Postado em 21 abr, 2016 Deixe um comentário
Quando se fala que se está construindo um novo tempo, assuma -se mais a afirmação como uma quase licença poética do que como um verdadeiro processo de ruptura com o status quo ou com o estado das artes vigente. Na verdade, o que de fato estar a ocorrer ou que se espera que venha a ocorrer no país, é, pelo menos, uma alteração no tom, no ritmo e nas caras das lideranças políticas. Essas, em parte, serão temporariamente substituidas sem que isto represente uma mudança de conteúdo, de proposta e de ética de responsabilidade e de compromisso dos supostos “novos” velhos donos do poder.
O fato histórico fundamental é a constatação de que nunca houve uma efetiva revolução no Brasil. Cruenta, menos ainda. E, as revoltas que ocorreram, nunca representaram rupturas que alterassem a estrutura de força e de poder do País. Tudo sempre se reduziu a arranjos destinados a manter o poder nas mãos das elites, alterando, apenas, os plantonistas. Ou seja, o poder sempre esteve onde sempre esteve.
Desde o Fico, passando pela Independência e pela República e, nos golpes de 30, 45, 61 e 64, tais episódios nunca representaram rupturas ou mudanças substanciais ou paradigmáticas, como ocorreu, por exemplo, quando da Revolução Francesa, da luta pela independência americana ou da própria guerra civil americana.
Tal comentário vem a propósito da pertinente e brilhante avaliação do jornalista Luiz Carlos Azedo, no Correio Brasiliense, de 19 de Abril último onde, valendo-se de uma oportuna tentativa de interpretação histórica de José Honório Rodrigues, em uma de suas obras clássicas, buscou avaliar as ações e movimentos de Renan Calheiros e identificou um gestos no sentido de transformar as negociações políticas ora em curso, notadamente sobre o rito do impeachment no Senado, como um instrumento que permita e garanta espaços para o estabelecimento de limites do alcance da Lava Jato e para que os políticos de alto coturno, sejam eles poupados, em “nome do entendimento, da conciliação e da pacificação nacionais”.
Ou seja, na essência e na profundidade que alguns imaginavam e até sonhavam, as coisas não vão e nem poderiam mudar de forma substancial pois, de fato, as elites dirigentes manter-se-ão praticamente as mesmas, apenas estabelecendo acomodações e compromissos para que se abram espaços para solucionar os problemas mais urgentes que são os de superar a incompetência gerencial que comanda o País, recobrar o respeito as instituições, recuperar a credibilidade dos entes públicos e fazer com que a economia volte a crescer e a retomar o dinamismo perdido. E, se tal se conseguir já será um grande avanço na causa da reorganização da economia, do estado e da sociedade brasileira!
O perigo de tais entendimentos e acordos entre as elites é que, as vezes, o povo se sinta usado e lesado e, aí, as manifestações populares recrudescerão em dimensões bem maiores. A não ser que as as medidas a serem adotadas, de imediato, na área econômica, gerarem ambiente mais propício aos negócios, criarem novas expectativas para os agentes econômicos , acenarem com a manutenção das conquistas sociais e com a chance de serem experimentados novos tempos.
A reação contra Lula, o PT e Dilma, é, acima de tudo, fruto da frustração, do desencanto e da decepção pois “se acreditou tanto” que ali, a partir dos governos petistas, se implantaria uma estrutura de poder liderado por um homem das massas, que contava com o amplo apoio de intelectuais, de artistas, de empresários, de políticos e de formadores de opinião e que, pela proposta estabelecida e levada a efeito no primeiro mandato, representaria a mudança de paradigmas no conceito de gestão da coisa pública voltada, especialmente, para os sem vez e sem voz.
Tanto é que Lula, cá dentro e lá fora, representou uma quase unanimidade e levou a muitos a acreditarem que o Brasil seria “a bola da vez”, tanto em termos de desenvolvimento com participação politica ampliada e com alto conteúdo social como um projeto de desenvolvimento econômico e social capaz de reduzir a miséria a zero, combater as desigualdades sociais e regionais e criar um clima de permanente entusiasmo e euforia na população do País.
Era, aparentemente, uma proposta dos sonhos que combinava uma nova ética na condução da política e do poder; uma nova orientação a ser dada ao crescimento com distribuição de renda e que, no sonho de se construir aqui a verdadeira civilização dos trópicos, se lançavam as bases para a construção de uma nação forte, moderna, democrática e dinâmica.
Mas, como diz a letra da música, “tudo foi um sonho, acordei”!
Agora o desafio dos brasileiros é ter ânimo e entusiasmo para começar de novo, sem muitos sonhos, com um otimismo controlado e expectativas bem dosadas, pois que “a matéria prima não era tão fina” e, o País tem que ter consciência das limitações de seus líderes e de sua própria capacidade de forjar novos protagonistas com outras visões e propósitos que não sejam aqueles manifestados pelos atuais.
O que se quer agora é muito pouco, apenas que o País tenha rumo e busque o equacionamento de alguns problemas que impedem que, mesmo com todas as limitações e percalços, retome um pouco de crescimento para que se gere alento e esperança para os hoje milhões de desempregados e para um número ainda significativo de miseráveis, além de milhões de jovens que apenas querem uma chance de construirem um destino melhor para as suas vidas.
Postado em 18 abr, 2016 Deixe um comentário
Aparentemente a refrega acabou. Ledo engano! Três problemas gravíssimos subsistem e não se sabe como deverão ou irão ser encaminhados, nem que desdobramentos virão a partir das reações dos presumidos perdedores e das angústias existenciais de Lula e Dilma. E esses problemas são, pela ordem: como os presumidos perdedores reagirão a perder um poder que parecia ser para sempre?; como ocorrerá o ritmo do processo no Senado pois o País não poderá ficar no limbo, por muito tempo?; e, finalmente, como se farão as escolhas de Temer e a natureza da agenda mínima, tanto a emergencial como a estrutural, a ser apresentada pelo novo governo?
O fundamental é entender que, até agora, parte do rito do processo de impedimento foi cumprida, integral e constitucionalmente, e que o que se observou foi que o Brasil nunca se mostrou tão democrático, tão impessoal e tão institucional como nessa prova de fogo, tanto para o Legislativo como para o Judiciário.
É de importância relevante fazer uma avaliação de que, embora os nervos estejam à flor da pele entre os contendores, seria de bom alvitre sugerir ou, pelo menos, torcer para que nada venha a ser feito para estimular confrontos ou alimentar ressentimentos, nem para acirrar os ânimos e provocar reações adversas.
