas respeitadas e os julgamentos e os seus recursos, apreciados. Sabe-se que os demais juizes, promotores e delegados da PF talvez continuem com o mesmo entusiasmo até hoje externado e deem prosseguimento a todo esse processo interminável de escândalos, de corrupção de toda ordem como, por exemplo, o que agora se assiste com o recente chamado escândalo da carne.
No entanto, nesse processo de investigação permanente, teme-se que se promovam generalizações perigosas e comprometedoras das vivências democráticas como o execrar a classe política, qualificando-a como torpe, imprestavel e propondo enxota-lá da vida e da convivência com os seus pares, levando a cenas de deboche, escárnio e, às vezes, atè a agressão física como já ocorreu com parlamentares ao chegarem aos seus estados ou ao ingressarem em algum lugar de concentração popular ou, aré mesmo, num aeroporto ou restaurante. Essa atitude de aceitar a tese de que todo político é ladräo e que não atende as expectativas da população é uma atitude pouco recomendável e representa um desserviço à causa da cidadania.
Quanto a Oposição, cumpre o seu papel quando questiona tudo, não concorda com nada, faz o máximo de barulho possível e procura desestabilizar o governo. Agora mesmo, mostrando que ” não acertaram a cabeça da jararaca”, Lula, juntamente com Dilma e Ciro, irão a Monteiro, na Paraiba, que foi palco recente da inauguração, por Temer, do primeiro trecho do projeto da Transposição das Águas do Rio São Francisco, para o que eles chamam “a verdadeira inauguração da obra, pois começada por Lula, conduzida por Ciro, como Ministro e, quase que, concluída por Dilma”, no próximo domingo, “só poderia ter sido inaugurada por quem o fez”. Como se pode ver, Lula, com a habilidade que lhe é característica, está a remontar a Oposição, e, até mesmo Ciro, o irrequieto, que andava às turras com ele, já se dobrou ao “encantador de serpentes”!
Mas, o fato mais objetivo a ser considerado é que, as delações continuarão, os denunciados viverão com os nervos a flor da pele, o Congresso sempre viverá em alta tensão mas, mesmo assim, com todo esse quadro aparentemente adverso, as reformas andarão, a economia, hoje totalmente descolada da política, não sofrerá mais as flutuações derivadas de qualquer tumulto no quadro das atividades politico-partidárias e, seguirá recuperando credibilidade interna e externa, além dos espaços de movimentação.
Postado em 14 mar, 2017 Deixe um comentário
Max Weber, há mais de um século, já afirmava que, na democracia, há dois tipos de políticos: os que veem a política como negócio e os que defendem o bem comum. Nos dias que correm, o processo se deteriorou de tal forma que aqueles que defendem o bem comum, como que, desapareceram do cenário. A política que antes era a arte da controversia, do embate de idéias e mesmo do confronto de interesses e do pontificar de posições que, mesmo subordinadas a quaisquer razões, quer ideológicas, doutrinárias ou programáticas, estabeleciam as bases do bom e engrandecedor debate, hoje perdeu-se, não apenas numa espécie de pragmatismo irresponsável mas também num jogo de oportunismos e espertezas.
E ainda há quem espere o surgimento de novos quadros e lideranças da política quer vindos ou surgidos das universidades, quer dos sindicatos, quer das organizações empresariais ou de segmentos organizados da sociedade civil. Mas, pelo andar da carruagem, não se antevê qualquer vislumbre de que algo positivo ou de alteração de tal quadro, venha a acontecer. Na verdade o que pode surgir são lideranças que nada tem a oferecer, ou, no mais das vezes, apenas um pacote bem embrulhado de idéias absurdas e inviáveis, prometendo o impossível ou um sonho totalmente distante da realidade.
Alguém consultava o cenarista em quem ele depositaria a confianca e a esperança de que tal líder poderia ser capaz de conduzir os destinos do País. O cenarista saiu-se dizendo que não acredita no futuro de um país que depende de salvadores da pátria. Talvez em função do período monarquista as pessoas cristalizaram conceitos e ideias e estabeleceram a crença de que existe uma espécie de poder divinal de um líder que venha, quase ungido desse poder, ser capaz de conduzir os dramas e sonhos de tantos e de todos!
O que se vive agora é esse vazio de homens e de idéias e essa crise ético-moral e institucional que não estanca e parece não ter fim. Nesse país da improvisação e do jeitinho, o temor é que o Congresso venha a propor alguma norma que “esqueça o passado de tanta gente que, de má fé, cometeu erros e crimes que nao deveriam ser aceitos pela sociedade” e aí se proporia um começar de novo ou um começar tudo outra vez.
Ocorre, porém, que o hoje execrado Caixa Dois — resumido ao “com nota ou sem nota” — que se universalizou como prática na sociedade, diante da omissão, da ausência de freios e de restrições por parte da justiça bem como diante da aceitação pacífica da sociedade como prática normal e corriqueira do comércio, da indústria e até a prática ampla e disseminada entre os profissionais liberais, o que gerou essa permissvidade e licenciosidade que hoje se pretende combater.
Quando das averiguações do mensalão e do petrolão, descobriu-se, ingênua e tardiamente, que o Caixa Dois poderia estar associado à propina, a desvio de recursos públicos, a troca de favores entre políticos e homens de negócios, além do encobrir processos de corrupção, de fato. Diante desse processo de generalização do Caixa Dois como associado a atos de corrupção, então todos aqueles que receberam contribuições de empreiteiras envolvidas no Petrolão estariam sob suspeição! Generalizaçōes tão perigosas assim levariam a confusão que ora se assiste.
O chamado “sem recibo” representa um crime fiscal pois é o não pagamento do imposto devido na operação! Quem recebe, no caso um político, uma colaboração para campanha eleitoral e é solicitado, pelo doador, a não lançar na sua prestação de contas, junto à Justiça Eleitoral, acaba sendo conivente com o crime fiscal e estará cometendo também, um crime eleitoral!
