UMA SEMANA PARA LÁ DE SURPREENDENTE!

Não bastassem todos os eventos preparatórios das Olimpíadas, com seus desacertos e desencontros, além da característica e proverbial improvisação brasileira, apoiada na idéia meio irresponsavel do “acaba dando certo”, a semana que se encerra e a semana que começa estarão  marcadas de notícias, idéias e declarações surpreendentes.

Os indicadores econômicos se não dão ainda a tranquilidade aos brasileiros de que as coisas estão se arrumando e se encaminhando, pelo menos sugerem que as circunstâncias e os dados da atividade deixaram de piorar e, em alguns casos, já começam a reverter a tendência extremamente negativa ou pessimista. Claro que as finanças públicas ainda não começaram a melhorar e a atividade econômica ainda precisa de ambiente, confiança e tempo para retomar o ritmo de expansão desejado. Também, enquanto o governo for provisório ou interino, a tendência é que a confiança nas instituições continuará a “meio pau” e, consequentemente, a retomada da atividade econômica será lenta e levará tempo.

Como noticia bombástica do fechamento da semana, a decisão de um juiz de Brasilia de, ao aceitar denúncia apresentada pelo Ministério Público e transformar Lula em réu, produzindo o maior escarcéu nas hostes petistas e pondo em cheque os destinos da própria agremiação pois que atinge o único e último  bastião que o partido poderia se agarrar para a sua recuperação, fecham, de forma dramática, a semana.

Por outro lado, mais de cem politicos, entre eles dez governadores e ex-governadores perderam o sono e a tranquilidade diante das acusações de haverem participado do propinoduto da Odebretch, segundo as delações de executivos da empresa e,  também diante do conteudo  da delação de Otavio Azevedo,Presidente da  Andrade Gutierrez. Essa última, associadando  o financiamento da campanha de Dilma com recursos espúrios, como que,colocaram uma pá de cal, nas possibilidades de Dilma voltar ao poder. Ademais, demonstraram que a distância entre ela e o PT se tornaram abissais pois ela busca responsabilizar exclusivamente o partido pelo recebimento de dinheiro sujo para a sua campanha.

Por outro lado, o Presidente em exercício Michel Temer se aborrece com o movimento  que encetam alguns senadores, sob a liderança de  Renan Calheiros como Ministro do Turismo, de postergar ou adiar para setembro a votação do processo de impeachment de Dilma! E, o mais grave ē que o Presidente do Senado contaria com o apoio e beneplácito do Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Levandoswky que, segundo alguns, estaria insatisfeito com o Executivo por não ter aprovado um “singelo reajuste” na  remuneração dos ministros do Supremo! Já a motivação  de Renan seria apenas a indicação  de um apadrinhado seu para o Ministério do Turismo sem os atributos éticos requeridos, pelo menos ,pelas circunstancias.

A semana se completaria com a especulação, por parte da mídia, de que Meirelles estaria em conflito com a Casa Civil por querer açambarcar mais poderes na conducao da economia e da gestão pública,  buscando subtrair competência do Planejamento na gestão do Orçamento e, consequentemente, levando a atribuição para a sua pasta, além de conflitos com Serra no que concerne a política externa de importação, de exportação  e de atração de recursos externos que Serra acha que caberia ao Itamaraty conduzir.

Se tais escaramuças não bastassem, o fim do recesso do Legislativo e do Judiciário, alem das dificuldades enfrentadas para a adequada renegociação das dívidas de estados e municípios, a revisão da lei de repatriação de recursos externos e a aprovação do teto de gastos públicos, serão questões as mais delicadas para serem tratadas por um Congresso cujas preocupações estão voltadas para as eleições municipais.

E o pior. Eleições sem o “lubrificante cívico” a alimentå-la pois as empresas, além de quebradas, estão impedidas, por lei, de financiarem as referidas campanhas. Ou seja, vivem os deputados e senadores as pressões das chamadas bases  pelo aporte do “vil metal” e enfrentam governos estaduais e federal quebrados e, portanto , sem ter a quem recorrer para os gastos mínimos requeridos pelos seus correligionários municipais. . Ai vai comecar uma semana de lamentos e insatisfações de toda ordem de dificil enfrentamento.

COISAS QUE NUNCA ANDAM E NUNCA SE RESOLVEM!

Embora as perspectivas econômicas para o País já apresentam alguns indícios de melhora e o otimismo da população começa, aos poucos, a ser recuperado, existem problemas, questões e desafios que são crônicos e quase se eternizam. Os brasileiros medianos não entendem porque certas dificuldades por eles enfrentados não encontram, por parte dos entes públicos, atitudes conducentes a estabelecer medidas saneadoras ou, pelo menos, atenuadoras, de seus efeitos perversos.

Assim, ninguém entende porque tais problemas não são enfrentados e continuam a agtedir o bom senso, o respeito à dignidade humana e o papel que cabe ao poder público.

Sâo, pelo menos, uma dezena de desafios e problemas crônicos que, de há muito, são cobradas medidas capazes de, pelo menos, atenuar os seus efeitos perversos. Há quanto tempo, por esemplo, se fala que sem uma educação universalizada e com índices pelo menos comparáveis com alguns países como os tigres asiáticos ou chineses ou indianos, o Brasil não vai a lugar algum? Educação, faz anos, é uma prioridade nacional que não se cumpre e não se respeita. Não se pode negar que alguns avanços já ocorreram mas muito aquém daquilo que o País necessitaria para dar um grande salto de crescimento e de expansão econômico-social!

Também, há um outro quase refrão de tão repetido e tão desrespeitado, qual seja “saúde, direito de todos e obrigação do estado”, que inclusive, está no texto constitucional mas, está muito longe de se tornar um direito e uma realidade objetiva do País. A criação do SUS foi um avanço significativo mas as suas limittações, restrições e desvios de orientação e de gestão, além dos vícios, erros e corrupção, mostram como se nega aos brasileiros o respeito a uma necessidade e a um direito fundamental.

Se tais responsabilidade do estado não são cumpridas e tem limitado a quantidade e a qualidade de vida dos brasileiros, imagine-se o não cumprimento de uma das mais relevantes funções do estado, aquela que ceifa mais vidas que a própria guera civil da Síria e do Iraque, juntas, como é o caso da violência que se alastra pelo País afora. E o pior é que todos os cidadãos são unânimes em apontal tal problema como o que mais assusta e tira a tranquuilidade das pessoas e que elas cobram com maior prioridade e urgência quando são feitas consultas populares.  A todo momento são anunciados o aumento vertiginoso da criminalidade, do aumento do consumo de drogas, da superpopulação nos presídios, da limitação e carência de políticas destinadas a menores infratores, entre outros, sem que haja qualquer mobilização do poder público com vistas ao enfrentamento da questão.