É preciso, numa reflexão crítica do que vive e experimenta o país, afirmar, com todas as letras que, se há algo para estimular o regozijo entre os brasileiros, são algumas constatações relativas ao funcionamento da democracia tupiniquim. E, a primeira constatação que se pode trazer à baila é a de que a democracia direta, exercitada na Ágora grega, foi aqui substituída pelas manifestações de rua, conclamadas pela redes sociais, como antecipou Norberto Bobbio, discorrendo sobre o papel da internet no sentido de legitimar os caminhos e opções das sociedades livres.
Aqui, tal qual fizeram em favor de gestar a Primavera Árabe e a eleição do Primeiro Negro para o comando da maior Nação do mundo, os Estados Unidos, as redes sociais foram fundamentais para mostrar ao Brasil que uma nova era estaria surgindo com o 17 de Abril. Aí se marcou o início desse novo tempo e a certeza de que a democracia é um regime de muitos defeitos mas não há nenhum outro melhor do que ele pois garante instrumentos rapidos e eficazes para corrigir erros ou desvios de intinerários.
Uma outra saudável constatação é a de que as jovens instituições brasileiras mostraram equilíbrio e responsabilidade, diante do chamamento da “voz rouca das ruas” e não se permitiram qualquer gesto de leviandade e de irresponsabilidade. Todos sabem das precariedades e das limitações experimentadas pelo Parlamento mas, com tudo de errado e de vícios que o processo político-eleitoral apresenta, a Câmara soube ser a voz do povo e a voz das ruas!
Embora a maioria dos analistas diga que o “impeachment” não seria a solução ideal para o enfrentamento do quadro de incertezas e de dificuldades porque passa o país, é fundamental lembrar que a democracia é o regime do possível e do viável, embora se conduza sob a égide do ideal e dos sonhos. Se o possível tem suas restrições mas é o único caminho, a democracia sempre busca o caminho do que é viável. E sempre é bom lembrar que o processo democrático tem tantas virtudes que se, se o cidadão cometer um erro de perspectiva na nova escolha, ele, o sistema democrático, permite que, até se a escolha feita agora não for a que desejava a sociedade, de imediato, poder-se-á impor a necessária correção.
O que se espera agora é que o rito de passagem no Senado não seja demorado porquanto, se Dilma já não tinha qualquer condição de governar antes da votação do relatório estabelecendo a admissibilidade do impeachment, então agora, com um governo de interinos, sem esperança a vender e sem credibilidade a respaldar qualquer proposta ou qualquer medida, então é que o país irá sangrar ainda mais, se o processo for demorado.
Parece que a tendencia no Senado é acelerar, dentro da constitucionalidade, a apreciação do seu afastamento, permitindo, assim, que o vice-presidente assuma, o mais breve possível. E, assuma com uma agenda mínima que toque naquelas propostas emergenciais no campo econômico, na área da gestão político-adminstrativa do governo e em alterações iniciais básicas no processo politico-eleitoral.
Claro que indicações relacionadas as possíveis mudanças estruturais na área econômico-financeira, para corrigir distorções, estimular a produtividade e melhorar a competitividade nacional, serão fundamentais para que se tenha, só com a geração de expectativas, a melhoria do ambiente econômico. Mas é bom lembrar que, não basta o discurso mas ações concretas destinadas a acelerar investimentos, promover as necessárias aberturas e simplificações e diminuir a presença do estado na economia.
As sugestões de reformas da Previdencia e trabalhista, deverão ser encaradas com a seriedade que o caso requer. As dificuldades políticas serão grandes mas soluções de compromissos poderão ser encontradas por um Parlamento que se mostra, após o 17 de abril, marcadamente envolvido com o chamamento da sociedade à solução dos problemas mais urgentes do País.
Além de tais medidas de fundo, as ações simbólicas como reduzir ou fundir ministérios; diminuir o número de cargos comissionados; uma guinada de 360 graus na política externa; a revisão criteriosa dos projetos sociais e o controle de tais projetos, são, entre outras, medidas que não geram resultados maiores para a sociedade mas que simbolizam que o governo está comprometido com os valores cultivados ou sonhados pela sociedade.
E, finalmente, no que diz respeito as escolhas dos auxiliares, uma das preocupações maiores é com a credibilidade, com a capacidade de liderança, com a agilidade de iniciativa, com a criatividade e a resolutibilidade de quem vai assumir cargos em momentos tão complicados como os que agora se vive.
Postado em 17 abr, 2016 Deixe um comentário
Finalmente estão os brasileiros as vésperas de uma definição que poderá representar um ponto de inflexão na história do País. Encerrar-se-à, possìvelmente, neste Domingo, na história republicana recente, um ciclo de dominio político de um partido, no caso o PT, com as suas características, idiosincrasias e particular forma não só de condução da coisa pública mas de atuação política diferenciada e de um inegável e eficiente uso intenso do marketing como instrumento de comunicação com o público.
O que ocorrerá, possìvelmente, amanhã? Talvez, segundo os estudos, enquetes e avaliações da mídia, a aprovação do impedimento da Presidente, cuja votação iniciar-se-à provavelmente, como previsto, às 15:00 hs. Os prognósticos são das “pesquisas” ou da chamada “boca de urna”, onde ambos os “métodos” estão a indicar que Dilma perderá o enfrentamento pois segundos tais prognósticos, serão mais mais de 360 votos na Câmara e de mais de 46 votos no Senado, favoráveis ao IMPEACHMENT.
Isto porque, como é sabido, segundo o que reza a Constituição serão necessários, para a aprovação do impedimento, 342 votos na Câmara e de 41 votos no Senado!
Alguns analistas mais temerosos, dado o acirramento dos ânimos dos últimos dias, acreditam que venham a ocorrer confrontos violentos tanto dentro do Congresso como na Esplanada dos Ministérios, da mesma forma que acreditam que acontecerão tumultos, confrontos e até desforço físico entre os contendores nos vários estados da Federação. E o conflito é esperado porquanto os grupos pró e contra o impedimento, foram mobilizados para o enfrentamento, não importando qual seja a sua natureza. E o problema se alastra país afora diante do inconformismo dos petistas, há mais de quase 16 anos alojados no Poder e que, mais que de repente, serão defenestrados e, como diz o ditado popular, como não buscaram uma negociação para uma transição pacífica , agora amargam a falta de opções representando a situação do dito popular nordestino que “nem mel e nem cabaça”!
