UM NATAL MENOS DRAMÁTICO DO QUE SE IMAGINAVA!

O ano está terminando! Continuam sangrando os brasileiros mas, a hemorragia parece ser bem menos intensa do que foi até agora ou do que se imaginava que viria a ser. De, repente, as boas notícias, mesmo que tímidas, começam a surgir daqui e dacolá, mesmo que não sejam tão abundantes e nem tão generosas, dão um alento de que o caminho trilhado parece que tenderá a dar certo. É assim que alguns indicadores dão a entender e a sugerir. A inflação já cedeu mais que se admitia que pudesse ocorrer tendo a chance de, por incrível que pareça, fechar o ano dentro do limite superior da meta, qual seja, 6,5%!

Representa uma vitória extraordinária e inesperada!

A PETROBRÁS, quebrada e falida, desorganizada e desmoralizada no mercado, com seis meses de gestão de Pedro Parente, já conseguiu desovar alguns ativos, capitalizar-se um pouco, renegociar violentas ações judiciais que, nos Estados Unidos e na Europa eram movidos pelos fundos de pensão e outros interesses envolvidos com a empresa. Além disso, a venda de parte de campos do Pré-sal e de outros ativos, permitiu, ao lado do bem sucedido programa de demissões voluntárias e de outros cortes de gastos, significaram ganhos relevantes como parte das novas diretrizes de seriedade e de austeridade estabelecidas pela nova direção da empresa.

As medidas saneadoras implantadas pela nova gestão do Banco do Brasil, ao lado do intenso combate a fraudes, a desvios de conduta, a irresponsabilidade na operação de programas sociais,  com um sem número de irregularidades levantadas, representam passos na reorganização das contas públicas portadas pelo governo nos seis meses de desempenho.

Ao lado de tais medidas pontuais, a aprovação da PEC 244/55, a implantação de medidas destinadas a repatriação de recursos de brasileiros no exterior, a reformulação dos critérios para as novas concessões e para o acelerar das privatizações, a renegociação das dívidas de estados e municípios, além do envio da PEC da Previdência ao Congresso, representaram passos muito relevantes para a reorganização da vida pública brasileira.

A própria gestão do Banco Central, equilibrada, ponderada e consciente de seu papel e responsabilidade e, deveras acreditada e respeitada pelo mercado, permitiram significativos ganhos de credibilidade tão necessários para fazer o pais buscar a reorganização de suas finança  e garantir as bases para o seu equilibrio e para recuperar a confiança que o mercado e os agentes econômicos tanto buscam nas instituições do País.

As medidas adicionais relacionado a liberação do FGTS para pagamento de dividas pessoais sugerem que se injetará cerca de 30 bilhões de reais no mercado. A flexibilização da legislação trabalhista poderá oxigenar o mercado de trabalho, máxime a partir de acordos criativos entre patrões e empregados. Por outro lado, a ampliação da oferta de credito para as empresas e, se possivel, a oferta de linhas especiais de credito, assemelhadas ao REFIS dos tempos do FHC, talvez, sem ser generoso com os incompententes e com as empresas perdulárias, talvez permita a reorganização das finanças e da saúde das empresas médias  e grandes do país.

O processo de renegociação das dívidas de estados e municípios, as chances de recebimento dos salários e do 13o. mês por parte dos funcionários públicos de estados e municípios em crise, adicionada a injeção de meios derivados do auxilio-desemprego, do FGTS e de outros projetos especiais, dão e darão um novo fôlego à combalida economia nacional. Os próprios acordos de leniência que a Lava-Jato tem permitido que as grandes empreiteiras assinem com o MPF, o Juiz Sergio Moro e a Polícia Federal, com a aquiescência da CGU, permitam

Daqui de Buenos Aires onde o cenarista veio passar as festividades com a filha caçula, o genro e os netos, além dos outros filhos que puderam vir para o Natal e Ano Novo, nesta bela cidade que, segundo dizem foi planejada, urbanisticamente por Haussmann, o homem que inventou as belas avenidas de Paris e de Bucareste, é possível refletir sobre os destinos desses dois países, tão próximos, não apenas geograficamente, mas, por afinidades que foram se fortalecendo com o tempo e o que os fizeram grandes parceiros comerciais, culturais e políticos na América Latina.

São dois países com uma história que, se pode enaltecer por um lado, por outro, há que se lamentar por outro. A Argentina, um país rico em tudo e que alcançou um dos mais elevados níveis de desenvolvimento entre as nações, no século passado, detentora de cinco prêmios Nobel de ciências, “de um papa, de uma rainha e do melhor jogador de futebol do mundo, atualmente”; com um nível cultural extremamente elevado, perdeu-se a partir do momento em que o populismo politico passsou a estabelecer as regras e a definir os destinos da Nação. E, diante dos quase 70 anos de desencontros, a Argentina, embora um tanto quanto desestruturada, desorganizada e, de uma certa forma, mostrando sinais de abandono e desprezo por tantas coisas conquistadas, ainda apresenta um patrimônio econômico, artístico, cultural, arquitetônico e social invejável.

A instabilidade politico-institucional, marcada por um excesso de aparelhamento do estado pelo sindicalismo exacerbado, forjada num personalismo de certas figuras marcantes como foram Peron, Evita e outros lideres peronistas que os sucederam até os anos recentes, como Menen e a familia Kirschner, a história político-administrativa, marcada pelo militarismo pouco operoso dos anos de chumbo, foi, em parte, no geral, um desastre inominável.  E não se sabe como esse lindo país, com um belo vinho, uma bela música, um belo cinema e tantas potencialidades, embora tenha sofrido tanto, ainda se mantém em pé!

Se esse é o doloroso itinerário da Argentina, o seu parceiro e vizinho, de tantas afinidades e hoje, de tanto respeito mútuo, depois da fase dos chamados que, do alto de sua presunção e arrogância chamavam os brasileiros de  “macaquitos”, cresceu a passos largos, em face dos bons ventos internacionais, de sua indústria manufatureira  já madura e competitiva, de um agronegócios de resultados excepcionais e, afirme-se, em face de seu tamanho geográfico e de sua população e, pasmem, alem de espasmos de seriedade e comprometimento institucional, cresceu largamente nos últimos anos.

Claro que, acumulando erros e equívocos de todas as ordem; antecipando um estado de bem estar social que não tinha como pagar a conta; distribuindo favores para garantir respaldo político-institucional, além de exercitar, brilhantemente, muita incompetência na gestão da coisa pública, o Brasil termina, em quatro anos, todo um legado de mais de 20 anos de conquistas e de crescimento! Até o The Economist revelou-se indignado, frustrado e como que traído Ou seja, a desorganização da economia, a desestruturação das finanças públicas, a disseminação de valores éticos e morais contestáveis, além de práticas políticas questionáveis sobre todos os pontos de vista, foram o balanço quase trágico desses últimos anos.