Mas, não se pode estabelecer o mesmo tratamento para aqueles que receberam apoio financeiro e não sabiam se o dinheiro era oriundo de Caixa Dois ou era oriundo de propinas ou algo parecido. Eles não podem ser tratado da mesma forma que alguém que tinha negócios ou entendimentos ou troca de favores com empreiteiras. Na verdade, até mesmo aqueles que não lançaram os valores na contabilidade eleitoral, se não tinham antecedentes de desvios de conduta; se não favoreceram, com votos e atitudes, os interesses da empresa que lhe doou recursos; se não tinham conhecimento de falcatruas e atitudes reprováveis, no que tange a coisa pública, por parte da empresa doadora, não podem ser tratados da mesma forma que aqueles que assim agiram.
Na verdade, a dosimetria da pena deve ser de conformidade com a natureza do crime cometido. Assim, o crime eleitoral pode ser penalizado com multa ou até suspensão ou mesmo perda de mandato. O crime eleitoral associado ao crime fiscal talvez possa ser apenado até mesmo como suspensão dos direitos políticos por cinco anos. Assim, a progressão da pena deverá ir ocorrendo quando o crime apresentar indícios de participação em crimes contra o patrimônio público, caracterizados pelos mais variados eventos marcados por desvios de conduta.
Agora, não se pode admitir que alguém, tendo recebido conribuição de uma empresa a quem não prestou serviços de qualquer ordem e que não participou de qualquer evento que a tenha favorecido, inaqueda e desonestamente, não pode ser apenado com prisão, perda de mandato ou pena dessa dimensão ou quilate. Se, por exemplo, no caso do Senador Valdir Raupp, não ficar provado que ele favoreceu ou participou de algo desonesto que atendeu aos interesses da empresa que doou recursos para a sua campanha e ele os declarou na forma da lei, não se pode responsabilizá-lo criminalmente por isso, a não ser que existam outras acusações que caracterize uma atitude incorreta ou criminosa do senador.
O que se espera é que esse processo de denuncia dos oitenta do Janot siga tais principios; que o Supremo encontre fórmulas de apreciar, com mais celeridade os processos dos que teem foro privilegiado; que o Congresso acabe com essa excrescencia que é o tal foro privilegiado e que vote as reformas cruciais para que a economia retome o seu rumo. A partir dai, que o TSE defina ou julgue o processo Dilma/Temer e venha mobilizar a sociedade para a realização daquilo que é o básico ou o mínimo para melhorat e garantir representatividade e legitimidade ao processo politico.
Se tal for alcançado, a tarefa terá sido hercúlea e ter-se-á preparado o País para a sua verdadeira retomada do crescimento e da modernização de suas instituições!
Postado em 9 mar, 2017 Deixe um comentário
A recessão foi profunda e brutal. E, num ciclo perverso, comportou-se aparentemente na forma de uma distribuição estatística normal. Ou seja, no começo vai assumindo um ritmo aparentemente ainda controlável mas, depois que ganha momento, acelera a sua expansão até atingir um máximo. Embora, é bom que se diga, que esse máximo pode atingir um limite quando se estabeleça o inicio de um processo de contenção e de reversão de ritmo de tal expansão. É isto que está se verificando nas atuais circunstâncias!
O inicio da atual crise ocorre no final de 2014 e vai, num crescendo, em 2015, até fechar o ano com o encolhimento de 3,8% do PIB e, sem medidas de contenção significativas, já que a politica econômica não mudaria, substancialmente de tom, a tendência é que 2016, como era esperado, viria a apresentar uma queda ainda maior na renda média dos brasileiros. A mudança nos pressupostos da política econômica do País, com a substituição dos seus gestores, tendeu a desmontar os mecanismos de aceleração da desestruturação da economia. E, em função de tais alterações, 2016 fecha o ano com uma inflação já sob controle e bem abaixo daquela observada no ano anterior. E, o mais importante é que o PIB com uma queda, embora significativa, mas um pouco menor que em 2015 — menos 3,6% em 2016 — mas com tendência a uma reversão esperada já para o final do primeiro trimestre de 2017.
2017 já se prenuncia com perspectivas bem distintas. Um câmbio aparentemente equilibrado, uma inflação cadente indo para o centro da meta, a indústria manufatureira crescendo 1,4% em janeiro e uma elevação da safra agrícola, de mais de 20%.
Ademais, a aprovação pelo Parlamento Inglês do Brexit, já, segundo o Financial Times, poderá gerar espaços significativos de aumento do comércio entre os dois países. Também, a saida dos Estados Unidos da Transpacífica, amplia as possibilidades de negócios do Brasil com a China e com os demais parceiros da empreitada.
Aqui dentro, a recuperação da economia começa a dar sinais inclusive a nível das micro e pequenas empresas quando o emprego, nesse início do ano, foi favorecido pela criação de cerca de 27 mil vagas. Por outro lado, apesar do investimento está num nível extremamente baixo — 16% do PIB — a retomada das concessões ora anunciada, envolverá cerca de 45 bilhões de reais de novos investimentos. Dessa forma, o conjunto de indicadores conduzem a se admitir que o processo de recuperação da economia já começou e, dependendo da ação do Banco Central em baixar as taxas de juros e de uma maior agressividade dos bancos oficiais, é bem provável que a expectativa do Ministro Meirelles já se cumpra. Ou seja, a crença dele é que, já no primeiro trimestre, a economia apresente um desempenho positivo.
E tal pode ser justificado não só pelas ações e pelos indicadores que despontam mostrando uma reversão das expectativas mas por decisões que o governo vai engendrando e propondo como é o caso do que o Governo Central estå sugerindo que irá enfrentar reformulações e simplificações no Pis, Cofins e no próprio Icms. Quando se agregam tais ideias as que já estão no Congresso para apreciação e possível aprovação, então vão se criando um ambiente marcado por sentimentos e avsliacoes positivas e otimistas dos agentes econômicos.
A sensação que se tem é a de que, com a possibilidade de aprovação da reforma da previdência, da flexibilização da legislação trabalhista e da renegociação das dívidas dos estados e municípios, o mercado tome alento, a confiança se reestabeleça e os investimentos sejam retomados. Na verdade, o que também se acredita é que, na proporção em que a economia dê sinais de que está se dinamizando, a tendência é que a própria área política poupará o país de embaraços e terá a sensibilidade maior para gerar um ambiente favorável aos negócios.