Por sinal, os petistas não estão avaliando, corretamente, o quadro pois que, se ampliam o inconformismo,buscam reações de confronto e geram situações de conflito, partindo para agressões aos seus opositores, notadamente em resposta aos possíveis votos contrários à Dilma dos parlamentares, então a coisa degringola, requerendo a intervenção das forças de segurança do País. E, se porventura, como se espera, um novo poder se instale, o novo poder vai ser cobrado por aqueles que votaram pelo impedimento, manifestações até de retaliação e, no mínimo, para que seja ágil no desaparelhar dos quadros do governo, os sindicalistas petistas ali abrigados.
É possível que os governos estaduais bem como as atualmente tão discretas e até silentes Forças Armadas, estejam devidamente organizadas e mobilizadas para impedir que se instale um momento de violência, buscando, com isto, manter a paz e a ordem. Portanto, nem as ameaças de Lula, da CUT, da CONTAG, do MST e de outras entidades sindicalistas pró-PT levarão a conflagração no País.
Assim, pelo que se percebe, o quadro está desenhado e, para os mais experientes, a voz de boquirrotos ameaçando com o exército de Stédile ou a invasão adicional de terras e até de gabinetes de parlamentares, tudo isto vai se transformando em uma espécie de “Batalha de Itararé” “aquela que foi sem nunca ter sido” ou “aquela que houve sem nunca ter havido”!
Ou seja, passada a refrega, tudo ficará como “dantes no quartel de Abrantes” e, o máximo que se pode tentar antecipar são quem serão os ganhadores e os perdedores de mais esse embate que, até agora, comporta-se com muita tranquilidade e civilidade. O que virá depois, não será nada de ódios e ressentimentos mas, apenas, a busca de repor as coisas no lugar e administrar as medidas destinadas a organizar a gestão e as finanças públicas, criar o ambiente económico mais favorável aos negócios e investimentos e recriar a confiança no governo e a esperança nas instituições.
O impedimento da Presidente, dada a profunda e gritante incompetência do governo central, com Dilma à frente, representa uma vitória da maioria da população brasileira que amarga graves problemas de desemprego, de corroção de sua renda real, de desconfiança, de descrrença no amanhã e de frustração de haver apostado suas fichas naquilo que na última eleição lhe foi prometido mas que, lamentavelmente não lhe foi entregue.
Ainda como ganhadores, o ambiente econômico em si, os empresários que “não fugiram da raia” e não se mudaram de País em busca de salvação de seus negócios e interesses; os procuradores e juizes que, teimosamente, acreditaram que seria possível passar o país a limpo e contaminaram a sociedade com a sua teimosia e crença em valores nobres; aqueles que também abraçaram a causa do combate, sem trégua, à impunidade; as Forças Armadas, atenta ao processo mas não tentada a interferir no processo político; as oposições que souberam dignificar o seu papel político e o seu compromisso republicano com a sociedade brasileira e, a mídia que, sempre alerta e, de um modo geral, agindo altiva e independente, salvo raras exceções, soube informar, mobilizar e estimular a sociedade no exercício pleno da cidadania.
É fundamental registrar que, apesár de todos os temores e as vezes, certas atitudes claudicantes das instituições, elas se mostraram maduras, respeitando-se e garantindo a sua interdependência e permitindo que o rito democrático do processo fosse cumprido.
Claro que alguns protagonistas podem ser ganhadores de galardão maior por terem marcado a sua participação por uma contribuição mais efetiva e corajosa durante todo esse processo como foi o caso do Juiz Sérgio Moro, o Ministro Gilmar Mendes, Ministro Dias Tóffoli além daqueles que, embora não sendo modelos de ética e de seriedade, contribuiram, decisamente para que o país estivesse vivendo um novo tempo, no caso o ex-deputado Roberto Jefferson e o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Se esses são os possíveis ganhadores, os grandes perdedores são, pela ordem, os processados pela Lava Jato, os empresários que acreditaram nas virtudes da esperteza ao seu, aeticamente, favorecido pelo poder; além de Lula, Dilma e os petistas mais graduados. Isto sem contar o enorme prejuizo para o partido dos trabalhadores que ficou sem passado, sem presente e sem bandeiras para se recriar no futuro. Além desses, os políticos arro0lados na Lava Jato e, possìvelmente, Eduardo Cunha, Renan, Delcidio Amaral, Collor, Senador Lindenberg, Senadora Gleisi Hoffman, entre outros menos votados.
Feito o balanço de perdas e danos, a vida tem que recomeçar a partir de segunda feira quando ou Dilma, diante de um provável resultado desfavorável a Presidente, renuncia e junta as trouxinhas ou fica aguardando o desfecho do julgamento dos senadores. E, ao que parece, o rito será breve como ocorreu no passado no impedimento de Collor.
A própria Suprema Corte, escaldada com as controversas declarações do Ministro Marco Aurélio e do Presidente Lewandosky, tomará as cautelas e as medidas preventivas para não provocar o povo porquanto, embora sem se guiar pelas voz das ruas, dada a exigência de não envolvimento emocional dos juízes, mas, como cidadãos, tem sentimentos, afinidades e respeito ao que pensa a maioria dos brasileiros.
Aí, assim que for votada o afastamentto de Dilma, se assim o Senado decidir, afastada por 180 dias, assumirá o vice Michel Temer que deverá vir com uma agenda mínima e emergencial, além dos nomes que o ajudarão a “tour de force” exigida pelo momento e pelas circunstâncias.
Duas coisas, para a sociedade, ficarão no index das preocupações em esse passar a limpo do País: a continuação do trabalho da Lava Jato e o enfrentamento dos hábitos que hoje dominam a sociedade, a chamada leniência com pequenas contravenções e pecados que hoje fazem o caldo cultura da impunidade.
Postado em 15 abr, 2016 Deixe um comentário
Em tempos de crise as interpretações e versões valem mais que as efetivas declarações. O que se vem falando de Temer a respeito da sua presumida ânsia em assumir o poder e a sua atitude, visto como inoportuna por alguns, de já estar desenhando uma agenda para o Brasil e possíveis nomes para ajudá-lo a cumprir a difícil empreitada, usando a expressão popular, “não está no gibi”.
Notadamente para quem conhece e conviveu com Temer e sabe de sua ponderação, de seu equilibrio e, de “seu tempo de estrada”, há que considerar que vale para ele o ditado de que “o Diabo é sábio não porque é diabo, mas porque é velho” e que, mais que qualquer outro, saberia administrar as suas ânsias e o despertar tardio de arroubos juvenis.
Mas, também, é fundamental reconhecer que alguém, diante da situação em que ele se encontra, na iminência de assumir o poder, notadamente em tempos de crise de confiança e de esperança, já deve demonstrar, à população, que não chegará sem saber o que fazer e nem para onde ir.