Se tais problemas já limitam, em muito, as possibildades de crescimento, transformações estruturais e conquistas sociais para o País, alguns outros são quase que “mantras” de um sofrimento secular da populações transformadas em párias da sociedade brasileira. É o caso, por exemplo, da seca do nordeste que continua a ser um desafio quase que insuperável mesmo diante de todas as alternativas tecnológicas e todas as soluções já postas em prática em muitos países. Será que os governantes ainda não entenderam que o adequado encaminhamento da questão transforma a região de problema em um grande potencial para o desenvolvimento do Brasil?

Transposições, integração de bacias, adutoras, barragens submersas, recuperação de poços, ampliação de cisternas e outras formas de acumulação de água das chuvas, são algumas das alternativas existentes que, ao lado de racionalização do uso da água via políticas bem estruturadas e bem gerenciadas de recursos hídricos, permitiriam a superação desse secular e desafiador problema.

Ainda ao desfiar esse rosário de problemas que vem se eternizando no País, a questão dramática do saneamento ambiental — água potável, esgoto tratado, destino final de lixo — onde a falta de esgotamento sanitário responde por 55% da mortalidade infantil nas grandes cidades e, para cada real gasto ou investido em saneamento básico, o setor público economizaria cerca de 5 reais em gastos com saúde pública, mesmo diante dessas duas grandes evidências, não existem planos objetivos para enfrentá-lo!

Essa questão do saneamento ambiental é de tal gravidade que, o alastramento do número de pessoas afetadas pela dengue, pela xicungunha e pela zica, por exemplo, além de outras doenças, seriam reduzidas, substancialmente, caso o saneamento ambiental atingisse a maioria da população.

Se esses já são problemas gravíssimos e que estão no índex das questões sem encaminhamento sério e objetivo, a eles juntam-se questões urgentíssimas como as de mobilidade urbana onde os metrôs começados faz mais de quarenta anos,  ainda não alcançam sequer a metade da meta mínima desejada e necessária à tais populações. Aliás, até mesmo as outras alternativas de complementariedade de garantir meios mais efetivos de mobilidade de tais populações como os trens urbanos, os elétricos, os bondes e os vlts, andam a passos de cágado em núcleos urbanos quase que estrangulados nos seus canais de tráfego pelo execessivo número de veículos particulares.

E, muitos problemas hoje vivenciados pelo país foram, num passado não muito distante, já controlados como os surtos de doenças tropicais que, agora, voltam como se não tivessem sido extirpados. Ao lado desse “triste regresso”, o que não dizer das tragédias que, anualmente, se repetem, como são as enchentes, os deslizamentos, as inundações em áreas urbanas críticas, revelando a incompetência e o descaso que tomam conta do país.

Finalmente, como problemas que não são percebidos pela maioria das pessoas mas são por elas sentidos, situam-se a tão falada e pouco respeitada federação e a autonomia municipal; a burocracia tão reclamada e não enfrentada além da ausência de políticas sérias e objetivas para o enfrentamento da questão do menor abandonado e do menor delinquente.

Imagine-se se o País resolvesse estabelecer tais questões como base de sua agenda mínima a ser enfrentada a médio e longo prazo pelos governos e pela sociedade civil, talvez, como dizia o poeta, a partir de agora “as esperanças fossem conosco a frente e fossem ficando para trás os desenganos”. Mas …

AGORA PARECE QUE VAI …

 


As coisas andam, as circunstâncias vicejam e as pessoas começam a acreditar que agora a coisa vai ou pelo menos, pode ir. Claro que embora haja excesso de otimismo, isto é fenômeno ou fato comum para quem vive em profundo desencanto e desespero como os brasileiros  mas que, aos poucos,  começa a enxergar uma tênue e fraca luz no fim do túnel. As pessoas começam a sonhar com um possível eldorado, embora tal atitude possa parecer excesso de fantasia,  mas, nas atuais circunstâncias, para os brasileiros, tal comportamento faz bem a alma e ao coração..

Os dados de pesquisas  de opinião pública recente sobre o que preferiam os brasileiros entre o governo interino e a defenestrada Presidente, mostra que 50% acham melhor a sua manutenção e apenas 32% defendem  a volta de Dilma ao poder. Por outro lado, consultados sobre as perspectivas da economia nos próximos meses, 38% apostavam que a coisa tenderia a melhorar,  sugerindo acreditarem que já está sendo superada a fase mais critica do pessimismo geral e irrestrito que dominou o país, até faz pouco tempo.

O próprio comportamento da bolsa de valores, expresso e manifesto pelo décimo aumento consecutivo, representando mais de 56 mil pontos, além da  apreciação do real, do excelente desempenho das exportações e  do saudável ingresso de recursos externos no país, parecem antecipar que as coisas estão mudando, as expectativas melhorando e os negócios retomando!

E o mais relevante é que, afora a garantia de mais de 200 bilhões para financiar a safra agropecuária,  nenhuma medida de estímulo às atividades produtivas e nem uma expansão de crédito expressiva ou renúncias fiscais significativas, foram providências adotadas. Afora um câmbio que, mesmo sem intervenção sistemática recente do Banco Central, tem favorecido os exportadores brasileiros, atē agora, somente promessas de acelerar privatizações, facilitar concessões, estimular o ingresso de recursos externos e melhorar o ambiente econômico, surgiram no horizonte, sem estarem acompanhadas de quaisquer outras providências objetivas!

Isto porque, parece, como diz o lugar comum, depois de tanta frustração e de tanto sofrimento dos brasileiros, a perspectiva de qualquer possibilidade de recolocar as coisas no lugar e de retomar a marcha da  estabilidade da economia e de um pouco de sua expansão, como que, geram condições  mais favoráveis e, como que, também, alegram os corações. E, a cada notícia, mesmo as mais singelas como uma redução do ritmo de expansão dos preços, uma queda menor do varejo, a tímida retomada da indústria manufatureira e a a paralização do continuado aumento do desemprego, dão um alento de que o ambiente econômico estå melhorando e surgem reais possibilidades de reverter as tendências negativas da atividade produtiva nacional.

Se os últimos acontecimentos políticos estão a favorecer Temer  no sentido de facilitar e apressar medidas fundamentais ao ajuste fiscal e a retomada da economia, as circunstâncias externas de recuperação da credibilidade das instituição e dos gestores públicos brasileiros, estão contribuindo, deveras, para a criação de um ambiente extremamente interessante aos negócios. Daqui há pouco, na antevéspera das festividades de final de ano,  começarão a provocar o planejamento da formação de estoques, da contratação de mão de obra e dos investimentos requeridos para atender as demandas que tenderão a se formar no ambiente festivo de final de ano.

