Postado em 29 out, 2015 Deixe um comentário
Tentar abocanhar apoio, respaldo e fidelidade político-eleitoral através do estímulo à divergência, ao conflito de grupos e, até a uma espécie de luta de classes — “vocês contra nós” ou algo parecido — representa jogo deveras perigoso e pode provocar uma espécie de efeito bumerangue. Ou seja, “o pau que dá em Francisco dá em Chico” e, ás vezes, mais rápido que se imagina.
Quando a televisão mostra depoimentos de Marilena Chaui, de João Pedro Stédile, do Presidente da Cut e, até mesmo de Lula, “acusando a elite branca de não se conformar com as conquistas da classe média baixa”, isto representa uma incitação à violência e ao conflito de grupos e de classes. E, o mais grave é que tais processos, quando se acirram, para contê-los não basta apenas a presença da autoridade coatora. Requer-se muito mais que força e tentativa de dissuação!
O momento experimentado pelo País é dos mais complexos e de difícil equacionamento porquanto existem ingredientes que aumentam a adrenalina de pessoas, individualmente e, de grupos, coletivamente. O divulgar de más notícias sobre o desemprego — atinge-se um índice superior a 8,5% e mais de 1,5 milhão de brasileiros, na maioria jovens, estão desempregados! — sobre o INPM que já alcança níveis que, para os últimos doze meses, supera os dez por cento, se considerado como índice de inflação –o rombo fiscal que já chega a 51,8 bilhões e, se consideradas as pedaladas fiscais a cobrir, ampliar-se-á em mais 40 bilhões! — a dívida brasileira já atinge os 2,7 trilhões e tem que ser rolada a uma taxa SELIC que se mantém em 14,25% — a atitude da Câmara dos Deputados que decidiu gastar 400 milhões na construção de um novo anexo para os parlamentares — que acinte! — e de alguns tribunais de justiça dos estados que estão propondo fazer a renovação da frota de veículos que, pelo que se sabe, tem menos de dois anos de uso! — além de uma expectativa de que as coisas só vão melhorar no terceiro trimestre de 2016, representam elementos que ampliam o desconforto e geram perigosas tensões no povo, como um todo.
Essas notícias, juntamente com o testemunho ocular de assistir tantas lojas fechando, de ver tantos negócios falindo e presenciar tantas dispensas de pais de familia ocorrendo, mesmo quando a população faz duros ajustes e aperta o cinto como nunca, tudo isto amplia as tensões e os desconfortos vividos pelos brasileiros.
Se tal não bastasse, não há mais uma manifestação de rua, não importa se a favor ou contra quem quer que seja ou contra qualquer coisa ou a favor de qualquer coisa, em que os ânimos não se acirrem pois que já andam tão exaltados que os conflitos surgem e, não ficam mais apenas nas agressões verbais mas, na maioria das vezes, os grupos estão indo para o enfrentamento ou para o próprio desforço físico.
Essas atitudes, não apenas as de estimular a luta de classe e o confronto, não se enquadram nem numa dimensão republicana e nem numa postura democrática pois representam atos de efetivo terrorismo e de estímulo ao conflito entre pessoas, entre segmentos da população e entre classes sociais. E, a tendência é, como diz o dito popular, “o que dá em pau dá em Chico dá em Francisco”, é o que ora está se assistindo. Ou seja, Brasil afora, ações de repúdio a autoridades, a políticos, a líderes da sociedade civil e, até mesmo a Lula, não se cingem mais a agressões verbais mas a, até mesmo, provocações que conduzem a uma espécie de confronto físico.
E, as razões estão ligados não apenas às consequências da crise econômica, mas a
sentimentos de frustração da população diante da quebra da confiança depositada nas instituições e nos homens públicos; a perda de conquistas alcançadas ou a perspectiva de perda e, a uma inusitada revolta que se manifesta por um processo de intenso uso de redes sociais permitindo e estimulando a troca de informações, de idéias e de propostas sobre o que fazer diante da atitude das autoridades constituídas.
Grupos organizados orquestram manifestações de desconforto, de quase repúdio e de uma certa intolerância ao identificarem locais de encontros e de concentração onde pontificam ou estão presentes os representantes do poder constituído, aí então o caos se instala e o descontrole emocional passa ser a tônica gerando o clima para o confronto entre as partes. A agressividade chama a atenção de qualquer cidadão mostrando que vive o Brasil uma crise de nervos quase incontrolável.
A pergunta que se faz é, até onde isso vai chegar? Qual o limite da corda? Até quando dá para espichar e forçar? O que fazer quando não se tem instituições acreditadas, lideranças confiáveis e uma proposta de caminho a seguir? É duro não ter perspectivas por mais otimista que o cenarista queira se mostrar.
Postado em 26 out, 2015 Deixe um comentário
A instituição mais desacreditada do País é, sem a menor dúvida, a chamada “Casa do Povo”. Dali donde a sociedade tudo deveria esperar pois era para ser a mais legítima representação de seus anseios, problemas e sonhos, transfomou-se em uma entidade vista pelo povo como inútil e da qual nada de relevante dever-se-ia esperar.
Para alguns, existe a crença de que, sendo um poder desarmado, transparente e sem que se atribua a alguém, em particular,mas a todo ou ao coletivo dos parlamentares, os erros e equívocos de tudo que ocorre no País, notadamente sobre esse processo contínuo de desorganização e de desestruturação que ora experimenta o País, o Congresso representaria o “saco de pancadas” ou uma espécie de Geni diante das insatisfações e das frustrações populares.