Assim, mesmo com todos os entreveros políticos e a instabilidade do quadro em função dessa pororoca de denúncias e delações, acredita-se que a economia parece ter se descolado da política e nem mesmo diante das possibilidades de Temer ser atingido pelas denúncias no TSE — o que o cenarista acha pouco provável! — o desempenho dos agentes econômicos não sofrerá perturbação e a expansão não sofrerá solução de continuidade. É otimismo em excesso? O cenarista acredita que não pois, ao juntar pedaços, os indicadores e indícios de movimentação positiva da economia, cria esse ambiente mais favorável e mais otimista para a economia brasileira.
E é tudo o que os brasileiros sonham pois, uma economia voltando a gerar empregos, uma inflação sob controle, um câmbio flutuando como deve ser, uma gestão pública melhorando e os estados e municípios adotando posturas austeras, era tudo que se queria para se voltar a acreditar que o País ainda é viável.
Postado em 6 mar, 2017 Deixe um comentário
Dia seis de março do ano da graça de 2017, em meio a tantas turbulências, passada a catarse carnavalesca, representa o “starting point” de um novo momento para o País. Hoje a classe política, aguarda, com profunda ansiedade, tensão, muito estresse e preocupação maior, a divulgação da lista de Janot que, pelo jeitão, deve atingir cerca de 70 a 170 políticos. São denúncias de corrupção, malversação de dinheiros públicos e subordinação aos interesses questionáveis de empreiteiras nos seus negócios com o governo central!
Também hoje Temer comece a perder um dos seus maiores aliados e colaboradores, no caso, Eliseu Padilha que, mesmo intentando uma sobrevida ministerial adicional, posto que afastado do cargo por razões de saúde, solicitou que o seu retorno ficasse para o dia 13 ao invés desta segunda-feira, enfrenta as acusações de delatores premiados ou não! Se isto já não bastasse, quatro executivos da Odebretch prestam depoimento ao Ministro Herman Benjamim do TSE, sobre o processo aberto a pedido do PSDB — quanta ironia, pois o denunciante de ontem, hoje é o principal aliado do poder! Aliás tal processo é o que que pede a impugnação da chapa Dilma/Temer, em face de uso de recursos ilegais na campanha presidencial de 2014!
JUnte-se a tanto, no rol de problemas e de dores de cabeça de Temer, hoje a Câmara dos Deputados recomeça a discussão de quatro matérias da maior relevância para o País, quais sejam, a reforma da Previdência Social, a “flexibilização da legislação trabalhista”, a renegociação das dívidas dos estados e as regras de terceirização de mão de obra, há treze anos esperando por apreciação e votação na Câmara dos Deputados. Todas as matérias são polêmicas e controversas e exigirão muita paciência e muto “lubrificante cívico” para sensibilizar os senhores parlamentares. O governo, sábia e oportunamente, além de garantir cargos e posições de poder a aliados mais exigentes, já fez uma espécie de reserva técnica para garantir emendas parlamentares de bancada e individuais de tal forma a sensibilizar aqueles mais resistentes e de mais difícil convencimento!
Embora isto ainda representa uma espécie de “prato cheio” na criação de problemas, dificuldades e embaraços para um governo sem sustentação popular, há, por outro lado, alguns indícios de que, o Governo Temer, mesmo atravessando esse mar tormentoso, já começa a respirar, com algum alívio, quando se examina o que está a ocorrer no campo econômico. As notícias sobre uma inflação sob controle e em queda, a qual reduz o montante da dívida interna pública, recupera o poder de compra da renda das famílias e sinaliza para a possiblidade de queda nos juros básicos e, consequentemente, a possibilidade de reduzir os juros do mercado, representa a possiblidade de abrirem-se novas e promissoras perspectivas.
A par de uma economia que se mostra, aparentemente, sob controle, a excelente quadra invernosa, o belo desempenho do setor externo, inclusive no que respeita a entrada líquida de recursos internacionais, além dos ajustes na Petrobrás, na Eletrobrás e no BNDES, aliada a uma nova atitude de governos estaduais e dos novos governos municipais em termos de austeridade fiscal, sugerem que, em breve, os investimentos, tanto públicos como privados, estarão voltando a participar da economia nacional.
Também, as notícias recentes relativas a novos investimentos, notadamente através da retomada das concessões e privatizações, dão um novoq alento de que a retomada da economia, via índices mais favoráveis de confiança dos agentes produtivos, lançam no ar a sensação de que o País está às vésperas de voltar a crescer, mesmo que, lentamente.
Claro que o tumulto que se deve esperar no campo político, notadamente essa semana, poderá interferir nesse processo de negociação das reformas indispensáveis à reorganizar as finanças e a gestão pública, além ter o condão de gerar um ambiente mais saudável para as decisões dos agentes produtivos. Embora algum tumulto possa advir, a convicção que se tem é que, até mesmo decisões mais radicais da justiça, em termos de determinadas figuras políticas nacionais, não serão mais capazes de afetar as perspectivas que já se montam para a economia nacional. Aliás o mercado já está muito mais apetrechado para entender o que pode ocorrer com as instituições em momentos de crise como este e sentir que há, com todo esse quadro de crise, certa estabilidade de regras e instituições. Ou será que não?´
Postado em 1 mar, 2017 Deixe um comentário
Apesár de todos os pesares, o povo foi às ruas, esqueceu, momentaneamente, as mágoas, desestressou-se um pouco e, mesmo com um caminhão de queixas as mais diversas, além de “curto de grana”, mostrou alegria, descontraiu-se, protestou mas “nos conformes” e deu uma trégua aos seus dramas diários que, não só vivenciam como também sofrem a exposição constante a tantos escândalos e a tantos problemas. Mas, a vida segue e não há outra saída a não ser para que os vários desafios na agenda do País sejam seriamente enfrentados.
E, já nesta quarta-feira de cinzas, os problemas voltam a ser reinseridos nas agendas, nas prioridades e no dia-a-dia dos problemas dos cidadãos como um todo. Assim voltam as delações e os depoimentos da Lava-Jato; o Ministro Herman Benjamim, do TSE, toma depoimentos de possíveis doadores da campanha Dilma/Temer; a lista dos mais de 200 denunciados da Odebretch que, segundo alguns, deve balançar a classe política; a retomada das discussões das reformas da previdência e da reforma trabalhista; as negociações das dívidas de estados e municípios; além da retomada das discussões do foro privilegiado, representam questões que tem que ser encaminhados ainda no primeiro semestre.