Ademais, assim que a interinidade terminar que, segundo alguns analistas, parece gerar um freio natural nas iniciativas do Executivo, aí virão as medidas relacionadas ao acelerar privatizações, o  correr com as concessões, dando respostas a atrasos históricos em obras de infra-estrutura urbana, no saneamento e na infraestrutura física, tão aguardadas por investidores nacionais e internacionais. Se a ousadia for a marca do governo efetivo de Temer, o Paīs vai viver um frenesi de reformas institucionais — previdência, trabalhista, política — alēm da redefinição de  marcos regulatórios do setor mineral, , do pré-sal e de outros segmentos que, de há muito, aguardam um encaminhamento sério da solução de seus problemas.

E aí o País estará retomando os caminhos do crescimento com conteúdo social, respeito aos fundamentos garantidores da estabilidade e  com a necessária e efetiva sustentabilidade.

E isto mostra que esse país precisa de tão pouco para ser frluz!

      

 

DE ONDE NÃO SE ESPERA…

De repente, mais que de repente, o Congresso Nacional tenta mostrar ao povo que ele não é aquilo que muitos imaginam e pensam e, em circunstâncias inesperadas, é capaz de gestos capazes de mudarem, positivamente, a história do País.

Agora, com a eleição do Deputado Rodrigo Maia, mesmo que seja para um mandato-tampão para a Presidência da Câmara dos Deputados, algumas consequências positivas poderão advir para o País, não só para o seu hoje mas, também e, principalmente, para o seu amanhã.

Para o hoje, com o apoio explícito do Presidente do Senado, Renan Calheiros, deverá acelerar-se o processo de “impeachment” e, o chamado “peso da interinidade” não mais pesará sobre os ombros de Michel Temer e não mais limitará tanto a tomada de providências duras mas indispensáveis as transformações requeridas pelo País. Isto porque, o que se espera que antes do fim de agosto, Dilma já terá voltado a ser uma cidadã comum.

Também as medidas destinadas a reorganizar as finanças públicas e a criar o ambiente econômico indispensável à retomada do crescimento das atividades produtivas, ganham o apoio explícito, a simpatia e o compromisso do novo Presidente da Câmara dos Deputados.

Se tais declarações ou manifestações de intenções do novo Presidente já favorecem a uma reação positiva do mercado, a atitude de Renan, assumindo como que, ao lado de Aécio Neves, a quase “paternidade” pela eleição de Rodrigo Maia, parece que irá ajudar e, em muito, a acdelerar a aprovação das medidas propostas por Temer ao Congresso.

Na verdade, tudo marcha no sentido de favorecer a Temer porquanto, os últimos episódios políticos — a prisão de Paulo Bernardo; a firmeza e competência do relator do processo de impeachment, o Senador Antonio Anastasia; o “triste fim” de Eduardo Cunha e o esvaziamento do chamado “centrão” de um lado e do PT do outro — configuram um quadro extremamente alvissareiro para o chamado governo de 2 anos e meio de Michel Temer.

Com efeito, tudo isto que está a ocorrer está acalmando o cenário político e garantindo expectativas mais favoráveis para as atividades produtivas além de estarem ampliando a credibilidade de instituições e de homens públicos envolvidos no processo econômico nacional.

Tanto é verdadeiro que a bolsa de valores continua em firme movimento de subida e o real continua sendo favorecido pela melhoria do ambiente econômico e a manter-se em processo de valorização.

Agora, uma declaração de compromisso de Renan, ao lado de Rodrigo Maia relacionado a reduzir o número de partidos, ou seja, ao reestabelecimento da outrora aprovada “cláusula de barreira”, dá um alento de que a reforma política, tão esperada e necessária, esaria voltando a pauta de prioridades e criando a expectativa de abrir mais espaços de movimentação das instituições e da cidadania.

Se as expectativas em relação à reforma política crescem e dão a esperança de que as coisas irão mudar, é bem provável que medidas relacionadas à, por exemplo, proibição das coligações proporcionais e o fim da chamada figura do suplente de senador, também poderão abrir caminho para outras mudanças pelo simples fato de não interferirem, em muito, nos interesses daqueles que serão chamados a votar tais matérias.

Assim, parece que, “existe algo no ar além dos aviões de carreira” e as notícias mais frequentes talvez venha a ser menos vinculadas a denúncias, pronúncias e prisões propostas pela Lava Jato e mais voltadas ao segmento de novas perspectivas para a economia nacional. É bom lembrar que a área econômica, numa avaliação sóbria das restrições, pressões e limitados graus de liberdade, está sabendo dosar o ideal com o possível e faz uma avaliação correta dos limites de concessões a fazer para manter uma “paz política” possível no meio político, jurídico, empresarial, militar e até da máquina governamental.

Tanto é que as críticas advindas, notadamente da oposição, de que são feitas muitas concessões no que diz respeito a elevar o nível de despesas que iriam de encontro com o esforço de reorganizar as finanças públicas. É bom lembrar que governar é a arte do possível e a estratégia política mais sábia e adequada é garantir o que se pode denominar de “navegabilidade” e “governabilidade” do poder.

Portanto, as concessões estão no limite do possível e do tolerável desde que, no chamado “trade off”, seja garantido o apoio as mudanças relacionadas ao reestabelecimento dos fundamentos da economia, da recuperação da credibilidade das instituições e da melhoria do clima e do ambiente para os negócios. Tanto isto é verdade que a última pesquisa de opinião do Datafolha, 50% da população quer a manutenção de Temer e apenas 32% insistem na volta de Dilma!

Assim, sem que tenha havido uma mudança ética profunda e tão necessária ao País, mesmo assim, com o que se tem, está sendo possível ir colocando o País nos eixos.

O TRISTE FIM DE …

Ninguém, em sã consciência,  é totalmente incapaz de gestos de grandeza nem tampouco é tão puro e comprometido com os valores e princípios  que o senso comum estabelece, que, por acaso, não tenha cometido algum deslize ou que não tenha praticado possíveis contravenções, em algum momento, as quais possam ter colocado, em questão,  a sua biografia. Também é algo de clareza meridiana, que ninguém pode se atribuir o monopólio da verdade, da moral e nem da decência.

A mídia, que assumiu o papel de quarto poder, na república ou da república, tem tido o condão de assumir-se como uma espécie de última instância da verdade. E, assim,  quando decide acusar, denunciar, julgar e estabelecer sentenças, às vezes,  as mais impiedosas e as mais draconianas tanto quanto mais rápido se tenha escolhido e definido a vítima que será levada ao sacrifício extremo e ao cadafalso, melhor para os seus propósitos.

Por outro lado, o gosto pela tragédia, pela paixão novelesca, esse entusiasmo pela dramaticidade no trato com bandidos e vítimas, tão própria das massas populares, notadamente do Brasil, propicia situações tais em que são gerados momentos os mais apropriados a quase linchamentos  públicos,  de caráter tão triste, tão deplorável e tão vergonhoso para qualquer sociedade dita civilizada.