Para outros, também condescendentes com o Legislativo, a incapacidade de saber “se vender”, faz com que o Congresso “passe batido” naquilo que de bom faz ou no que tenta fazer, bem como naquilo que impede o Executivo de cometer erros e equívocos tão comuns na sua ação.
Analistas acreditam que o Congresso só melhorará o seu desempenho e a sua credibilidade quando houver uma reforma político-eleitoral que acabe, por exemplo, com o voto obrigatório, com as siglas de aluguel, com a excrescência do chamado voto de legenda, com o suplente de senador e com a figura inútil do cargo de vice dos executivos. Claro que, o financiamento público de campanha, acompanhado da cláusula de barreira para impedir a proliferação de siglas partidárias e a possível adoção do voto distrital misto, poderão melhorar a legitimidade e a qualidade da representação popular.
Enquanto tal reforma não ocorrer e o controle de gastos eleitorais e o uso da máquina de governo continuar sem freios, limites e sem a seriedade na sua proibição, o espetáculo que continuará sendo assistido será “essa coisa deplorável e vergonhosa” como acaba de ocorrer com a encerrada CPI da Petrobras.
Foi triste e lastimável que tal fato tivesse ocorrido, notadamente agora, quando a população começa a recriar a esperança de que o instrumento mais relevante do processo de exercício da cidadania, ao lado do respeito as liberdades individuais e grupais, que é a justiça, toma fôlego e alento, com a ação de jovens juizes e procuradores — que continuam intentando “passar o País a limpo” e buscam demonstrar que a impunidade, está sendo, pelo menos, contida — que a Câmâra dos Deputados promova essa indignidade e essa farsa.
Na verdade, dizem as más línguas que a Câmara é uma espécie de Casa de Tolerância onde a conveniência, a esperteza e o “querer levar vantagem em tudo” marca o comportamento da maioria de seus membros e os acordos espúrios, perpetrados nos escaninhos dos gabinetes dos líderes, são o reflexo da chamada “habilidade para transigir, compor e negociar” que, negando princípios e valores, apoiam e amparam a licenciosidade e a permissividade que alí se praticam.
O “negociar” chega a tal ponto que, o que mais se houve sobre o comportamento da maioria dos parlamentares é a frase que não quer calar: “Quanto eu levo nisso?” Agora mesmo estão em curso negociações as mais variadas todas buscando salvar a pele de parlamentares envolvidos ou indiciados em escândalos de toda ordem, particularmente nos do chamado Petrolão. Além das tentativas de isentar de culpas e erros, não apenas o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no julgamento de denúncia feito por segmentos da Casa ao Conselho de Ética da Câmara além de outros parlamentares menos votados, o projeto envolve também uma barganha de que não se dê curso aos pedidos de “impeachment” contra a Presidente Dilma.
Claro está que nessa toada o acordão passaria também por impedir que fosse adiante as tentativas de apurar responsabilidade de Lula, familiares e amigos, em “escabrosas transações”, isentar de responsabilidade Renan Calheiros e vários parlamentares citados nas delações premiadas que seriam habilmente “esquecidos”.
No País do Carnaval, do futebol, do humorismo e das bundas generosas e abundantes, a esperteza, o oportunismo, o “jeitinho” e o “me engana que eu gosto”, tomam conta das relações sociais e estabelecem uma nova ética de convivência e de comportamento. As vezes as pessoas ganham algum folego e alento com atitudes como as que tomou Joaquim Barbosa e com as que ora toma o Juiz Sérgio Moro mas, lamentavelmente, logo e logo, tudo volta a ser “como dantes no quartel de Abrantes”.
Parece que as pessoas já mostram, como que, um certo ar de tédio e de cansaço diante de tantas notícias de “mal feitos” perpetrados pelos responsáveis pelas instituições públicas, levando-as a descrença e, a quase certeza de que tudo continuará ocorrendo da mesma maneira e com os mesmos protagonistas. Há uma quase convicção de que nada irá mudar e que, no horizonte que se percebe, nem mesmo um salvador da pátria, do tipo messiânico, surgirá criando a perspectiva de que as coisas iriam mudar.
E, lamentavelmente, tudo vai ficar aguardando que Deus e o acaso dê um jeito nos problemas brasileiros e ajude a recuperar a esperança de um povo já tão enganado sofrido.
Postado em 23 out, 2015 2 Comments
O quadro vivido pelo País é do maior e mais profundo pessimismo, não se sabe se fruto do ciclotimismo de comportamento característico dos brasileiros ou da gravidade da situação que, para enfrentá-la, está a exigir e ainda exigirá enormes sacrifícios. E, nesse quadro tão nebuloso, até uma ilusão de ótica sobre o fim do túnel ajudaria a recuperar, um pouco, a esperança e a convicção de que o País estaria trilhando o caminho certo e, com certeza, passada a tempestade, também, com certeza, viria a bonança.
As previsões sobre os indicadores para esse ano e para o próximo ano estão sendo sistematicamente revistas, notadamente para cima, enquanto os dados dos desequilíbrios fiscais e dos desajustes das finanças públicas, são cada dia mais assustadores pelo tamanho dos rombos provocados pela má gestão dos negócios públicos.
Agora mesmo o Banco Central, além de manter a taxa SELIC nos seus 14,25% ao ano, ainda sugeriu, no seu relatório, que a sua previsão de situar a inflação no centro da meta, ou seja, nos 4,5%, em 2016, deve ser esquecida pois que, do jeito que as coisas vão, tal objetivo só seria alcancável em 2017. Enquanto isto a recessão se aprofunda, o desemprego aumenta e assusta e a confiança da população e dos agentes econômicos, nas instituições, cai. O “rating” da economia brasileira e de suas empresas está perigosamente baixa e com ameaças de possível perda do grau de investimento.
