ATÉ QUANDO O PAÍS VAI CONTINUAR SANGRANDO?

É duro ao cidadão crente e de boa-fé assistir, relativamente impotente, o país sangrar sem que se vislumbre, de imediato, um gesto, uma atitude ou um evento possível que pare, que estanque e que faça cessar todo esse quadro de sofrimento, de desesperança e de desgaste por que passam os brasileiros.

As soluções para o enfrentamento da crise, dependem de ritos, de trâmites e de manobras regimentais ou de chicanas que  manipulam prazos e resultados capazes de prolongar o drama. E, tal fato, só tem tendido a gerar o aprofundamento da desestruturação das bases da economia com suas deletérias implicações no quadro social.

Mesmo com esse ritmo que, de um certo modo, provoca e aumenta a angústia dos brasileiros, considerado deveras lento diante de uma situação que se agrava continuamente,  os fatos, a cada dia,  agravam mais e mais a situação, ampliando as insatisfações e promovendo manifestações de repúdio a um governo que já não governa e não é capaz de fazer qualquer gesto que gere alguma esperança. Assim, a cada lance que caracteriza uma derrota e frustração para Lula e para os próceres do Governo, vai encurralando o governo Dilma, o próprio Lula e o pt. As decisões de ministros do Supremo, denegando “habeas corpus” ou não acolhendo recursos impetrados pelo governo contra decisões do Ministro Gilmar Mendes, por exemplo,  notadamente aquelas relacionadas ao processo de impedimento de posse de Lula como ministro de Dilma, agravam mais e mais a situação.

Ademais, novas revelações de outra fase da operação Lava Jato, criam problemas adicionais ao núcleo de poder comandado pelo Pt. E, assusta mais a Lula, Dilma e o Pt,  o fato de que agora, na estratégia da operação Lava Jato, na sua nova etapa, ela parte para ouvir os segundo e terceiro escalões da Odebretch onde, ao que parece, as informações são muito mais ricas e comprometedoras em termos de recebedores e de participantes do propinoduto. Também, o início de averiguações internacionais, já começando por Portugal, onde o grande amigo de Lula, o ex-primeiro ministro Sócrates, continua preso por acusações de corrupção, pode revelar novos  problemas e enriquecer  o manancial de dados desse “tsunami” de revisão ética do País.

Como se não bastasse essa enxurrada de más notícias para Lula e companhia, o processo de “impeachment” marcha célere e, segundo avaliações preliminares, já hoje — dia 22 de março  — a Oposição já diz contar com mais de 40 votos na Comissão que analisa o pedido e, segundo conhecedores da Casa, Dilma já teria assegurada a sua cassação no próprio Plenário. Junte-se a isso dois dados adicionais quais sejam, o PMDB já se definiu em termos de desembarque do governo, o que pode ocorrer a qualquer momento e, as pesquisas de opinião pública, mostrando que 70% dos brasileiros classificam o governo como ruim e péssimo.  Finalmente, 750 juízes se reúnem para manifestarem  apoio a Sergio Moro além da OAB Nacional  ter anunciado que apoia o pedido de impeachment de Dilma e a sua consequente saída do governo.

Finalmente, o discurso de Dilma dizendo, enfaticamente, que não “renuncia de jeito nenhum”,  parece aquelas declarações da diretoria de clube de futebol dizendo que o técnico  “continua altamente prestigiado”, mesmo quando os resultados do clube insatisfazem a torcida. Mas, o qe normalmente ocorre é que, logo no dia seguinte, o técnico ou renuncia ou é demitido, de forma sumária!

Parece que o “timing” de Dilma, do PT e do próprio Lula, “de optar por não aceitar a idéia de que seria mais válido e vantajoso  perder os anéis ao invés de perder os dedos”, chega ao seu final melancólico. Por erro estratégico e por não fazer uma leitura adequada dos dados e das circunstâncias, parece que foi vencido e, agora, a não ser através de algum gesto dramático, por parte de Dilma ou de Lula, eles  poderão minimizar o prejuízo e  não perder ou jogar todo o “patrimônio” político no lixo!

Alguns analistas admitem que  ainda há tempo, para Lula e os petistas, buscar uma saída honrosa através de um acordao que adie os problemas maiores que se antevê para o próprio Lula e o PT! Alguns acham que passou do ponto. Vivem Lula e o PT o crepúsculo outonal de sua carreira artística e parece que o pior virá!

 

POLITICA E POLÍTICOS: EXECRADOS, MAS FUNDAMENTAIS!

Nunca uma categoria profissional — será que assim se pode qualificar? — foi tão agredida, xingada e tratada com total e completo  desprezo e desrespeito pela sociedade como um todo como a classe política! É impressionante a dimensão da rejeição, da restrição e da total falta de respeito a ela. Ela é, na verdade,  a Geni da cena brasileira.

Mas, para conforto dos brasileiros, não é só por estas plagas. É no mundo todo que se atribui aos políticos a responsabilidade por todos os erros, os equívocos      e todos os males enfrentados pelo povo. O político é visto em todas as plagas como esperto, aproveitador, oportunísta e ladrão.

Nao  há classe , nem grupo e nem  categoria profissional que se coloque pior no “ranking” de credibilidade junto à sociedade civil quanto  os políticos. Se isto não bastasse, por incrível que pareça, no caso brasileiro, mesmo que dele se cobre tanto, não detém qualquer soma de poder!  Se se fala na iniciativa de produzir leis, onde se situa seu papel maior, do total de diplomas legais exarados, anualmente, no País, não chega a 4% a participação  do Parlamento, cabendo ao Executivo,  a quase totalidade das leis criadas e produzidas pelo País! Representa muito mais, o Parlamento, um poder homologatório  do que um poder  decisório!

Despojado de poder, pela presença asfixiante do Executivo, o Legislativo, perde-se, muitas vezes,  no amesquinhamento  de atitudes quanto às suas remunerações, privilégios, vantagens e mordomias e se revela uma espécie de poder menor. E, lamentavelmente, hoje encontra a sua praia favorita, num execrável varejo de interesse menores. Por exemplo agora, além de seus pecados e vícios, sem saber e sem poder se impor, assiste o seu momento, talvez, de maior de descrédito pois que, o Judiciário, buscando um protagonismo desnecessário ou movido por outras razões que não se sabe quais, resolveu invadir as  competências da Câmara e do Senado! Assim, a classe política vive os seus dias  piores e de maior descrédito!

Embora mesmo assim esvaziado, desmoralizado e desprestigiado, nas democracias , ainda é o exercício da política onde se vocaliza as queixas, demandas e sonhos do povo  e ainda é o fórum privilegiado da cidadania! E é lá que, em momentos de crise como agora, a sociedade recorre para intentar buscar alternativas para o equacionamento dos problemas e o enfrentamento dos impasses e desafios, como por exemplo,  aqueles ora experimentados pelo Brasil!