Na verdade o próprio documento apresentado pelo PMDB, faz alguns meses atrás, proposto pela Fundação Ulysses Guimarães e sancionado pelo Presidente do partido, Michel Temer, “Uma ponte para o futuro”, já esboçava uma agenda mínima de transformações e mudanças que representavam o pensamento médio dos economistas brasileiros e dos que já pensavam numa guinada de rumos para o País.
Da mesma forma, seria ingenuidade pensar que, ocorrendo o impedimento da Presidente, o seu sucessor natural já não buscasse, discretamente, pensar em nomes e homens que atendessem os requisitos essenciais para ajudá-lo a fazer tal dolorosa transição. Assim, definindo critérios básicos como credibilidade, competência técnica, resolutibilidade, liderança e garantia de respaldo da base de sustentação parlamentar, era esperado que, como um homem previdente, Temer já estivesse pensando nos possíveis nomes para asessorá-lo como ministros e como principais assessores.
Assim é que, num exercício de buscar imaginar o que Temer intentarºa arregimentar para o seu possível governo, o cenarista ousará indicar nomes que poderão compor o seu ministério, dentro da idéia do possível e do viável. Se se pensa no núcleo duro do governo, alguns nomes deverão estar ao seu lado como Elizeu Padilha, na Secretaria Geral; Romero Jucá, na Casa Civil; Moreira Franco, na AGU ou, em vez de Moreira, que pretende o Ministério das Cidades, se houver mais ousadia, que tal o deputado Jarbas Vasconcelos? na chefia de gabinete, talvez o Embaixador Fred Arruda, ou o embaixador Pompeu Andreucci Netto.
Na área econômica, Temer quer Arminio Fraga na Fazenda mas, como este já declinou do convite, um Marcos Lisboa faria um excelente papel. Se quiser compor com parte do povo de Lula, um Henrique Meirelles também poderia ser uma opção. Haveria ainda dois nomes que poderiam compor a sua base na economia que são Samuel Pessoa e Mansueto de Almeida. Para o Banco Central, Alexandre Schwarzman, Ilan Golfajzn ou Carlos Eduardo de Freitas, poderiam ser alternativas viáveis.
Para o Planejamento, alguém afinado com esse grupo e que entenda que vai assumir o papel maior de gestor eficiente do Orçamento, talvez busque convencer a Joaquim Levy para fazer o excelente trabalho que realizou no primeiro governo Lula, quando foi um brilhante secretário do Tesouro Nacional. Claro que se isto não for possível, Temer, ao reunir os nomes para a área Economica poderá, com eles, dividir funções e atribuições e estabelecer o mesmo desenho que se fez quando da montagem do Plano Real.
Para o Desenvolvimento, talvez Temer chame, na composição política, Armando Monteiro para continuar o trabalho ou resolva trazer Tasso Jereissati para agir como um colaborador seu já que tem notável experiência de gestão pública, é empresário bem sucedido e representa nome expressivo do PSDB.
Para a Justiça seria ousadia demais convidar Sérgio Moro ou Joaquim Barbosa, embora o nome de Aloisio Nunes Ferreira, de São Paulo, possa vir a preencher a vaga. Para Minas e Energia, um bom nome seria do deputado federal José Carlos Aleluia. Para Educação, José Serra. Para a Agricultura, Ronaldo Caiado, Blairo Maggi ou o deputado Osmar Terra, do Rio Grande do Sul.
Para a Saúde, um nome do PMDB, Darcisio Perondi, deputado coordenador da bancada da Saúde, cairia bem. Para a Integração alguém expressivo do Nordeste, da mesma forma que para os Transportes ou, se vingar, para a infra-estrutura, compreendendo Transportes, Comunicações e Minas e Energia, alguém como Tasso que atenderia, também, o critério regional.
Para as Cidades, o atual ministro e o seu partido, poderia continuar comandando a pasta ou a cedendo para o PP que, também poderia indicar o Ministro da Integração e da Ciência e Tecnologia.
No mais, os demais cargos deveriam entrar no rateio da participação partidária mas marcados por figuras que cumpram o critério de credibilidade, liderança, competência técnica, resolutibilidade e contribuam para a garantia da sustentação parlamentar, tão necessária para o início e sucesso da transição.
É claro que são apenas especulações, mas os possíveis nomes devem atender os critérios anteriormente mencionados além de demonstrar desprendimento e, também, envolvimento e compromisso republicano com vistas ao enfrentamento dos graves problemas nacionais.
Fundamental é concluir que Temer já dispõe de um núcleo duro de extrema lealdade, além de auxiliares que já estão, faz tempo, no seu entorno. Na verdade ao agregarem-se figuras como Elizeu Padilha, Moreira Franco, Henrique Eduardo Alves, Romero Jucá, entre outros, Temer bastará indicar um grupo competente e respeitável para a área econômica e o resto será mera composição político-partidária.
E, com certeza, indicados, prioritáriamente, os componentes da área econômica, reestabelece-se a confiança e o país começará a respirar ares mais leves e limpos.
Postado em 14 abr, 2016 Deixe um comentário
Não será a revolução dos cravos vermelhos, no famoso 25 de abril português mas o 17 de Abril verde e amarelo, abrindo as perspectivas de que um novo tempo estará surgindo para o País. Por isso, antes de pensar naqueles que irão ocupar posições chaves no poder, fundamental será antecipar o que seria uma agenda mínima destinada a estabelecer a descompressão do ambiente, o retorno à convivência democrática dos contrários e o estabelecimento de alguns objetivos a serem buscados.
Em primeiro lugar, seria de bom alvitre definir um conjunto de ações de fundamental e caracterizada urgência para que se estabeleça um ambiente capaz de abrigar as condicionantes essenciais para a que a economia possa, aos poucos, retomar o seu dinamismo. E tais ações começam por uma definição de critérios relacionados às medidas que deverão ser buscadas. Uma delas é, de princípio, estabelecer uma política de trade-off, ou seja, de um sistema de trocas, na base, se por exemplo, vai se atender a solução de um problema que beneficia um grupo, define-se, com o mesmo, qual sacrifício que ele poderia assumir, como contrapartida de colaboração com o reequilibro das contas públicas, no caso de atendida tal reivindicação.
A título de exemplo se se vai rever os encargos, condições e prazos das dívidas de estados e municípios, não a fazendo os reajustes com base em juros compostos brutos mas, talvez. a base de juros simples, necessariamente este enorme desafogo aos estados e municípios só deveria ser concedido acertando, com os mesmos, uma mini-reforma do ICMS, simplificando a legislação, unificando alíquotas, estabelecendo que a cobrança do imposto seria onde ele é consumido e não onde o bem é produzido e acabando com a guerra fiscal, embora, em troca, também, fazendo operar o fundo de compensação para as perdas com a transição e um fundo de desenvolvimento para atender às diferenças e os desequilíbrios regionais.