Some-se a esse quadro de incertezas, o quadro político-partidário que, em função dos achados da Lava-Jato e as repercussões das chamadas delações premiadas, tem gerado embaraços e problemas, não apenas para Eduardo Cunha, Renan e outros menos votados, como tem tirado o sono da Presidente pois que a pressão pela apreciação dos pedidos de impeachment apenas aguardam o humor de um “acuado” Presidente da Câmara, Eduardo Cunha que prometeu que não vai “para o inferno” sozinho.
Ademais, as notícias no “front” econômico não são nada animadoras. O rombo nas contas públicas já ultrapassa 76 bilhões para esse ano e não há a menor chance de construir qualquer superávit primário, como pensado por Levy, logo quando assumiu o Ministério. Aliás, antes de Levy previa-se um superávit no entorno de 120 bilhões e, refeitas as contas caiu para 8 bilhões e, caso não seja aprovado a CPMF, o déficit superará os 100 bilhões de reais. Também junto com tais dados negativos, ao que parece, dificilmente o Ministro continuará comandando a economia porquanto, com os nervos à flor da pele, a tendência é que se amplie ainda mais o seu desgaste e, até o fim de novembro, a única coisa certa na economia do País, é que Levy pedirá as contas!
Diante desse cenário não se pode antever o que pode ocorrer com esta “velha nação de guerra” que vive uma encruzilhada de desafios e problemas e que não tem um horizonte de tempo para poder vincular-se, como que a um fio de esperança, de que bons tempos possam voltar a ocorrer.
Lamentavelmente o que há a suavizar o desespero é a chegada do fim de semana que alivia um pouco o pessimismo mas não garante a possibilidade de uma pausa mais longa nesse processo de enfrentamento da crise.
Para não ser de todo pessimista há que registrar que nesse passar o país a limpo, começa-se a viver a vida fiscal do país com mais transparência registrando os déficits reais sem manipulações contábeis, sem pedaladas, sem tarifas públicas irreais, sem falácias quantos aos preços administrados e começando-se a fazer correções nas distorções acumuladas nos últimos anos. Realismo fiscal, transparência nas contas públicas e o enfrentamento de generosidades inaceitáveis na forma de incentivos, subsídios, transferências de renda e outras dádivas de um governo provedor, são, ao que parece, as novas regras da gestão pública.
Espera-se que, a partir das últimas definições do Congresso sobre o ajuste fiscal possam os brasileiros respirar um ar mais puro e mais generoso!
Postado em 19 out, 2015 Deixe um comentário
Os brasileiros são, de um modo geral, superticiosos, superlativos e novelescos. Exageram na avaliação e na interpretação de fatos e circunstâncias. E, quando se trata de crises e problemas, o seu lado dramático-novelesco se exacerba levando-o a definir como quase insuperáveis os quadros de dificuldades. Para o economista Premio Nobel de Economia, Paul Krugman, em recente artigo na Folha de São Paulo, a crise não é tão dramática e não é a pior das que o País já experimentou. Há controvérsias!
No caso específico da crise em que está mergulhado o País, talvez a combinação de várias crises — politico-partidária, econômica, ético-moral e até uma quase crise institucional — tenda a conduzir a uma total descrença, por parte da população, nas possibilidades efetivas de uma saída possível e pacífica para a enrascada.
Junte-se a tal circunstância o chamado “deserto de homens e idéas” que hoje domina a cena nacional. Inexistem figuras expressivas na política, nas casas legislativas, no judiciário, na classe empresarial, nos sindicatos, na sociedade civil — CNBB, ABI, OAB, UNE, etc — e nas várias profissões e atividades. Tal vazio leva aos brasileiros a uma espécie de sebastianismo, ou seja, a uma busca desesperada por um salvador da pátria, pois hoje sentem-se órfãos da vida, da sociedade e dos governos.
É claro que a crise é de difícil superação notadamente se o caminho a ser buscado e intentado for a concretização de um grande acordo ou uma espécie de Pacto Nacional como ocorreu em outras nações em situações assemelhadas onde uma transição político-institucional requeria uma ruptura e um recomeço. Claro que no caso brasileiro o pacto se assemelhará mais a uma espécie de pacto de sobrevivência de cidadãos que lutam para, numa espécie de solidariedade na contravenção, safarem-se das operações “Lava-jato e outras quejandas”, para puderem continuar partícipes da cena política nacional.
Na verdade, uma avaliação dos últimos acontecimentos, mostra que a coisa fica cada vez mais confusa com Dilma e LULA, cada qual a seu jeito e a sua maneira e segundo os seus interesses, fazendo das suas e, como que “atropelando o samba”. Adotam uma estratégia inconsequente e perigosa quando movem uma intensa artilharia de acusações sobre Eduardo Cunha, tentando acuá-lo de tal forma que, no estágio em que a coisa se encontra, Cunha não mais raciocina na tese de que é “melhor perder os anéis para preservar os dedos” mas, ao que parece, no princípio do não ter outra escolha qual seja “ou calça de veludo ou bunda de fora”.
Na verdade, a hipótese de Eduardo Cunha vir a se tornar um Roberto Jefferson da Lava-Jato parece que não é remota pois diante do bombardeio de acusações e denúncias de que está sendo alvo, talvez ele opte pela hipótese de contar tudo que sabe e, aí, ameaçar desmontar a própria República.