Mais que isto! Soluções negociadas e pacíficas, sem que se recorra a violência, só são possíveis quando intentadas no campo privilegiado do espaço político!  Porque a política,  representa, ao mesmo tempo, uma ciência  e  uma arte pois o que requer de elaboração de cenários, de conhecimento da condição humana, de competência no esgrimir ideias, no jogo de estratégias, no talento de transigir, de ceder, de compor  e de saber esperar para agir, garante-lhe  um invejável instrumental para que as sociedades resolvam conflitos, superem impasses e vença dificuldades que se antepõem sobre a sua caminhada.

E, por que não  se valoriza o seu papel e a sua relevância? Porque faltam homens e idéias, faltam propostas, faltam a ética do compromisso e da responsabilidade além de um profundo respeito aos valores republicanos e democráticos.

Mesmo que, nos dias que correm, o resgate da credibilidade e do respeito à classe político encontre enormes dificuldades para ocorrer, é fundamental que se estabeleça um processo de recuperação da imagem da atividade porquanto a sociedade precisa da sua mediação diante dos inúmeros conflitos de interesses e diante das enormes opções a serem eleitas com vistas a atender os valores, desafios e propósitos da sociedade.

Agora mesmo, no caso brasileiro, o País encontra-se diante de um impasse em face das limitações que enfrentam as instituições para buscar a superação do caos administrativo e gerencial do Executivo Federal, a única saída ou o único caminho que se pode buscar é através da atividade política.

 

QUANTO MAIS MEXE, MAIS FEDE!

As manifestações de rua, pacíficas, sem ódios e nem ressentimentos e sem que grupos, pessoas ou partidos tentassem se aproveitar das circunstâncias, foi uma das mais grandiosas explicitações de espírito cívico, republicano e democrático dos brasileiros! Foi uma festa bela onde o que se via era algo como dizia o poeta português José Regio: “Não sei para onde vou; não sei por onde vou; só sei que vai vou por aí!” O povo apenas disse que o que aí está aí não  era o que ele queria e esperava e, por esse caminho, ele não irá e não vai querer seguir por esses caminhos e esses rumos.

Ali o povo disse que os políticos não falam nada e não expressam o que ele, povo, quer e precisa! Ali as pessoas mostraram que o governo frustrou seus sonhos e esperanças. Ali a massa disse que não temos líderes, não temos projetos e não temos caminhos. Ali o povo demonstrou que Lula foi o maior blefe da história do País e que a sigla Pt negou tudo aquilo que tentou construir de conceito é de respeito por parte da população.

Esta semana será marcada por fatos e circunstâncias que deverão acelerar o processo de deterioração do poder instalado. Quarta-feira o Supremo define o rito do processo de impeachment e, com isto, destrava os trabalhos não apenas na Câmara como também no Senado, hoje marcados pela obstrução de suas votações.

Por outro lado para complicar ainda mais a vida de Dilma, do PT e de Lula, vira a público a delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, ex-presidente do Pp, além da ameaça de Monica Moura, a mulher do marqueteiro de Dilma, João Santana que, pelo temperamento, pode vir a ser uma tempestade. E ainda é aguardado o desfecho do processo em que os procuradores pedem a prisão de Lula que foi enviado pela juíza de São Paulo ao Juiz Sérgio Moro. Se não bastasse, ainda na agulha está una possível delação premiada do homem forte da Odebretch, o Presidente Marcelo Odebretch!

Por último, Dilma e o Pt lançam, nesta semana, a sua última tábua de salvação para vencer os enormes e, diga-se de passagem, quase insuperáveis desafios e problemas nacionais. Dilma e os petistas apostam todas as suas fichas no presumido salvador da pátria, no caso Lula, hoje jogado no canto do ringue e já levado  “as cordas” por denúncias as mais variadas e as mais cabeludas. Ele será convidado para o ministério, para ser uma espécie de primeiro-ministro, com plenos poderes não se sabe para que.

Na verdade, as expectativas de Dilma, de assessores mais diretos e do próprio PT, é que Lula, o super herói petista, cumpra três objetivos.  Quais sejam, por ordem na base parlamentar, unir o PT e mobilizar os movimentos sociais, tudo objetivando a recuperação da economia e a promoção da necessária articulação política para fugir, não só ao seu próprio pedido de prisão,já nas mãos do juiz Sérgio Moro, bem como conseguir impedir o andamento mais acelerado do processo de impeachment da Presidente.

Na verdade, para a Oposição e para a asmaior parte da mídia, Lula, ao assumir um cargo ministerial, estaria apenas se protegendo de ações inopinadas da justiça comum, abrigando -se sob o manto do chamado foro privilegiado e, portanto, conseguindo transferir o seu ou os seus processos para o Supremo Tribunal Federal, fugindo, assim, da ação implacável e bastante séria do Juiz Sérgio Moro.

Muitos temem que,com carta branca para agir como primeiro ministro, Lula, fará qualquer coisa para salvar a própria pele e garantir sobrevida ao Pt. E isto pode envolver loucuras como queimar reservas, distribuir bebesses para comprar apoios parlamentares, impedir qualquer reforma institucional e apenas promover uma política populista que só irá aprofundar a crise e venezuelizar o País.

Será que a classe política, as organizações da sociedade civil, a igreja católica, a mídia, enfim, a maioria da sociedade que foi às ruas no último dia 13, conformar-se-à com as possíveis diatribes de alguém que hoje, sem querer criar uma analogia injusta, seria uma outra versão “Eduardo Cunha”  do cenário político nacional?

Não se pode acreditar que Lula venha a agir sem freios e sem restrições sendo capazes de criar elementos adicionais para o aprofundamento da crise que não encontra elementos, até agora, para ser suavizada.

Diante desse quadro que, para ser honesto na análise, o cenarista acha que as coisas chegaram a um ponto onde “quanto mais o governo mexe já que não se mexe, mais a coisa fede”. É portanto, remendos, parlamentarismo mesclado, projeto de conciliação nacional com Dilma e Lula à frente, além de não serem soluções viáveis e cabiveis para o momento, não contariam com o apoio da sociedade. Aliás, parece que não dar mais para agir acreditando que o  “povo é massa falida” e as elites o levarão para onde quiserem.

Sem construir caminhos de esperança e sem pavimentar espaços de confiança e respeito, ninguém conseguirá pacificar o país e levá-lo a um porto seguro!

PS: Acaba de ser homologada pelo Ministro Teori Zavaski a delação premiada do Senador Delcidio do Amaral. Aí a coisa vai feder muito mais do que está!

 

O QUE VIRÁ COM AS ÁGUAS DE MARÇO?