Daqui dá para imaginar que, com Macri, de uma certa forma, foi-se o incompetente projeto do bolivarianismo sem sentido e sem futuro; desmantelou-se o eixo da bobagem que compreendia a proposta de integração de Venezuela, Brasil, Argentina com Cristina, Bolivia de Evo Morales, Equador de Rafael Corrrea e Cuba dos Castros, o que levava a uma pretensão insensata de construção de uma proposta econômico-política dos atrasados bolivarianos. Foi a cultura inferior do Coronel Hugo Chaves, da Venezuela,  que quase pontificou como uma proposta de ação política dos atrasados latinos que ajudou a acelerar a compreensão de que os demais países deveriam romper com tal itinerário. Macri ajudou a derrubar Dilma e Chaves que jå havia morrido, Castro já havia sido afastado e os demais países sentiram que o novo caminho era da democracia sem adjetivos e sem restrições.

Assim, não se sabe para onde irá a Argentina, com tanto para contribuir e com um país tão rico mas que se debate com restrições institucionais tão difíceis de superação. Na verdade, o Brasil, caso supere o Cabo da Boa Esperança que será a travessia desse semestre, preenhe de problemas, desafios e dificuldades gerados por uma sociedade cansada de esperar por melhores dias, uma Oposição que não mede sacrifícios em gerar expectativas de volta ao poder aos seus filiados e de uma midia que cobra, impiedosamente, dos governantes de plantão, resultados imediatos.

Chega-se ao fim do ano. Todos na expectativa de que, por mais que não se queira torcer pelo País, não há outra alternativa a não ser apostar que, se o país chegou ao fundo do poço, não há outro caminho para se continuar sobrevivendo e apostando num futuro melhor para o Brasi.

 

SERÁ QUE AGORA A COISA VAI?

 Não tem ninguém com um mínimo de compromisso com o País e com os seus destinos que não torça para que as medidas adotadas pelo governo para retomar a economia, comecem a surtir os efeitos desejados e esperados. E, mais ainda! Que o ambiente econômico e o “mood” da população comecem a mudar ficando mais espairecidos, mais otimistas e mais geradores de confiança e de esperança para a sociedade como um todo, é que as pessoas que não estão marcadas pelos radicalismos politicos, pelos dogmatismos ideológicos e pelo vandalismo ou pelo anarquismo inconsequente, aguardam com ansiedade.

São as expectativas daqueles que, sinceramente, apostam que, ainda que extremamente difícil o momento e mais profundos do que se imaginavam os desajustes, os equívocos e os efeitos altamente desorganizativos das políticas públicas gerados nos últimos anos, o governo vem intentando a adoção de medidas e providências tendentes a ir enfrentando os desafios embora, fica patente, sem conseguir reverter, de imediato, as tendências de “empeioramento” dos níveis de emprego e de uma deterioração da renda real disponível das  famílias brasileiras.

A despeito das dificuldades político-institucional marcadas por pequenas e frequentes crises e sem o respaldo popular tão necessário para um momento como o experimentado pelo governo Temer, o grupo que comanda a economia é o que talvez haja de melhor no País e, também, diferente de várias oportunidades ocorridas no passado, não há disputas de egos entre a Fazenda e o Planejamento e nem a busca desenfreada e desesperada de protagonismos de membros do governo, o que, na verdade,  isto tem já ajudado a não comprometer o seu desempenho.

Segundo Marcelo Neri, em entrevista recente publicada no Jornal Extra, do Rio, duas constatações dão uma demonstração de que as coisas começam a mudar de perfil. “Em primeiro lugar, as causas de perda de renda dos trabalhadores, até junho de 2016, 74% do efeito decorreram da inflação e 26% são efeito do desemprego. Em segundo lugar, o que se constata é que tais perdas estão piorando menos”! Ou seja, a ênfase no combate sem trégua à inflação ajuda a minorar as perdas de renda real mais do que a recuperação dos postos de trabalho.

A trégua que os recessos do Parlamento e do Judiciário; o clima de festa e de confraternização que passa a se estabelecer a partir de agora; e a determinação da equipe econômica de buscar estabelecer politicias publicas que não comprometam o ajuste das contas publicas de médio e longo prazo mas que diminuam o sufoco que enfrentam as famílias de classe mēdia baixa e média média do PaÍs, aliada aos programas compensatórios de renda para as populações mais carentes, são alívios  para a situação de milhões de brasileiros e começarão a gerar um clima mais favorável em termos político-sociais e em termos econômicos, para o Governo Federal.

Também a posse dos novos prefeitos, mesmo com o pessimismo que toma conta da maioria diante das desestruturadas contas públicas, lança um ar de esperança de que o novo trará, em sua esteira, austeridade, inovação, criatividade e entusiasmo para inventar saídas as mais interessantes para os graves desafios.

A criatividade dos “Policy Makers” da área econômica brasileira vai se exercitando não só pelo elenco de idéias e propostas que estão sendo concebidas e que ora estão sendo implantadas, mas também pela iniciativa de Temer de criar uma Secretaria Especial de Fomento e Desenvolvimento Microeconômico junto ao Ministério da Fazenda, a ser ocupada, provavelmente por um excelente quadro de profissional do ramo. Talvez João Manoel de Pinheiro de Mello, brilhante economista do INSPER.

Dessa forma, o que há de se esperar é que alguns fatores desestabilizadores ou comprometedores das instituições ou que gerem impasses políticos, deem uma trégua nesse final de ano e permitam que as medidas e providências microeconômicas e estimuladoras de uma retomada mais rápida da economia, prosperem. Se isto ocorrer e, de repente o estado brasileiro for tomado, em todos os seus níveis, por uma ânsia de agilidade, de pressa e de buscar simplificar processos, métodos e práticas de decisão e gestão, tempos serão abreviados, resultados mais rapidamente alcançados e uma espécie de trégua será observada na sociedade tupiniquim.

Como disse o Papa Francisco “o papa é argentino mas Deus é brasileiro” e, portanto, o que se aguarda é que um milagre pode estar prestes a ocorrer pois há muita fé de que os ajustes venham a responder as expectativas da sociedade nacional.

 

 

 

 

QUAL O “TIMING” CORRETO? O DOS ECONOMISTAS OU O DOS POLÍTICOS?