E, muita gente aguarda que esta semana venha a ser decisiva para Dilma e para ele, notadamente depois das últimas declarações da Presidente, em Estocolmo, Suécia. Ali, Sua Excelência soltou o verbo, sem amarras, falou, como sempre, o que não deveria ter falado. Disse, por exemplo, desautorizando o Presidente do PT, Rui Falcão, que havia criticado duramente Joaquim Levy e pedido a sua cabeça que, “a opinião do PT não é a do governo”. Aliás, as críticas de Rui Falcão faziam coro as críticas já estabelecidas e externadas por Lula.
Como isto não bastasse, indagada sobre as acusações que pesam sobre Eduardo Cunha, declarou que o que ocorre com ele “envergonha o País”. Tal declaração representa o demarrar do processo de discussão do afastamento de Dilma da Presidência quer pela via do “impeachment” ou de uma renúncia estimulada mas que, segundo o cenarista só irá oocorrer a partir do momento em que os vetos forem mantidos e a CPMF for aprovada pelo Congresso.
A CPMF não se mostra difícil de ser aprovada por várias razões. Em primeiro lugar, ela já existiu e não representou ônus maiores para as classes baixas e média baixa. Também por não haver alternativa para o enfrentamento do ajuste fiscal diante da inexistência de viabilidade política para garantir suporte à aprovação de cortes significativos de gastos públicos. Ademais, diante de um imposto de renda que atinge 27,5% da renda dos brasileiros, não será difícil convencer a sociedade de que este será o último sacrifício imposto para que o país reinicie o processo de retomada do crescimento.
Também, como o produto do imposto será dividido entre a União e os estados, na base do meio a meio, então não será difícil arrancar a aprovação do Congresso diante da pressão dos governadores e dos prefeitos sobre os seus parlamentares.
Em face dessas circunstâncias o que se pode esperar é que o agosto político do Brasil este ano ocorrerrá em novembro pois que Dilma está começando a precipitar o processo na proporção em que faz declarações inapropriadas e inoportunas e estimula o processo de discussão de seu afastamento da Presidência.
Admitem muitos políticos e cenaristas de plantão que, Dilma, sem respaldo popular, sem sustentação parlamentar, sem apoio dos empresários, dos sindicatos e de segmentos da sociedade civil e da mídia, vive, segundo muitos, os seus últimos dias de estresse, de pressão e de solidão, sendo possível admitir que, selado o acordo que “salva” Lula, família e amigos; Eduardo Cunha e Renan Calheiros, será possível convencê-la a abrir caminho para um processo de pacificação nacional, estancando o pesado processo de sangramento do País!
Postado em 15 set, 2015 Deixe um comentário
Dizem os chineses que a palavra crise representa um ideograma que encerra em si as possibilidades de novas e promissoras oportunidades. É também, segundo alguns pensadores, tempo de refletir sobre valores, idéias e sobre erros e equívocos cometidos e sobre como devem ser enfrentados desafios e complexos problemas.
Vive o Brasil, inquestionavelmente, um quadro que se configura como um dos mais difíceis e problemáticos que a experiência histórica do País já vivenciou. Nem em 1930 e tampouco em 1964 a situação se mostrou tão complexa. Talvez a composição dos ingredientes das duas crises, hoje presentes, permita visualizar ou imaginar a dimensão do que hoje se apresenta aos olhos dos brasileiros.
Parece que agora se combina uma situação de crise econômica como a de 1930, com os efeitos ainda não cessados da crise de 2008, mas agora ampliados pelo momento complicado que atravessa a economia chinesa, com repercussões em todo o planeta, com aquilo que ocorreu em 1964, caraterizado que foi pela desorganização político-institucional e pelo claro desarranjo do setor público, em dimensões até hoje experimentadas.
A situação é grave e a desestruturação do governo ocorre a olhos vistos. Apoio popular que gira em torno de míseros 5%; respaldo parlamentar inferior ao necessário para impedir que se discuta e vote um dos pedidos de impeachment da Presidente; um partido aliado como o PMDB que, sob o comando do Vice Michel Temer, “fugiu” para o exterior levando consigo os ministros indicados pela agremiação; um empresariado que não acredita mais na capacidade de recuperação de comando por parte da Presidente e uma mídia que, até mesmo aqueles bem pagos, já começam a debandar e mostrarem-se “mais republicanos, éticos e compromissados com a democracia, as instituições e o País”.
Mas, é bom que se diga que todo o quadro caótico lega lições e deixa algo didático-pedagógico para conduzir a uma nova forma de viver e de enfrentar os problemas. No caso brasileiro, onde o centralismo leva a hábitos e comportamentos de estados e municípios que replicam o que faz a União, as coisas começam a serem alteradas.. Se a União inova e encaminha um orçamento deficitário, transferindo o ônus de fazer cortes, na própria carne, ao Parlamento, os estados e municípios se valeram do mesmo expediente e copiaram o modelito da União. Isto porque todos veem o orçamento como uma peça de ficção e, o seu envio, às casas legislativas, tem como único objetivo cumprir o rito republicano e o respeito a obrigação legal.
19 estados, tendo o Rio Grande do Sul como líder, apresentam-se em situação de desequilíbrio fiscal sério e difícil de ser encarada e equacionada!