“São as águas de março fechando o verão. É promessa de vida no meu coração”! Será que os novos dados das investigações, as acusações adicionais a Lula, a forma atabalhoada como reagem Lula e a Presidente às acusações ou insinuações  e, o aprofundar da crise econômica, nao gerariam a ambiência necessária para que  se conseguisse uma solução negociada para superar a crise, diante de uma reivindicação tão exigida pelo País?

Bom, se isto não for de imediato possível, diante da indecisão e do oportunismo do PMDB, aliado as circunstâncias trazidas pelas ruas, é bem provável que, como antecipou o pai do Deputado Leonardo Picciani, Deputado Estadual e Presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, os dois eventos não só definirão os contornos da solução do que se quer buscar e de que a nação precisa tanto, como tal deverá ocorrer em prazo bem inferior aos noventa dias anunciados pelo deputado.

Diante da atitude meio indefinida  do Pmdb, os partidos de Oposição como o Dem,  o Psdb, o Solidarirdade, a Rede, o Psb e, já e já!  outros partidos menos votado anunciarão o abandono do barco e a caracterização da total acefalia do poder, a nível do Governo Federal. O Comando da economia não conta mais com o até bem pouco fiel e leal Nelson Barbosa. Os ministros do PMDB, durante a Convenção partidária, instados pelo ex- ministro Geddel Vieira Lima a manifestar o seu apoio e solidariedade a Presidente, mudo entraram, mudo ficaram e mudo saíram.

Hoje as ruas, mostrando-se mais indignadas com a classe política e com o último gesto do maior partido, o PMDB,  de não se definir por nada a não ser dizer que não é a favor do desgoverno que aí está, num oceano de amarelo misturados os tons de verde e de azul, dirá, como à época da consulta de Collor, que cansou, que exauriu suas forças e que seus sonhos foram desmontados e suas esperanças dissipadas  e, diante de tal descalabro, vem exigir um basta em toda essa ópera bufa.

Se um novo dia não surgir hoje, amanhã ou depois,  a capacidade de reação do governo de permanecer no controle da situação é quase nula e a chance de se construir qualquer saída em torno de Dilma parece ser zero. Os “ensaios” demonstrados por gestos, palavras e atitudes de protagonistas do quilate de Michel Temer são de que, até o discurso de posse do possível sucessor, no caso Michel,  já estaria pronto e os nomes dos principais ministros a assumir o governo já estariam pensados e, é bem provável, que até sondados já foram.

As medidas a la Macri já estão desenhadas além da reforma parcial da previdência, o acordo com o Tst para que as negociações entre trabalhadores e patrões sejam aceitas em substituição da própria lei; a aceleração, com as simplificações exigidas, das licitações de concessões de exploração da infra estrutura, além da melhoria do ambiente econômico para o ingresso de capitais de todas as origens, já estaria estabelecida através de algumas medidas já conhecida pelos economistas e empresários, além de sugestões relacionadas a estancar o processo de deterioração na situação do setor manufatureiro nacional.

Tudo isto e mais alguma coisa já estaria acertado, concebido, afinado e pronto para ser implementado e, se hoje nas ruas, o prometido por Lula, o exército de Stedile resolver colocar as suas unhas de fora, a mobilização das forças armadas ocorrerá como por encanto, e por acaso, como se nunca tivesse sido pensado mas, diga-se de passagem, muitas vezes até teriam advertido o Pt e os movimentos sociais dos erros ou equívocos que pretendessem adotar. Ou não estaria pronto?

Mas, parece que, graças a Deus, as manifestações estariam ocorrendo de forma pacífica em vários pontos do País,  mostrando que a nação mostra não apenas o seu amadurecimento institucional e o povo, mesmo sofrido, recupera as suas forças e restabelece a confiança de que as coisas poderão ser mudadas e criarem chances de um novo tempo para o está grand nação!

Quem não apostaria na volta de um Serra para a Saúde, um Arminio Fraga para a Fazenda, Meirelles para o Banco Central, Tasso para o Desenvolvimento Econômico, Joaquim Barbosa para a Justiça, um Romero Jucá para a Casa Civil, além de nomes outros capazes de garantir um nível elevado na capacidade de gestão do novo governo e, de notória competência na articulação política. Claro que não poderia faltar uma figura como Merval Pereira  para a Comunicação Social, um Jarbas Vasconcelos para a Integração Nacional, um Jose Agripino para a Educação, além de nomes expressivos da sociedade civil brasileira.Claro que Sergio Moro será a bola da vez para a próxima vaga no Supremo e será figura fundamental ness processo de passar o país a limpo.

A euforia com o futuro do país é enorme.  O otimismo cresce, mesmo diante de um quadro  de enormes problemas e dificuldades, de que, afastado Lula, Dilma e o Pt do poder, essa assepsia abriria caminhos novos para a retomada do crescimento do País. Essa manifestação pública tão ampla,  acelera o processo de busca de uma solução de compromisso capaz de superar o impasse dramático em que se acha mergulhado a pátria amada. É esperar para ver!

A FARRA ACABOU!

Desanima e desestimula  a qualquer cidadão que se acredite com um mínimo de vocação para a especulação, as tentativas de desenhar cenários ou montar possiveis situações que possam vir a ocorrer,  a partir dos desdobramentos dos fatos políticos que ora se apresentam diante dos brasileiros. Se de um lado, esses fatos se fazem numa velocidade inesperada, não se tem idéia precisa como se comportarão as decisões ou os rumos que tomarão as instituições a quem cabe reagir diante das circunstâncias. Nesse tsunami de acontecimentos que agridem a ética e comprometem os valores materiais e morais do País, como os tribunas superiores e o próprio Parlamento reagirão para que o impasse  institucional que se vive, seja superado? Quais serão seus tempos e movimentos com vistas a se sincronizarem com o que ocorre e com as demandas e aspirações nacionais?

Ou seja, o chamado tempo social, se assim se poderia chamar aquele relativa às angústias, as ânsias e os desejos da sociedade civil, dentro da sua visão de que não se pode mais ser leniente e tolerante com a dificílima situação por que passa o País, esse tempo é diferente do tempo, por exemplo, da justiça ou dos tribunais ou das instâncias judiciárias com seus prazos, chicanas, recursos e outras manobras. Na verdade o tempo da justiça tem se mostrado sempre descasado  do “timing” da vontade popular, ou pela sua lentidão, ou pelo excesso de trâmites ou pelas inúmeras instâncias recursos. Ou seja, o tempo da justiça marca-se por aqueles momentos  demandados pela sobriedade, pelo equilíbrio e pelo respeito à letra da lei, além dos vícios e burocratização do processo que, se poderia afirmar, são próprios da cultura e da atitude dos magistrados.