Isto porque, a urgência na discussão e definição de algumas reformas, se deve ao fato de que não haverá mais calendário, dentro do que se defina ou se estabeleça como a real viabilidade politica de tais mudanças, porquanto a partir do segundo semestre, com certeza, nenhuma matéria polêmica conseguirá respaldo parlamentar porquanto senadores, deputados, governadores e prefeitos, estarão todos envolvidos em manter suas posições de poder e, consequentemente, profundamente preocupados em não desagradar os eleitores.
Parece algo contraditório pois que, o que se sabe é que os políticos estão se lixando para a opinião pública e se mostram mais preocupados com a garantia da chamada disponibilidade do “lubrificante cívico”, tão indispensável a garantia dos necessários votos para manter as suas posições de poder, fato muito mais relevante do que o que, instantânea e emocionalmente, as possíveis reações, opiniões e sentimentos dos eleitores e, nem tampouco, o reflexo dos seus humores.
Entre as discussões mais relevantes, complexas, polêmicas e mais urgentes, está a questão previdenciária que, muitas vezes se perdem em argumentos político-ideológicos ou em equívocos como o que se refere ao existir ou inexistir déficit porquanto a questão sofre conceitos os mais diversos quando o método, o critério e a avaliação contábil muda.
Ou seja, a discussão deve se centrar no fim de privilégios, desde aqueles em relação às mulheres, aos trabalhadores rurais, aos idosos, aos deficientes físicos e as chamadas aposentadorias e pensões especiais, como todas as formas de distorção que o sistema hoje apresenta.
Talvez a grande discussão seja hoje até que ponto a classe média aguenta uma imposição tributária maior que os mais dos 50% já apropriados de sua renda. Ou seja, ou são corrigidas as distorções, ou acabam-se os privilégios, os vazamentos, as concessões indevidas e outros desvios de conduta, ou, dificilmente, esse que é a causa maior dos buracos nas finanças públicas brasileiras, serão superados.
Se a questão previdenciária é a mais grave e é a mais urgente das questões a serem enfrentadas pelos gestores da política econômica nacional, não resta dúvida que a renegociação das dívidas dos estados, a suavização das dificuldades geradas pela rigidez da desatualizada legislação trabalhista e as iniciativas conducentes a facilitar concessões e privatizações, são ações que deverão marcar o primeiro semestre de 2017. O ano começa agora com todas as turbulências políticas e uma posição de equilíbrio e ponderação na condução da política econômica o que leva a expectativa de que os problemas político- institucionais embora gerem tensões e atropelos no processo de superação dos problemas do País,não deverão comprometer os objetivos que pretende o governo para que se alcance a retomada da economia.
Postado em 26 fev, 2017 Deixe um comentário
A irritação, a impaciência e o cansaço demonstrados pelos brasileiros, inclusive exteriorizados pelos índices de depressão apresentados pela média dos cidadãos, são deveras preocupantes! O índice medido de depressão dos brasileiros, na comparação entre países, se coloca como mais alto do que a média mundial e como o mais elevado da América Latina! E isto revela, quão exaustos estão todos os cidadãos dessa “terra descoberta por Cabral”, com “o estado das artes” apresentado pela machucada sociedade brasileira.
Ninguém parece mais aguentar ouvir a pororoca quase diária de denúncias mostrada pelas delacões premiadas ou por inúmeros processos abertos contra políticos, empreiteiros, agentes públicos, doleiros, atravessadores, intermediários, entre outros acusados. Não que os brasileiros queiram que as investigações sofram solução de continuidade ou cessem na sua busca de identificar corruptos e corruptores, em face dos prejuizos incomensuráveis gerados ao Brasil e aos brasileiros! Longe disso! Mas, o fato de terem os brasileiros descoberto o quanto foram ludibriados, enganados e usados, na sua boa fé, levam a uma demonstração de profundo desencanto, indignação e de revolta.
Ninguém mais dá conta de somar a quantidade de recursos públicos desviados por atos desatinados de inúmeros agentes públicos ou políticos. Cifras que somadas, não apenas assombram pelas suas dimensões bilionárias como pelo envolvimento de uma quantidade assustadora de pessoas! Isto dá a sensação de que todo esse processo, quase endêmico de corrupção, se alastrou por todo o país e que parece não ter fim e, dar a sensação de ter desmontado o resto de ética que ainda havia na sociedade brasileira.
Se toda essa desestruturação de valores e de princípios que tomou conta da sociedade brasileira não fosse o bastante para gerar todo esse desencantamento e desesperança que domina mentes e corações de quase todos, a crise econômica, de enormes e nunca vista proporções, em toda a história do Brasil, aprofunda a depressão, os ressentimentos, a agressividade e, até mesmo, um espécie de ânimo belicoso!
O mais estranho é que, embora haja uma ânsia ou uma espécie de sede de justiça, uma revolta para com as elites como um todo, particularmente para com os politicos e, também, para com a justica, é bastante visível a descrença em tudo, em todos e no amanhã do Pais. Talvez isto ocorra porque inexistem lideranças confiáveis, nem do tipo de um Pedro Simon que, aos 82 anos desistiu de continuar lutando por um pais limpo e um parlamento mais legitimo e confiável ou a presença de um Sergio Moro que pudesse multiplicar o numero de novas esperanças e semear exemplos capazes de ir mudando o sentimento tão pessimista que ora domina a quase todos! E, com isso, ir abrindo perspectivas para que se construa as bases para o renascimento da sociedade brasileira.
Esse renascimento, mesmo que se pretenda ser extremamente otimista, vai ser muito dificil embora a economia já comece, ao fim desse primeiro trimestre, a dar sinais que vai retomar um crescimento positivo! A reação da comunidade a tudo e a todos leva-a ao extremo de hoje já reagir com um ar de enfado atē mesmo diante das manifestações daquilo que tem se consagrado como o chamado politicamente correto.
Os excessos do que seria antecipar comportamentos e atitudes de uma sociedade mais avançada como, por exemplo, uma legislação ambiental ousada, estatutos de toda ordem — do menor, do idoso, do presidiário, entre outras; a Lei Maria da Penha; as restrições as manifestações ditas preconceituosas — como a não aceitação das marchinhas e músicas carnavalescas, a obra de Monteiro Lobato, as expressoes outrora carinhisas como “minha nega”, “meu branco”, entre outras — geraram um cerceanento de liberdades e uma ridicularia sem tamanho!