Mas, o mais relevante e, para alívio dos brasileiros, é que essa crise vem permitindo que se processe um trabalho didático-pedagógico sobre o comportamento e atitudes de pessoas e instituições do País. O próprio dólar elevado, por exemplo, ao mesmo tempo em que garante um especial estímulo ao esforço exportador, também pressiona a inflação, aumenta a dívida da empresas que devem em dólares, encarece os produtos acabados e aqueles que usam matérias primas e bens intermediários importados. E isto impacta, também, positivamente, na busca de redução de desperdícios, no aumento da eficiência e na busca de alternativas mais baratas à aquisição de tais matérias primas.
Aliás, já se percebe que a crise está promovendo uma nova rodada do processo de substituição de importações no Brasil como forma de vencer o parcial estrangulamento externo que já afeta os preços dos produtos manufaturados com conteúdo importado, quer direta quer indiretamente.
Também a crise, ao gerar perda do poder de compra das familias e promover o aumento do desemprego, além da redução do salário real, tem produzido um processo recessivo em face do encolhimento da demanda — tanto pública como privada — bem como tem levado as famílias a impor restrições orçamentárias severas. Como diz o dito popular “ador ensina a gemer”.
É oportuno considerar e levar em conta que a crise de água e de energia que tomou conta de quase todo o País, tem levado à subbstituição por fontes de energia mais baratas ou maus disponíveis! Primeiro, a substituição das fontes térmicas e agora das hidráulicas, por fontes alternativas como a eólica e a solar que começam a ganhar expressão na matriz energética brasileira. Tais crises tem conduzido, as pessoas, a uma consciência crítica da necessidade de agir com parcimônia e racionalidade no uso de tais recursos.
A atitudes das familias não está relacionada apenas ao consumo de água e energia mas, também, diante dos preços e alternativas nos supermercados, nos restaurantes e em outros serviços onde a busca por preços melhores e a substituição de produtos e marcas tradicionalmente compradas por produtos mais em conta, tem sido a tônica!
Adicionalmente o que se assiste é que, ao lado da perda de poder de compra das famílílias, da redução significativa dos investimentos públicos e privado, da diminuição da oferta de crédito pessoal, em face da conjuntura econômica adversa e do elevado aumento da inadimplência, tais circunstâncias tem conduzido o País a um amargo processo recessivo. Mas, por incrível que pareça, esse quadro tenebroso, tem seu lado positivo.
Os preços relativos, marcados por bolhas e desalinhamentos, começam a enfrentar a necessidade de voltarem a patamares considerados menos especulativos e a valores dentro dos limites do esperado.
Em Brasília, por exemplo, o preço de casas e apartamentos, já caiu cerca de 20%,em face da significativa redução da demanda. Os veículos automotores já enfrentam, tanto nas vendas como na produção, quedas superiores a 20% e a sobrevivência dos negócios está deveras complicada, mesmo com o festival de promoções.
Uma outra conquista desse processo de revisão crítica de valores e da vida em si, diz respeito a discussão que ora se abre em torno dos níveis de tributação pagos pelo cidadão, de um lado e de outro a extensão e a qualidade dos serviços públicos ofertados Paga-se muito por serviços de qualidade e tempestividade discutiveis.
Por outro lado, a questão previdenciária está a exigir um equacionamento urgente pois já no próximo ano, o déficit já pode atingir 160 bilhões de reais em face da crise de emprego ou do desemprego crescente, além da alteração na estrutura demográfica e do excesso de benefícios concedidos, além, é claro, de vazamentos e dos desvios de recursos publicos
Lamentavelmente só quem não assumiu a necessidade de cortar na própria carne foi o governo, haja visto o pacote pífio que apresentou com medidas de redução de despesas pouco convincentes e muito delas subjetivas e de difícil execução, apelando, objetivamente, para o aumento de impostos. Até quando o governo vai continuar abusando da paciência dos brasileiros e estabelecendo como lógica de sua atuação, a esperteza?
Postado em 13 set, 2015 Deixe um comentário
O Brasil acaba de perder o chamado “investiment grade”, ou seja, deixa de ser visto como um bom pagador para ser considerado um devedor pouco confiável. Com isto, quando da decisão da Standard & Poor de “tomar o investiment grade” do País, fez com que, de roldão, fossem rebaixadas 30 maiores empresas brasileiras e os 13 principais bancos do País. Entre elas, as empresas, a Petrobrás e, entre os bancos, o do Brasil, o BNDES, o Bradesco e o Itaú!
Diante da decisão dessa agência de avaliação de risco, ou as chamadas agências de rating a tendência do quadro econômiconacional é piorar, significativamente pois, os custos de rolagem da dívida externa, tanto pública como privada, se já estavam altos em face da desvalorização cambial, aumentaram ainda mais e, pelo andar da carruagem, a coisa só tende a se agravar ainda mais.
Por outro lado, a baixa popularidade da Presidente, a debandada da base parlamentar e a falta de solidariedade de seu próprio partido, alem de claros sinais de que Levy quer ir embora, pois além das declarações em favor do aumento, mesmo que provisório, da carga tributária, prometeu entregar a Presidente um pacote de medidas que terão um sabor deveras amargo e deverão encontrar duras resistências no Congresso Nacional.
Como se isso não bastasse, o governo continua pondo os pés pelas mãos, além das opiniões confusas e desencontradas nas manifestações da Presidente, esta semana foi marcada por um episódio, protagonizado por uma enfermeira do MST, hoje guindada ao posto de Secretária Executiva do Ministerio da Defesa, mulher do número 2 do movimento dos trabalhadores sem terra, que desencavou um decreto, lá nos escaninhos da Casa Civil, “entregando” como que ao Exército de Stédile, o processo de condução de promoções, licenças , indicações para funções e missões, dos militares das três armas, retirando dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, essa prerrogativa que sempre foi exclusiva deles!