Se a violência de terroristas, ou de lobos solitários, ou do crime organizado ou ainda, fruto da brutalidade policial, já  legam e levam, ao cidadão, um noticiário repleto de crimes, tragédias e de barbáries de toda ordem, há ainda os que, na mídia, em busca de notoriedade, de um modo ou de outro ou de qualquer jeito, estimulam que se crie hoje, no Brasil, um ambiente assemelhado ao Terror, da Revolução Francesa.

Jornalistas, muitas vezes sem a isenção necessária, sendo administrados mais pela emoção das ruas, têm julgado e condenado vários homens públicos, pelo modismo que a sociedade novelesca determina. Exige-se, como que, “um quase gosto de sangue na boca”, que se leve as últimas consequências alēm da humilhação, da desmoralização e da execração pública,  alguém que, por acaso, a midia já julgou e condenou, mesmo antes que instâncias  judiciais legítimas terem estabelecido o trânsito em julgado do seu processo.

Assistiu-se a quase destruição de idoneidades, às vezes, da maneira a mais leviana possível, como foram os casos mais recentes de Ibsen Pinhero, de Alcenir Guerra e do Ministro de Itamar, Henrique Hargreaves,  entre outros, estimulada, a midia, pelo chamado efeito manada quando a sociedade é levada a ser conduzida pelas emoções, estimulada, muitas vezes, pela ação da própria mídia e pelos dramáticos apelos novelescos pelos quais são estimulados  o povo e suas emoções, para justificar a condenação sumária tais cidadãos!

O julgamento impiedoso, rápido e definitivo de Eduardo Cunha, embora, é bom que se diga seja, em parte, muito culpa dele que, pela sua arrogância e presunção decidiu enfrentar o “mundo todo” ao mesmo tempo, sentindo-se uma espécie de super herói e não fazendo uma avaliação  de suas fragilidades e da sua incapacidade de confrontar adversários tão difíceis. Aliás adversários capazes de arregimentar a própria sociedade civil e, com isso, transformá-lo numa espécie de inimigo número um da sociedade como um todo!

Eduardo Cunha, tornou-se uma espécie de Larry Flint do País  — “Todos contra Larry Flint!”, quem não se lembra do filme? — pois que resolveu brigar com Dilma, com o PT, com o Procurador Janot, com os procuradores como um todo e, até, com o intocável Supremo. Não respeitou duas máximas exigidas por qualquer embate, notadamente os da vida públca, que são quando se luta pela sobrevivência política: nunca se briga com quem usa saias e não se briga com adversários poderosos, sem ter parte da mídia ao seu lado. As saias são as das mulheres, dos togados e da igreja!   Ninguém aguenta  uma luta desse tamanho e  com adversários tão poderosos, ao mesmo tempo sem que conte com alguns defensores na mídia.

Pretensiosamente Cunha não cultivou, pelo menos a necessária falsa humildade, como sempre sou ersm fazer os mais espertos de trazer a mídia para o seu lado ou, pelo menos, parte dela. E, mais ainda quando se sabia que ela estava ansiosa por encontrar alguém para ser o bode expiatório de toda essa crise existencial, moral e ética em que o Pais estava e ainda estå mergulhado.

E o pior para Cunha foi que, ninguém, particulamente, os pretensos imparciais analistas da cena política, sequer procuraram estabelecer um paralelo ou diferenciar a atitude dele de outros homens públicos no proscênio atual  que, embora citados, acusados, denunciados e até com processos criminais em curso, não enfrentaram o mesmo tiroteio e o encurralamento que sofreu e ainda sofre Eduardo Cunha! Ou seja, qual a diferença dos crimes cometidos por Cunha e dos supostos crimes cometidos por essas outras personalidades da cena política? É difícil avaliar e comparar Cunha e os demais para estabelecer a dosimetria da pena a ele imposta e as penas que advirão, em cima dele e de sua família, até o fim do processo.

O cenarista não é daqueles como Roberto Jefferson que, ao reconhecer  que Cunha foi o “bandido predileto ou preferido” que montou, estruturou e deu consistência a  todo o processo de desconstrução de Dilma, de Lula e do PT e que, sem o seu comando e  determinação, a Câmara nunca teria votado o processo de impeachment de Dilma. O País, se de um lado assistiu o protagonismo de Cunha nesse processo que era anseio da maioria do povo brasileiro, por outro lado, assistiu a atitude passiva de Sarney, de Renan, de Eunicio e de Raupp e, até mesmo, da própria mídia que, ora se encolhia ou esperava que alguém assumisse todos os ônus e riscos de forçar e tornar tal processo possível. E esse protagonismo  maior, tão necessário e fundamental para que o País estivesse a viver um novo tempo, foram as manifestações de rua e a ação estratégica e firme de Eduardo Cunha à frente da Câmara, quer queiram ou não a midia e os seus parceiros, foi o principal ator dessa cena!

Este cenarista não está a fazer a defesa de Cunha nem dizer que a Câmara deveria ser conivente ou leniente  com as suas diatribes e que ele não pagasse o preço pelos crimes e erros que porventura tenha  cometido em face da contribuição que ele deu a causa democrática nacional. . Mas, essa crucificação pública,  transformando o ex- presidente da Câmara no pior dos meliantes,  visto como alguém sem qualquer principio, sem qualquer moral e sem qualquer ética,  não lhe reconhecendo qualquer ou algum mérito, qualquer valor e nem qualquer contribuição para retirar  o País dessa situação, tão dramaticamente constrangedora,  parece que se exacerbou na dosimetria da pena, imposta, primeiro pela midia e, depois pelas instâncias judiciais.

Mas, o que parece pior ē ter que  assistir a essa execução sumária de um politico e, aonda por cima,ter que ouvir as sentenças proferidas por essas  “Torquemada de saias”, não com as saias da inquisição da igreja, mas da inquisição da mídia, as jornalistas que, quase num prazer orgástico, ao serm impiedosa na acusação. No proferir suas sentenças, representam, com tal atitude, um espetáculo ainda mais desagradável!

Eduardo Cunha, parcece que a festa acabou, os músicos guardaram e embalaram seus instrumentos e você ficou a curtir a solidão dos criminosos erráticos, sem a solidariedade sequer dos carcereiros! E você, tão esperto e tão sabido, não conhecia as dimensões da condição humana   e não conhecia  o País que tem uma elite grotesca que assume o papel de julgadora da moral e da  decência de um ou de muitos! É pena! Você perdeu! É, parece ser o triste fim de Eduardo Cunha! Ou será que não?

Será que, segundo as más línguas, ele não cairá sozinho? Será que levará outras figuras publicas, de roldão?. Será que viriam políticos como ele ou, até mesmo, membros do poder judiciário, desmoralizando a instância que mais problemas e dificuldades criou para ele? Alguns acreditam que as retaliações virão e terão repercussão tal que gerarão um grande imbroglio nacional. Será? É esperar para ver o que vai acontecer!