Governar é administrar pressões, conflitos e interesses. E quando se trata de um paìs em crise como o Brasil, aí a coisa complica muito mais pois há ingredientes os mais variados para tornar mais desafiadora a arte de governar. Não são apenas os dramáticos problemas econômicos que exigem duríssimas medidas de austeridade fiscal além de reformas institucionais e revisão do tamanho do estado, descentralizando atribuições, competências e recursos entre os níveis de poder. Há que haver, também, uma busca incessante com vistas a redução dos desvios de função e de conduta na execução de programas de governo. E, se não bastasse, uma luta enorme que deve ser travada no sentido de melhorar a eficiência na gestão da coisa pública.
Se os desafios fossem apenas esses, que já seriam enormes, até que seriam palatáveis embora que, deveras complicados. Mas, o mais sério é que, mesmo esses, devem ser encaminhados e resolvidos subordinados a um processo de negociação política, não apenas no Parlamento mas com entes da sociedade civil, com uma Oposição intransigente e com uma mídia extremamente vigilante e, no mais das vezes, não se sentindo com qualquer compromisso no sentido de contribuir para que as coisas deem certo ou não para o País. Alie-se ainda as restrições legais e as questões jurídicas sempre levantadas que tumultuam e comprometem, pelo menos, a necessidade de urgência que a situação dramática do país requer.
Imagine-se, só para se ter idéia de como é difícil fazer escolhas, estabelecer alternativas e satisfazer a maioria dos interesses envolvidos, como se amplificou um episódio menor criado por um conflito entre dois ministros, sendo que um solicitava uma decisão do ministro da cultura no sentido de arbitrar uma divergência entre dois órgãos a ele, ministros da cultura, diretamente subordinados e, sendo ele o próprio responsável pelo esperado arbítrio, o que ocorreu foi algo inusitado.
Tudo talvez, surgido por culpa de uma ambição de promover um protagonismo com sonhos de uma carreira no cenário eleitoral carioca ou, até mesmo, nacional. Episódios menores, magnificados como esse foi, ao lado da divulgação da lista da Odebretch, onde todos os protagonistas políticos e empresariais do país são considerados culpados de ter cometido um crime que ainda não era crime, o tal do caixa dois, então se tem a dimensão de como estão difíceis os espaços de movimentação do poder.
Mas, nesse quadro de tantos desencontros, de exteriorização de vaidades, de ambições pessoais desenfreadas e de falta de compromisso com o País, a lucidez de um homem, no caso FHC, chama à responsabilidades os homens púbicos e as lideranças nacionais para que entendam que os graus de liberdade que se tem para enfrentar a enorme crise são muito limitados e, que “só se tem uma ponte muito estreita, uma quase pinguela para atravessar esse tempestuoso rio” e, que, a crise só será vencida se os que tem compromisso com o hoje e o amanhã do Brasil resolverem superar divergências, ambições e egoísmos e juntem esforços para que se faça tal travessia.

Mesmo que não se queira, não há como e, o País não suportaria experimentar uma nova crise institucional, um novo impedimento de um presidente e se tentar estabelecer novas alianças que garantam a governabilidade para o estabelecimento de um novo caminho para a superação das dificuldades.
Não há saída a não ser acelerar as medidas de austeridade, promover o mais rápido as reformas institucionais e as políticas anti-cíclicas que antecipem a retomada do crescimento e o estancamento do desemprego no País. E o caminho é o que está proposto e plantado talvez só requerendo uma maior agilidade, rapidez das medidas e uma atitude mais proativa do empresariado. Do contrário as coisas não se resolverão.
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É POSSÍVEL ENXERGAR UM LADO BOM DA CRISE?

Diante de todo o pessimismo, o desencanto, a frustração, a decepção e a quase revolta dos brasileiros com o chamado “estado das artes” do País, merece uma reflexão crítica sobre qual o resultado de todo esse processo de crise e de dificuldades encaradas pelos cidadãos da pátria amada.

O lado desagradável da crise está explicitado pela significativa queda da renda disponível das famílias, pelo elevadíssimo nível de desemprego, que gera o quase desespero a 12,5 milhões de trabalhadores e pela incerteza e pela insegurança quanto ao hoje e o amanhã do Brasil. Essas enormes dificuldades, aliás, já estão bem conhecidas porque experimentadas e vivenciadas pela maioria da população do País.

Mas, fora esse lado abjeto e tão indesejável, o que se pode tirar de lição ou de algo favorável dessa crise tão desarticuladora da vida, da economia e de natureza tão profunda? A própria indignação e revolta do povo com os desvios de conduta e de comportamento de políticos, agentes públicos e de empreiteiras, conduzem a busca de uma nova ética de comportamento e de responsabilidade e de um novo caminho nos relacionamentos interpessoais e institucionais.

No momento em que ocorre  ” esse passar o país a limpo” e, em consequência, todo esse processo de gestão e condução da coisa pública sendo revisto, haverá chance de se separar o joio do trigo. No momento em que se processa um duro combate à corrupção, aos poucos, a sociedade vai sendo mais intransigente para com certas concessões e licenças bem como mostrar-se-á menos leniente em relação aos pequenos delitos, as pequenas contravenções e as pequenas concessões à ética, a que os brasileiros estavam habituados.

Descobre-se, por exemplo que, o hoje tão falado Caixa 2, foi prática useira e vezeira, país afora, não apenas por grandes empreiteiras mas por médias e pequenas empresas e, principalmente, por profissionais liberais — “com nota ou sem nota; “com recibo ou sem recibo”, “por dentro ou por fora”, entre outras práticas — adotando-se, a concessão, a algo assemelhado ao que se fazia e se fez, até agora em relação ao jogo do bicho.

E, isto só ocorreu, em muito, pelo fato de que, no País da hipocrisia, faz mais de vinte anos que dormita no Congresso Nacional várias propostas de regulamentação do Lobby, de tal maneira que a defesa de legítimos interesses de grupos e de segmentos econômicos e sociais pudessem ser feita, de maneira direta, limpa e transparente como, por exemplo, ocorre nos Estados Unidos. Lá o representante dos plantadores de amendoim, por exemplo, ou os defensores do chamado “corn belt”, afirmam e explicitam que foram eleitos e financiados pelos mesmos, com o específico fim de defender os seus interesses.

Aqui não! Usa-se o Caixa 2 para financiar um político “escondendo-se” a contribuição financeira a ele dada, com o intuito de “como que” proteger o empresário doador para que não fique estigmatizado pela doação feita bem como não marcando o recebedor como o defensor de causa específica de um empresário ou de um segmento econômico. Tudo explicitando uma grande mentira pois, aparentemtemente, o que se buscava era ressalvar essa grande hipocrisia da vida política do País.

Agora mesmo, na famosa lista da Odebretch, misturando doações legais eleitorais, sem contrapartida de favores recebidos pela empreiteira, na forma de aprovação de projetos de lei ou de alteração de medidas provisórias ou de PEC’s, entre outras ações, com as marcadas por negociatas e propinas, tal delação representa um ato de irresponsabilidade e de leviandade. Mesmo em tais casos de apoio a pleitos das empreiteiras, se houvesse uma legislação séria e correta sobre lobby, ter-se-ia a chance de separar o lícito do ilícito pois que, é público e notório que o processo eleitoral sempre foi financiado por doações empresariais. Portanto, ter-se-ia a chance de discriminar a doação, desrinada a contribuir com uma possivel mudança da ética de compromisso com uma mera troca de favores, as vezes espúrios.