Apaziguado os ânimos e agregado o apoio dos governadores e prefeitos, ao mesmo tempo que se ataca um dos principais problemas relacionados à questão fiscal do País, vai-se promovendo os ajustes necessários à superação da desorganização das contas públicas da federação, como um todo. Ao mesmo tempo que tal medida é tomada, o estabelecimento de critérios para o teto dos gastos públicos e do ritmo e expansão dos referidos dispêndios, é matéria de urgência urgentíssima.
Assim, a expansão do gasto público nunca poderá ser superior à expansão do PIB — dever-se-ia estabelecer, por exemplo, que o gasto público não poderia ser superior a 2/3 do incremento anual do PIB! –, obedecido, também, o critério de que se permitiria um deficit fiscal zero para este ano e um superavit fiscal crescente, a partir de 2017 –isto completaria parte do esforço fiscal de ajuste requerido pelo País.
Adicionalmente, fundamental seria estabelecer que ficariam suspensas até 2018, as vinculações de receitas, tanto a nível federal, estadual e municipal, como forma e meio de garantir os graus de liberdade à concepção da melhor forma de reorganização das contas publicas, como um todo.
Para simbolizar a busca de um processo de redução do tamanho do estado, uma atitude inicial seria reduzir, à metade, o número de ministérios e, também na mesma dimensão, os cargos de confiança na administração pública federal. Num primeiro momento, para impactar e criar um clima de “agora vai”, o corte deveria ser linear e, com o tempo, os ajustes e adequações seriam processadas para atender as prioridades da sociedade.
Para atender a um estímulo especial para a retomada da economia, o processo de aceleração das concessões, o facilitar as privatizações e medidas destinadas a melhorar o ambiente económico, como, por exemplo, urgenciar o marco regulatório da exploração mineral, seriam medidas fundamentais para estimular os novos investimentos, tanto nacionais como internacionais.
Uma outra medida de alcance objetivo mas, também, simbólico, seria a recriação do Programa Nacional de Desburocratização, na forma de um ministério extraordinário, objetivando reduzir o tamanho do estado, diminuir o emaranhado de leis, normas, regulamentos além de extinção de órgãos, conselhos e agências desnecessárias, seria providencia bem vista pela população e mostraria a busca permanente do governo em simplificar a vida do cidadão.
No que diz respeito a Previdência, uma das primeiras providências seria separar, de vez, gastos com assistência social dos compromissos com a Previdência. Os primeiros ficariam a cargo do Orçamento da União e, com isto, começaria a equilibrar as contas previdenciárias. Nesse sentido, igualar os termos e tempos da aposentadoria de homens e mulheres — 60 e 35 anos para ambos! — além de rever as aposentadorias e regimes especiais previdenciários, ajudaria a minimizar o déficit anual e corrigir injustiças que vem sendo perpretadas, de há muito.
Uma outra questão a ser estabelecida como regra é a de que, o reajuste de pensões e aposentadorias, não pode ser mais igual ao reajuste que se faz para o pessoal em atividade. Na verdade, a reposição da inflação deve ser obrigatória mas incorporar ganhos reais aos reajustes de pensões e aposentadorias, só poderia ocorrer se forem em percentuais derivados de uma expansão acima de um determinado limite do PIB per capita.
Na área trabalhista, antes de uma reforma de monta e de discussão de questões como o fim do chamado imposto sindical, seria de bom alvitre seguir a idéia do atual Presidente do TST que acha que a negociação salarial entre patrões e empregados deveria se colocar acima da lei atual que rege a matéria, pelo menos em tempos de crise como agora.
Um reexame crítico de todas as obras de governo, notadamente aquelas nas áreas de saúde, educação, saneamento básico e segurança, permitiria estabelecer cronogramas mais rígidos e sérios, capaz de fazer reduzir os níveis de corrupção derivados de ajustes e reajustes sempre buscados nas obras públicas.
Finalmente, buscar critérios rígidos de resolutibilidade dos gestores, da mesma forma que começar a desaparelhar o estado e reestabelecendo um mínimo de critério de merito, seriam medidas adicionais para melhorar a credibilidade do governo.
Postado em 13 abr, 2016 Deixe um comentário
A tormenta parece que tende a passar e o país rencontrar-se-consigo mesmo. Claro que ainda faltam difíceis e tumultuadas etapas a serem vencidas mas o sentimento dos que conhecem e sabem avaliar o quadro bem como o dos que tem a ciência de antever desdobramentos possíveis de situações como as que ora vive o Brasil, é a de que o desenlace está próximo e as perspectivas são de que, de fato, abrir-se-à um novo tempo para os brasileiros.
As últimas decisões partidárias do PP e do PRB e, a manifestação do atual Presidente do PMDB, que decidiu que iria conversar com o Lider do PMDB na Câmara, Deputado Leonardo Picciani, propondo que a legenda vote uníssona a favor do impedimento da Presidente Dilma, no próximo Domingo, dia 17, representam mudanças significativas no balanço dos votos pró-impedimento da Presidente e uma alteração substancial no número dos chamados indecisos!
Ademais, conforme antecipado por alguns analistas, as incursões de Lula, na tentativa de dobrar opiniões e alterar opções de votos, mesmo com os estímulos dos governistas, tendentes a serem mui convincentes, para os parlamentares, em ano eleitoral, parecem que não vingaram!
Assim, embora as tensões se mantenham elevadas e o clima ainda se mostr extremamente pesado onde, presume-se, confrontos ainda irão se verificar, o que se espera é que a marcha inexorável dos acontecimentos levará a um desenlace do imbróglio, já no próximo dia 17 de abril.
Em assim ocorrendo, seria extremamente ingénuo admitir-se que conversações e movimentações em torno do que pode surgir no “day after” não começassem já a se desenhar. Os vários protagonistas da cena já começam a pensar no que virá depois pois a nação anda ansiosa e sedenta de que seus líderes apontem um rumo que lhe diminua a angústia e a desesperança.
Assim, o cenário que se desenha e que se anseia, será um tempo de plantar e de construir, sem excessos, sem ilusões e sem otimismos inconsequentes. Será um tempo em que se buscará a concórdia, o entendimento e a conciliação, movimentos que deverão ser marcados pela temperança e pelo compromisso de que o País e os seus destinos são maiores do que as vaidades e os projetos pessoais de passageiros líderes políticos.