 

 

 

O QUE HÁ DE NOVO?

Já lá se foram ou se passaram dois meses e muitos buscam antecipar o que o governo  recém-instalado  consegue fazer diferente do que sempre se fez ou do que Dilma vinha fazendo ou não fazendo. Ou seja, será que se pode dizer que esse governo provisório, interino ou transitório tem uma cara, uma postura, um estilo ou uma forma de agir distinta da mesmice que o país estava, já extremamente exausto de assistir? O que será que realmente mudou? Ou, será que apenas trocou-se seis por meia dúzia, segundo a expressão popular?

Dizem alguns aprendizes de analistas ou de cientistas políticos ou mesmo de curiosos que a economia de uma nação opera a base de expectativas e de credibilidade. Se os agentes econômicos começam a pressentir sinais de que as coisas estão tendentes a melhorar então os mesmos se sentem estimulados a fazer movimentos de retomada das ações e dos investimentos capazes de reiniciar o ritmo de expansão de suas atividades.

Porém não bastam os indicadores de melhoria do ambiente e o surgimento de expectativas mais favoráveis. É fundamental que as instituições  que regram, disciplinam, controlam e, as vezes, oferecem estímulos ou sanções para tais atividades, mostrem, através de palavras, gestos, ações e medidas de política econômica, que  sabem o que querem e, com isto,  façam com que o mercado tenha confiança  na sua competência e na sua seriedade. Do contrário, o mercado e os seus agentes, desconfiados e ressabiados, vão ficar na espreita, aguardando que o ambiente fique menos turvo, menos anuviado e menos confuso.

A economia, para funcionar e operar, com certo dinamismo, precisa que prevaleça  o que alguns denominam de monotonia da normalidade. Ou seja, é crucial que, apesár das desconfianças iniciais, das pressões desestabilizadoras promovidas pela Oposição e pelos naturais desencontros do próprio governo nos seus primeiros momentos, os agentes e os formadores de opinião, sintam que hå governança confiável  e os quadros dirigentes mostrem resolutibilidade, inciativa e competência técnica e política.

Assim, além dessas qualidades ou qualificações, se perguntam, de forma objetiva, se as coisas já começaram a melhorar e os mais graves, dramáticos e urgentes problemas, estão de  fato, sendo enfrentados Perguntas, por exemplo, do tipo ” o que fez esse dito novo governo para reduzir o buraco das contas públicas”? “O que se tem feito para estancar a sangria caracterizada pelos desequilíbrios das contas externas? Que ações foram adotadas para demonstrar que as coisas agora seguem  uma certa ordem e que não mais se fazem ao sabor dos ventos e dos humores dos dirigentes de plantão ou subordinadas a um pernicioso e não confiável “marketing” politico-partidário?

A bem da verdade, as informações vindas de fora  mostram um alívio de natureza, diga-se, talvez, de um ponto de vista geopolítico, de que a mudança de poder na Argentina e no Brasil afastaram a ameaça de um processo de expansão e proliferação de um populismo pobre de idéias e de propostas, chamado de bolivarianismo, que a esquerda despreparada do Brasil resolveu adotar, mesmo quem para tanto, aceitassem que tal atitude  política  fosse destruindo instituições e práticas modernas de governança. Esta mudança de postura dos dois países, exorcizando essas idéias atrasadas mudou, já, em muito, o conceito, a credibilidade e o respeito da Argentina e do Brasil lá fora.

As pessoas, diante do processo de transformação por que passa o Brasil, não estão muito interessadas nas análises  mais sofisticadas dos cenários e do que se está propondo mas de resultados objetivos já alcançados e, esses, por sinal,  já estão chegando. A inflação, que no inicio do ano se previa alcançar, ao final de 2016, 11,5%, a última estimativa é que feche o exercício, em 6,9%, prevendo-se que atinja o centro da meta em 2017. O desemprego parou de aumentar, o que é já um grande resultado. A indústria manufatureira faz já três meses que não mais apresenta crescimento negativo como vinha ocorrndo nos últimos tempos. O varejo já começa a mostrar sinais de recuperação. Os resultados externos tanto do déficit comercial como da entrada de investimentos, já se  mostram bem mais favoráveis que os números de 2015.

Ou seja, ainda não está a voar o país em “céu de brigadeiro” mas o comportamento da bolsa e a valorização do real mostram que as coisas marcham de maneira a superar problemas e desafios. Também são mostrados, diariamente, que estão, em processo, revisões críticas de erros, equívocos e desvirtuamentos de políticas, programas ou ações do tipo bolsa família –retirada de benefícios concedidos a funcionários públicos , de duplicidades e de desvios –; do programa “minha casa, minha vida”  — onde se constatou que beneficiários venderam ou alugam seu bem e se credenciam a uma nova unidade — ; pessoas já falecidas recebendo auxílio-doença ou outros benefícios da Previdência; abusos e corrupção no uso da Lei Rouanet para a cultura, aém de tantos outros desacertos e desvios de conduta, mostam um país revendo conceitos e atitudes.

Ao lado do efeito benéfico da Operação Lava Jato, as ações do novo governo postas em prática e aquelas aguardando decisão do Congresso, dão um alento de que já se começa a  não mais aprofundar, pelo menos, o quadro de problemas e dificuldades em que o país se meteu!

É possível começar a acreditar que as coisas  estão mudando e mudando para melhor.

SERA QUE HÁ EXCESSO DE OTIMISMO?

 


As coisas e os fatos estão subordinados a um grande número de interpretações de seu papel, de seus efeitos e de suas consequências sobre o “estado das artes” de um povo, de uma comunidade ou de uma nação. O Brasil, segundo alguns analistas, vive e experimenta uma das piores crise de sua história. Desmantelou-se o Estado, desestruturou-se a economia e a Operação Lava Jato mostra como valores éticos e morais foram abandonados por práticas de corrupção arraigadas que tem se mostrado, quase que, endêmicas.

Apesar das instituições estarem mais maduras e mais sólidas, elas não desfrutam, ainda, da credibilidade e do respeito necessários a garantir a solidez do estado democrático de direito. OU seja, dúvidas e incertezas pairam sobre o comportamento de uma instituição, como por exemplo, a Justica, que se admite ou admitem os cidadãos comuns, ser ainda um instrumento muito mais destinado a atender as expectativas e aos interesses das elites, dos ricos e dos poderosos, do que de voltar-se para aqueles mais sofridos e desvalidos, pelo menos no sentido de  garantir-lhes acesso, sem diferenças e nem discriminações!

Apesár desse quadro pessimista, parece que começam a surgir indícios ou pequenas evidências de que é possível antever mudanças que indicam que novos caminhos podem se abrir para a sociedade brasileira.