Há também um cansaço com uma classe politica que não inspira mais qualquer respeito e credibilidade; com uma Justiça, injusta, lenta e nada democrática que só tem gerado decepção e suspeição diante de suas decisões e gestos e com uma elite que se perdeu nos seus interesses mesquinhos e sem qualquer compromisso histórico com o hoje e com o amanhã desta nação.
Na verdade o ar que respira a brasilidade não tem nada a ver com os ares e o espirito que dominava os anos dourados do juscelinismo, depois, a despeito do estado autoritário, os anos do milagre econômico e, por fim, os anos do governo Lula, mesmo com os equívocos que redundaram na crise atual! O pessimismo, o desencanto, o desentusiasmo que hoje domina o espirito dos brasileiro, representam características que geram impedimentos ou criam dificuldades para que a própria retomada seja facilitada.
Nem mesmo o Carnaval produzirá a catarse tão necessária a aliviar as angústias e as insatisfações que dominam o momento brasileiro! O cenarista não se sente nada bem em constatar esse estado de espírito tão prssimista dos brasileiros mas que, lamentavelmente ,é um quadro realista a espera de uma reversão de expectativas que mude o humor dos tupiniquins!
Postado em 22 fev, 2017 Deixe um comentário
A sensação que se tem, com a frequência quase diária de anúncios de delacões, de denúncias, de corrupção e de achados que não acabam mais, tanto dessa fonte quase inesgotável que é a Operação Lava-Jato, como também daquelas derivadas de outras operações assemelhadas, é que tais solavancos e embaraços continuarão, ainda por algum tempo, a perturbar os brasileiros.
Acrescente-se ainda que foi a ação firme, enérgica e destemida de procuradores e juízes como Sergio Moro, Marcelo Bretas e Wallisney de Sousa de Brasilia, entre outros. que talvez tenha estimulado uma quase sede de vingança da população contra aqueles que trairam a sua confiança e saquearam o País. E, o mais grave, é que a cada dia que passa se descobre quão amplo é o mundo de desmandos, de sujeiras e de crimes, os mais variados, cometidos por políticos, agentes públicos e empresários, Brasil afora.
As decisões do Supremo, hoje uma instituição em baixa cotação no mercado da credibilidade dos órgãos de regramento das relações entre o estado e o cidadão, quando, não está a exorbitar de seu papel, invadindo competências legislativas, procura se colocar acima de tudo e de todos, estabelecendo decisões confusas como a mais recente, aquela que mandou o Senado devolver à Câmara, o projeto de lei do chamado projeto de iniciativa popular de medidas anticorrupção, matéria já votada naquela Casa, gerando-se, com isto, um sério impasse institucional. Também, a esdrúxula e questionável decisão da Justiça de indenizar, com 60 mil reais, as famílias dos presos que foram chacinados em Manaus, gerou indignação e revolta na sociedade como um todo. Chocou também os brasileiros a decisão do STF de mandar pagar aos presos que vivem em presídios com lotação acima da sua capacidade, uma indenização de valor de 2 mil reais a cada família enquanto milhões de brasileiros, trabalhadores e honestos, “sem eira nem beira e nem ramo de figueira”, sem ter para onde ir e nem para quem recorrer, imploraria para receber uma remuneração, pelo menos igual ao de um meliante que matou, roubou e estuprou, com requintes de crueldade.
Todos os dias o governo, lamentavelmente, é questionado quanto a seriedade e crediblidade de seus membros e de suas ações e intenções. E, nesse quadro de desencontros surgem informações sobre a conjuntura política que tendem a gerar mais confusão e perplexidade, como foi o caso da divulgação dos dados de uma pesquisa de opinião sobre potenciais candidatos à Presidência, onde, a surpresa maior não seria Lula liderando a disputa. Mas, Jair Bolsonaro surgindo em segundo lugar, assusta os rumos para onde o Paīs caminha! E isto assusta a qualquer analista imaginando esse quadro de radicalização de posições e idéias, pois, se tal ocorrer, apreciar-se-á um confronto de posições politico-ideológicas radicais, que não será nada saudável para o Brasil.
Mesmo com tais destemperos as coisas caminham e a economia mostra sinais de que as circunstâncias estão melhorando, não só diante do excepcional desempenho do setor externo, como pelo comportamento da inflação — recuperando o poder de compra das remunerações; reduzindo o valor da divida brasileira, além de reestabelecendo a confiança dos agentes econômicos. Adicionalmente, a queda esperada na taxa de juros básicos, o equacionamento das finanças de estados e municípios além da aceleração dos processos de concessões e de privatizações, tanto a nível federal como a nível estadual, são outros indicadores de que as coisas tendem a melhorar.
Assim, aos trancos e barrancos, “la nave va” e, aos poucos, as noticias do tipo que a apresentada, recentemente, sobre a oportunidades de vagas de trabalho, inclusive não ocupadas pela falta de qualificação de quem as buscam, mostra que há algo no ar “além dos aviões de carreira”. A safra agrícola, notadamente de grãos, será de 15 a 16% superior a do ano passadoq; os precos das commodities tendem a melhorar pelo efeito Trump e, por enquanto, nada vai afetar o fluxo de capitais externos para o Brasil, senão alguma coisa que o favoreça.
É claro que os percalços políticos continuam gerando essa gangorra em termos de expectativas e credibilidade das instituições, tão necessárias à estabilidade e a confiança dos negócios e dos agentes econômicos. Apesar disso, as coisas caminham e, ao ouvir relatos até mesmo sobre o inverno, notadamente no semi-árido nordestino, onde a seca já completa seis anos e, de repente, um período chuvoso de grandes proporções, enchendo barragens e gerando amplas possibilidades de expansão da atividade produtiva do meio rural, muda todo o clima e, para uma região que vinha tendo desempenho econômico melhor que a média nacional, isto é muito alvissareiro que as coisas voltem a ocorrer como nos últimos anos.
Claro que essa instabilidade política, a insegurança nas ruas, a violência de toda ordem, a belicosidade dos grupos políticos antagônicos levando, inclusive, a uma agressividade nunca vista na atitude dos brasileiros como um todo, conduzem a uma preocupação de que tais circunstâncias politico-sociais pode, tender a perturbar o processo de ajustes necessários e urgentes da economia.