Assim ao examinar o panorama à distância, vez que em visita a Argentina, o cenarista se depara com este que outrora foi um belo e rico País, nação que chegou a representar uma das mais prósperas e dinâmicas economias do mundo e que hoje é um caso patente de desestruturação e de desmantelamento sem igual. Tudo, em Buenos Aires tem um ar de abandono, de sombrias perspectivas e um “de já vu” além de uma descrença, uma frustração e um desânimo sem igual de sua população.
Aqui a sensação que se tem é que as elites, mais especificamente as classes média alta e alta, sentindo-se impotentes diante da dominação e total controle da cena política pelos sindicalistas, notadamente os filhos do peronismo, resolveram ausentar-se do processo e, completamente indiferente a tudo que ocorre, mantém as suas reservas em moeda forte fora do País, continuam vivendo nas suas mansões, frequentando as suas casas de campo, utilizando-se dos seus oitenta campos de golfe, curtindo os seus iates e viajando, com muita frequência, para a Europa.
E, quanto ao quadro político do País, a idéia predominante é deixar as coisas como estão porquanto sempre que muda ou há alternância de poder, se pratica uma espécies de estelionato contra o que se presume sejam os que tem muito e, ao confiscar poupanças e patrimônios, geram nesse segmento, um total desinteresse com que ocorre com o País.
Mas, voltando ao caso brasileiro, alguns dos patrícios até bem pouco temiam e ainda temem, como o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, que o Brasil se torne uma espécie de Grécia do Sul, tamanha a desorganização das contas públicas e a natureza perduláro do estado nacional.. Outros, como o economista da FGV-RJ, Carlos Eugênio, um sóbrio e respeitável professor daquela escola, acham que o Brasil marcha célere para se transformar em uma Argentina. E os chamados “aloprados” chegam ao extremo de acharem que o projeto de instituição de uma república bolivariana, tendo como base o modelo venezuelano, continua em curso e, só deixará de ser uma estratégia política nacional, caso o Pt e os seus seguidores sejam afastados do poder!
Aliás, nos dias que correm e, pelo que se sente, diante de uma crise que se aprofunda mais e mais, não vale hoje, como num passado não tão longíquo, referir-se, em um sentido depreciativo, ao futuro do Brasil, com o refrão do Fado Tropical, de Chico Buarque e Ruy Guerra, onde se temia um destino nebuloso para Brasil quando assim expressavam “que esta terra ainda vai cumprir seu ideal; ainda vai se tornar um imenso Portugal!”. Pelo jeitão, se não houver um mínimo de espírito público da classe política e se a sociedade deixar de pressionar as instituição quanto a definição e o estabelecimento de uma Agenda para o País, aí a coisa pode caminhar no sentido da desagregação e do desmantelamento da economia do Brasil e de suas instituições, como ora se presencia na Argentina.
Para que algo de sério venha ocorrer no País, há que acabar com alguns aspectos, por exemplo, que limitam a independência e a harmonia entre os poderes. Ou ainda aqueles que impedem que se garanta a legitimidade do processo eleitoral, através da escolha dos dirigentes e de representantes do povo. Ademais há que se considerar aquelas medidas destinadas a que se restabeleçam as restrições à proliferação de siglas de aluguél, tão danosas a formação de governos de coalizão. Além disso, a remoção das enormes dificuldades criadas à operação e funcionamento da Federação e da autonomia municipal, representam, sem sombra de dúvidas, pré-condições ” sine qua” destinadas a desanuviar o confuso quadro político-eleitoral do País.
Se se faz urgente arrumar o quadro político-eleitoral para que decisões destinadas ao enfrentamento dos desafios nacionais sejam legítimas, é condição também necessária e imprescindível que a Justiça sofra algumas mudanças e ajustes para que ela melhore o seu desempenho, recupere o respeito e a credibilidade perdidas além de vir a se mostrar mais confiável ao tornar-se um pouco mais célere, mais justa e mais honesta! É crucial que se acabe com a idéia, por exemplo, de que ministros dos tribunais superiores sejam escolhidos pelos executivos nacional e estaduais o que lhe lhes tira, mesmo sendo vitalícios os seus mandatos, um pouco da liberdade e da capacidade de julgamento isento.
Isto já seria parte do que se pretende em termos de uma nova postura e atitude do Judiciário pois que, medidas outras como o estabelecimento de rito sumário para vários delitos; a objetiva operação e posta em prática da súmula vinculante e o processo de triagem de questões que deveriam ter fase terminativa em segunda instância que, além de aliviar o Supremo de apreciação de questões que não são relativas à constitucionalidade de normas e procedimentos diminuiria o número de processos que hoje ultrapassa a cifra de 100 milhões!
Se para a Justiça, há que se promover ajustes do tipo como a proibição de parentes, até terceiro grau, de ministros ou desembargadores poderem operar em tais cortes, para um Parlamento acocorado, subserviente ao Executivo e que envergonha a qualquer cidadão, só há uma forma de redimir-se. É isto só será possível através de três medidas:a instituição da famosa Cláusula de Barreira, já uma vez aprovada pelo Congresso e que o Tse, a rejeitou; o financiamento público de campanha; o fim do voto de analfabeto e de menores de dezesseis anos, pois que sem partidos ideológica, doutrinária e programaticamente estabelecidos, tais segmentos são fácil e amplamente manipuláveis.
