O QUE O PAÍS PRECISARIA PRIORIZAR!

Admita-se, para efeito de raciocínio, mesmo que, numa formulação aparentemente abstrata, que o Brasil tivesse instituições sólidas, respeitáveis e acreditadas e lideranças políticas, capazes e confiáveis. Se tal cenário efetivamente existisse, seria possível estabelecer uma agenda prioritária para que o País reencontrasse um pouco de otimismo e da crença no seu hoje e no seu amanhã. Imagine-se esse “framework” ou esse quadro de referências e passe-se a sonhar com a possibilidade de se estabelecer um conjunto de medidas tais como aquelas que o Presidente argentino está a implementar!

Para que se possa desenhar um possível elenco de medidas e providências capazes de permitir formular uma agenda mínima para o Brasil, é fundamental estabelecer, como premissas, certas correções de rumo, a serem implementadas, de forma quase imediata, para que se possa assentar a idéia de um projeto destinado a tirar o País  do buraco.

A primeira prioridade seria estabelecer a premissa de que não há como aceitar que o gasto público fique totalmente fora de controle e crescendo, abusivamente, sem regras e sem limites. Para tanto há que se definir, como regra e princípio da gestão pública, que os aumentos anuais dos dispêndios de governo, não ultrapassem 70% da expansão do PIB, ou seja, se o PIB crescer, no ano, 3%, o gasto público não poderia ir além de uma expansão de 2 ou 2,1% no ano! A mesma regra deveria valer ou ser extensiva aos três níveis de governo e também deveria incorporar os três poderes da República!

Uma segunda definição que deveria ser uma espécie de cláusula pétrea, seria aquela que estabeleceria a suspensão de todas as vinculações orçamentárias com vistas a recriar os chamados necessários graus de liberdade na gestão dos gastos públicos. Não tem qualquer sentido vincular a receita fiscal a determinados gastos como os de saúde, de segurança, de educação e outros menos festejados. A propósito,  é bom lembrar que, até hoje, não se fez uma avaliação do que agregou de valor e o que ajudou a priorização de ações nesses segmentos, o simples fato de obrigar o gestor a aplicação de um percentual do seu orçamento, a não ser o seu engessamento, impedindo a necessária hierarquização de prioridades e a melhoria da sua eficiência e da sua eficácia!

Uma terceira definição a ser estabelecida é a relativa ao fim da indexação, de qualquer ajuste ou contrato, aos aumentos do salário minimo, inclusive a correção de valores de pensões e aposentadorias. Na mesma toada, com vistas a superar indexações de quaisquer ordem, é fundamental estabelecer o princípio de que não haveria qualquer possibilidade de vincular os aumentos dos escalões inferiores, ou seja, aqueles relativos a desembargadores e juizes, aos aumentos concedidos aos membros dos tribunais superiores. E, tal princípio deveria ser extensivo aos componentes  do Parlamento Nacional, no sentido de que, seus aumentos,  no caso, não deveriam determinar os aumentos de deputados estaduais e vereadores. Ou seja, não seria mais aceitável vincular os salários de desembargadores e juizes e nem de deputados estaduais e vereadores, aos aumentos concedidos aos ministros do Supremo e aos Senadores e Deputados Federais.

Uma quarta tomada de posição seria aquela relativa à gravíssima questão previdenciária onde a primeira coisa a fazer seria separar, em definitivo, os gastos com a  previdência propriamente dita daqueles gastos com assistência social, fazendo com que os últimos fossem, necessariamente, bancados pelo Orçamento da União. Ou seja, não há sistema previdenciário que aguente bancar aposentadorias especiais, previdência rural, LOAS, além de outras medidas assistencialistas.

Por outro lado, bem sucedida tal separação das referiras contas, questão que não encontraria reação contrária nem mesmo dentro do próprio Congresso Nacional, dever-se-ia estabelecer a regra  de que pensões e aposentadorias não mais seriam corrigidas pelo salário mínimo, estabelecendo-se regra que resguarde o seu poder de compra, além de se pensar como agregar ganhos reais, que, necessariamente, deverão ser inferiores aqueles atribuídos ou concedidos aos reajustes dos trabalhadores que percebem salário mínimo.

Também, como forma, até mesmo, de demonstrar respeito à dignidade das mulheres, deverá se definir como princípio, que não haverá mais diferenciação de tempo de serviço e nem de idade mínima, entre homens e mulheres, para efeito de aposentadoria. Ou seja, até que se estabeleça novos critérios de cálculo das aposentadorias, a base geral seria o 95, ou seja, 60 anos como idade mínima e 35 anos como tempo de serviço. Aliás, é bom lembrar que a esperança de vida ao nascer das mulheres situa-se, como se sabe. pelo menos, três anos a mais do que a dos homens!

Ainda sobre a previdência, seria de bom alvitre reexaminar o cálculo da idade mínima da aposentadoria pois dever-se-ia estabelecer uma espécie de gatilho na proporção em que a esperança de vida ao nascer fosse aumentando. Ou seja, a cada cinco anos, por exemplo, seriam revistos os limites de idade. Isto porque, seria um procedimento mais justo, porquanto, quando se examina a questão da esperança de vida, o seu cáculo representa um processo que subestima a vida média das pessoas. Isto porque a esperança de vida ao nascer de uma criança que venha a nascer agora, é a média de vida atual sem considerar que o evoluir da medicina  e das tecnologias, fará com que tal criança, seguramente, venha a viver bem mais tempo do que a vida média das pessoas, nos dias que correm.

Por fim, a revisão de privilégios de toda ordem, o reexame de alguns equívocos da previdência dos militares, um possível aumento temporário da contribuição patronal e do empregado, poderiam abrir perspectivas mais saudáveis para este gravíssimo problema nacional. Ademais, medidas destinadas à melhoria da gestão, ao combate a fraudes e outros pequenos ajustes, poderão agregar valores significativos a tais resultados.

Antes de se colocar na agenda as medidas reformistas na área trabalhista — fim das contribuições sindicais obrigatórias, garantia de legitimidade e legalidade à negociação entre patrões e empregados, entre outras — seria crucial fazer alteração, mais que urgente, nos marcos regulatórios — exploração mineral, exploração de petróleo, etc — além de simplificação e facilitação dos editais de concorrência para a exploração de ferrovias, rodovias, portos, aeroportos, metrôs, etc — o que ajudaria, em muito, a melhorar o clima e o ambiente econômico para os investidores locais e internacionais.