Por outro lado, se o tempo da justiça mostra-se extremamente distinto do tempo do povo, já o adequar o “timing” das ruas, com suas inquietações e angústias, com o “timing” da classe política, é bem mais fácil pois os políticos têm o chamado “feeling” da sobrevivência, ou seja, sabem ou buscam conhecer os limites da paciência de seus eleitores e, de um modo geral, com muita agilidade e proficiência, começam a falar ou fazer repercutir ou reverberar, no Parlamento, a voz das ruas. Assim foi, por exemplo, a atitude do povo que, indignado, transformou o chamamento de Collor, de vestir-se de verde e amarelo, em seu apoio e, o que ocorreu foram às ruas, diante da indignação com os seus desvios de conduta, vestidas de luto.

Então a pergunta que fica no ar é se a precipitação dos acontecimentos que ora se processa, não abreviaria os prazos e superaria as limitações de regras, de exigências e de ritos e, num grande lance republicano de pacificação nacional? Será que não se encontrará uma saída capaz de permitir que o País viva um novo tempo?

Três eventos podem sugerir que esse momento estaria chegando. O primeiro fato político relevante foi o jantar dos senadores peemedebistas e do PSDB, ocorrido na noite desta quarta-feira última, onde os participantes  definiram que os dois partidos marcharão juntos na busca de uma saída conciliatória para o impasse institucional. Essa foi uma enorme guinada no jogo político.

O segundo episódio de alcance e relevância política será a convenção nacional do PMDB que deverá ocorrer no próximo sábado, em Brasília. A tendência da maioria dos convencionais é propor o afastamento do partido do governo como já explicitou o próprio vice-presidente Michel Temer, candidato à reeleição à reeleição à Presidência da agremiação! Aliás Michel declarou, esta semana, que o PMDB “se distanciará do governo”, forma elegante de dizer que “estamos deixando a base do partido”!

Essa decisão do PMDB, que deverá ocorrer neste sábado, funcionará como uma espécie de operação dominó pois, a partir da sua decisão, os demais partidos que integram a base do governo, certamente deverão anunciar que estarão saindo da base de sustentação parlamentar de Dilma. E, aí, a Ingovernabilidade, hoje já patente, consumar-se-à e, consequentemente, exigirá ou a cassação de seu mandato ou se proporá uma renúncia negociada.

Assim, depois do dia 13 de março o Brasil provavelmente  será outro pois as forças republicanas, sem ódios, sem ressentimentos e sem buscar o confronto e rejeitando todas as tentativas de estimular a divisão, a cizânia , marcharão, uníssonas, na construção daquilo que talvez venha a ser chamado de Pacto de Março, pacto esse que definirá os contornos da transição de um poder que esgotou as suas possibilidades, perdeu toda a sua credibilidade e não tem qualquer legitimidade e nem criatividade para propor saídas para a dura crise que ora se vive. E a transição, não interessa para quem, abrirá uma nova perspectiva para o País.

Ademais, outros fatos estão prestes a ocorrer como, por exemplo, a homologação da delação do Senador Delcidio Amaral, a possível delação de Marcelo Odebretch, além dos desdobramentos das infelizes e impensadas observações de Lula, abrindo frentes de confronto e de conflitos com a Justiça, com o Ministério Público e com os principais veículos da mídia. Adicionalmente o possível tiro no pé que seria a possível indicação de Lula para um Ministério, completaria o ambiente para a ruptura institucional necessário a busca de um novo caminho.

O desenho que ora se vislumbra leva a crer que as negociações para esse Pacto de Março, não iria esperar muito por um desenlace, negociado ou não, ou algo definido por algum dos tribunais superiores ou, numa medida autoritária do Congresso, que forçaria a saída de Dilma. Pelo que se sente, ninguém mais raciocina com a hipótese de uma solução negociará tendo Dilma à frente como condutora do processo, mas sim, uma ruptura com a saída da atual ocupante do Pakavio do Planalto.

Assim, a alternativa para a superação do imbroglio, a esperada e a mais plausível será a saída de Dilma e a construção de um governo de conciliação nacional sob o comando de Michel Temer, com o compromisso de que o mesmo não  venha a concorrer a um outro termo, em 2018! Também, embutido no projeto, haveria o compromisso de realização de quarto medidas fundamentais a fazer o país respira um pouco mais aliviado: uma reforma da previdência, a reforma trabalhista, o severo corte de gastos públicos e a substancial melhoria do ambiente econômico para que se retomem  os investimentos, quer internos, quer externos, fundamentais a retomada do crescimento do País.

EXISTIRIAM PRÉ-CONDIÇÕES PARA UMA RETOMADA?

As coisas não estão nada claras. Aliás, para ser mais preciso, o que se poderia afirmar é que tudo está nebuloso, confuso e sem mostrar uma luz qualquer que permita que se gere um pouco de esperança de que algo de bom pode vir a acontecer. Na verdade, até iniciativas que foram anunciadas e que poderiam reduzir o ambiente de inquietação, insegurança e incerteza, não são tomadas por uma total incapacidade para responder as demandas da sociedade, demonstrada pelos detentores do poder.

Anunciaram-se cortes mais profundos nos gastos públicos e, até agora, nada foi definido ou, o que foi, parece que não seria para agora e, os volumes propostos a estão muito aquém daqueles necessários para alcancar os, mesmo assim, medíocres resultados.

Aguarda-se, não se sabe o quanto, o que e nem se sabe para quando, alguma estratégia d ação em que,  além dos inevitáveis cortes de despesas, alterações e ajustes considerados indispensáveis para recuperar a confiança  e estabelecer expectativas mais favoráveis para a economia e para a sociedade brasileiras.. A mudança no marco regulatório de exploração do pré-sal, tão urgente, até agora se perde em discussões totalmente desnecessárias, inócuas ou bizantinas. O marco regulatório do setor mineral, parece que, embora pronto, segundo dizem, encontra discordâncias pontuais em função de divergências ideológicas e, até hoje, não saiu.

A revisão dos editais das concessões de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos, metrôs, vlt’s e outros quetais, tão urgentes, até agora não se tem notícia do que vai acontecer. Até os chamados acordos de leniência não encontraram uma alternativa séria e confiável de formulação ou ainda estão sendo discutidos certos aspectos e particularidades ou não são processados na urgência e diligência que o caso requer.

Problemas gravíssimos como o do saneamento ambiental quando encontram uma proposta aparentemente viável por parte do governo, ela é pífia e não confiável. Recentemente a população foi informada por entes do governo que estudo apresentado propunha, para 2033, o atendimento de 100% da população com abastecimento de água potável e o alcance de 93% no que respeita ao suprimento dos serviços de esgotamento sanitário. Mas, mesmo tal proposição, já encontrou  uma ressalva por parte de um dos gestores do programa que disse admitir que não haverá dinheiro para garantir que tal meta seja cumprida no prazo proposto.