Há quem admita que se as reformas trabalhista e previdenciária, a nova lei de renegociação das dívidas de estados e municípios não ocorram nesse semestre, então as coisas podem se complicar. Também, na proporção en que se aproxima o pleito de 2018, a cobrança de estipêndios mais altos por cada voto do Parlamento, começa a tornar quase inviávelqq o preço a pagar pelo governo. Assim, há que atravessar o Rubicão antes de agosto chegar, com todo o dever de casa já feito pois deputado algum votará qualquer matéria antipatica à opinião pública depois do recesso do meio do ano.
Postado em 17 fev, 2017 Deixe um comentário
Quem, por alguma razão, se sente motivado ou provocado a refletir sobre o “estado das artes” desse velho Brasil de guerra, acumula perplexidades, angústias, incertezas e, até mesmo, indignações. Isto porque ocorrem ou deixam de acontecer coisas que a vã filosofia não permite que tais fatos não gerem inquietações, dúvidas, perplexidades ou, até mesmo, revolta. Algumas são mais simples e diretas como não se compreender como se paga a um policial ou a um professor cerca de dois mil reais mensais de remuneração enquanto se paga a um deputado, só de remuneração direta, 27 mil líquidos e mais uma série de salários indiretos cujo pagamento total pode ascender a mais de 100 mil reais.
Mesmo que se considere o caso dos parlamentares como atípico, como se pode admitir que 72% dos juizes e promotores percebam, mensalmente, de remuneração direta, em torno de 39 mil reais — segundo estudo realizado pelo economista Armando Castellar, da FGV — e, em alguns casos, desembargadores atinjam remuneração que ultrapassa 100 mil reais! Esses exemplos são apenas a exteriorização da revolta e da indignação de muitos, porquanto os problemas por eles enfrentados são deveras penosos e sem perspectiva de solução a mais curto prazo e, como seria natural, ficam revoltados com o que ocorre nas suas barbas!
O problema básico é que a sociedade brasileira, por uma série de razões mas, notadamente, por conta de um estado incompetente e corrupto, que tem o condão, pelo seu tamanho e presença excessiva na vida das pessoas, de interferir em tudo e também de ser o maior investidor e o maior gastador da economia nacional; de gerar ineficiências que se transferem a tudo e a todos, promovendo atrasos, ineficiências e desperdícios generalizados e corrupção endêmica; tudo isto impedindo até de se imaginar saída para os vários impasses que se estabeleceram, mostram a natureza e o tamanho do desafio a ser enfrentado pelos brasileiros.
Aparentemente, o que limita e dificulta o país a sair do buraco em que se meteu, não é apenas a dimensão do recuo da economia, onde o PIB encolheu 3,5% em um ano, 3,8% no outro e se prepara para crescer em torno de 1% neste ano, tendo tal representado uma queda de quase 10% na renda real dos brasileiros. Mas, a bem da verdade o que, convenha-se que, com esse atraso e o impacto que se deu na destruição de empresas, no seu endividamente e no recuo de suas ações e de seus estímulos para produzir, máxime numa economia em profunda recessão, a recuperação é das mais difícieis e lenta pois envolve recuperar a confiança dos agentes econômicos; a credibilidade das instituições; a reorganização de uma máquina pública, quebrada, desmoralizada e preenhe de ineficiências, além da desconfiança de todos em tudo e em todos.
Quanto se juntam pedaços aí é que se tem a dimensão do problema ou melhor, dos problemas. Hoje um desemprego que afeta mais de 12,5 milhões de trabalhadores; o fechamento de milhares de empreendimentos; o desequilíbrio geral das finanças, em todos os segmentos e campos de atividade, além da quase falência de estados e municípios, sente-se que o buraco é bem mais profundo e sério.
Para se ter uma idéia dessas dificuldades, enquanto as políticas públicas não mostrarem uma forma de equacionamento do endividamento das famílias — mais de 56% em forte estágio de “enforcamento ” –, empresas de todos os portes e tamanhos com seríssimos problemas de dívidas de toda ordem, aliado ao fato da profunda crise que atravessam as maiores empreiteiras do País — mostram um quadro desolador. Por outro lado, estados e municípios que, como que, por irresponsabilidad e oeviandade, abandonaram a lei de responsabilidade fiscal, como bem demonstram a situação vexaminosa de estados como o Rio de Janeiro, Minas e o Rio Grande do Sul, indicam que se, urgentemente a negociação de suas contas e os ajustes para uma volta à necessária austeridade fiscal, não se sabe como tais unidades da federação se recuperarão e ajudarão a recuperar a economia de seus territórios.
Quando se olha para situação tão caótica, deixa-se, as vezes, de examinar, a fundo, a situação da União, onde, segundo estudos recentemente apresentados, se, nos últimos vinte anos o país tivesse sido mais rigoroso nos critérios de ampliação de seu endividamento e de fixação da taxa básica de juros, o Brasil teria economizado cerca de 2,9 trilhões de reais! Assim, o déficit fiscal do ano passado, que já foi de mais de 150 bilhões e, teria sido muito maior caso não houvesse entrado mais de 42 bilhões de impostos da repatriação de recursos de brasileiros no exterior, nada tem a ver com os periodos onde o superavit fiscal atingia até 3,1% do PIB! Para esse ano, se tudo correr bem, se a taxa básica de juros continuar caindo e o ajuste fiscal for respeitado, o déficit não será inferior a 130 bilhões, segundo estimativas do próprio governo.
Se essa questão dos endividamentos como um todo não encontrar mecanismos criativos para o seu equacionamento, então a perspectiva do País sair da crise vai ser ampliada por um período maior que o esperado. Mas, será que só equacionar os débitos basta? Será que o arsenal posto em prática já é o suficiente? Será que permitindo que as pessoas usem o seu FGTS para uma renegociação das contas com bancos e entes públicos, das pessoas físicas, não seria mais um instrumento importante para desafogar as familias dessa enorme e preocupante carga? Será que acelerando a renegociação das dívidas de estados e municípios, propondo a privatização de parte de seus ativos, estimulando o desenvolvimento de PPP’s e PPI’s para uma série dde serviços de infra-estrutura, além de um programa de estimulo e incentivo à melhoria da eficiência de suas atividades, não geraria uma febre de responsabilidade fiscal, máxime agora, com os novos gestores municipais?