É claro que uma série de outras alterações institucionais e de mudanças de práticas na gestão da coisa pública, seriam importantes para compor o quadro de referência de alterações cruciais para que o País possa voltar a encontrar as bases de um desenvolvimentos contínuo e sustentável. Mas tais mudanças são bem mais amplas e profundas como é o caso da chamada mãe de todas as reformas, no caso a reforma política. Também as nudanças relacionadas à garantia da segurança jurídica e da previsibilidade judicial, são elementos fundamentais a prover os espaços para o amplo exercício da cidadania e do equilíbrio e harmonia entre os poderes e as instituições.

Last but not least, uma minireforma fiscal poderia desanuviar o ambiente econômico, acabando com a guerra fiscal entre estados, simplificação da legislação do ICMS, estabelecimento de tetos para elevação de alíquotas de tributos estaduais, cálculo do Icms no destino e uma alíquota simbólica na origem, poderiam ser algumas das medidas mais imediatas no campo tributário.

Mas, é fundamental que se diga que, para alcançar tal agenda mínima, seria necessário que se conseguisse que houvesse condições para um pacto entre classe política, justiça, mídia, governo e sociedade civil para a implantação de referida pauta de mudanças consubstanciada, em parte, nas idéias anteriormente colocadas.  Se isto ocorresse talvez o país tivesse alguma chance de sair do buraco.

INGREDIENTES DO QUADRO: INCOMPETÊNCIA, LEVIANDADE E IRRESPONSABILIDADE!

O cenarista ausentou-se, por quase duas semanas, de manter os seus comentários. Não foram as tentações, mominas ou momescas nem tampouco o mergulhar nos domínios da preguiça. Tão somente o cansaço com todo esse quadro desalentador onde não se encontra motivação para qualquer coisa. Nem sequer para uma justificada lamentação. Na verdade, o horizonte é tenebroso por mais que alguém queira se mostrar otimista. A coisa está tão feia e séria que, no momento, o maior problema  a maior prioridade do governo é a cruzada contra o mosquito da dengue e os seus desdobramentos.

É difícil estabelecer-se uma qualificação para o estado de coisa em que vive o país. Assumir que é apenas uma questão específica de nítida incapacidade, do governo central para gerir, com visão estratégica, as políticas públicas, parece não dizer muito ao público em geral. Atribuir-se a um excesso de esperteza a atitude adotada pelos governantes, no sentido de eximir-se da responsabilidade pelos descasos, pelos desencontros e pelos desacertos da gestão das coisas de estado, também representa  simplificação que em nada agrega para o entendimento das dificuldades do País.

A situação é tal que os adjetivos não a qualificam e, para o desespero de muitos, a busca de culpados ou responsáveis internacionais pela crise, só encontra eco nos empedernidos petistas que intentam justificar os equívocos, os erros e as incompetências na gestão dos negócios de estado, não a Presidente e sua equipe, mas, a uma tal de crise internacional que, estranhamente, não afeta a maioria das nações, inclusive as latino-americanas que, diga-se de passagem, tem mostrado um desempenho deveras positivo!

O cenarista vive um momento de desestímulo, de desencanto e de descrença em tudo e em todos! Tem sido difícil articular idéias e encontrar ânimo e estímulo para intentar construir cenários e imaginar um quadro menos complicado daquele em que ora vive o País. E, dói mais ainda quando se assiste um Presidente com apenas dois meses de mandato, como é o caso do Presidente Macri, da Argentina,  fazer mudanças significativas, mesmo com dificuldades de respaldo parlamentar, capazes de já estarem surtindo os seus efeitos e já permitindo que os “hermanos” já iniciem um processo de recuperação da credibilidade interna e, até mesmo, parte da externa, perdidas durante os anos do kirchnerismo.

E todos no Brasil se perguntam: se os argentinos conseguiram tal proeza, por que, cá por estas bandas, não se consegue sequer garantir o alcance de um superávit fiscal de 0,5% do PIB, para este ano? Por que não se consegue cortar o excesso de cargos e funções no governo central, como está fazendo Macri? Por que não se consegue desanuviar o ambiente econômico como já está a ocorrer na Argentina?

Por que não copiam os brasileiros, a receita de MACRI ou o que fazem os governos peruano, chileno, colombiano, paraguaio que, mesmo desapetrechado de instituições modernas e não contando com uma plêiade de lideres, fazem bem o dever de casa, sem inventar nada de novo, apenas adotando o receituário que o mundo como um todo adota?

Fica a indagação no ar e, mesmo sem qualquer entusiasmo, o cenarista irá propor algumas ideias, mesmo que já tenham sido postas e serem deveras conhecidas, no sentido de intentar propor ou sugerir uma agenda mínima para o País. Já que as festas terminaram, ao invés de aprofundar o baixo astral da população com uma copiosa chuva de queixas e reclamações, de discutir o andamento da operação Lava Jato ou se o impeachment vai andar ou não vai, seria mais interessante imaginar que, a partir do Congresso, pressionado pelo que sobrou de ética e de compromisso republicano na sociedade civil brasileira, se montasse uma operação de guerra, não de combate ao mosquito da dengue, mas destinada a aprovação de um roteiro que, quem sabe, poderia tirar o país do buraco!

 

E HÁ SAÍDA POSSÍVEL E VIÁVEL?

Qualquer analista ajuizado e provido de conhecimento, de consciência e de responsabilidade intelectual há de admitir que o Brasil, por mais que se queira instilar alguma dose de otimismo, experimenta uma situação gravíssima e de equacionamento dificílimo. Isto porque, além de um sem número de problemas seríssimos e a exigir equacionamento urgente, encontra enormes dificuldades para sensibilizar e mobilizar a sociedade na direção de qualquer esforço. Isto porque,  os que detém o poder, particularmente a Presidente e, até mesmo, as próprias instituições nacionais,  não dispõem de um mínimo de credibilidade, nem um mínimo de confiança e, até mesmo, nem sequer um mínimo de respeito, por parte do cidadão comum.

Ou seja, o receituário para o enfrentamento dos grandes desafios nacionais está na credibilidade das instituições e dos detentores do poder. Sem isso, nada prosperará. A crise continuará sem que surja uma réstia de esperança de que as coisas venham a mudar e a melhorar! E, onde encontrar tal base de confiança para que a sociedade civil se agarre a ela?

O Governo Federal reuniu, por exemplo, o Conselhão, acreditando que tal encontro poderia conferir respaldo as medidas que estaria propondo aos chamados representantes da sociedade civil. Mas o fato concreto é que o Conselhão não tem votos e os votantes estão em outro lugar e não estão nada satisfeitos com o governo, com suas políticas e com a forma de condução dos negócios do estado. Na verdade, a reunião do Conselhão de nada adianta nem adiantará no sentido de garantir algum respaldo para as decisões que o governo precisa que o Congresso Nacional as assuma!