Pelo que se pode constatar, a falta de credibilidade, a incompetência, a irresponsabilidade e a leviandade de alguns membros do governo central leva a que, mesmo que se apresentem condições favoráveis ou se abram perspectivas para a tomada de medidas destinadas a mudar o quadro de referências do País, é difícil até mesmo imaginar-se que rumo o Brasil poderia tomar, pois a credibilidade das instituições, notadamente dos membros do Executivo e do Parlamento, é quase nula!

É por isto que a FIESP, a maioria do Parlamento, a opinião pública e a opinião publicada, todos acreditam que, com o pessoal que está aí no comando das ações, nada é possível realizar.

E pior e, por ironia do destino, mesmo diante desse quadro de desencontros e desacertos, é possível elencar, pelo menos, sete razões e justificativas que embasariam uma proposta de retomada de rumo para um país que ora parece mais a cego em tiroteio, sem timoneiro, sem rumo e sem prumo. Para que o cenarista não incorra em uma atitude leviana ou num julgamento injusto, seguem as sete razões que sustentam a tese colocada de que, as circunstâncias internacionais atuais estimulariam, a qualquer país, com um governo e com instituições sérias, a buscar caminho assemelhado.

A receita de política econômica, por exemplo, adotada pelo Presidente MACRI, da Argentina, tendo cortado inúmeros empregos, mesmo de terceirizados, liberado o câmbio, feito mudanças na gestão pública, mantido encontros positivos e proveitosos com credores internos e externos, sem lambança e sem conversa mole, deu um novo ânimo e estímulo aos argentinos e a economia daquela nação!. Então, por que não avaliar, discutir e pensar parte das propostas de MACRI, adotadas na Argentina, para avaliar se poderiam ser aplicadas no País? Um pouco de competência, informação e humildade, pavimentariam o caminho para começar uma nova etapa da vida nacional.

Se as políticas e correções de rumo adotadas na Argentina fossem aplicadas no Brasil, claro que com a preocução de dar-lhes a cor local, então abrir-se-iam  perspectivas de reconquista da confiança dos agentes econômicos, tanto daqui como dalhures, no Governo Brasileiro! Mas, infelizmente, isto está difícil de acontecer pois a presunção e a arrogância da Presidente e de seus auxiliares mais próximos é gritante e ululante, e imoede que isso aconteça.

Ao lado de tais mudanças, a partir de avaliações preliminares de “experts” em economia brasileira, acredita-se que, alguns fatos que ora ocorre a nível externo, em muito ajudaria a recompor a situação interna. Um deles diz respeito ao acordo firmado entre os quatro maiores produtores de petróleo do mundo que, decidiram reduzir a produção mundial do produto, para evitar quedas adicionais nos seus preços. Isto ajudará, em dois sentidos, a alquebrada e quase falida Petrobrás, não só pelo barateamento do petróleo que ela limporta mas, também, pela valorização dos derivados de petróleo que ela exporta para o mundo.

Também um outro fenômeno que está a ocorrer no mundo e poderia favorecer o Pais é a prática, em alguns países, de juros negativos, como sói ocorrer com o Japão, Suécia, Dinamarca, Noruega, entre outros! Ora, se nessas circunstâncias,  a confiança no Brasil fosse passível de ser reestabelecida, pelo menos, parcialmente, provavelmente poder-se-ia atrair investidores em potencial de tais países.

Um elemento adicional que poderia favorecer o Brasil seria o momento de liquidez no mundo que, ao que parece, é extremamente elevada e em busca de parcerias para o aproveitamento de potencialidades negociais, de infra-estrutura de toda ordem e de investimentos em mobilidade urbana e saneamento ambiental. São campos abertos e, os investidores externos tem um “know how” excepcional e contam com recursos que, afora os títulos americanos, não tem encontrada guarida maior na Europa e em outros continentes.

Também, para contribuir com o quadro de geração de uma ambientação favorável à decisões que corrijam os rumos da economia do País, a recuperação, embora lenta, da demanda e dos preços das commodities, representa um alívio o que tem sido bem caracterizado e demonstrado pelo desempenho da balança comercial do País.

É fundamental lembrar que a China não está mais desacelerando como se imaginava que iria ocorrer como demonstram alguns indícios e indicadores econômicos. Na verdade, nem a China vai desacelerar pesado de tal forma que tal crescimento menor venha a comprometer o desempenho da economia mundial e nem os Estados Unidos terão uma recuperação vigorosa como se esperava até aqui, gerando limitações ao fluxo de recursos e investimentos daquele pais, no Brasil.

Se tais eventos, simbolicamente são sete, ocorrerem, eles favoreceriam as bases para medidas destinadas a criar o ambiente propício para providências internas capazes de, em sintonia com o pensamento corrente no mundo, colocarem o País nos eixos.

Mas, é difícil acreditar que, diante  da lerdeza, da lentidão, da incompetência e da falta de credibilidade das lideranças e das instituições  seja possível recuperar e reconquistar um mínimo de condições que facilitem a construção de tal cenário. A queda nos “ratings” do Brasil junto as agências de risco internacionais, ocorridas recentemente, podem gerar um complicador para que se aproveite o bom momento internacional!

Será que,  mas que, de repente, como que por obra de um milagre de Deus e da conjugação de circunstâncias especiais, venha a surgir espaço para que essas idéias possam prosperar e, quem sabe, o Pais possa sair do buraco? Se Deus for mesmo brasileiro, depois desse “tsunami” ético-moral que está promovendo mudanças na atitude e no comportamento dos patrícios,  não viria um novo tempo e, aos poucos,  tais idéias seriam possíveis e seriam postas em prática?

O QUE VAI ACONTECER COM O QUADRO POLÍTICO NACIONAL?

Ninguem gosta de ousar, de forma especulativa, sobre o que pode ocorrer com o quadro político, com o quadro econômico ou o quadro social do País, com o temor de errar nas previsões. Todo mundo quer se candidatar a pitonisa sem ter as qualificações e os atributos para tanto e, só querendo prever o que é quase certeza ou quase unanimidade, entre os analistas ou pseudo analistas.

Na verdade, o exercício da futurologia, segundo alguns pretensos entendidos na matéria,  passaria por um processo de aceitação, com certa dose de humildade, do fato que as previsões deverão estar sempre calcadas em elementos objetivos e na escolha de uma opção que o candidato a cenarista acha a mais provável, sempre situando-a no rol da efetiva possibilidade de ocorrer. É claro que cabe a ele também incorporar o imponderável na sua tentativa de sondar o futuro não previsível!