Mais uma vez, enfatize-se, a despeito dessa avaliação ainda negativa do quadro nacional, por parte da sociedade, algumas transformações estão se mostrando possíveis e capazes de permitir que se imagine a possibilidade de surgir um novo tempo para o Brasil e para os brasileiros. Um exemplo marcante disso é o efeito que o desnudamento ou o strip tease de lideres políticos, de empreiteiros, de grandes empresários e de executivos do setor público, mostrando hábitos e práticas criminosas, está produzindo uma percepção e o arraigamento, na sociedade, de um sentimento de que o “crime não mais compensa” e de que a “impunidade parece que não deverá mais prosperar”.

O impacto na opinião pública parece que se tem feito de tal forma e em tal extensão que, mesmo aqueles mais ousados e atirados, temendo serem apanhados  em maracutaias, ou se retraíram ou estão a  buscar novas formas e fórmulas de continuar exercendo o seu papel de corruptores ou de corruptos. Não se pode afirmar que “essa graxa que lubrifica as engrenagens do poder, notadamente, do poder público”, a corrupção, deixará de existir pois é um ente intrinsecamente associada ao poder. Mas, poderá ocorrer que ela continue a existir e, na verdade, espera-se, que venha a continuar a existir nos limites do tolerável e do aceitável, se é que essas atitudes criminosas possam ser, não diria que, admitidas, mas reconhecida a sua existência! Na verdade, não seria, portanto, tolerância mas a constatação de que assim foi, assim é e assim será, em todas as sociedades.

Portanto, ē possível e e provável que a corrupção nos níveis que atingiu não mais prosperará e, com certeza, irá diminuir, sensivelmente, no correr dos anos. Aliás, já são percebidos sinais de que, até mesmo, as chamadas “pequenas contravenções” ou as chamadas espertezas no querer “tirar vantagem em tudo”, parece que começam a ser rejeitadas e abolidas pela sociedade. Os hábitos de não ceder, por exemplo, um lugar ou assento em coletivos a uma senhora gravida ou a um idoso; o ocupar uma vaga de veiculo que de direito, pertence a um deficiente fisico; o nao ceder acesso no transito a quem esta apertado para ingressar num fluxo; o perguntar “com recibo ou sem recibo” ou ” com nota ou sem nota”; o subornar um guarda de transito que registrou ou pilhou o cidadao em uma infracao; o gesto ou atitude de nao devolver algo encontrado e que nao lhe pertence; e o de se apropriar de coisas que nao lhe pertencem; os descuidistas de toda ordem, sao praticas que a sociedade parece que, aos poucos, vai rejeitando e abolindo.

Alias, espera-se que os brasileiros entendam que nao basta combater, com veemencia, a corrupcao de valores e de comportamentos. E fundamental entender  que, alem do desvirtuamento dos principios mais caros da sociedade, implica em limitar o alcance da acao do poder publico, prejudicando, ainda mais, aqueles que a sociedade nao lhes garantiu o direito de igualdade de oportunidades. Mas, da mesma forma que o cidadao n’ao pode ser leniente com essa praga que afeta a sociedade brasileira em particular, e fundamental reconhecer, tambem, que existem desigualdades de renda entre pessoas, entre regioes, entre meio rural e urbano, entre capital e trabalho, entre generos distintos e entre racas e religioes, pois elas sao patentes e visiveis apesar de muitos, no discurso, registrarem apenas protestos contrarios as mesmas.

Tal constatacao tem a ver com o que se espera de mudanca de habitos e costumes da sociedade brasileira pois que, e tambem crucial buscar afastar todo tipo de atitude que exclua as pessoas ao acesso aos seus direitos civis, politicos e sociais. Nao se pode admitir o tipo de comportamento que conduz a posturas discriminatorias que levam a promocao de desigualdades e injusticas e toda ordem.

A atitude preconceituosa,  mesmo que o discurso nao o seja, e contra aqueles que nao tem acesso a determinados servicos sociais ou sja, o “SUS e universal” mas … nem tanto; “educacao, e um diretio de todos e obrigacao do estado”, sao registros constitucionais mas nao sao cumpridos na sua  integralidade. , cada vez mais, os cidadaos responsaveis nao admitem que o oxercicio, o respeito e a promocao da cidadania nao podem se conseguir apenas na base do discurso sem vir acompanhados de praticas resguardadas e respaldadas em solidas conviccoes. Ou seja, todos os chamados “cidadaos de boa vontade” devem ter a nocao de que so se atinge a democracia cidada, se as chamadas desigualdades e diferen;as sao combatidas e sao, efetivamente, reduzidas.

Nao basta reconhecer que as desigualdades de renda entre pessoas, entre regioes, entre meio rural e urbano, entre capital e trabalho, entre generos distintos, de raca e de religiao s’ao patentes e visiveis e registrar protestos contrarios a tais praticas e atitudes.

A atitude preconceituosa, mesmo que o discurso nao o seja, se mostra contra pobres e contra aqueles que não tem acesso a determinados serviços sociais básicos. Ou seja, o “SUS é universal” … mas … nem tanto; a “educação é direito universal de todos e obrigação do estado”  mas não são respeitados e se mostram apenas como registros ocasionais de pouca valia pois, na prática, não operam. Países europeus, mesmo aqueles que enfrentam crises profundas, o acesso aos serviços públicos de saúde e de educação básica   são possíveis e sem discriminação. Ou seja, nos países europeus não são  feitas  distinções de classe social e nem de renda para o acesso igualitário de tais serviços. Aliás, na Europa, ninguém olha com desprezo para a pobreza, para o mau gosto e nem para a velhice, mostrando-se um notável respeito aos deficientes físicos. Ninguem olha com diferença para o “carrinho”  mais simples e mais humilde  derivando, daì e  de tal avaliação o status e a condição do cidadão que dele é detentor.

Hå, parece que graças as circunstâncias, a crise e, talvez ao bom Deus, no Brasil, um processo  em marcha de mudanca de hábitos, de costumes e de comportamentos na sociedade como um todo. O efeito Joaquim Barbosa, Sergio Moro, de jovens procuradores e de membros da polícia federal, parce que estar a prosperar. Também até  mesmo, a atitude ética de figuras vistas como distantes da lei e da moral comum, atē classificadas como contraventoras, pelo menos, como Roberto Jefferson e Eduardo Cunha, já são chamados, por alguns cidadãos, de “bandidos preferidos”, acabaram dando a sua contribuição e mostrando que exemplos de uma atitude dura contra os mal feitos e o desrespeito a ética, estão se desseminando Brasil afora.

Talvez seja um Brasil novo que esteja se descortinando. Tomara que dê certo!

 

 

 

APESAR DE INDAS E VINDAS, AS COISAS MARCHAM!