Por outro lado, medidas como o aumento de oferta de crédito pelos bancos públicos, além de representar valor pouco significativo, gera uma indagação: quem tomará o crédito, por melhores que sejam as condições? Os empresários? A maioria não, porquanto o problema deles atual é não ter demanda para os seus produtos, ou melhor, não ter a quem vender os seus produtos e serviços pois o que, pelo que se sente da economia, o que falta hoje são compradores. Ademais, a desestruturação das empresas têm sido tamanha que não seria o crédito o elemento fundamental para tirá-las do atoleiro em que se encontram!

Se os tradicionais agentes econômicos não estão dispostos a tomar o crédito que se lhes oferece, pior seriam os trabalhadores, porquanto são mais de 1,5 milhões desempregados e outro tanto vivendo as angústias de perder o emprego no dia seguinte! Quem tomará emprestado, sabendo-se que 52% das famílias brasileiras estão endividadas e muitas já estão, de há muito, inadimplentes?

O Brasil, para analistas mais sóbrios e sem partidarismos,  só tem três caminhos básicos. O primeiro é o setor externo que continuará respondendo por ainda algum dinamismo das atividades econômicas nacionais. Por outro lado, foi o segmento que, mesmo num ano de erros, desencontros, incertezas e inseguranças de toda ordem como foi 2015, conseguiu garantir a cobertura dos déficits da balança comercial e, de uma certa maneira, estimulou ou contribuiu para um aporte de  mais de 55 bilhões de dólares de recursos externos na fragilizada economia nacional.

O segundo é acabar com as vinculações orçamentárias de receitas que engessam o orçamento e limitam os graus de liberdade dos gestores públicos. O terceiro elemento crucial diz respeito a acabar com as indexações de toda ordem particularmente aquelas relacionadas ao salário mínimo. Nessa esteira, acabar com a relação de dependência dos salários de magistrados com toda a cadeia judiciária ou de parlamentares federais até o nível municipal. Por fim,   as reformas da previdência, trabalhista e tributária que, de há muito são cobradas para reduzir as limitações de crescimento económico justiça social do País.

Se, por acaso, algumas atitudes do governo mostrarem, de forma consistente e confiável, alguma boa vontade em garantir segurança jurídica aos investidores externos;  e, se houver seriedade e compromisso nos editais das concessões de serviços de infraestrutura; também, se os novos marcos regulatórios de energia elétrica, minerais, ferrovias, portos, exploração de petróleo e gás forem sérios e condizentes com aquilo que se espera a nível internacional, então as coisas poderão clarear.

Adicionalmente, um momento como esse é o ideal para enfrentar as reformas cruciais para que se abram caminhos para que a economia possa retomar o crescimento. Isto porque, não havendo graus de liberdade em termos de ações diretas com base no tradicional intervencionismo estatal, o que resta é tentar reconquistar um pouco de confiança e da credibilidade junto à população assumindo um compromisso sério para com a realização das reformas institucionais que abram caminho para um novo tempo para o País!

Por outro lado, numa atitude inédita, se o governo federal resolver cortar 40% da máquina pública federal, de forma linear, usando o dinheiro economizado para apoiar os pequenos negócios e a geração de renda para os milhões de desempregados, numa  espécie de keynesianismo, estimulando a demanda agregada, sem  ser através do gasto público, poder-se-á antever um processo de recuperação da economia.

Ao lado disso, se direcionar cerca de 10% de compra de bens e serviços governamentais para as micro e pequenas empresas, então um notável estimulo à demanda poderá ocorrer, de forma consistente. Ou seja, com o estímulo ao setor externo, com o apoio ao ingresso de capitais externos nos investimentos em infra-estrutura e na aquisição de ações de empresas brasileiras, ao lado do redirecionamento dos recursos públicos para estimular o setor privado e a melhoria do ambiente econômico, esse conjunto de medidas poderá permitir a exploração  do potencial de investimento em várias áreas, o que, com certeza, fará com que o quadro econômico do País mude de perspectiva!

Se, ao mesmo tempo, baixar o espírito, mesmo que na base de uma humildade forçada e industrializada, na Presidente, e ela conseguir convencer a classe política de caminhar junto nessa proposta de salvação nacional, coisa extremamente difícil de ser alcançada, talvez as coisas possam clarear. O problema é que são muitas condicionantes, desde um PT que queira colaborar e não criar dificuldades; de um PMDB que, talvez apoiado pelos seus governadores, seja convencido, em troca de suavização do quadro de problemas fiscais ostentados por estados e municípios, a engajar-se na empreitada; se o núcleo duro do poder, reduzindo a sua empáfia e arrogância ajudasse a desburocratizar, a simplificar e a acelerar as medidas relacionadas aos marcos regulatórios, as concessões e a melhoria do ambiente econômico, então pode ser que essa nova agenda nacional possa vir a ser implementada!

E aí poderao os brasileiros voltarem a acreditar no país e no seu amanhã!

DE BOAS INTENÇÕES …

Muita gente de boa formação, de relativo conhecimento e de compromisso com o Brasil,  se pergunta se o bom desempenho do setor externo; se a proposta de Dilma de maior transparência na gestão das contas públicas; se as promessas de maior e mais efetiva disciplina fiscal e se as intenções manifestas de melhorar o ambiente para os negócios, são suficientes para que os brasileiros acreditem que a economia voltará a mostrar dinamismo ou, pelo menos, alguns sinais que possam realmente voltar a crescer.

As dúvidas são muitas e tem respaldo em bases efetivas para serem aceitas e entendidas posto que os estragos feitos no e ao País, nos últimos quatro anos, foram enormes. Tanto é que se refletiram no conceito e nas expectativas internacionais haja visto que Brasil e Rússia representam, a nível internacional, as maiores  frustrações em termos do que se esperava de desempenho dos BRIC’s.

É certo que os reajustes dos preços administrados, o efeito nefasto da desvalorização do real frente ao dólar e os descontroles, quase absolutos dos gastos públicos, espera-se que não virão a se repetir nem tampouco os seus impactos sobre a economia como ocorreram em 2015, mesmo assim falta muito para que se criem as condições propícias para que as empresas voltem a investir, os empreendedores externos voltem a acreditar no País e os investimentos públicos e privados voltem a ser a tônica do comportamento dos agentes econômicos.

Para tanto, ainda há uma longa estrada a percorrer com inúmeros desafios a serem enfrentados e superados.

Prioritariamente há que se encontrar instrumentos e meios para enfrentar a grave questão política pois, se isto não ocorrer, sem um adequado equacionamento, muitos dos possíveis propósitos e das acreditadas intenções do Governo Federal, não irão prosperar, mesmo que se consiga um mínimo de respaldo popular para a sua empreitada.