As avaliações do Governo Dilma, por exemplo, são as piores possíveis não só a nível dos políticos, dos cientistas da área, da mídia e do empresariado,  mas da população em geral, admitindo quase todos esses grupos que o seu governo está em fase terminal a ponto de, a própria FIESP, ter divulgado nota de apoio ao processo de seu impeachment. Mas, diante de tais fatos, quem ousaria estabelecer um prazo ou uma data para a sua queda?

Ademais, mesmo desacreditado interna e externamente — vide os reabaixamentos recentes da posição do Brasil pelas agências de “rating” — se porventura produzisse o governo alguma medida destinada ao enfrentamento de algum dos problemas mais angustiantes do País, talvez isto gerasse um pouco de esperança e confiança de que as coisas iriam mudar! E aí, mais ânimo e mais fôlego poderia criar o governo!

Se para Dilma, ameaçada por um processo de impeachment que, a bem da verdade, embora tenha poucas possibilidades de prosperar, porém, ela e Michel vivem uma outra dramática expectativa pois a possibilidade de uma possível cassação pelo TSE, diante da provável rejeição das suas contas de campanha, é algo esperado eccom prazo definido. Isto porque, além do conjunto de provas já incorporadas ao processo e já apreciadas por aquela Corte, até mesmo o Juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, expediu correspondência, ao TSE, sugerindo que aquela Corte agregue, à sua apreciação, as informações contidas nas delações premiadas.

A razão de tal recomendação é de que há a suspeição de que várias doações de campanha,  ditas oficiais, foram oriundas do propinoduto da Petrobras! Aí a coisa complica mais ainda porquanto o futuro Presidente do TSE, no caso o Ministro Gilmar Mendes,  tem se mostrado um contundente crítico dos erros, equívocos e desvios de conduta do petismo, como um todo e, do governo Dilma,  em particular.

Acrescente-se a tais dificuldades que, na verdade,  podem levar a defenestração do poder da dupla Dilma/Michel, o fato de ter ocorrido uma mudança de 180 graus na atitude e no comportamento do atual Presidente do TSE, Ministro Dias Toffolli que, talvez influenciado por Gilmar Mendes e convencido de que, quem passará mais de 30 anos naquela Suprema Corte, não deveria vincular os seus votos a uma eterna gratidão política pois que tal atitude agrediria o bom direito, feriria, de morte, o seu conceito e o seu curriculum e, marcaria, definitivamente, de forma negativa, a sua imagem perante a sociedade brasileira.

Assim, segundo alguns analistas, o Ministro Toffolli, como que estaria, na verdade, pavimentando o caminho do novo Presidente, antecipando e queimando etapas para acelerar o processo de julgamento das contas de Dilma, já iniciadas antes do recesso, de forma altamente desfavorável à Presidente, para que o processo fosse o mais rápido possível, quando Gilmar assumir o poder.

A tendência dos fatos é que o Supremo, tendo sofrido alguns desgastes em função de decisões controversas recentes, aproveite a circunstância e a oportunidade para assumir o protagonismo do processo político, na proporção em que venha a ser levantado o possível impedimento de Eduardo Cunha para assumir a Presidência da República, terceiro que é na linha sucessória, pelas inúmeras denúncias e processos em andamento contra o mesmo, no próprio Supremo.

Afastada a possibilidade de Eduardo Cunha vir a ser o novo ocupante temporário do poder vago, embora a pergunta que não quer calar, é a de que, defenestrado Eduardo Cunha, o seu substituto seria o chamado “herdeiro presuntivo natural”, no caso o atual Vice Presidente,  já que a sucessão é do Presidente da Casa e não de Eduardo Cunha. Mas, a tendência do STF será apresentar os mesmos argumentos para fazer com que a Mesa toda viesse a estar impedida de assumir a Presidência, assim como o mesmo Supremo insistirá no sentido de impedir que Renan Calheiros, o quarto na linha sucessória, venha a assumir o Poder, pelos inúmeras acusações que correm por aí.

E o que vai dar esse tourear entre os poderes? O desgaste da classe política pode levar ao Supremo a estabelecer interpretações que justifiquem uma atitude que passe por cima do texto constitucional e, numa decisão, autoritária, assuma o papel de condutor de um processo de intervenção político-administrativa no País!

E aí, o que fará o Supremo? Ora, aproveitará a deixa para fazer valer a prerrogativa constitucional de transformar Levandowsky em um novo José Linhares da história republicana contemporânea. Se não ele, talvez uma nova saia assuma a Presidência da República, para responder pela condução da nova eleição para alguém que venha a finalizar o mandato de Dilma. E quem seria? A nova Presidente do Supremo, no caso a Ministra Cármem Lúcia!

Se as coisas correrem como previsto pelo cenarista, então  seria  estabelecido o mês de outubro para a eleição de um novo Presidente, coincidindo com a eleição dos prefeitos e vereadores dos municípios brasileiros. E, pelo que se poderia pressentir, o clima e o ambiente no país, caso tais desdobramentos se realizarem, já se mostrariam melhores e indicando que um novo tempo estaria surgindo, criando a esperança de que o Brasil iria fugir desse terrível pesadelo em que está mergulhado! E isto poderia criar um clima de recriação de esperanças e de otimismo que permitiria que a sociedade vivesse um novo ânimo de que algo de melhor veria a ocorrer.

E aí, quais serão, possivelmente, os novos protagonistas da disputa presidencial? Com certeza o PT terá candidato que não será nem Lula — totalmente desgastado! — nem Fernando Pimentel — governador de Minas Gerais — com menos da metade do mandato de governador do estado de Minas — mas, talvez, uma opção entre o Ministro Jacques Wagner ou o ex-governador e hoje senador pelo Acre,  Jorge Viana.

O PDT irá de Ciro Gomes. A rede, irá de Marina Silva. O PV irá de Alvaro Dias. O PSDB irá de Serra ou Aécio. O PMDB deve ir de Michel Temer ou de Eduardo Paes, além dos candidatos do DEM,  possivelmente o Senador Ronaldo Caiado, o PSB com Cristovão Buarque e o Psol, o Solidariedade, o PCdoB, entre outros, menos votados com candidatos destinados a marcarem posições ou em alianças com os chamados grandes partidos.

Se alguém tem dúvida de que o STF não será capaz de atropelar a Constituição, o Regimento da Câmara e, agora, o próprio Código Penal e o Código de Processo Penal, foi desmantelado pela decisão de condenação e prisão sem precisar de decisão transitada em julgado em última instância, está deveras enganado! Se tais violências já foram possíveis, uma a mais não fará grande diferença e, embora a causa democrática seja agredida, o protagonismo do Judiciário estará preservado!

 

 

 

 

 

O QUE SE REQUER DE UM GESTOR PÚBLICO?