Finalmente o fim de alíquotas específicas do Icms por estado e por atividade e a definição de que ele será cobrado só no destino, estabelecendo -se tão somente, uma alíquota simbólica de controle para acompanhar a circulação de mercadorias, de caráter geral. Adicionalmente, seriam criados os fundos de compensação por perdas receitas derivadas da mudança e a criação de um Fundo de desenvolvimento para a correção de desequilíbrios regionais. Complemente-se tais ações com um processo de simplificação e unificação da legislação de Icms, tão urgente nos dias que correm.
Sem essas premissas, a montagem de uma agenda para o País não irá redundar no enfrentamento dos problemas conjunturais, no reestabelecimento dos fundamentos da economia, na correção das distorções derivadas de desequilíbrios que se acumularam na Previdêntica, na Saúde, na Educação, na Segurança e na Infraestrutura e na Logistica da Nação e não abrirá perspectivas para a retomada do crescimento!
Postado em 9 set, 2015 Deixe um comentário
A viagem de Levy para encontros na Turquia, na Espanha e agora em Paris, foi de grande valia não apenas para gerar uma descompressão pessoal, afastar-se do fogo amigo e inimigo, além de servir para sentir quão urgente é encaminhar o ajuste fiscal de tal forma a intentar não perder o grau de investimento, aquietar os credores e investidores e mostrar um lado um pouco mais cor de rosa das perspectivas da economia nacional.
Também foi em busca de avaliar como as duras medidas dos ajustes espanhol e francês podem servir para sugerir a calibragem mais adequadas das medidas a serem tomadas daqui para frente. Levy, no entanto, continua a enfrentar duas dificuldades: uma de caráter político, diante da brutal reação contrária do partido da Presidente e da própria classe política as medidas de ajuste e a outra em função da rigidez orçamentária, onde os graus de liberdade para fazer cortes são muito limitados.
Levy foi a Espanha não para torear nem para assistir uma tourada onde a vítima, as vezes, pode ser o próprio toureiro! Foi, para uma ingrata e espinhosa missão: tentar acalmar os ânimos de credores e das agências de risco, quase que a implorar para que não retirem o grau de investimento do Brasil. E, para ser mais convincente, foi demonstrar que ele descobriu uma fórmula de “by passar” o Congresso e, aparentemente, com relativa chance de sucesso, aprovar ou implementar o que acha que é preciso.
A idéia básica de Levy é não criar novos impostos, nem mesmo transitórios ou provisórios, apenas… dentro da competência do Executivo, aumentar alíquotas, inclusive estabelecendo uma conotação que é tão cara a antiga esquerda: aumentar a carga sobre os que podem mais. Tudo, é claro, representa, “bullshit”! É aumento de carga, sim, mas não há outra alternativa ou saída. Ou faz ou o ajuste que já impôs tanto sacrifício não terá valido à pena!
Aparentemente, ao propor a elevação da alíqota do IR pessoa física para 40%, pode até ser palatável a turma barulhenta do PT, PSOL, PC do B e outros menos votados. Estaria sendo aumentado as alíquotas dos tributos apenas sobre os que podem mais. Claro, no sonho dessa desfigurada esquerda brasileira, um imposto sobre heranças e doações e sobre grandes fortunas seria a glória. Mas, pela experiência histórica, no Congresso Nacional dificilmente passaria ou seja, dificilmente seria aprovada tal idéia.
Também, está sendo pensada uma outra elevação de alíquota, talvez da famosa CIDE, embora com a promessa de que poderia ser bem dosada, reduzindo seu impacto sobre cargas e transportes de massa, mais uma vez se propondo a recair sobre os que, aparentemente, podem mais. Ou seja, sobre os proprietários de veículos automotores e que, além da medida cumprir o seu papel no ajuste, também, por certo, viria a agradar aos ambientalistas pois, muitos carros irão permanecer mais tempo nas garagens reduzindo a emissão de dióxido de carbono. Talvez esta represente outra alternativa menos traumática.
Uma outra opção imaginada por Levy diz respeito ao aumento da alíquota do IOF, selecionando aquelas transações que não impactariam significativamente os custos operacionais das empresas e nem transfeririam ineficiência a todo o processo produtivo. É, por certo, uma ginástica complicada e de difícil operacionalização, requerendo um “expertise” enorme e a contribuição e colaboração das entidades representativas do setor privado. Será que elas atenderão a tal chamamento cívico?
Como todo esse esforço e sacrifício ainda não fechariam a conta de um superávit primário da ordem de 0,7% do PIB, como quer o Ministro, anda ressabiado com o envio de uma peça orçamentária com um déficit de mais de 30 bilhões e, que nas contas do Relator, vai a mais de 42 bilhões de reais, a cobrança da sociedade civil é por cortes significativos nos gastos de governo.
A sociedade acha que não é para ter nenhuma complacência com nenhum setor, apenas cobrando dos gestores a competência necessária para saber hierarquizar prioridades de tal forma a não gerar impactos sociais e políticos desastrosos para o Governo.
Por fim, há ainda a chance de ser explorada a possibilidade de elevação da alíquota da CSLL das empresas o que, sendo na ponta do processo, segundo admitem alguns “sábios”, não comprometeria o desempenho dos negócios e apenas limitaria a retomada de investimentos por parte das empresas, notadamente aquelas do setor industrial. Mas como as incertezas e as desconfianças estão ditando o rumo das decisões, então a medida seria deglutivel!