Cortes mais severos nos gastos públicos; reformas da previdência e trabalhista; aumento de receitas, via recriação da CPMF; reimplantação da CIDE e aumento das alíquotas de PIS/COFINS, além da aprovação de marcos regulatórios para o setor mineral e os novos termos dos editais de concessão de serviços em geral e dos serviços industriais de utilidade pública, são problemas quase impossíveis de angariar respaldo e apoio no Congresso.

Principalmente diante de um governo que não cumpriu promessas anteriores — vide o pagamento das emendas parlamentares! — e que não tem “bala na agulha” para aportar o chamado “lubrificante cívico” que convença os nobres deputados da relevância e urgência dos projetos fundamentais para reorganizar o país.

Aliás, a credibilidade de Dilma que é, hoje em dia, a mais baixa da história; a crise em que está mergulhada o seu entorno — Jacques Wagner e companhia, estão bichados! — as relações com Temer e com o PMDB, não são nada boas além da briga com Eduardo Cunha que mais se assemelha a um abraço de afogados, onde ambos saem perdendo, são componentes e ingredientes de uma profunda crise de credibilidade do governo, limitando a sua capacidade de negociação política.

Por outro lado, os efeitos danosos da operação Lava Jato, só fazem se ampliar e as relações do Poder Federal com a mídia, tendem a piorar. Diante desse quadro, caso o governo se dispusesse de bons e humildes negociadores, talvez as coisas, dentro de certos limites, pudessem ser realizadas, coisa que inexiste e dificulta mais e mais as possiblidades de encontrar apoio do Congresso para as duras medidas envolvidas nesse processo.

Claro que, a par de buscar conquistar a confiança do mercado e de seus agentes, o governo tem que ser ágil, hábil e ter uma clara noção de prioridades que a situação estar a cobrar. Além de dar demonstrações patentes de um sério e responsável envolvimento com o reestabelecimento dos fundamentos da economia, é fundamental melhorar o ambiente de negócios.

Uma das primeiras coisas a fazer, é avaliar a saúde financeira das empresas privadas no sentido de buscar o seu reequilíbrio, tão prejudicado que foram pelos desacertos da política econômica nacional, através de linhas de crédito do Banco Central, objetivando o seu saneamento financeiro.

Embora tal ação seja extremamente relevante e urgente, as medidas destinadas a retomar o investimento como, por exemplo, a determinação aos bancos oficiais para que orientem os fundos disponíveis, principalmente aqueles conquistados com o recebimento das chamadas pedaladas fiscais, ocorridas ao final do ano, aos investimentos do setor privado.

Ao mesmo tempo, fundamental será reexaminar todos as aplicações dos fundos de pensão, dos bancos oficiais e de fundos como o FGTS e o FAT, dentro das perspectivas de voltá-los muito mais para investimentos dentro do País e orientados à modernização e ampliação de negócios, notadamente manufatureiros.

Assim, talvez, abram-se perspectivas mais promissoras para que o país saia do labirinto em que se encontra e permita que se recrie esperança consequente no coração dos brasileiros!

É POSSÍVEL ACREDITAR QUE AS COISAS POSSAM MELHORAR?

Os dados recentes relacionados ao setor externo brasileiro mostraram que, apesar de quase tudo andar errado no Brasil, por ínvios caminhos, conseguiu-se afastar o risco de uma crise cambial ou de um severo estrangulamento externo o que, com certeza, adiaria, não só as possibilidades mas até mesmo as esperanças de que a economia pudesse superar os atuais dramáticos e urgentes problemas e retomar algum dinamismo.

Com efeito, os resultados do balanço de pagamentos e do ingresso de capitais externos de 2015, suportam a idéia de que, afora um câmbio deveras aquecido, com os seus efeitos perversos sobre a atividade econômica interna, as coisas andam relativamente bem pelo setor. Por enquanto, dali não se vislumbram problemas mais sérios capazes de provocar desequilíbrios surpreendentes e comprometedores. É claro que, pelo setor externo, se tivéssemos fugido da mesmice da política externa brasileira e tivéssemos feito acordos bilaterais com a União Europeia, com os Estados Unidos e com outros países  e blocos, os graus de liberdade do setor exportador seriam maiores e os ganhos teriam e poderiam ser  muito mais relevantes.

Apesar da frustração com a teimosia com o erro estratégico de recuperar um moribundo há muito na UTI, como o Mercosul e, a insistência na opção de achar que os negócios com o terceiro mundo, notadamente com a  América Latina e África, fazia algum sentido,  ainda há tempo de fazer incursões, de cunho pragmático, abrindo novos mercados e buscando encontrar instrumentos capazes de estimular ganhos de eficiência e competitividade para a indústria manufatureira que, nestes últimos 10 anos, tem sofrido um intenso processo de desindustrialização.

É fundamental deixar bastante patente que o desempenho do setor externo não deveu-se a qualquer política de governo mas, tão somente ao dinamismo, a constante inovação tecnológica e busca de maior eficiência e competitividade que, se porventura houvesse sido apoiado, tal esforço, por uma melhoria da infraestrutura de transportes os ganhos teriam sido muito mais significativos.

Adicionalmente a esse quadro relativamente favorável, as recentes declarações de Dilma, num verdadeiro  “mea-culpa” relacionadas aos erros cometidos pelo governo em 2014, máxime aqueles relativos à gestão da política econômica, ao lado de propostas de endurecimento no controle de gastos e do desequilíbrio fiscal, inclusive com a proposta de recriação  da CPMF e a volta da CIDE, embora seriamente rejeitadas pela sociedade como um todo, são os únicos caminhos possíveis para retomar a atividade econômica no país.

A questão que se coloca é como Dilma, sem apoio sequer de seu partido, conseguirá o respaldo parlamentar capaz de garantir a aprovação de mudanças na previdência social, na legislação trabalhista, a recriação de impostos — CPMF e CIDE, além de aumentos de PIS/COFINS — e duros cortes em programas de governo, notadamente em projetos sociais. A equação é difícil de ser resolvida diante das inúmeras variáveis em jogo, das incógnitas políticas tão severas e, lamentavelmente, diante  da total inaptidão dos auxiliares da Presidente e da própria , em estabelecerem pontes de entendimento e espaços de negociação no campo político, fundamentalmente tendo em vista os desdobramentos da Operação Lava Jato e das demandas e cobranças  típicas de um ano eleitoral.