Assim, a partir de agora, espera-se que se vote legislação específica de exercício do lobby bem como de financiamento de campanha para que não se incorra mais nessa hipocrisia que até agora tem conduzido a uma enorme confusão e garantindo o oportunismo daqueles que se valem desse caos para tirar proveitos e angariar simpatias e aqueles que agem lícita e sinceramente,  com espirito publico, para salvaguardar interesses nacionais de forma a mais lícita possível.

Além de tais aspectos, a crise, como sinônimo de oportunidade, tem permitido o despertar da imaginação e da criatividade, dentro do princípio de que as dificuldades aguçam a inteligência como instrumento ou como a capacidade para resolver problemas. Assim tem crescido a busca de soluções engenhosas e criativas destinadas a minimizar o impacto da crise sobre as famílias, as empresas e os governos.

Nas famílias,, a compressão dos gastos; a aceitação de salários menores em negociação entre patrões e empregados; a devolução de carros e apartamentos comprados financiados; a inadimplência proposital, em função da redução da renda disponível; a redefinição de prioridades no orçamento familiar; o empreendedorismo com a criação de negócios e a exploração de oportunidades de trabalho; o trabalho compartilhado; a intensa pesquisa de preços; a solidariedade e a busca da redução de desperdícios, foram muitas das lições aprendidas pelas famílias, em face da profunda crise econômica nacional.

Se assim ocorreu com as famílias, também as empresas buscaram se ajustar as imposições e limitações propiciadas pela crise. Muitas delas fecharam as suas portas pois estavam no limite da viabilidade. Outras, ajustando o seu tamanho ou, até mesmo, fechando as suas portas! As empresas promoveram significativos ajustes nos preços finais de seus produtos como também fizeram, na maioria dos casos, traumáticas redução de custos — redução do número de empregados; negociações salariais, redução de desperdícios, etc — além de ajustarem seus programas de trabalho à concorrência. Dessa forma, o que se viu, por exemplo, foi uma excepcional queda no mercado imobiliário tanto na compra e venda como nos aluguéis além de, no referido mercado, nos demais,  uma queda significativa de preços dos produtos e dos serviços.

Por parte do governo ou dos governos, embora agindo mais lerda e mais lentamente nas suas reações, a redução de desperdícios, o combate a desvios, vazamentos e fraudes nos programas de governo, notadamente nos programas sociais; a compressão de gastos; a suspensão de concursos, de novas contratações e de aumentos de salários, são parte do esforço em curso. Ainda no aguardo dos impactos da PEC 241/55 e da reforma da previdência e de outros ajustes  que, necessariamente serão feitos, aguarda-se um choque de austeridade nas ações do poder público, notadamentr em estados e municípios.

Na verdade, os processos de ajustes no Banco do Brasil, na Petrobrás e que se estenderão a várias outras entidades de governo, já começa a mostrar essa nova face da postura e da atitude do governo. Dessa forma, o que se pode dizer é que o efeito da crise tem gerado resultados muito significativos pois até mesmo no ranking internacional da solidariedade, foi o Brasil o país que mais apresentou avanços nos últimos tempos.

É possível que resultados significativos possam vir a ser alcançados em níveis bastante mais significativos em termos, por exemplo, no comportamento dos preços relativos, admitindo-se que ocorram menores distorções e desequilíbrios; na redução das ineficiências e desperdícios, com maior nível de preocupação e de controle; na busca de soluções criativas e inovadoras,  para melhorar a eficiência e a competitividade dos negócios e na criação de um ambiente onde a ética, a responsabilidade, o compromisso e a meritocracia venham a prevalecer.

A única coisa que a crise não conseguirá , por enquanto, reverter, é o pessimismo que domina mentes e corações brasileiros. E tal vai levar tempo para se voltar a acreditar no país, nas suas instituições e, principalmente, nos seus homens públicos.

 

 

 

 

 

2016, O ANO QUE NÃO QUER ACABAR!

O País está hoje convulsionado e, esperando, numa espécie de modo avião, o dia D que, pelo que se imagina, será amanhã, dia 7 de dezembro, quando do julgamento da liminar concedida pelo Ministro Marco Aurélio de Mello que determinou o afastamento do Senador Renan Calheiros da Presidência do Senado. Como era esperado, tal decisão, intempestiva, porque monocrática,mandando prender o presidente de um poder, é considerada discutível quanto a sua constitucionalidade e, principalmente, quanto a sua oportunidade, do ponto de vista político, no quadro de crise que em que está margulhado o País.

Uma decisão inusitada e sem precedentes históricas. Da mesma forma que a atitude da Mesa do Senado, simplesmente decidindo não cumprir a decisão do Ministro do Supremo. A questão que ora se coloca é como fica a chamada autonomia e independência dos poderes na proporção em que a atitude de um Ministro do Supremo, mostra a tendência sempre objeto de queixas do Parlamento, do comportamento daquele poder, avassalando e invadindo competências da Câmara e do Senado.

A crise de credibilidade e as demonstrações de desrespeito da vontade popular que hoje domina o Parlamento, não podem justificar o desrespeito e a usurpação dos poderes do Legislativo por parte do Judiciário. Mas, como é sabido tudo isto está a ocorrer e está marcado pela retaliação entre poderes que vem dominando as relações entre os dois poderes além da ânsia que domina muitos agentes públicos de responder ao anseio da sociedade que, no seu mood de insatisfação e frustração com a política e os agentes de governo e, com isto, pedem uma espécie de “execração” pública daquelas figuras que o povo já decidiu que seriam “persona non grata” como foram os casos de Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Renan Calheiros e tantos outros nomes que já postos fora do jogo do poder.

Na verdade o que hoje se discute é, mais uma vez a questão da imprevisibilidade judicial, do chamado abuso de poder de autoridades e daquilo que Ruz Barbosa dizia que a “pior diatudra é a da justição já que você não tem mais a quem recorrer”. Os parlamentares que toda essa retaliação do Judiciário e do Ministério Público contra eles, só começou a surgir quando, no Legislativo, começou a se discutir os incontáveis e inumeráveis privilégios da Justiça; a prevalência de salários acima do teto para a maioria dos juizes; os desvios de função de inúmeros filhos ou aperentados de Mnistros ou de membros de tribunais superiuores exercendo advocacia junto aos tribunais que seus pais ou parentes próximos exercem o poder além da explícita capacida do corporativismo judicial de poder, entre outras coisas, “sentar em cima” de processo levando ao desespero e a loucura aqueles que aguardam, de há muito, uma decisão sobre demandas tão esperadas.