Ao lado dessa busca de equacionamento dos problemas registrados com as finanças pessoais, das famílias, dos entes publicos e das empresas, algumas outras questões merecem ser avaliadas, de maneira séria e honesta. Não que se queira admitir que, com isto, restabeleça-se a moral e a decencia bem como o compromisso ético no País mas, pelo menos, buscar-se-ia encaminhar alguma saída para os problemas estruturais. Questões como é essa excrescência do chamado instituto da meia — meia entrada, meia passagem, meia qualquer coisa — tem que ser revista. A LOAS, hoje bancada pela Previdência não pode ser admitida. Previdência Rural e privilegios previdenciários de alguns grupos, à conta do contribuinte, bem como uma onerosa e injusta previdência publica, não dá mais para aguentar.
Além disso, é crucial atacar as chamadas espertezas no uso de auxílio ou seguro desemprego, saques de fgts, e outros programas especiais, maculados que hoje são, por vários tipos de espertezas e sabedorias. Também, se não forem combatidos os vícios como o caso das 900 mil famílias do bolsa-familia, detentoras que são de carros de mais de 20 mil reais? Ou dos 45 mil beneficiários do auxílio-defeso em Brasília e tantos outros vícios vergonhosos? Sem contar com esse espetáculo que choca o mundo de uma corrupção que nunca se viu igual, em lugar algum e em qualquer tempo da história da humanidade e que, infelizmente, mesmo com a Lava-Jato e com a punição de gente muito graúda, os crimes dessa ordem, para a perplexidade de muitos, ainda continuam a serem praticados.
Ou seja, mesmo com todo o esforço que vem sendo feito, a recuperação da sociedade brasileira e a remoralização de suas instituições representa tarefa ingente e hercúlea que demandará tempo e, também, dependerá, em muito, da ajuda de Deus para que o Paìs volte a viver os anos dourados do juscelinismo ou os anos aparentemente mais limpos do lulismo!
Postado em 15 fev, 2017 Deixe um comentário
As manchetes dos jornais de hoje mostram as diferenças gritantes entre dois brasis que ora coexistem. O primeiro o de Eduardo Cunha, disputando com a Justiça o direito de ter cuidados médicos especiais por ter um aneurisma, assemelhado ao que levou, a óbito, Dona Marisa Leticia, ex-primeira dama do Pais. Um outro episódio que mostra esse Brasil confuso e inconsequente, ocorre no belo Rio de Janeiro, já tendo o seu ex-governador trancafiado, assistiu, a determinação pela justiça, do afastamento do atual governador e seu vice, por decisão do TSE.
Se isto jå representava uma baita confusão, em Brasilia, um juiz decidiu impedir ou tornar ilegal a posse e o exercício do cargo de ministro ao agora ex-ministro Moreira Franco. A essa decisão juntaram-se decisões assemelhadas de um juiz no Rio e de outro do Amapá. No tribunal de segunda instancia, do Rio, estabeleceu-se que Moreira seria ministro, mas sem foro privilegiado! Isto apôs a AGU ter recorrido da decisão. Tais reações , não resta a menor duvida, tumultuam a vida política nacional e, mais ainda, a vida e o governo de Michel Temer.
Ainda, nesse “brasilzão” de guerra, surge a denúncia de que o Presidente da Câmara teria recebido um milhão de reais da OAS! E, para complicar o quadro, o PMDB, exige a indicação do novo ministro da Justiça ou da criação de uma nova liderança na Câmara, uma possível Liderança da Maioria, para acomodar grupos insatisfeitos.
E, todo esse tumulto ocorre depois de uma semana de chacinas nos presídios, de uma inusitada greve de policiais militares, que desafiando o governo e pondo, em polvorosa. toda a população do estado do Espirito Santo, diante de mais de uma centena de assassinatos, de saques e de vandalismos de toda ordem, estabeleceu uma piquete de mulheres de policiais militares impedindo-os de trabalhar e complicando o ir e vir dos cidadãos como um todo.
Para tão negativas notícias sobre o dia a dia do País, soma-se ainda o desempenho da classe política que continua, surpreendendo, negativamente, à população, porquanto ao votar matéria que a isenta de determinados compromissos com a ética e com a lei, limitando as competências do TSE na Câmara, elege, para dirigente da mais importante comissão técnica do Senado, no caso a Comissão de Constituição e Justiça, um senador que já foi denunciado pela Lava-Jato! Alguém diria que, por se tratar “tão somente” de uma denúncia, não representaria culpa formada e nem transformaria ninguém, automaticamente, em réu. Mas, para muitos, representa uma temeridade para o Senado, assumir a causa do senador, mesmo que não haja nada transitado em julgado. Por outro lado, também não foi apresentado, pela defesa do senador, qualquer indício que o isente, completamente, de culpa ou de responsabilidade dos crimes que lhe são imputados.
Esse é o Brasil. do desemprego, da queda da renda real, da violência de toda ordem, da enorme pobreza da classe política, do vazio de lideres emergentes e da falta de indicações de que, em algum tempo e momento, as questões que geram ou estimulam toda essa incerteza e essa insegurança que domina a cena nacional, serão substituidas por atitudes mais consentâneas com o senso comum e com a ética exercida na maioria das comunidades civilzadas.
E, com certeza, pelas provações que ora se experimenta, um outro Brasil renascerá das cinzas e, embora marcado por dificuldades imensas, gerará esperanças de que as coisas amanhã serão melhores. E será um Brasil que voltará a crescer, em breve, com uma inflação situada no centro da meta, com a estabilidade prevalecendo no ambiente de negócios e com a esperada atração de vultosos investimentos vindos do exterior, pois os ativos nacionais estão baratíssimos e, garantida a seguranca jurídica, aí então o fluxo de capitais internacionais será bem mais agressivos.
E os indicadores econômicos vão aos poucos, aparecendo, às vezes, timidamente e, algumas vezes, na forma de reativação de programas sociais relevantes — aumento dos beneficiários do bolsa-família, do FIES e a liberação de 30 bilhões do FGTS — além da aceleração de uma série de projetos de aproveitamento de potencialidades bastante visíveis.