Dizem que Temer, ao fazer um apelo à conciliação, ao entendimento e aos compromissos republicanos, estaria se antecipando e sinalizando que, sendo o IMPEACHMENT “favas contadas” e, ele, sendo o herdeiro natural do espólio, inopinada, inadvertida e inoportunamente, estaria colocando “o carro adiante dos bois” e, já estaria falando como presidente, em substituição a Dilma.
Mesmo para quem considere uma gafe ou um ato falho, o chamado episódio do vídeo gravado por Temer que vazou, inadvertidamente ou, propositadamente foi distribuído entre os votantes por aliados de Temer, com reflexões nesse jaez, em nada isto seria relevante para sociedade brasileira porquanto, dada a urgência dos problemas e das dificuldades e a necessidade de estabelecer um pacto de entendimento para a garantia de governabilidade, é fundamental dispor de uma agenda mínima, de nomes e homens e de um intinerário para atender, ao mínimo, as expectativas de cidadãos que esperaram tanto para que um novo tempo possa chegar.
Na verdade, o que os brasileiros querem saber é o que deve acontecer no chamado “day after”, quando se definirão os novos rumos e a nova agenda para o País. E essa agenda terá mais confiabilidade e provocará uma mudança no “mood” dos brasileiros, na proporção em que, de maneira honesta e objetiva, mostre os caminhos para o enfrentamento dos urgentes problemas e desafios da mesma forma que venha respaldada em nomes e homens que confirmem as expectativas de que as coisas andarão no caminho certo.
Objetivamente, o que se pode esperar do novo governo? Que comece o trabalho de correção de rumos, de adoção de adequados ajustes e de medidas para aquietar o país e para estancar o drama de incertezas que domina o ambiente econômico e que, como o próprio processo de afastamento de Dilma vem demonstrando, o que se plantou de bases institucionais do estado de direito nos últimos trinta anos, tem-se nesses entreveros, mostrado-se sólido, confiável e duradouro.
Ê isto que os brasileiros esperam ao fim desse tormentoso pesadelo.
O cenarista, mesmo à distância, ousará sugerir uma agenda mínima que se espera que “o day after” venha a estabelecer. E, se possível, logo após tal exercício, um mais complexo, qual seja, um quadro dos nomes e de cidadãos que poderão ajudar a Michel a atravessar esse período de início de caminhada!
Postado em 12 abr, 2016 Deixe um comentário
Os jornais às vezes mencionam o Brasil como um país dividido, diante do dramático quadro político que experimenta! Isto não expressa, de maneira fidedigna, a verdade que prevalece. Isto porque, em passado recente, era possível falar em uma nação dividida quando das últimas eleições presidenciais. Naquela oportunidade a nação estava, realmente, dividida meio a meio, ou seja, metade a favor e metade contra.
Hoje a situação é bem distinta pois que, de um lado situa-se uma grande maioria insatisfeita e indignada e, de outro, uma minoria pouco expressiva e extremamente barulhenta.
E, se o barulho dos que não teimam em “largar o osso” já era grande, com o provável desfecho do “julgamento” da Comissão do Impeachment da Câmara, hoje, a tendência será ampliar-se, deveras, as reações, mobilizações e ações de protesto dos governistas contra tal manifestação. E, diante da aceitação dos que apoiam Dilma, de que, na Comissão, a derrota é iminente, o foco de atuação dos mesmos se dirige para o Plenário onde a ação de Lula, segundo acusa a Oposição, “comprando” parlamentares, tem promovido , nos que rejeitam a Presidente e o PT, um certo temor de que a coisa possa ser revertida. Ou seja que Dilma consiga atravessar o seu Rubicão e, continuar no Poder. E, se tal ocorrer, o cadáver insepulto da Presidente, continuará a dar espaço, margem e estímulo a instabilidade, a insegurança, a incerteza e o sem rumo do País. A manutenção de Dilma é o impasse, a impossibilidade de entendimento e de conciliação e a total desorganização da vida pública nacional!
Dilma buscará, embora sem qualquer chance de êxito, ser uma espécie de El Cid, O Campeador, porém, sem história, sem mensagem e sem futuro, cavalgando o seu animal — ode El Cid, era o fiel e talentoso Babieca e o de Dilma, Lula! — diante de adversários perplexos e desencantados, sentindo-se mergulhados no mais profundo pessimismo! É isto que muitos temem porque o que restará depois dessa tempestade, será apenas a ingoverbabilidade e o aprofundamento da crise econômica!
Esse é um cenário pessimista que não estaria escutando e nem repercutindo a voz das ruas. Mas, se tal ocorrer, ficará insustentável, como já parece estar, o ir e vir de parlamentares, de ministros de tribunais superiores, de formadores de opinião a quem o povo atribuirá que suas ações e votos responderam pela sua frustração.
Esqueça-se porém tal desenlace pois que isto tornará o país completa e totalmente vulnerável.
É melhor raciocinar com o cenário provável que seria a votação e aprovação do parecer do relator na Comissão do Impeachment hoje, dia 11 de abril e, no dia 17, no mais tardar, Domingo, a aprovação do afastamento, pelo Plenário da Câmara, da Presidente! Se assim ocorrer, já na próxima semana, por mais que o aliado-mór de Dilma, Renan Calheiros, queira, o rolo compressor das ruas, da opinião publicada e pública, forçará um rito mais abreviado para o seu afastamento.
Ai então o país respirará mais aliviado, o ambiente será menos hostil e menos tenso, o mercado já dará sinais de que a confiança voltou e o novo governo já apresentará uma agenda mínima para começar a dar respostas aos problemas mais urgentes, se não na forma de solução mas, pelo menos, de encaminhamento dos mais graves e urgentes desafios.
Ao assumir Temer, pela sua habilidade e vivência, bem como credibilidade junto a mídia, as elites brancas e o empresariado, buscará construir um pacto de entendimento e de coalizão para uma espécie de reconstrução do País. Dificilmente as diferentes correntes políticas do país deixarão de acorrer ao chamamento porquanto todos estão conscientes de que vale a pena um sacrifício conducente a tempos de paz e de prosperidade, do que continuar sofrendo os sacrifícios ora enfrentados que só tem levado ao aprofundamento da crise e ao desespero pois o desemprego tem aumentado, a quebra de empresas têm crescido, a inadimplência tem expandido e o descrédito externo do País tem sido as marcas maiores do governo!
Se tudo não ocorrer agora, como é aspiração da maioria dos brasileiros, então há que se esperar a decisão do TSE lá para setembro o que não seria a melhor alternativa para o País que continuaria sangrando e se esvaindo e, teria que, diante de recursos e chicanas, aceitar uma escolha, sem qualquer glamour, de um presidente escolhido por eleição indireta.