O que dói ao Brasil, como dizia Unamuno, indignado e revoltado com os horrores dos anos negros da Guerra Civil Espanhola — “Mi duele Espana” — é que, para os brasileiros, não se sabe para onde se vai, nem como se vai pois esvaiu-se toda a confiança que ainda restavam em torno das instituições e de pessoas. Não se identifica ninguém que possa conduzir um processo de equacionamento dos problemas fiscal e de gestão e admistração dos problemas de gestão pública do País.

A crise que se instalou essa semana gerou inquietação nos mercados sobre a possível não aprovação da PEC 241 ou 55 que trata do ajuste e dos critérios para a evolução das despesas e da dívida pública pois o PT, contrário ao poder instalado, assumiria a presidência da casa com o impedimento de Renan. Mas, é bom que se diga que há um grande equívoco sobre a atitude do Vice-Presidente Senador Jorge Viana porquanto, além da matéria já ter sido aprovada em primeiro turno, por larga margem de votos, pelo plenário do Senado, há um acordo de líderes quanto a pauta das últimas votações na Casa e, o senador, tem se mostrado um homem ponderado e equilibrado. Ademais, tendo um irmão govwernador de estado em situação de penúria e a depender do apoio da União, a tendêncdia que deixe que os senadores, livremente, decidam a alternativa e o caminho que querem seguir.

Portanto todas essas circunstâncias retiram o risco de rejeição ou postergação da votação da matéria, tão essencial para aquietar os mercados.

Numa situação tão confusa e tão complicada, age bem o governo Temer que mesmo questionado e sem respaldo popular, fez a opção preferencial pela inciativa de apoio as medidas fundamentais à correção de rumo da economia, mesmo que impopulares. Isto porque é fundamental criar condição para o surgimento de um ambiente propício e adequando para que os agentes econômicos sejam estimulados a voltar a mostrar interesse e motivaçãoao para investir.

Assim, o governo, além de trabalhar em todas as frentes para favorecer as articulações necessários a não tolher todo o cronograma do ajuste fiscal, busca outras iniciativas como o encaminhamento das bases da reforma da Previdência e a proposição de um pacote de medidas anti-cíclicas de estímulo à atividade econômica. Se tal não bastasse a ata do COPOM do Banco Central é muito sugestiva no sentido de indicar que a política de redução da taxa básica de juros será muito mais objetiva e incisiva para favorecer uma retomada mais rápida do crescimento do País. Adicionalmente, há uma preocupação especial do Presidente no sentido de acelerar as concessões de obras e serviços de infra-estrutura bem como do estímulo às privatizações, não só a nível federal como nos estados e municípios.

Para que isto venha a ocorrer é preciso “atravessar o Rubicão” que se corporifica na superação, mesmo que seja parcial, da crise entre o Parlamento e o Supremo. Com certeza uma solução negociada e conciliatória surgirá das conversações e das decisões do STF, a “pacificação”, pelo menos temporária, do quadro institucional brasileiro. Isto é fundamental que ocorra para que o encerramento do ano legislativo se faça sem maiores tropeços. Os brasileiros esperam que não só a PEX 55 seja aprovada como a Lei Orçamentária, a proposta relacionada a renegociação da dívida dos estados e se encaminhe as discussões e negociações relativas a reforma da previdência.

O que se aguarda é o anúncia das medidas do pacote anti-cíclico e das providências destinadas a acelerar as conciessões e as privatizações para que o final de ano não seja tão sombrio como o que ora se apresenta ou se apregoa.

(TEXTO SEM REVISÃO)

UM DIA DE CÃO!

Você pode imaginar um dia que, parece, que tudo vai dar errado? E, lamentavelmente, tudo acaba dando errado? Essa foi uma terça-feira que se roga aos céus que não mais venha a se repetir pois que, na tal madrugada, onde nunca se esperava que ocorresse algo de errado, abateu-se sobre o Brasil e o mundo dos esportes, a tragédia com o time da Chapecoense. Ceifaram-se 71 vidas, destruindo sonhos, matando esperanças e plantando a desolação e o desespero nas famílias daquele município do interior de Santa Catarina! Mas essa dor que não quer passar, deixa na orfandade, não apenas os filhos dos vitimados,  mas uma plêiade de amantes do esporte, no Brasil e no mundo.

Se tal trapaça da sorte não fosse suficiente para mexer com nervos, emoções e sentimentos dos brasileiros, já tão marcados por uma crise econômica que lhes tirou emprego, parte da renda e a tranquilidade do dia a dia, além de todos os desencontros políticos e abalos nos valores ético-morais, na calada da noite, a Câmara dos Deputados, sem ter noção correta do que votava, ao promover uma violência pela desfiguração da proposta original de combate à corrupção,  oriunda dos procuradores de Santa Catarina, respaldado por dois milhões de assinatura de brasileiros espalhados por todo o Pais,  provocou uma indignação geral no País. Além de uma atitude vista como  de defesa e de auto-preservação dos políticos denunciados, o comportamento dos parlamentares foi estimulada por uma esquerda ressentida e desejosa de uma retaliação contra o Ministério Público e o Judiciário,  como um todo.

Mas, como se viu, a atitude dos deputados acabou desfigurando a proposta inicial por várias razões. A primeira delas  é que ninguém, em sã consciência, na Câmara e, na própria mídia, tinha noção precisa do teor das medidas, nem do seu alcance  e nem das suas implicações. Por outro lado, a presunção e a arrogância da meninada de Curitiba, ao buscar o confronto e ameaçar o Congresso com a retaliação de renunciar ao trabalho da Lava-Jato, esqueceu que esse não é o caminho para fazer ganhos na mudança de comportamento da sociedade.

Deixaram de considerar várias coisas. Em primeiro lugar,  que o ótimo é inimigo do bom e, o mais importante, deveria a República de Curitiba ter mirado no que era mais relevante na proposta e tentar buscar a aprovação de  algumas das providências  sugeridas e menos polêmicas. E, o mais relevante e, o mais importante, que deveria ter mobilizado o esforço dos procuradores  no sentido de impedir esse verdadeiro AI-5 contra a Lava-Jato que foi o estabelecimento de punição, por abuso de autoridade, a membros do Ministerio Público, da Magistratura  e da Polícia Federal, garroteando assim o exercício das atribuições do Judiciário.