  • O exercício da função pública requer não apenas probidade e honestidade no seu exercício, como compromisso com os valores democráticos e respeito aos princípios republicanos! Também, além de tais valores e princípios, existem algumas qualidades, atributos ou competências  que são essenciais para que o gestor cumpra bem o seu papel e atenda ou responda às expectativas dos cidadãos.

Numa avaliação, a partir de vivências e experiências, o cenarista resolveu ousar e elencar um conjunto de características que, para ele, são fundamentais para que o candidato a gestor público consiga cumprir, com competência e objetividade, o seu papel.

É fundamental que se antecipe que, aqui, o cenarista abusa do inalienável direito humano de dizer ou proferir bobagens, na tentativa de, com liberdade para alçar voos, quem sabe, a partir daí, propiciar o surgimento de alguma idéia ou proposta interessante. Sendo assim, passa o cenarista a discutir algumas características ou qualidades ou atributos que seriam fundamentalmente condição necessária e suficiente para fazer um bom gestor.

A primeira qualidade, sem ordem de precedência, é aquela em que o candidato a gestor demonstre características indiscutíveis e inquestionáveis de liderança. Isto é primordial porquanto ao gestor faz-se necessário mostrar a capacidade de mobilizar, de sensibilizar, de articular e de organizar um grupo para alcançar determinado objetivo ou objetivos.

Se liderança inata ou construída é de importância fundamental para que o gestor se conduza bem no seu papel e na busca de seus objetivos e dos objetivos institucionais da sua empresa ou do órgão ou programa público que lhe cabe conduzir, resolutibilidade deveria ser outra característica a marcar o comportamento ou a atitude do gestor. É triste assistir a insegurança, a pasmaceira e a incapacidade de resolver questões menores sem buscar constituir grupos de trabalho, consultar a órgãos dispensáveis de consulta e viver o drama hamletiano do agir ou não agir. A palavra — resolutibilidade — é feia mas o que ela encarna é algo extremamente demandado pelos cidadãos e pela sociedade.

A terceira qualidade requerida de um bom gestor é aquela relativa à capacidade de tomar iniciativas, incorporando a essa iniciativa e proatividade, a inovação e a criatividade. Nada de ser apenas um burocrata cumpridor de manuais ou à espera de Godot, ou da iniciativa e autorização do chefe imediato.

Se iniciativa é condição sine-qua nos para o exercício do múnus, a capacidade de assumir e correr riscos é algo hoje muito em falta, notadamente no serviço público. Talvez o excesso de  órgãos de controle — auditoria, procuradoria, CGU, TCU, Ministério Público, Polícia Federal, mídia, etc — tendem a inibir, em demasia, a capacidade do gestor de se reinventar e  de incorporar novos caminhos e inovar no processo decisório.

A quinta qualidade do gestor é a capacidade de pensar estratégicamente e, com isso, estabelecer metas, diretrizes, caminhos e mecanismos de controle e acompanhamento dos projetos e ações estabelecidas. Sem visão estratégica e o planejamento que a suporta, dificilmente o gestor conseguirá estabelecer marcas, atingir metas e cumprir o estabelecido no seu chamado “plano de vôo” !

A sexta qualidade esperada do gestor é a capacidade de sonhar e de se deslumbrar com os desafios. Os liderados gostam de serem convocados pelo Lider para enfrentar problemas, dificuldades e desafios e, por fim, conseguir vencê-los ou superá-los. E, faz parte da condição humana tal compromisso pois que, o resultado favorável estimula o desejo de conquistar os merecidos aplausos, tão necessários para a promoção  da vaidade humana.

Finalmente, ao gestor deve ocorrer aquela atitude e comportamento do visionário que, ao lado de sonhos e ambições, de vaidades e aplausos, busca inscrever o seu nome em negrito na história. Quem não quer ser lembrado pelas marcas definitivas e indeléveis que deixou pelo caminho? Um intinerário sem grandes momentos, sem adrenalina e sem grandes emoções é um passar em branco pela vida. Como ensina o poema que “Quem passou pela vida em brancas nuvens e em plácido repouso adormeceu …  “Foi espectro de homem, não foi homem! Passou pela vida e não viveu!”

SANEAMENTO AMBIENTAL: UMA VERGONHA NACIONAL!

A primeira e a mais densa encíclica apresentada aos fiéis pelo Papa Francisco está relacionada a momentosa questão ambiental onde o problema do saneamento, nas suas várias dimensões e facetas, assume papel relevante nas preocupações do Sumo Pontífice. Nessa mesma linha de pensamento e preocupação, a Campanha da Fraternidade deste ano, lançada recentemente, pela Igreja Católica Brasileira,  discute a gravíssima questão e busca o engajamento dos fiéis para intentar encaminhar soluções possíveis e viáveis para o desafio.

Por outro lado, entre os compromissos assumidos pelo Brasil para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, a serem realizados no Rio de Janeiro, além de uma série de outras obrigações, os organizadores se comprometeram em despoluir, em 80%, a emblemática Baia de Guanabara! Como é público e notório, o Comitê Organizador dos Jogos no Brasil, não cumpriu o assumido e, por pouco, todas as competições previstas para acontecerem na bela Baia, não foram transferidas para outros possíveis locais.

Lamentavelmente, até hoje o Brasil e a sua sociedade civil não despertaram para compreender quão relevante e grave é a situação ambiental brasileira, com degradações de toda ordem, com agressões a saúde em todas as dimensões e em todos os sentidos e, o que é mais preocupante, sem a capacidade de se sensibilizar diante de questão já tão grave. Para demonstrar o descaso e o desinteresse da sociedade brasileira, quando são listados os principais problemas nacionais, a questão do saneamento ambiental não é sequer mencionado entre os dez mais relevantes!

Em pesquisa realizada na cidade de Fortaleza, concluiu-se que 55% da mortalidade infantil eram explicados pela contaminação hídrica. Embora tal dado seja de quarenta anos atrás quando de tal constatação, isto levou o cenarista a lutar, como secretário de planejamento do estado, pela implantação do sistema de esgotamento sanitário da cidade, é bem provável que tais indicadores tão perversos se repitam ou, pelo menos, se a causa da mortalidade não atingir os 55% daquela época, com certeza, ainda ultrapassarão a casa dos 40%!

Isto porque, se em dois anos, àquela época, já bem distante, foi possível implantar um emissário submarino — o segundo do país! — um interceptar oceânico, que atenderia uma das três bacias da cidade e, 880 quilómetros de rede, a presunção seria que, nos quase quarenta anos seguintes, os governos fossem capazes de garantir esse serviço, à totalidade da população!

Mas, lamentavelmente, não foi isto que aconteceu. Evoluiu-se, relativamente pouco, com vistas a tal desideratum e, deixou-se de estabelecer ganhos no que concerne a quantidade e qualidade de vida das pessoas e de melhorar e ampliar o respeito à dignidade humana!