Sendo assim, embora surjam sinais de ações ou de atitudes ou de propostas de governo que criem expectativas mais favoráveis e, até antecipatórias de perspectivas mais otimistas, o ambiente de pessimismo e de desconfiança é tal que se torna difícil estabelecer a crença de que os inúmeros problemas, as questões estruturais e os desafios nas urgências relacionadas a certos estrangulamentos possam vir a ser encaminhados, em tempo oportuno para superar ou, pelo menos, contornar as dificuldades atuais.

Sendo assim, o que se espera é que o “processo” de passar a limpo o país não impeça que os dirigentes nacionais pensem e busquem encontrar caminhos alternativos para que o País inicie o regresso as trilhas do respeito aos fundamentos da economia, da criatividade no estímulo à inovação e da melhoria dos índices de competitividade e criem o ambiente propício para que sejam retomados os investimentos requeridos à dinamização da economia.

Parece que ainda falta muita atitude, palavra séria, compromisso acreditável para que se possa acreditar que as cousas irão melhorar!

 

 

DE UM LIMÃO UMA LIMONADA? SERÁ POSSÍVEL?

Começou 2016 com todos os brasileiros ressabiados e,  como que, incapazes de nutrir esperanças efetivas de dias melhores, como é praxe quando se inicia um novo ano . Mas, no caso brasileiro, diante de tantas más noticias, o que fazer, a não ser forçar a descoberta, lá  no mais recôndito da alma e do coração, de uma réstia de esperança de que, mesmo diante do passado recentíssimo de equívocos e de malfeitos, das atitudes deploráveis dos líderes políticos e da qualidade do governo que se tem, faça, aos brasileiros, acreditar que tudo poderá ser melhor do que foi até agora! E isto  é difícil mas, infeliz ou felizmente, é necessário!

Não é  que se queira vender a idéia  de que milagres são passíveis de ocorrer,  notadamente quando estão em alta  aqueles que a sociedade hoje cobra, com veemência, a sua beatificação e canonização , como é o caso de  “Padim Ciço do Juazeiro” que, por mais de um século, foi tido como um marginal  pela Cúria Romana e agora está sendo reabilitado!

Claro que, com a ajuda dele, de Madre Theresa de Calcutá e de outros menos votados,  é possível sonhar que a lucidez, o espírito público e a responsabilidade republicana  baixem sobre os dirigentes e sobre a classe política e sejam encontradas saídas para os desafios, os problemas e os impasses que tem, diante de si, os brasileiros, para o ano da graça de 2016.

Parece que as circunstâncias sugerem que as coisas podem começar, razoavelmente bem, notadamente quando  o novo  comandante da economia reconhece que o mercado não gostou da indicação dele, ainda não confia nele e, aguarda, cada gesto e cada atitude sua, para verificar se ele está no rumo certo!

Se Nelson Barbosa não tiver uma recaída manteguista, se não aprontar com uma reedição da “Nova Matriz Econômica” e, esquecer o amor ao cargo, não permitindo que Dilma volte a ser a dona e mandona da economia, pode ser que a coisa, realmente, ande no rumo esperado!

Dentro desse panorama, medidas como as que legalizaram as famosas pedaladas fiscais, tomadas pelo novo Ministro, já parecem ser uma  demonstração patente de que , a partir de  agora, pelo menos, a transparência,  possa vir a ser uma das regras de atuação dos gestores das políticas públicas!

O também anúncio feito pelo Ministro,  de propostas objetivas e politicamente viáveis nas áreas previdenciária e trabalhista, podem contribuir para desanuviar o ambiente, para ir recuperando a confiança dos mercados e criando as pré-condições  para que os investimentos , aos poucos,  venham a ser retomados!

Máxime, caso os marcos regulatórios relacionados a concessões, a exploração mineral, particularmente do pré-sal, venham a ser  explicitados, o mais breve possível  e, considerando que já foram amplamente discutidos e o mercado ja demonstrou o que não lhe agrada na proposta do governo, venham a ter a aprovação do mercado.

Se tais pre-condições forem atendidas, criar-se-ão estímulos especiais para que investidores voltem a crer nas potencialidades econômicas do país, aproveitem a queda significativa nos valores dos ativos  do Brasil e se interessem pelas enormes e amplas oportunidades de investimentos nas áreas de infra-estrutura física, de mobilidade urbana e, até mesmo , no processo de modernização e elevação da eficiência e competitividade do parque manufatureiro do Brasil.

Talvez essas observações sejam repetitivas e não encontrem guarida nem no ambiente econômico, nem na visão do governo central e nem mesmo  numa espécie de  “wishfull  thinking”  de que os políticos consigam, por  alguns lapsos de tempo momentâneos, assumir um mínimo de  compromisso para com os brasileiros, diante do quadro de dificuldades que se enfrenta e da forte dose de sacrifícios que se exigirá, ainda, da sociedade.

Máxime, é bom chamar a atenção do fato que a ação Sergio Moro teve uma notável eficácia em retirar os generosos apoios dos grandes grupos aos seus candidatos preferidos! Em  não havendo dinheiro para financiar eleições e o que vai pesar no discurso e no “appeal” dos candidatos, será o que restou de seriedade e credibilidade dos mesmos, os seus compromissos para com o País e as chances de assistir e mostrar ao povo um início de recuperação da economia.

No mais, para a maioria dos cidadãos desse imenso país é ir torcendo, é ir ampliando a paciência,  é ir acreditando que, mesmo diante de um governo medíocre, seja possível arrancar atitudes relacionadas ao controle do gasto público, a agilização das licitações de concessões de toda ordem, a indicação de que serão facilitadas medidas destinadas a atração de investidores quer nacionais, quer internacionais e que os exportadores, os exploradores de recursos minerais e os pequenos empreendedores, não vejam tolhidas ou frustradas às suas iniciativas por exigências e cobranças, exdrúxulas, saídas da cabeça de algum gênio que habita as entranhas do poder.

É hora de voltar a acreditar que Deus é brasileiro! Caso contrário,  será um ano para também ser esquecido como, com certeza, será 2015!

IMAGINE ALL THE PEOPLE…

Vive o Brasil um momento único!  Crendo na máxima dos chineses de que o ideograma para crise é o mesmo que traduz,  oportunidade, o momento complicadíssimo que experimenta o “patropi”, talvez gere as bases e talvez estabeleça as circunstâncias para um novo processo de transformação que envolverá e implicará numa revisão de valores, de idéias e de propostas para o País.

E, na base do “wishful thinking”, acredita-se que tais condições, tão adversas, poderão criar as bases para uma ampla, significativa e compreensiva  mudança no quadro de referências das instituições e das políticas públicas capazes de apoiar uma verdadeira proposta de construção do novo País que se quer e que se pretende!