Não há dia sequer, nesses tumultuados momentos vividos pelo País, em que os brasileiros nao sejam surpreendidos por novos e impactantes fatos que alteram ou o seu humor ou as  suas expectativas  sobre circunstâncias, pessoas ou o amanhã, notadamente o amanhã mais próximo.

A Operação Lava Jato não deixa de registrar, a cada dia, mais e mais escândalos e, a apontar o dedo para aqueles que traíram a confiança do povo, descumpriram a missão que lhes foi confiada e apropriaram-se, de maneira indébita, do patrimônio público, não só dilapidando-o, mas levando a que os serviços ou obras compradas ou contratatadas pelo estado, fossem marcados por precariedades e elevadíssimas taxas de corrupção e sobrepreços intoleráveis!

Se tal operação de passar o país a limpo não “levantasse o tapete” onde se escondiam as diatribes, os mal feitos e os crimes cometidos por homens públicos, empreiteiros, empresários e funcionários, outros agravantes se colocam como desafios adicionais ao País!

Alén desse desfilar de atos e ações que provocam indignação e, as vezes, revolta na população. Já, se não bastasse,  a cada vez que o chamado governo interino abre as pastas do poder, descobrem-se erros, problemas, falhas e crimes que mostram a desorganização, a desestruturaçãor e o desmantelamento que foi levado o estado e o governo e as precariedades de suas políticas públicas, caracterizando quanto o país foi desmontado e saqueado pelos seus ocupantes nos últimos cinco anos, pelo menos.

Ao lado de todos esses problemas e desafios, vem agora a decisão da Inglaterra de abandonar a União Européia, o que levará a conseqüências graves a nações em todo o mundo, notadamente aqueles paises chamados emergentes. As bolsas, as moedas e os mercados acusaram, não apenas a perplexidade dos agentes mas ampliaram as suas incertezas, os seus temores e levaram-nos a migrar, num primeiro momento, das atuais aplicações para moedas mais seguras como o dólar e o iene, de busca de proteção contra os desvarios de um mercado ensandecido por essa decisão da Inglaterra.

Muitos analistas acham e dizem que, quando a poeira assentar é que se saberá o tamanho do estrago causado pela decisão dos ingleses de abandonarem uma união que, para muitos ingleses não estaria trazendo muitos beneficios à quinta economia do mundo,  mas muito mais ônus  pelas regras gerais estabelecidas e pela permissividade no que tange ao ingresso de imigrantes e de fugitivos de regimes em crise,  como é o caso da Síria.

Quais serão as implicações desse fato que desestabiliza a economia mundial, sobre os planos de recuperação da economia brasileira? Até que ponto as políticas e as estratégias já concebidas e em curso pelos condutores da política econômica nacional, serão inviabilizadas ou terão que ser alteradas?

Pelas declarações de algumas autoridades brasileiras, o fato pode contribuir para abrir uma parceria maior e mais intensa com os ingleses e, na nova concepção do universalismo da política externa que, segundo o Ministro José Serra, libertará o País do bolivarianismo e da chamada “opção preferêncial não por parcerias economicamente sustentáveis mas por um assistencialismo perverso”, para acordos bilaterais mais relevantes e, porque não dizer, mais justos, para a economia nacional!

Assim, o país continuará sendo sacudido, diariamente, pelos escândalos da Lava Jato; pelos que querem o rápido desfecho/ do processo de impeachment e os que lutam para devolver Dilma ao poder; pelos que querem o país reorganizado diante dos que não aceitam quaisquer sacrifícios bem como diante das tendências e das surpresas que o mercado internacional apresentará.

Assim será a caminhada do Brasil na busca do reestabelecimento dos fundamento da economia — câmbio flutuante, lei de responsabilidade fiscal, metas de inflação e superávit primário; na correção de desajustes como o ritmo de expansão do gasto público; na definição de critérios relacionados a reformas institucionais como, por exemplo, a da previdência; bem como da reconquista da credibilidade interna e externa e da criação de um  ambiente mais favorável ao investimento, notadamente nos gargalos infraestruturais que limitam ou, até mesmo, obstaculizam o crescimento da economia nacional.

Os desafios a vencer, não só o de convencer o Congresso Nacional; o de enfrentar, com habilidade e competência uma Oposição inconformada por haver sido defenestrada do poder; a capacidade para administrar as pressões e circunstâncias externas além da ação do imponderávelaY, não estão a desestimular os novos gestores do País, convictos do compromisso republicano, experimentados e vivenciados nos confrontos políticos de toda ordem além de terem noção da urgência e da oportunidade de certas medidas e providências, parece que estão cientes de tais problemas e dificuldades.

Assim, vários dados já mostram reversão de expectativas, melhoria de indicadores de desempenho e avaliação positiva dos agentes econômicos internacionais na equipe de governo embora paire, para quem está fora, dúvidas e incertezas, sobre a competência do governo para negociar, politicamente, com o Parlamento, medidas duras de ajuste e de correção de distorções acumuladas nos últimos anos.

Claro que as coisas são difíceis e requererão paciência, humildade e espírito de luta mas, ao que parece, a população está acreditando e confiante num bom resultado !

 

 

 

OS INTOCÁVEIS!

Num passado distante as pessoas temiam a fúria da igreja católica com seus insrumentos de repressão, controle e intimidação. Num tempo em que estado e igreja se confundiam e o poder econômico estava aliado a ambos , numa espécie de simbiose quase perfeita, todos temiam a força de tais instituições.

Ademais, tal poder e força se exteriorizavam ou se mostravam mais presentes, por exemplo, no papel que os  coronéis exerciam no meio rural, máxime no Nordeste, bem como na determinação das forças armadas de sempre se mostrarem guardiões da ordem, das leis e da constituição! E, consequentemente, estarem sempre aliadas à estrutura de poder das elites ou do poder conservador tradicionalmente detentor do controle das coisas e das pessoas!

Nos tempos atuais quais são os poderes que metem mais medo ao cidadão? Sempre, numa visão mais ampla, o estado, agigantado nas suas funções e competências, refreando e disciplinando o ir e vir do cidadão, definindo as suas vontades e direitos, cobrando-lhe pesada vassalagem sem lhe dar qualquer reciprocidade digna, é o controlador mor e o intimidador maior de todo e qualquer cidadão. Ou seja, não é apenas o Big Brother mas um ente quase que acima do bem e do mal.

Mas, se se pretender exteriorizar aqueles entes que cercam o cidadão e intentar qualificar quem mais assusta e os que mais geram temor e terror a vida dele, pela ordem são, a Justiça, a Polícia, a Mídia e a Receita, quer a federal quer a estadual! E, o mais grave é sério disso tudo é que tais se sentem, acima de tudo e de todos e, são, por assim dizer, os intocáveis!