Nos dias de hoje, pelo menos seis milhões de habitantes não tem acesso a banheiros! 108 milhões de pessoas ou 54% do povo, produzem  esgoto que o despeja a céu aberto ou nos rios e barramentos, sem qualquer tratamento! Nas cem maiores cidades brasileiros, 35 milhões despejam esgotos, irregularmente, apesar de ter redes coletoras disponíveis!

Agora mesmo, trabalho produzido pelo governo federal, promete que, até 2033, toda a população terá acesso à água potável e 93% a esgoto sanitário mas, os especialistas antecipam e advertem que não há recursos para financiar tal projeto!

Se a situação no que respeita ao esgotamento sanitário atinge tais dimensões, excluindo-se o problema do abastecimento de água potável, em áreas urbanas, onde não se universalizou o atendimento e onde o desperdício alcança níveis absurdos — em São Paulo, estima-se que o desperdício de água atinja a mais de 32% da quantidade ofertada! —  a questão do chamado ” “destino final dos resíduos sólidos”,  a coisa ainda é mais grave pois o que se verifica é  que mais de 70% dos municípios brasileiros colocam seus dejetos sólidos nos chamados e questionados “lixões”. Sabe-se que tais lixões são abrigos de doenças de toda ordem e algo que espanta a qualquer cidadão que tenha um mínimo de sensibilidade e conhecimento do drama provocado por tais lixões, que produzem condições higiênicas deploráveis!

Se a situação no que respeita ao saneamento básico é grave, ao destino final dos resíduos sólidos e a falta de uma diretriz destinada às  políticas  da forma de administrar as questões relacionadas as descargas pluviais que comprometem, em muito, a qualidade de vida das populações urbanas, os problemas de destruição de “habitat” são constantes e quase inevitáveis. Ademais, o desmatamento, a destruição da mata ciliar nas margens de rios, a quantidade de gases lançados na atmosfera, emolduram esse quadro triste e perverso de destruição do meio ambiente que, até agora, ainda não gerou uma consciência crítica na sociedade brasileira para cobrar das autoridades constituídas o tremendo descaso sempre demonstrado!

Até quando esse quadro triste e vergonhoso vai continuar a desafiar as lideranças políticas nacionais?

 

 

DIA D: DE QUEM SERÁ O DESEMBARQUE?

Três episódios políticos, poderão se tornar, hoje, de maior relevância para os rumos políticos do País e para os destinos de Dilma e do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Um diz respeito a escolha do Líder da Bancada do PMDB que, numa disputa acirrada, promove um enfrentamento entre o Planalto e o Presidente da Câmara. Esse evento que já vem se desenvolvendo desde o ano passado, assume contornos mais definitivos pois a vitória do candidato de Eduardo Cunha, o jovem deputado Hugo Mota, da Paraíba, poderá mudar os destinos do Presidente da Câmara no Conselho de Ética da mesma Casa.

O segundo evento diz respeito a reunião do Conselho de Ética que aprecia o relatório do deputado Marcos Rogério que deverá, pelos indícios já apresentados e pelo compromisso do PDT com a Presidente Dilma, propor a continuação do processo de quebra de decoro parlamentar contra Eduardo Cunha. O plenário do Conselho, após manobras de toda ordem, de substituições inesperadas e discutíveis de membros da referido Corte, de chincanas as mais variadas, poderá votar a favor, contra ou, como sói acontecer com fatos e julgamentos da Casa, votar até pelo adiamento do julgamento do relatório talvez alegando que a defesa não teve tempo de conhecer o teor do novo relatório!

O “feeling” de muitos é que um empate pode ocorrer embora a decisão do Conselho possa vir a ser influenciada pelo resultado da definição do Lider do PMDB na Câmara dos Deputados. Se Eduardo Cunha, que se caracteriza hoje  como uma espécie de Larry Flint — “Todos contra Larry Flint” — com uma sobrevida de gato, conseguir emplacar o Lider do maior partido na Casa, o jovem deputado Hugo Mota, então a tendência da votação do Conselho de Ética poderá vir a ser influenciado por tal decisão e favorecer a Cunha.

Os dois episódios são da maior relevância para estabelecer os destinos da Presidente Dilma e de Eduardo Cunha.

Não bastasse esses dois fatos que estabelecem rumos para os destinos dos dois maiores protagonistas da cena política do País,  a reunião dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público, destinada a examinar recurso dos promotores do Ministério Público de São Paulo que busca reverter a decisão “para que possam cumprir o objetivo de apurar os graves fatos envolvendo pessoas que se consideram acima e à margem da lei, algo que não pode ser subtraído da honesta sociedade civil brasileira”.

Como é sabido, a decisão foi relativa ao acolhimento de recurso ou requerimento do Deputado Paulo Teixeira que pediu a suspensão  dos depoimentos de Lula, Mariza Leticia e dois empreiteiros, relacionados a questão do famoso triplex de Guarujá. A avaliação de analistas do quadro e de profissionais da política é que o desgaste de Lula e do Pt com tal adiamento  a indignação provocada no Ministério Público gerarão desgastes expressivos ao Presidente e seu entorno.

Se estes fatos não bastassem para entornar o caldo dessa quarta-feira “quentíssima”, hoje também está previsto o depoimento dos ditos ou supostos donos do Sítio Atibaia, famoso por ter acolhida não apenas a mudança dos onze caminhões de Lula quando deixou o poder e de ter recebido apenas 111 vezes o Presidente para o seu merecido repouso. Lula, como é um homem de “um milhão de amigos”, esses dois irão esclarecer se são os verdadeiros donos do imóvel é porque tiveram o privilegio das grandes empreiteiras terem feitos reformas e comprado equipamentos domésticos que vão além de um milhão de reais e ali deixaram em forma de doação aos “meninos”.

Assim essa é uma das mais quentes quartas feiras não apenas deste ano pois, talvez, aconteça tudo que se imagina ou, por outro, como sói ocorrer neste país tropical, não aconteça nada. Mas, o que deverá sobrar, ao final do longo dia, é que crescerão as suspeições sobre tudo e sobre todos. Até mesmo o próprio Presidente do Conselho de Ética, já colocam suspeição de que toda a sua ação é muito mais um “mis-en-acene” ou um jogo “para inglês ver” e seria, no fundo, um aliado do próprio Eduardo Cunha, ajudando, na condução do Conselho aos processos protelatórios de julgamento do processo contra o poderoso Presidente da Câmara.

Daqui há pouco o País saberá o que sobrou desse dia D. O que é certo é que, mais e mais à deriva o país se encontra e ninguém está se importando com isso! E o cenarista vai logo publicar esse breve comentário para “não dizer que não falei de flores”.