Para alguns analistas a atitude do representantes do Minstério Público mostrou, até mesmo, uma espécie de ingenuidade, não apenas por esquecer que tudo ainda é uma proposta que ainda vai ser examinada pelo Senado e sujeita a mudanças. Aliás, o inflamado discurso do Lider do Governo no Senado, Senador Aloisio Nunes Ferreira, declarando, publicamente que nao aceita o cerceamento do MP e do Judiciário, aliada a votação contra a urgência proposta de exame da matéria, de imediato, derrotada por 44 a 15 votos dos senadores, mostra a sintonia dos senadores com as expectativas da sociedade. Aliás, sente-se no ambiente do Senado que é possível que, o sentimento dos membros da Camara Baixa do País pode até levar a se propor que se volte ou se retorne a proposta inicial apresentada à Câmara e, pode até ocorrer aquilo que mencionou o Senador Randolphe Rodrigues — registrado em entrevista — que a decisão do Senado pode, até mesmo, levar a retomada  da proposta inicial que foi apresentada pelos procuradores.

Faltou aos procuradores entenderem que, acima das pessoas, estão as instituições. E, mesmo que a Câmara e o Senado frustrem as suas expectativas, ainda deveriam ter lembrado de que ainda haveria  a esperança  no poder de veto de Temer, procurador de origem e com  compromissos históricos com a categoria.

Outra coisa que os jovens procuradores deveriam considerar era de que de nada adianta ameaçar a quem quer que seja, com a renúncia coletiva relativa a sua reponsabilidade com a Lava-Jato pois, segundo alguns juristas, eles não poderiam fazer uso de uma prerrogativa que não têm. Assim não adiantaria em nada tentar questionar, execrar e  jogar a sociedade contra o Congresso, pois isto não leva a nada  e só vai entornar mais o caldo.

Também, é fundamental considerar quão prejudicial e nefasto para o Pais é  a queda de braço entre os poderes da República. Isto que já se estabeleceu na forma de confronto, já algum tempo e que, a cada dia, surgem novas medidas de retaliação de parte a parte, não contribui para o ewuacionamento dos problemas do Brasil. E tal não é nada bom para a superação dos problemas nacionais, para a mediação dos conflitos de interesse entre grupos sociais e para a busca de soluções de compromisso para um  pais hoje tonto e confuso.  Confuso não só quanto a sua visão dos problemas e o seu “mood” para aceitar sacrifícios e para acreditar nas possibilidades de mudanças efetivas nas perspectivas econômicas e sociais do Pais, mas, até mesmo, para ficar demonstrado que esse comportamento de ambos os poderes só tende a tornar mais difícil o encaminhamento das soluções para os urgentes problemas nacionais.

Se não bastasse todo esse traumático e sério “affair”, no campo econômico, as notícias não são nada agradáveis porquanto o PIB caiu 0,8% no trimestre e, no ano, a queda já é de 4%, sendo que este é o 10o. trimestre em que ocorre a queda na produção e na renda nacional. E o mais grave é que o encolhimento da renda do país foi acompanhado pelo um alto desemprego que já afeta mais de 12 milhões de brasileiros e ainda não dá sinais de arrefecimento.

Assim, a coisa está mais complicada do que se podia imaginar. Um Congresso quase todo denunciado e com processos de investigação  em curso. Um Judiciário avassalador na ocupação de espaços, gerando insatisfação do Legislativo que se sente prejudicado nas suas atribuições e uma mídia que cada dia se sente estimulada a colocar mais lenha na fogueira, são elementos que tumultuam mais o processo. Afora isto, uma população em baixa astral e sem ânimo para acreditar no amanhã, tornam as coisas mais pessimistas.

AI DOEU, DOEU, DOEU!

cenarista é um apaixonado pela vida e pelo esporte, particularmente pelo futebol. Tem também um respeito profundo pelo mais equilibrado estado da federação do Brasil, que é Santa Catarina, tanto nos aspectos  espacial e populacional como também no aspecto econômico, social e historico-cultural.

Nutre também uma enorme admiração por esse clube, que se tornou  a sensação do Brasileiro série A, deste ano, a Chapecoense que, fez uma dura partida no jogo que garantiu o título ao Palmeiras, após uma heróica partida contra  o San Lorenzo, da Argentina, passo  que classificou o time  catarinense para a final da Copa Sulamericana

E, diga-se de passagem, que o feito  do clube catarinense estava sendo motivo de orgulho para todos os futebolistas brasileiros por ser um time pequeno, de uma cidade interiorana e, recentemente, tendo ingressado em torneios nacionais, com todos os méritos. E mais. A trajetoria do clube, tanto no campeonato catarinense nos ultimos cinco anos, como no Brasileirão, orgulhava qualquer torcedor.

E aí o acaso,  de maneira injusta e cruel, desmonta, destrói e apaga sonhos, projetos e esperanças, não apenas dos jovens atletas e dirigentes mas de chapecoenses, catarinenses e brasileiros, não apenas os que amam o esporte e geraram uma intimidade ou afinidades com esses meninos que encantavam, não apenas pela beleza plástica do seu futebol mas pela sua saga e pelo brilho de sua empreitada.

Hoje os brasileiros, chocados com a tragédia que se abateu sobre a Chapecoense, são  só dor, sofrimento e saudade. Diz o poeta que saudade é tristeza dos ausentes. Pois é isto que este país hoje, emocionalmente em frangalhos, sente! Mesmo diante de uma crise que toma todas as suas energias, entusiamos e ânimos, se sente machucado, no âmago do seu ser e  acrescenta mais esse golpe a sua já fragilizada estrutura emocional. Foram-se, com os meninos da Chapecó, os sonhos, as esperanças e as alegrias de mais essa glória   — o titulo de Medellin — que o clube, Chapecó, Santa Catarina e o Brasil estariam, com certeza, festejando depois do segundo confronto decisivo do título!

O que se tem a dizer aos meninos de Chapecó e aos familiares dos jovens atletas, dirigentes, jornalistas que estavam engajados nessa saga da Chapecoense? Talvez um ” levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!” O que vocês fizeram já deixou marcas indeléveis que não se apagarão de corações e mentes dos brasileiros. Valeu à pena, Chapecoense! E, vocês não passarão!

E o que se pode dizer é,  como diz um refrão de uma música, o sentimento que domina os corações dos brasileiros que choram essa perda tão dolorosa para todos:  AI DOEU, DOEU, DOEU! PS:

PS: Enquanto o país chora essa perda irreparável, cenas deprimentes de depredação e de vandalismo, fruto de uma atitude articulada e orquestrada do que sobrou da chamada esquerda e dos liderados do PT, mostram a falta de compromisso com o País dos que estimulam tais atitudes. O que houve na Esplanada dos Ministérios,  com sete Ministerios depredados, com inúmeros carros incendiados e com cenas de destruição de toda ordem, é inaceitável! E ē de se lamentar  todos esses episódios que estão a gerar uma grande indignação na população como um todo! Protestar sim, vandalizar, não!