Deus livre e guarde os brasileiros de mais sofrimento!
Postado em 10 abr, 2016 Deixe um comentário
A indefinição de rumos para o País e a falta de perspectivas para o seu amanhã; o não se saber para onde o país vai e para onde a sociedade vai; o não ter em quem confiar, notadamente em termos de homens, de nomes, de idéias e, agora, até mesmo, em termos de instituições, pois que as atitudes de alguns ministros do Supremo levantam dúvidas e incertezas sobre o que se pode esperar do amanhã, máxime daqueles que são os guardiãos da Constituição, isto promove um quadro de decepção, de frustração, de desencanto e de desilusão!
Os brasileiros acham-se mergulhados no pessimismo, na incerteza e no temor de que , apesar de todas as manifestações e mobilizações feito nas ruas, de todos os protestos, de toda a indignação e, aguardam até que a atitude e a postura internacionais, talvez pudessem ajudar a mudar as perspectivas do País. E o pior que tudo o maior temor é de que nada venha a acontecer!
Por outro lado a ampliação substancial da violência parece representar uma reação da opinião pública diante da total falta de credibilidade da política e, agora, particularmente da polícia. Hoje as forças policiais geram muito mais medo e insegurança do que tranquilidade! É o mais grave é que, embora coubesse a elas garantir a paz e a segurança ao ir e vir dos cidadãos, elas provocam medo e temor.Se isto já estaria gerando as bases para a instabilidade emocional e o clima de tensão que hoje domina a sociedade brasileira, a descrença não só na polícia, mas na justiça e nos homens públicos como um todo, deixa o povo à deriva!
Ou seja, muitos se perguntam, para que serviram ou qual foi o resultado de tanta mobilização, de tanta indignação nas redes sociais e de tanta esperança alimentada de que todo esse esforço promoveria um basta nesse processo de desorganização e desencontro da sociedade brasileira se os guardiãos das leis, da ordem, da segurança e os gestores públicos não merecem qualquer confiança por parte de um cidadão hoje cansado e exausto de tantas manobras, chincanas, desrespeitos a tudo e a todos, que ocorrem a todo o momento?
Hoje, o Brasil chega ao mais profundo de sua crise pois, além de todos os gravíssimos problemas, a sociedade se dividiu, não meio a meio, mas numa luta desigual que ora divide irmãos, separa companheiros e afasta vizinhos, além de desmontar afinidades e destruir afetos!
Nao é esse o Brasil que os brasileiros querem e que tem direito! Mas, pelo esmorecimento que já se nota em muitos e pelo que se vê no balcão de negócios que se intensificou no Congresso, tudo isto conduz a um pessimismo sem igual.
O Executivo, por seu turno, usando o pagamento de emendas parlamentares, entregando cargos e adotando expedientes rasteiros como a ampliação do bolsa família, para comprar o voto e a consciência de deputados, age de maneira triste e vergonhosa! Até o desplante e a completa irresponsabilidade de comprometer, descaradamente, a própria já desmantelada economia, não só propondo uma redução de 10% no preço da gasolina, diante de uma combalida Petrobras, além de acabar com a faixa vermelha de consumo de energia elétrica, quando os reservatórios ainda não estão cheios, é de uma irresponsabilidade cruel!
Se assim age o Executivo, se se mostra o Legislativo sem qualquer pundonor para aceitar o princípio do “fazemos qualquer negócio”, o Supremo conduz os brasileiros aquilo que está escrito na porta do inferno da Divina Comédia de Dante Alighieri: “Lasciate ogni speranza voi que entrate”!
É com total desencanto que o cenarista está a antever o que há por vir! E espera, sinceramente, que o desenlace seja outro. Se Deus é, de fato, brasileiro, está na hora de manifestar a sua presença ajudando aos brasileiros a superar esse triste imbróglio.
Postado em 29 mar, 2016 Deixe um comentário
Por mais que se queira fugir à realidade dos fatos e de seus desdobramentos e consequências, a sua inexorabilidade é, como que, imperativa. O fim de semana, sem que nada de mais e de relevante ocorresse, mostrou como o fermentar de processos em curso, precipitando novas circunstâncias, provocou a aceleração dos acontecimentos e a rapidez como se deteriora a situação política e, particularmente, o poder ora ocupado por Dilma e pelo PT.
E só o singular fato de que as circunstâncias estimulam a certos atores a prestarem declarações inopinadas e inoportunas, tais atitudes vão representando combustível adicional a queimar o quadro de referência do cenário político nacional. Lula ao “incitar” a sua base eleitoral procurando mostrar que a Lava Jato só faz mal ao país, tal atitude agride o bom senso, provoca a magistratura, desmerece o trabalho da polícia federal e desautoriza a própria mídia investigativa.
Dilma, por sua vez, em insistir reiteradas vezes “que não renuncia” parece, pela sua reação, demonstrar uma insatisfação com correligionários seus que devem estar insistin
do na tese de que, para que o ” prejuízo” dela, de Lula e do PT não venha a ser muito maior, o melhor caminho seria uma renúncia negociada. E isto ficou muito claro diante da entrevista de ontem do Ministro Mercadante onde, de modo e forma direta, declarou que esperava que o “novo governo não poderia descuidar” de determinadas questões.
Talvez a teimosia em não buscar uma solução conciliatória para crise decorra de algum fato que os fazem acreditar, pelo menos a alguns petistas que, a cartada dada, com o apoio da Odebretch, tentando mostrar que a corrupção é muito mais do sistema político-eleitoreiro do que da empreiteira ou das empreiteiras, seria uma notícia destinada a desestruturar, descredenciar e, arregimentar toda a classe política contra, o seu possível algoz, no caso, a Operação Lava Jato.
Porém, mais rápido do que o esperado, o Juiz Sérgio Moro, talentosa e oportunamente, encaminha as listas recebidas da Odebretch ao Supremo solicitando, aquela Corte Suprema que, considerando o foro privilegiado dos autores, procure identificar os casos onde a contribuição foi legal ou ilegal e onde poderia haver indícios de que o dinheiro seria oriundo do propinoduto.
Ou seja, devolveu a batata quente ao Supremo e, com isto, não permitiu que tal atitude viesse a propiciar um desviar de foco das investigações. Moro, com tal atitude e, pelas suas manifestações, ainda demonstrou um respeito e apreço pela classe política dizendo que muitas das contribuições ali registradas seriam de campanha, legais e lícitas, o que as retiraria de qualquer investigação pela Lava Jato.