Assim, mesmo diante de todas as dificuldades aparentes na política, os problemas criados pela policia militar do estado do Espírito Santo, que poderia se espraiar pais afora, são contrarestados por notícias que dão alento e ânimo de que as coisas estão clareando. As expectativas relativas a produção de grãos no Paīs deve superar a de 2016 em mais de 15%, alcançando cerca de 216 milhões de toneladas; a significativa entrada de recursos externos, além de um esperado excelente desempenho da balança comercial; a retomada da indústria manufatureira, mesmo que timidamente; a dinamização das atividades do segmento dos serviços; a nova queda prevista na taxa de juros básica; a liberação de 42 bilhões de contas inativas do FGTS; a manutenção da inflação no centro da meta, além da aceleração de concessões, privatizações e facilitação de exploração de minerais estratégicos, representarão estímulos especiais à retomada da economia. Também, o que ocorre no setor externo, diante do Brexit e das estrepolias trumpianas, abre caminhos para um grande avanço nos possíveis acordos bilaterais brasileiros.
Ah! a renegociação das dívidas dos estados e municípios vai, aos poucos, arejando os espaços, reduzindo o drama de muitos assalariados e estimulando as atividades produtivas.
Assim, aos poucos, o fantasma da recessão vai se distanciando dos olhos dos brasileiros. Claro que as coisas irão ocorrendo aos poucos, quase imperceptivelmente, mas, tal como ora ocorre com a inflação, os ganhos irão ocorrendo e o impacto no poder de compra das pessoas, vai sendo sentido. Alguns indicadores demorarão um pouco mais para que comecem a ser sentida a sua reversão, como é o caso do desemprego. Mas, o otimismo da sociedade volta a ser retomado, as expectativas dos empresários já apresentam melhoras quase sensíveis, enquanto que as bolsas e o dólar refletem um novo momento que começa a ser experimentado. E o Ministro Meirelles anuncia que o País voltará a crescer, já nesse primeiro trimestre! Por acaso, não é era esse o quadro que se imaginava, pelo conjunto de fatos, circunstâncias e ações, mas é esse um novo quadro que se desenha. Com trapalhadas políticas, com falta de controle sobre a violência e com os desdobramentos da Lava-jato, mesmo assim o Brasil vai começando a respirar novos ares.
Postado em 14 fev, 2017 Deixe um comentário
O tiroteio politico-institucional continua intenso, cheio de contradições, falácias, muito controvertido e sinalizando no sentido de que as dificuldades atuais só tendem a se magnificarem, caso a economia não venha a dar sinais convincentes de que vai reverter as tendências pessimistas que se mostravam tão patentes ainda no final de 2016. Aí, com certeza, se tal não se concretizar, a cobra vai fumar! Isto porque a crise na seguranca pública, pondo em polvorosa as populações, não só como ocorreu em Manaus com a terrivel chacina que se registrou no presidio federal; com a repetição de um evento assemelhado, num presídio federal, dominado pelo crime organizado, em Roraima; depois, a chacina registrada em Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, assustam e põem em risco a estabilidade das instituições.
Aliás, a crise da segurança pública é a exteriorização de desequilíbrios de toda ordem na sociedade brasileira que vem sendo engendrados e ampliados no correr dos últimos anos e se intensificaram, na sua dramaticidade, nos cinco duros e difíceis anos que marcaram o governo Dilma Rousseff. Foram anos de crise econômica, d intensificação de desigualdades sociais, de desestruturação do estado e de sua gestão, da piora significativa de valores e de quadros políticos e, como consequência, da perda da confiança nas instituições e da esperança na própria capacidade do País de superar seus desafios.
E, como se não bastasse, o total desmantelamento do controle político do estado sobre a sua própria força de segurança, como ocorreu no Espírito Santo e que pode, por incrível que pareça, se alastrar por outros estados, como é o caso do Rio de Janeiro, a certeza de que vive o Brasil uma série crise de autoridade do poder público e de credibilidade das instituições. E, o mais grave é que o País, em momentos de perplexidade como esse, se pergunta aonde estão os líderes ou os presumidos salvadores da pátria, acreditando, equivocadamente, em tal saída para as crises e os conflitos, ao invés de apoiar as suas crenças nas instituições democráticas. Esse sebastianismo ultrapassado não é mais capaz de garantir respostas convincentes e objetivas para esse “tsunami” de desafios à competência e a capacidade de dar solução a tão sérios problemas.
Por outro lado, a pobreza de quadros políticos e gerenciais e a ausência de compromissos das elites, impede que se construa um debate norteador de mudanças e reformas que estabeleçam um outro itinerário para o País, subordinado a uma ética de compromisso e de responsabilidade e que vá gerando esperança consequente. A única luz que se enxerga é que, como dizia James Carville, assessor de Bil Clinton, ao construir as senhas de comunicação para garantir a sua vitória sobre George Bush, na sua linguagem muito incisiva, “é a economia, estupido”! Ou seja, para que se possa dar um tempo a tantos estruturais e institucionais desafios, só a economia retomando tornará possível melhorar o ambiente, o “mood” e as perspectivas de reconstrução do País.
E, estão se desenhando cenários, estabelecendo-se indicadores e o mercado começou a engrenar um sentimento de que, apesar das agências de “rating” internacionais não favorecerem esse espírito de recomeço, as coisas iniciam a retomar um rumo mais otimista inclusive porque, hoje, as pessoas já dizem “na economia o Temer vai bem mas na política, com essas companhias e essas escolhas, a coisa não anda tão favorável”. Ou seja, as pessoas jâ sentem que, embora fosse muito profunda e séria a dimensão do problema nacional, as medidas já tomadas, a confiança, mesmo parcial, já reconquistada, mostra que, apesar de muito difíceis, as coisas começam a tomar jeito.
Assim apesar de tantas limitações, problemas e dificuldades, o ar que se respira, apesar das balas perdidas, das articulações do crime organizado, da esperteza dos políticos e de muitos vícios comportamentais da sociedade, as coisas começam a indicar que tendem a dar certo. E, parece não ser apenas uma espécie de “wishful thinking” mas, mesmo com percalços como de alguns indicadores não se mostrando positivos ou sofrendo alterações ou flutuações desanimadoras quanto a desempenho de alguns indicadores econômicos, as coisas tendem a melhorar pois assim já se comportam os agentes econômicos.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!