 

É PRECISO MUITA PACIÊNCIA E ESPÍRITO PÚBLICO!

Governar é administrar pressões, conflitos e interesses. E quando se trata de um paìs em crise como o Brasil, aí a coisa complica muito mais pois há ingredientes os mais variados para tornar mais desafiadora a arte de governar. Não são apenas os dramáticos problemas econômicos que exigem duríssimas medidas de austeridade fiscal além de reformas institucionais e revisão do tamanho do estado, descentralizando atribuições, competências e recursos entre os níveis de poder. Há que haver, também,  uma busca incessante com vistas a redução dos desvios de função e de conduta na execução de programas de governo. E, se não bastasse, uma luta enorme que deve ser travada no sentido de melhorar a eficiência na gestão da coisa pública.

Se os desafios fossem apenas esses, que já seriam enormes, até que seriam palatáveis embora que, deveras complicados. Mas, o mais sério é que, mesmo esses, devem ser encaminhados e resolvidos subordinados a um processo de negociação política, não apenas no Parlamento mas com entes da sociedade civil, com uma Oposição intransigente e com uma mídia extremamente vigilante e, no mais das vezes, não se sentindo com qualquer compromisso no sentido de contribuir para que as coisas deem certo ou não para o País. Alie-se ainda as restrições legais e as questões jurídicas sempre levantadas que tumultuam e comprometem, pelo menos, a necessidade de urgência que a situação dramática do país requer.

Imagine-se, só para se ter idéia de  como é difícil fazer escolhas, estabelecer alternativas e satisfazer a maioria dos interesses envolvidos, como se amplificou um episódio menor criado por um conflito entre dois ministros, sendo que um solicitava uma decisão do ministro da cultura no sentido de  arbitrar uma divergência entre dois órgãos a ele, ministros da cultura, diretamente subordinados e, sendo ele o próprio responsável pelo esperado arbítrio, o que ocorreu foi algo inusitado.

Tudo talvez, surgido por culpa de uma ambição de promover um protagonismo com sonhos de uma carreira no cenário eleitoral carioca ou, até mesmo, nacional. Episódios menores, magnificados como esse foi, ao lado da divulgação da lista da Odebretch, onde todos os protagonistas políticos e empresariais do país são considerados  culpados de ter cometido um crime que ainda não era crime, o tal do caixa dois, então se tem a dimensão de como estão difíceis os espaços de movimentação do poder.

Mas, nesse quadro de tantos desencontros, de exteriorização de vaidades, de ambições pessoais desenfreadas e de falta de compromisso com o País, a lucidez de um homem, no caso FHC, chama à responsabilidades os homens púbicos e as lideranças nacionais para que entendam que os graus de liberdade que se tem para enfrentar a enorme crise são muito limitados e, que “só se tem uma ponte muito estreita, uma quase pinguela para atravessar esse tempestuoso rio” e, que, a crise só será vencida se os que tem compromisso com o hoje e o amanhã do Brasil resolverem superar divergências, ambições e egoísmos e juntem esforços para que se faça tal travessia.

 

Mesmo que não se queira, não há como e, o País não suportaria experimentar uma nova crise institucional, um novo impedimento de um presidente e se tentar estabelecer  novas alianças que garantam a governabilidade para o estabelecimento de um novo caminho para a superação das dificuldades.

Não há saída a não ser acelerar as medidas de austeridade, promover o mais rápido as reformas institucionais e as políticas anti-cíclicas que antecipem a retomada do crescimento e o estancamento do desemprego no País. E o caminho é o que está proposto e plantado talvez só requerendo uma maior agilidade, rapidez das medidas e uma atitude mais proativa do empresariado. Do contrário as coisas não se resolverão.

AGORA A COISA ESTÁ FICANDO PRETA!

Em meio à crise profunda que vive o País a sensação que se experimenta é de um sentimento  de algo deveras,  se não confuso, pelo menos, contraditório.  Isto porque, nos dias que correm, faz-se uma força enorme para querer acreditar que as coisas estão mudando, que a economia, embora muito timidamente, estaria dando sinais de que, se não vai melhorar de imediato, já parou de piorar e a política, embora esteja passando por uma revisão crítica e por algumas reformas conducentes a mudar conceitos, atitudes e comportamentos, ainda sofre a mais impiedosa descrença e o descrédito, por parte da população, quando são avaliadas as principais instituições do País.

Por outro lado, com o concurso e respaldo de uma mídia que se sustenta no tripé sangue, novela e tragédia, amparada num sensacionalismo sem igual e estimulada por uma Oposição magrinha, mas que se regra pelo princípio  “do quanto pior, melhor” , a profundidade da crise  é subsidiada ou alimentada por um governo que, sem respaldo popular, ao se valer apenas da sustentação parlamentar, se subordina a desgastes constantes pois que se apoia em representantes de uma classe política que vive mergulhada em questionamentos éticos e morais.

E, quando as coisas estão nesse pé, às vezes o irrelevante transforma-se em fato maior — é o caso do atrito entre Calero e Geddel, provocado por questionamento sobre uma licença ambiental — chegando ao extremo de, a oposição, de forma inconsequente, pedir o impedimento do Presidente!

Diante de uma agenda tão urgente e relevante,  destinada a encontrar uma saída para a crise econômica, perde-se o país, muitas vezes, em questões menos relevantes e projetos específicos de partidos, de grupos, de interesses ou de pessoas, o que impede avanços maiores no encaminhamento das questões mais relevantes para o País. Dessa forma, vive-se um momento estranho e, o futuro do País se equilibra numa espécie de corda bamba, porquanto  falta a base de sustentação popular para apoiar as medidas governamentais; falta o comprometimento das elites com as medidas destinadas a superar os estrangulamentos e desafios acumulados e, consequentemente, falta aos brasileiros um norte, um azimuth ou algo a que se agarrar, como um fio de esperança, para motivá-los a enfrentar os sacrifícios que o por em ordem à casa estão a cobrar.

A par dos solavancos das operações Lava-Jato. Acrônimo, Zelotes e outras assemelhadas, tem faltado a área econômica do governo a agilidade para propor medidas para renegociar as dívidas dos estados; para fazer um amplo REFIS nacional, para que as empresas possam voltar ao mercado; para adotar políticas anti-cíclicas capazes de ir retomando a atividade econômica; para acelerar os acordos de leniência capazes de favorecer o reingresso das grandes empresas e empreiteiras no mercado e garantir a urgência necessária a ser dada as privatizações, as concessões e a exploração do pré-sal e de outros segmentos na área mineral.