Na verdade, não serão apenas as consequências derivadas dessa  chamada “operação mãos limpas” que ora, sob o comando de Sergio Moro,  está sendo  promovida. Pelo que se sente, está a ocorrer uma espécie de resgate da confiança e do respeito a uma justiça que havia perdido quase toda a reverência da sociedade, não apenas pela sua morosidade, pela injustiça que praticava sobre os que podiam menos e pelos frequentes desvios de conduta. Ademais, a falta de credibilidade também derivava do fato que eram frequentes as circunstâncias onde o poder judiciário, aparentemente,  se dobrava as vontades do Executivo!

E, para não fugir à regra e as expectativas, o STF “aprontou” algo que, se for procedente e comprovado, será um pá de cal nos sonhos dos brasileiros de ver uma Corte Superior, última instância de respeito ao cidadão e à Constituição, dobrar-se aos ditames de um governo que tenta sobreviver diante da descrença generalizada da população e diante da falta de idéias, de propostas e de capacidade de criar esperança consequente. E, para que, não se sabe pois se para atender ao governo e as suas conveniências, mesmo contra o clamor popular, a decisão última do STF, parece um ato completamente inaceitável e incompreensível.

Mas, o mais relevante é o que ocorre, no comportamento da sociedade, caracterizada por uma atitude que já está aparentando  ser menos leniente com a esperteza, com a leviandade, com a impunidade e buscando se indignar com os inúmeros desvios de conduta de homens públicos, de agentes econômicos e da própria elite, de um modo geral. E isto pode conduzir a uma onda de sentimentos de que o crime não compensa, que a impunidade não vai mais prevalecer e, quem agir bem será recompensado pelo respeito, pela admiração e pela exaltação da sociedade!

Será?

O Governo Federal promete o milagre de manter o ajuste fiscal e estimular algumas ações capazes de propiciar um pouco de dinamização da economia, dando a esperança de que o ano  que vai começar prometa perspectivas não tão negativas e assustadoras como as do ano que está terminando! Sem a confiança do mercado, sem uma base de sustentação parlamentar confiável, sem uma agenda clara e convincente para o enfrentamento dos problemas e desafios do País, onde encontrar respaldo popular, apoio de midia e credibilidade internacional para tal empreitada? As coisas serão  mais complicadas do que se imagina.

Mas antes de acreditar no acaso, no inponderável, nos governos e nas instituições, a maior crença que persiste  é exatamente nesse povo que, mesmo revoltado e indignado com os desmandos e inconsequências do governo, ajusta-se à crise energética, à crise no abastecimento e preços dos serviços de água e esgoto, na capacidade de responder à escalada de preços nos supermercado e minimizar o impacto sobre a vida de muitos brasileiros! Merece respeito e admiração esse povo que não precisou de estímulo de governo para assumir a sua responsabilidade e cumprir o seu papel. A criatividade dos brasileiros representa um dos maiores capitais com que conta essa sociedade tupiniquim para superar Osvaldo problemas que as suas elites criaram!

Mesmo que se acredite que o agronegócio seja capaz de ir sustentando a economia para não mergulhar numa debacle maior; mesmo que o setor externo tenha tido um desempenho, neste ano terrível,  muito acima do que se imaginava; mesmo que se admita que os minerais estratégicos voltarão a apresentar demanda e preços mais competitivos para alimentar as exportações brasileiras e que, ainda, se consiga agilizar os marcos  regulatórios capazes de criar o ambiente económico favorável para a atração de investidores internacionais e nacionais, mesmo assim, ainda faltará muita ação desburocratizadora para facilitar concessões, criar editais atrativos para as obras de infraestrutura física, de mobilidade urbana e as famosas PPP’s,  que abririam perspectivas para a retomada dos investimentos.

Adicionalmente, é importante buscar respostas para o que se deve fazer para recuperar uma indústria manufatureira que, após esses anos todos de desestruturação e desmantelamento, não encontra uma proposta de política de governo capaz de reestimular os seus investimentos, promover a sua inovação e a modernização tecnológica e estabelecer um programa de melhoria de sua eficiência e competitividade!

Além de tais dúvidas e inquietações, qual a receita a ser adotada para racionalizar, em um mínimo, a operação da máquina do estado sem se fazer uma reestruturação completa na sua concepção de atuação, sem estabelecer limites de sua intervenção na sociedade civil, sem uma reforma fiscal básica e sem uma redefinição do pacto federativo e da autonomia municipal?

Enfim, o país tem tantos e urgentes problemas e desafios que deverão ser enfrentados, de forma simultânea,  para que se conduza um processo capaz de restabelecer os fundamentos da economia; de resgatar parte da confiança, interna e externa; de organizar as finanças públicas; de acalmar os mercados e de começar a reestimular ações, investimentos e empreendimentos que ajudem a melhorar o ar e o ambiente que se respira, atualmente, no País!

É muita coisa? Todos sabem que faltam lideranças proativas e com um mínimo de competência e, talvez um milagre ocorra com a classe política no retorno das férias, onde a voz rouca das ruas leve-a a uma reflexão crítica capaz de fazê-la assumir os necessários compromissos republicanos exigidos pela gravidade da situação do País! Será que o espírito positivo e a generosidade que cerca a passagem do ano conduzirá a uma atitude capaz de ajudar o pessimismo que domina mentes e corações dos brasileiros?

 

NATAL SEM PERU E UM PAPAI NOEL TRISTE (OU 2015, UM ANO PARA ESQUECER)!

O que alguém poderia desejar a outrém nesse Natal e Ano Novo? Saúde e paz pois o resto a gente poderia fazer mas, não faz, porque tem uma pedra no meio do caminho que é o governo que, além de não fazer, não deixa fazer! Por outro lado, a sociedade civil brasileira, parece que se  mostrou incapaz de  definir o que quer, para onde vai e com quem vai! Na verdade, o ano que termina, de triste memória, foi de sobressaltos, de frustrações e de desenganos. Nada do que se prometeu ou do que, ingenuamente se esperou, aconteceu!

Pelo contrário! Se antes se dizia que o que viria seria, não uma crise, mas sim uma simples marolinha, num otimismo inaceitável e irresponsável, o que ocorreu, de fato, foi que a coisa foi num crescendo de dificuldades, agregada e somada as incompetências e leviandades de governo, que foi se ampliando, de tal forma, que o quadro de dificuldades a que chegou o país, transformou-se em, uma paisagem desoladora!