E, na marcha célere da precipitação dos acontecimento, o Ministro Henrique Eduardo Alves abriu o pelotão dos peemedebistas que, jogando com Temer e, com o amanhã, seu e do País, pediu o boné do cargo, justificando-se “face os 46 anos de partido e sua estreita amizade com Temer”! E isto abre um amplo e largo caminho para outros abandonos estratégicos. E, hoje, de forma unânime, o PMDB desembarcou do poder, dando um prazo, aos ministros, de 12 dias adicionais, para arrumar as gavetas” e abandonar o barco.
Na quarta-feira próxima o PP, que já tem a maioria favorável ao impeachment, segue a decisão do PMDB. E, o PSD do Ministro Gilberto Kassab, decidiu liberar a sua bancada a votar como “a sua consciência determinar”, quando da decisão sobre o impeachment. E, na quinta-feira, a Comissão do Impeachment da Câmara dos Deputados, vota o relatório sobre o impedimento de Dilma que, com certeza, será favorável ao afastamento da Presidente!
Assim, nada mais há a fazer a não ser esperar os acontecimentos e, no máximo, o dia 177 de abril quando, representantes e representados darão o veredicto final e terminarão a lenta e quase interminável agonia vivida pelo Brasil. E aí começará, talvez um novo tempo pois, com a queda do atual governo, o novo Presidente sinalizará para o País e para os agentes econômicos que algumas medidas serão tomadas para recuperar a credibilidade das instituições e a confiança no governo.
Medidas relacionadas ao corte de gastos, ao estabelecimento de teto para o limite e a expansão das despesas públicas; uma mini-reforma da Previdência, cujas bases poderão ser aquelas proposta pelo próprio governo; ajustes e mudanças na legislação trabalhista para adequá-la aos novos tempos; simplificação, facilitação e desburocratização dos editais de licitação de concessões de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, metrôs, vlt’s, etc; melhoria do ambiente econômico para investidores, quer internos quanto externos e privatização de bens e serviços públicos, seriam algumas das medidas esperadas pela população capazes de recriar a esperança e a confiança em dias melhores.
É fundamental que o novo governo acene com possíveis mudanças na área político-eleitoral, reeditando a cláusula de barreira, para reduzir essa irresponsável proliferação de partidos; o fim do suplente de senador e da reeleição para cargos majoritários, aumentando os mandatos para 6 anos; financiamento público de campanha; voto distrital misto e fim do horário gratuito de TV.
É claro que não são reformas simples de operar mas, dado o quadro em que se vive e o que espera o Brasil nos próximos meses p, aguarda-se de quem assuma o poder, que tais providências serão tomadas, pois caso tal não ocorra não se sabe o tamanho do buraco que se abrirá mais à frente. E, Temer, pela habilidade, pela experiência e pela competência negocial, saberá compor um governo de coalizão capaz de fazer valer um Pacto pelo Brasil.
Alias, parece que, diante da saída do prefeito de Osasco (SP) do PT e o discurso quase de despedida do Ministro Mercadante, parece que o fim está próximo.
E, citando Caio Júlio César: Alia Jacta Est!
Postado em 25 mar, 2016 Deixe um comentário
A divulgação das doações da Odebretch, para fins eleitorais ou não; a delação prometida dos executivos da maior empreiteira do País; os desentendimentos entre membros do Supremo e os responsáveis pela Lava Jato; os aguardados resultados da reunião do Diretório Nacional do PMDB; o fim das sessões da Comissão que analisa o processo de IMPEACHMENT de Dilma na Câmara e outras delações como a de Monica Moura, mulher do publicitário de Dilma, João Santana, são os ingredientes que tornarão, os próximos dias, dramáticos e definitivos em termos de rumos do País!
Ou seja, ou o governo será bem sucedidos nas tratativas de desmoralizar a operação da Lava Jato dentro da idéia de que “se todos os políticos e empreiteiros estão envolvidos, então ninguém está envolvido e, o melhor que se faz, para superar a crise institucional, é garantir uma espécie de anistia ampla, geral e irrestrita e, daqui para frente, tudo seria diferente”! Ou a hipótese, talvez a mais provável, seria que, com o fim da sustentação parlamentar, o que ocorrerá com a saída do PMDB, Prb, Psb, Solidariedade, psd, etc, já na próxima semana, gerará a ingovernabilidade, aliás, processo já em marcha acelerada!
Na verdade, já é visível, não só pela total perda de credibilidade e confiança da Presidente, por parte dos agentes políticos e econômicos, bem como pela enxurrada de pedidos de afastamento ou de seu IMPEACHMENT ou de sua cassação, pelo TSE, explicitados por várias entidades da sociedade civil como, até mesmo da midia internacional.
Ou, em outras palavras, nos próximos dias ocorrerá o ponto de inflexão na história política desse país onde os nós se desatarão, espera-se que pela via democrática, sem confrontos e sem abalos na ordem constituída, e, estabelecer-á o Pacto Nacional que não será igual ou parecido com o de Moncloa mas também não será apequenado como um tipo Pacto de Murici. Para tanto as condições de apoio internacional já estão criadas, diante de manifestações como as do The Economist, além da adesão popular interna que, ao contrário do que pensam os governistas, está exausta diant e dos erros, das diatribes e dos escândalos a pipocar a toda hora.
E os apoios vem da área econômica — vide explícita manifestação da Fiesp pró-IMPEACHMENT –, da sociedade civil — a segunda proposta da OAB à Câmara, a favor do IMPEACHMENT — além das manifestações populares que, a cada dia ficam mais e mais agressivas e violentas o que, como demonstrado pelas pesquisas de opinião pública, encontram amplo respaldo popular pois a rejeição a Dilma, ao governo, a Lula e ao Pt, é grande e crescente!
Parece que não há mais como postergar a solução do impasse institucional e, o não envolvimento político das Forças Armadas, a ausência de ação internacional como no passado e, a não aceitação de encaminhamento da questão através de conflitos campais de grupos pró e contra o status quo, permitem antecipar, desde que o Supremo Tribunal Federal não provoque um processo de conflito entre o que é vontade soberana da sociedade e interpretações preciosistas do texto da lei e da Constituição, como bem explicitou a Ministra Carmen Lúcia, que o desenlace pode ocorrer na próxima semana!
Talvez, a sexta-feira da paixão e morte de Cristo, sirva para uma reflexão de que, em não havendo outros caminhos, a renúncia negociada da Presidente, já que, agora, não haveria mais espaço para uma saída dramática do tipo “saio da vida para entrar na história” , permitiria ser feita acertando uma transição menos ruidosa e menos conflituosa, negociada, em que as perdas seriam minimizadas!
Quem sabe não ē isto que venha a ocorrer no final da semana santa!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!