Falta ao governo ser mais agressivo no marketing de gestão capaz de explorar os resultados jå alcançados na redução de desperdícios e desvios de recursos de programas de governo; no processo de enxugamento da máquina do estado; nos acertos com os governos estaduais e os níveis dos governos municipais na aplicação de duros programas de austeridade fiscal, na busca de eficiência dos programas e políticas públicas e na criatividade no sentido de buscar melhore resultados nas específicas políticas de educação, saúde, segurança e de emprego e renda.

As ações de governo, em situações como as que ora se experimenta,  quando são inúmeros os desafios e as urgências, devem ocorrer de forma  simultânea, para que não se perca o bonde da história.  Não há tempo para esperar que o governo alcance o mínimo de respaldo popular para fazer reformas duras e difíceis como a da Previdência. Não se sabe por que as iniciativas relacionadas a legislação trabalhista já não foram apresentadas, discutidas e, em regime de urgência, aprovadas, pois a realidade do mercado já as está praticando. Por que também não há uma ação emergencial para o enfrentamento da questão da água no Nordeste, via reativação de poços, dessalinização dos mesmos, integração de bacias, pequenas adutoras além de estímulos ao desenvolvimento de tecnologias e práticas agropecuárias otimizadoras do uso d’água?

O cenarista insiste em afirmar que o maior problema do país é de pobreza de gestores, da falta de líderes com iniciativa e criatividade e de políticos com compromisso com a história e com a sua própria vaidade. Que andem as operações que irão e deverão passar o País a limpo; que mudanças de ministros devem ter a dimensão do que  são, ou seja, uma  mera mudança de quadros; que o País deve ter a tem uma única ponte de passagem para o amanhã e que é essa pinguela chama-se governo Temer; que, ou se enfrentam às reformas urgentes e necessárias e se garante a estabilidade fiscal exigida pelo momento ou não se chegará a nada a não ser a frustração e ao desencanto.

Finalmente não se espere do Brasil um Parlamento do nível escocês; um estado enxuto, como o suíço; a sobriedade e a frugalidade de homens públicos como os da Alemanha pois isto aínda representa um sonho de uma noite de verão. Experimente a sociedade brasileira muito mais a idéia de enfrentar as suas realidades e problemas e sonhar com o possível e o viável e volte a tentar construir caminhos de desenvolvimento com o uso de todas as suas potencialidades e com a criatividade, ousadia e determinação de sua gente.

O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES!

As coisas já andam tumultuadas e, se se pretende estabelecer o nivel de complexidade desse processo, há ora em jogo um confronto, de prestigio  e de queda de braço entre poderes da república. Se não houver uma pausa ou um surto de sensatez nesse entrevero, as coisas tendem a gerar um ambiente que cria  temeridades quanto ao futuro das instituições e a estabilidade do poder constituído.

Uma nova leva de denunciados, fundamentalmente todos oriundos da classe política, deve ser tornada pública neste mesmo dia 25. É a antecipação de um fim de semana de tumulto não só para a cabeça de políticos mas  para os seus amigos e para os seus correligionários.

Se a lista negra da Odebretch sai nesta sexta, a próxima semana promete pois, somar-se-á a tais angústias existenciais outros novos fatos como a possível aceitação, por parte do Supremo, de denúncia contra Renan Calheiros, transformando-o em réu. E isto pode  criar enormes embaraços para sua excelência. Isto porque, tal fato o afetaria, pelo menos, moralmente.

Pois que, como se sabe, tal fato já permitiria enquadrá-lo na decisão, já tomada pelo Colegiado e, se não fora o pedido de vistas do Ministro Dias Toffolli, já seria norma a ser cumprida, Renan já estaria, portanto, fora da linha sucessória. E, por consequência , seria pedido o seu afastamento da Presidência do Congresso Nacional.

Tudo se complica ainda mais com o “affair” Gedel Vieira Lima que, aparentemente menor, nesses tempos bicudos,  já assume proporções magnificadas pela atitude deplorável do ministro defenestrado, fazendo gravações escusas e da própria mídia, ansiosa por escândalos! Não se sabe em que tal episódio vai desembocar, afora numa atitude deveras ponderada e equilibrada do ministro Gedel que encaminhou pedido demissão e, com isso, procurou fazer com que o fim de semana tire a inexplicável dramaticidade que é dada ao caso. Aliås, a irresponsabilidade de alguns partidos de esquerda já estariam encaminhando um pedido de impeachment de Temer, sem qualquer base jurídico-constitucional e política,

Provavelmente no pedido de demissão de Gedel e, habilmente, para não sair como perdedor, ele poderia ter, sem que fosse uma condicional para a sua saída, uma compensação igual a que foi dada a Romero Jucá,  a quem, no fim das contas, coube a prerrogativa de indicar o seu sucessor,  no Planejamento.

Mas aqui o que se quer  pontuar como mais preocupante é o chamado confronto de interesses entre o Legislativo e o Judiciário que vai se aprofundando e, a cada ação de um, ocorre uma retaliação do outro. Os últimos embates começaram quando divulgou-se, amplamente, na mídia, os elevadíssimos salários e os destoantes privilégios dos magistrados, onde 3/4 dos juízes auferiam salários acima do teto ou, mais precisamente, em torno de 39.000 reais e que alguns desembargadores recebiam entre 120 e 180 mil, entre remunerações, auxílios de toda ordem e outros penduricalhos. A magistratura reagiu mal a tais revelações e começou a fazer um pesadissimo lobby contra a idéia do Presidente do Senado.

E, é claro que, em breve, viria o troco. A atitude da classe política em repercutir tal matéria era já um troco diante de tantos políticos denunciados nas várias operações e uma clara reação à  atitude da República de Curitiba. E, a tendência é que, numa clara atitude corporativista, juizes e procuradores, em vários pontos do País, ampliaram a ação de Curitiba e promoveram mais denúncias e levaram a mais prisões e conduções coercitivas.

O que se aguarda, a partir de agora, é que excessos como a pressão dos magistrados pela retirada do artigo que estabelecia punição para juízes e procuradores, nas chamadas  “dez regras anti-corrupção”, além de medidas para reduzir a morosidade da justiça e suas outras limitações. E se espera que os poderes não se degladiem e não respondam com atitudes como pautar o julgamento do processo de Renan Calheiros  no Supremo na próxima segunda-feira além de mais uma denúncia contra Romero Jucá e outras questões que chegam ao ponto de levar a membros da Oposição a pedir o impeachment do Presidente pelo crime de responsabilidade.

As dificuldades são enormes. As soluções para os problemas econômicos não encontram respostas mais objetivas para que perspectivas se abram em termos de melhores alternativas para o País. Se empresários, políticos, justiça e sociedade civil não derem as mãos vai ser difícil atravessar o “Rubicão” ou, como diz FHC, atravessar essa pinguela frágil que é essa transição penosa que o Brasil tem que enfrentar. E o tempo é curto pois a paciência da população começa a se esgotar.