E a pergunta que não quer calar é: e o País, para onde vai? O que esperar dessa epopéia de triste memória? A Presidente foi um blefe inventado por Lula pois que, querendo se ver livre dos condestáveis em seu redor  e das amarras que o partido lhe impunha, resolveu aprontar, criando um poste e o revestindo de uma aura de competência gerencial, com o único propósito de pavimentar o seu caminho, de volta, em  2014! E, segundo o seu sonho, seria uma volta triunfal pois sabia ele que Dilma iria produzir o desastre que consumou e ele, voltaria nos braços do povo, para recompor tudo e retomar o caminho do crescimento! Lula tinha convicção da incompetência de Dilma para gerir os negócios de estado e, mais ainda, da sua inabilidade e despreparo para esgrimir conflitos de interesses e tensões políticas e a total carência de talento para transigir, negociar e compor, qualidades e atributos  que a política exige e requer!

Ela era a proposta ideal para um sonho que Lula acreditava possível mas que, fugindo ao “script”, transformou-se em um pesadelo para ele e, pior ainda, para o País! Assim,  o teatro armado não se conduziu como o pensado e o desejado. Aliás, fez-se em parte, notadamente na parte negativa, pois Dilma obrou o pior dos governos que o Brasil já assistiu e, sendo ela incapaz de avaliar o quadro de crise em que a nação mergulhara, continuou com as mesmas idéias equivocadas e os mesmos desastrados e incompententes auxiliares que levaram ao quase caos que se instaurou! O lado do sonho de Lula de voltar ao poder em 2014, os amigos do poder e as mariposas em torno de Dilma, frustraram-no!

E, cá estão os brasileiros, vivendo os seus pesadelos de mais de 1,5 milhão de trabalhadores com carteira assinada desempregados; diante de uma inflação de dois dígitos que se mostra mais impiedosa para com os mais pobres; de uma recessão que destrói pequenas empresas e, com elas,  os sonhos de empreendedores que acreditaram no país e nas suas instituições e, o fim do respeito internacional, daqueles que apostaram as suas fichas numa Nação que parecia saber aproveitar as suas enormes possibilidades! E, para espanto de muitos ou, talvez de todos, frustrou a todos e tudo!

E o resumo da ópera é esse ar de cansaço, de frustração e de desencanto dos que acreditavam no milagre brasileiro e que apostaram no sonho de que aqui se construía aquilo que seria a quinta potência e que se estava montando as bases da primeira civilização dos trópicos! Lamentavelmente o cenarista não tem nada a propor, nada a sugerir e nada a celebrar pois esse não é o Natal que sonharam os brasileiros e, com certeza, talvez, quem sabe, um milagre possa acudir aos desvalidos patrícios que não sabem mais a que e nem a quem recorrer e se apegar!

Talvez o amanhã, quem sabe, do inesperado, traga surpresas menos desagradáveis do que aquelas este ano vivenciadas pelos brasileiros!

 

 

 

UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA!

Quem anda por esse Brasil afora e não se encastela nos seus preconceitos e na sua impiedosa visão crítica de quão mal fazem aos brasileiros, suas  instituições e seus homens públicos, pode, com boa vontade, deparar-se com facetas e aspectos da vida brasileira que permitem acreditar que algo de bom possa ocorrer “nessa terra descoberta por Cabral”!

O cenarista resolveu rasgar, por estrada, uma parcela ponderável de Goiás, a parte do Triângulo Mineiro e adentrar São Paulo, via Ribeirão Preto. Juntando o que viu com os dados do desempenho continuado do agronegócio e das exportações de “commodities” do País, sente-se a pujança, o dinamismo e, também, uma espécie de busca frenética por índices de eficiência que assegure ao “agribusiness”  a necessária competitividade internacional para colocar-se frente à frente de seus concorrentes!

O que ocorre nessa área parece que não ocorre num país chamado Brasil onde a presença do poder público, ao invés de ajudar o empreendedor, cria tantas dificuldades e problemas que mais o atrapalham do que o ajudam. Mas ali, no campo, parece um outro país e um outro mundo, onde ninguém dá bolas para as desastradas e desastrosas intervenções do estado e dos governos. E tudo marcha, sim, oh! Grande Deus!

Até a produção de minerais estratégicos, com todos os percalços derivados de um mercado instável, de uma China com limitações significativas e reduzindo a sua demanda, mesmo assim, gera grandes resultados para a balança comercial brasileira e ainda produz expectativas promissoras de seu desempenho para o futuro!

Só esses dois aspectos da vida econômica do País reinstala uma expectativa promissora e sinaliza que nem tudo está perdido! Aliás, se estes dois segmentos mostram que, apesar do governo, é possível ir construindo pontes para o amanhã, descobre-se que o turismo, principalmente no Nordeste, onde a atividade  está bombando, suas expectativas de desempenho são as melhores possíveis. E, o seu papel, dinamizador do setor serviços, criam perspectivas, as mais saudáveis, para, a partir de tal “start up”,  retomar uma bem  mais confiável dinâmica de crescimento!

Se se quer encontrar caminhos para acreditar-se que o amanhã poderá ser mais risonhos e não tão lúgubre como agora, o que o empreendedorismo individual está produzindo na busca de meios para enfrentar o desemprego — mais de um milhão e meio de brasileiros com carteira assinada nas ruas! — chama a atenção para a capacidade de sobrevivência e a criatividade dos brasileiros para fazer uso desse seu potencial para transformá-lo em verdadeiras safenas para o infarto da economia!

Para demonstrar que nem tudo está perdido, as escolas superiores de excelência como o Ime, o Ita, a Escola Naval, a Fgv, mostram que, no caos em que se mergulhou alguma coisa resiste, bravamente, a onda de incompetência que domina o País. Seria injusto se no rol dessas instituições não fossem listados uma Fiocruz, o Butantã, as escolas públicas de ensino médio dos segmentos militares além de segmentos isolados que, heroicamente, desafiando a própria política pública para a educação, estão conseguindo notáveis resultados.

Imagine-se um ambiente nacional em que, de repente, os seus homens públicos e as suas instituições fossem tocados por um sentimento patriótico, por uma ética de compromisso e de responsabilidade e decidissem que o povo e o seu destino merecem mais respeito e  começassem a fazer funcionar o estado numa nova direção, aí então um milagre iria ocorrer e o Brasil seria, talvez, de volta, o país dos sonhos de milhões! Será que tal obra de Deus poderia acontecer como um presente de Natal?

 

DESÂNIMO, DESENCANTO, DECEPÇÃO E DESISTÊNCIA!

É duro, para qualquer cidadão brasileiro, descobrir-se em meio a esse estado de coisas onde tudo parece errado e fora de lugar e não se enxerga onde buscar uma espécie de refúgio de que algo possa recuperar alguma ou qualquer perspectiva ou um laivo de esperança de tempos menos duros e menos impiedosos!