Quando se fala em Justiça incluem-se os juízes e seus tribunais, alem dos procuradores e promotores, com seu dedo acusador e,  hoje em dia, até mesmo os advogados já que o corporativismo que define a sua forma de atuar, faz “maravilhas” no defender os seus interesses e aterrorizar quem contra eles se coloca!

O poder de polícia, ou da farda, representa, nas suas várias manifestações, algo que conduz a que, nos dias que correm, uma espécie de rejeição ou desaprovação da população no que respeita ao papel e a credibilidade da polícia.  Todos temem o cidadão investido do poder da força, pois, os próprios, sem consciência do que são e dos seus limites, são capazes não apenas de gestos autoritários intimidatórios como da prática de abusos de poder e de atos de violência tanto individual como coletivas, como de produzir as chacinas e os justicialismos praticados quase todo santo dia e, a olhos vistos!

Nos dias que correm, a ânsia em estabelecer controles internos e externos da gestão pública, gerou tantas limitações e constrangimentos que os pretensos responsáveis pela coisa pública, embotaram-se, perderam a capacidade de iniciativa, a imaginação criadora e são, no máximo, seguidores de manuais de instrução e de operação!

Assim são seguidos e policiados pelas auditorias interna e externa; pela CGU; pelo Ministério Público; pelo TCU; pela Polícia Federal e pela mídia, sem contar com os homens sérios que enfrentam o maior dos patrulhamentos,  qual seja, a sua consciência!

Então, nos dias que correm, o cidadão vive marcado por uma série de restrições e constrangimentos derivados do autoritarismo, da presunção de força e poder de segmentos da sociedade que, investidos de poder, exacerbam de suas atribuições e competências e se acham no direito de intimidar, de pressionar e de acossar um cidadão livre, desmoralizando-o e limitando o seu ir e vir!

Dessa forma, estados ditos democráticos de direito, como é caso do Brasil, permitem que gestos autoritários dessa natureza prosperem e vulgarizem-se como se foram legais e legítimos!

O que se sente é que o cidadão é cheio de temores frente a autoridades investidas de um poder que lhes foi conferido pelo povo e que, não se sabe porque serve para assustar, pressionar e intimidar o cidadão indefeso!

 

NÃO HÁ COMPETÊNCIA NEM TÉCNICA E NEM POLÍTICA NO CONGRESSO!

O que se observa, o que se assiste e o que se pode concluir, até agora, das manifestações, dos questionamentos e das opiniões externadas pelos depoentes na Comissão do Impeachment, do Senado, é  uma clara demonstração da esperada segurança, criteriosidade, competência e responsabilidade dos quadros técnicos e de um notável avanço na profissionalização da administração pública do País.

 

Tal constatação conforta a sociedade brasileira embora, em contraponto, a entristeça ao observar a qualidade da representação parlamentar que, com raras e honrosas exceções, com senadores como  o Senador Anastasia, Cássio Cunha Lima, um esforçado Ricardo Ferraço e os líderes José Agripino e Aloysio Nunes Ferreira, o resto fica por conta de surpresas agradáveis, como a condução dos trabalhos da Comissão por parte do senador Raimundo Lira. De um modo geral, as intervenções dos senhores senadoras e senadores são rasas e, muitas vezes, vazias e confusas.

Aliás, as observações valem não só para os que fazem a situação mas, notadamente, para aqueles que fazem a Oposição, caracterizadamente estridente, despreparada e sem qualquer idéia ou propósito a não ser a de cumprir o papel de tumultuar o processo de “impeachment” pois que se prende, tão somente, ao mantra do “é golpe” ou da “injusta conspiração de uma Oposição desonesta contra uma Presidenta honesta”. Não são discutidas as acusações, as decisões da Câmara e do Supremo e nem sequer a consistência do próprio processo, do ponto de vista jurídico.

As propostas ou idéias, se é que assim se podem qualificá-las, são marcadas pelo imediatismo, pela improvisação e pela inconsequência, no mais das vezes, destinadas a proscrastinar o processo de apreciação do impeachment como, como por exemplo, a proposta de períciar os laudos e relatórios do TCU, estranhamente acolhida pelo Presidente Lewandosky, numa fragrante intromissão na competência do órgão maior de fiscalização de contas dos poderes da República. Ou ainda, o desconvite a testemunhas antes arroladas no processo como resposta da situação contra as várias tentativas de procrastinação do andamento do impeachment.

Apesár dessa pobreza do Parlamento, sem idéias, sem compromissos e sem interesses com a causa da democracia e do republicanismo, “la nave va”! Aos poucos, mesmo barganhando cargos, posições, verbas e interesses outros, sem estruturação e sem linhas programáticas, a chamada situação ou o Centrão, vai dando as respostas que o Governo Temer precisa e requer. Se, no tempo esperado, dentro do compromisso assumido pelo Relator do processo de Impeachment, Senador Antônio Anastasia, os prazos votados pela Comissão do Senado forem cumpridos, Temer assumirá, em definitivo, no próximo mês de agosto,  o comando do governo, deixando de lado o estigma e as dificuldades geradas pela interinidade.

Assim, pelo que vem se desenrolando até agora, a popularidade de Temer já subiu dos magros 2% logo que assumiu e já atinge mais de 11,4%, em função de medidas, providências e resultados pois que, as estimativas desempenho do PIB já começam a ser menos negativas, a indústria manufatureira já apresentou um levíssimo mas promissor crescimento e as vendas do comércio já cresceram, em abril, 0,5%! Tudo ainda é muito pouco e são quase que, espasmos,  de um organismo ainda muito debilitado.

Ainda na esteira das possibilidades de relativo sucesso das medidas já adotadas e do clima já experimentado pelos brasileiros, o setor externo continua alheio integralmente a crise com um desempenho muito bom do setor exportador e, a confiança externa começa a ser recobrada quando, só em junho — e ainda não está o país na metade do mês! — entraram, na bolsa, de forma líquida, 1,2 bilhão de dólares!

Dessa forma, aos trancos e barrancos nas penosas negociações no Congresso, o governo Temer vai emplacando as medidas necessárias à reorganização das contas públicas, a criação de um ambiente mais adequado e propício aos negócios, além da recuperação da credibilidade e da confiança, não apenas de organismos e instituições internacionais, bem como de agentes e entidades nacionais. As reações das oposições eram as esperadas porquanto o desaparelhamento do estado está em curso, a extinção de privilégios, da mesma forma e, situações inusitadas como 17 mil funcionários públicos no Bolsa Família e outros “agrados” conferidos pelo paternalismo governamental, estão sendo objeto de uma indignação dos apeados do poder.

Se tudo continuar na marcha que está a ocorrer, com “choro e ranger de dentes” dos defenestrados, o país começará a entrar realmente nos eixos e, o país retomará a marcha do crescimento e abandonar a marcha da insensatez.