Os escândalos estão em todo lugar, em todas as atividades humanas, de todas as formas e não respeitam dimensões e nem limites. As chamadas pequenas contravenções, que hoje, como que, definem o caldo de cultura da ética de comportamento dos brasileiros, estão tão arraigadas e disseminadas, na sociedade, em todos os gestos e atitudes das pessoas, desde o aparentemente irrelevante estacionar ilegalmente ou desrespeitar regras e leis as mais comezinhas da convivência humana, até a quase natural e vista como normal atitude de corromper pessoas ou alguém munido de qualquer poder, para transgredir regras e comportamentos.

Nesse quadro de tanto pessimismo, sente-se que o país afunda e o que se assiste é, afora o clamor solitário e isolado do Juiz Sérgio Moro e de alguns abnegados procuradores e policiais federais, são as abjuráveis tentativas de lideranças, as mais expressivas, de construir espúrios acordos destinados a salvar nomes e figuras da vida pública, da necessária punição pelos desmandos e crimes cometidos.

Ao invés dessas figuras da vida pública nacional estarem buscando caminhos que contribuíssem para uma assepsia geral do quadro e para uma limpeza das instituições, tão necessárias a uma retomada do caminho que o Brasil vinha trilhando, até bem pouco, ninguém mostra compromisso com a república e com a democracia, o que se assiste é esse espetáculo de buscar manter a impunidade e garantir que o status quo deplorável seja mantido!

O país está exausto. O fôlego da sociedade encurtou e a capacidade de resistência foi minguando a ponto de uma manifestação popular esperada e destinada a exteriorizar a vontade do povo ver Dilma e companhia fora do poder, foi quase um verdadeiro fiasco. E o que sobrou aos brasileiros foi assistir, impotentes, por exemplo,  a episódios ridículos e reprováveis de um digladiar físico, indo quase as vias de fatos, de membros do Legislativo, na defesa de seus interesses mesquinhos.

Se os momentos de decepção e frustração com a representação parlamentar são tantos e tão frequentes, a sessão da Corte Suprema que se propôs a normatizar o processo de Impeachment, em curso na Câmara dos Deputados, foi um desfilar de  inconsequências  que extrapolaram, de muito, sua competência, invadindo decisões “interna corporis” daquela casa legislativa, atropelando seu Regimento Interno (legítimo), criando leis e procedimentos para os quais não tem o necessário mandato concedido pelo Povo (de quem emana todo o poder)! Para tanto fez contorcionismos verbais e jurídicos, alguns até ridículos, numa inapropriada é equivocada leitura da Constituição!

Não há o que discutir da letra da lei  pois o texto constitucional é claríssimo quando estabelece que cabe a CD admitir a acusação e ao SF julgar a matéria. Não cabe e não compete ao SF admitir o processo após já ter ocorrido na Câmara dos Deputados, mesmo porque, se fora assim, estaria ocorrendo o que se consagra no direito um “bis in idem” desnecessário, absurdo e inconsequente, pois transformaria a CD em uma casa legislativa de segunda categoria, quase que, um grêmio literário!

A incompetência ululante dos que fazem o Executivo e um Judiciário que, lamentavelmente  parece e envolto em “perigosos entendimentos” com o Excutivo, pois não se entende e não convence a ninguém a “invasão de privacidade” da Câmara, a judicialização do seu Regimento Interno e a retirada de sua competência constitucional, exclusiva, de autorizar o inicio do processo de “impeachment” de um Presidente, estabeleceram-se, na decisão do STF, sérias e graves violências à independência dos poderes e a sua proclamada harmonia!

Nesse universo em desencanto, até a mídia, em parte, não ficou fora desse contexto, pois que, apesar de possíveis laivos de esperança que estimulava a sociedade a crer quanto à sua imparcialidade, notadamente  diante das atrocidades perpetradas pelo Executivo e pelo Poder Judiciário, muitas vezes, face às dificuldades de sobrevivência e os rigores da crise econômica, submete-se, a mídia, às pressões e a escusos interesses, assumindo, muitas vezes, uma postura de simpatia, de leniência ou de condescendência para com o poder, buscando recolher algumas migalhas de meios para a sua sobrevivência.  As vezes, também ocorre atitude distinta dessa e, ao contrário, assume uma violência verbal, estabelece uma verdadeira catilinária a quem não lhes paga a conta devida ou não lhes dá a esperada e cobrada atenção.

Para que a frustração e o desencanto não sejam totais e completos,  a vinda do Natal e as festividades do Ano Novo dão aos cidadãos, uma espécie de refresco e leniência pois que, no Brasil, como as crises costumam viajar, acabam dando uma trégua nesses sentimentos tão pessimistas que dominam a sociedade brasileira!

Ao lado  da eleição de MACRI, na Argentina e, a esmagadora derrota do chavismo, na Venezuela, muitos creem que esses dois fatos poderão abrir perspectivas para que surja alguma lucidez e algum espírito público nas elites do país e se conclame, a população, para que empreenda uma cruzada de consciência de que é hora de, aqui, também, rejeitar, não só a chamada “Nova Matriz Econômica” do “de cujus” Mantega; o aparelhamento inconsequente do estado; a leviandade na gestão das finanças públicas e a burra opção terceiromundista da política externa do País e, com isto, poderão ser abertos espaços para a construção de uma nova agenda para a nação brasileira.

Ao final desses questionsmentos, para estimular alguns sentimentos mais positivos e otimistas, por que as concessões de portos, de ferrovias, de hidrovias,  de aeroportos, de rodovias, de obras de mobilidade urbana, não andam? Por que os marcos regulatórios não são capazes de serem formulados e apresentados, sociedade, de tal forma a interessar e atrair os investidores externos e internos? Por que tanta lentidão em tais processos? Por que o planejamento estratégico para as áreas de água, saneamento, energia não é desenvolvido, apresentado e discutido com a sociedade? Por que não são agilizadas as providências destinadas a melhorar o ambiente econômico, de forma a abrir espaço para que investidores venham para explorarar as potencialidades nas áreas minerais, de petróleo, de infra-estrutura, entre outras?

Enfim, por que não são agilizadas as reformar fundamentais a superar grandes óbices ao crescimento nacional, como são as reformas previdenciária, trabalhista e fiscal que assentariam as bases para remontar e recuperar o respeito aos fundamentos da economia, a redefinição do pacto federativo, a nova definição de autonomia municipal e do poder local? Por que tantas coisas simples e que são do domínio e do interesse público, não vão a frente?

Eh! A mistura de incompetência, má-fé e corrupção parece que liquida qualquer pretensão de erguer uma nação e, infelizmente é o que, lamentavelmente, está ocorrer com o Brasil!