Se Dilma “bancar” tais propostas e o Congresso não adotar uma postura intransigente quanto a elevação temporária de tais alíquotas — o diabo é que ninguém acredita em promessa de governo, notadamente quando diz que é emergencial, temporária, etc, como ocorreu com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a malfadada CPMF,que era provisória e virou permanente! — é bem possível que se possa acalmar as agências de risco, aquietar os investidores externos e internos, domar a valorização do dólar e estabelecer um mínimo de esperança de que as coisas acabarão dando certo.
Levy, após esse descanso que ele se forçou e do distanciamento que conseguiu das intrigas palacianas, pode vir a encontrar um clima menos hostil e um ambiente mais propício a permitir que o processo de ajuste fiscal ocorra sem maiores sobressaltos pois o País precisa, urgentemente, desse reequilíbrio das contas públicas e de uma trégua na política monetária que, como é sabido, é muito menos eficiente para controlar a inflação do que a política fiscal. E é nessa área que Levy quer endurecer o jogo.
Se esse receituário pode complementar as medidas destinadas a garantir êxito a política fiscal e ao reestabelecimento dos fundamentos da economia, no plano político o quadro, infelizmente, parece que só tende a se deteriorar mais, apesar do “mea culpa” da Presidente.
Aliás, não virá também em boa hora, a possível exoneração dos dois ministros petistas acusados de serem beneficiários do Petrolão e terem irrigado a campanha de Dilma de dinheiro ilegal oriundo do propinoduto patrocinado pela Petrobrás. Será que Dilma afastará Mercadante e Edinho Silva, além de Miguel Rossetto e outros do Núcleo Duro para poder compor e negociar com o Congresso e sinalizar que algo estaria mudando para acalmar, um pouco, a sociedade civil? É esperar para ver!
Postado em 7 set, 2015 Deixe um comentário
Cenários não são notícias nem são informações precisas e objetivas. Cenários representam tentativas de juntar pedaços, de montar quebra cabeças, de estabelecer um quadro possível de se concretizar a partir de indícios e com base na sensibilidade do autor. Portanto, montar cenários é, acima de tudo um exercício especulativo que, também, não representa uma tentativa de adivinhação mas de antecipar uma possível situação passível de acontecer.
É dentro dessa linha de raciocínio que, diante de informações, circunstâncias e conhecimento dos atores e protagonistas, bem como das pressões e dos interesses que os envolvem, que o cenarista desenha e antecipa o possível quadro a se desenrolar nos próximos dias.
Sendo assim, acha o cenarista que um acordão, como já antecipado por ele, está montado. “Bater o martelo” representa apenas uma questão de tempo, de oportunidade e de um momento que se mostre o melhor. Tal “timing” seria motivado pela necessidade de convencer, à sociedade, que era necessário e inadiável estabelecer essa ruptura institucional, indolor, para que o país fosse pacificado, o ajuste fiscal fosse retomado e a chance de abrir perspectivas para o crescimento fosse garantida.
Para tanto, estabelecer um novo momento, recuperar a credibilidade das instituições e do poder público, notadamente frente a agências de risco, a credores internacionais e a empreendedores nacionais, é a preocupação mais urgente. Isto porque é necessário, aos poucos, que sejam abertos horizontes e seja criado um ambiente econômico menos hostil para que se processem a retomada dos investimentos, a atração de empreendedores externos para responder aos desafios de superar as limitações da infra-estrutura e de obras do PAC.
E, o acordão, representa o instrumento necessário e suficiente para que se faça uma transição pacífica e não traumática, sem ser necessário “combinar com os russos”, parafraseando o veho Garrincha. Isto porque, é sentimento geral que o país não aguenta mais continuar sangrando, sem rumo e sem perspectiva.
Assim, ao ver do cenarista, já está tudo acertado! Com o Pacto de Murici, como sói ocorrer dentro da tradição histórica brasileira, os ódios e os ressentimentos acumulados, com esse entendimento, serão esquecidos e, como dizem os neo-republicanos, “a pátria, os seus interesses e os seus propósitos, acima de tudo, estarão preservados”.
E os indícios de que “já está tudo dominado” para que o acordão se concretize, são muitos e bastante visíveis. As declarações de Temer; a quase saída de Levy do Governo; a entrevista do Presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal dizendo que as últimas denúncias não estão suportadas pelas conclusões das investigações da PF e foram determinadas, de forma seletiva, pelo próprio Procurador da Republica. Tudo isto representa, ao lado de alguns outros fatos, a revelação, de que já se processava um entendimento para enfrentar o contencioso que será deixado pelas operações da PF e do Ministério Público, de tal forma que os protagonistas da cena política venham a ser preservados e afastados do escândalo do Petrolão!
Assim, apenas para demonstrar como se encaminha tal processo, o primeiro fato a pontuar é que, dificilmente, serão encontradas as necessárias provas materiais e documentais que garantam respaldo a denúncias contra Lula, Renan, Eduardo Cunha e outros menos votados. Ou seja, só um acórdão desse naipe poderia garantir a retirada de tais figurões da lista de denunciados.
Porém, claro, para disfarçar, o Procurador resolveu denunciar Aluisio Mercadante, Humberto Costa, Senador Anastasia, Pezão e Tião Viana, entre outros, de tal forma que, o que, de fato virá a ocorrer, é que se concluirá, a nível de Supremo, que não estão fundamentadas as denúncias e, consequentemente, o STF não os indiciará e não os considerará réus no processo do Petrolão.
Para que a coisa caminhe no rumo desejado pela “elites brancas”, O TCU será menos severo na avaliação das “pedaladas” de Dilma e o TSE, para não prejudicar o natural herdeiro do espólio, Michel Temer, não rejeitará as contas de campanha de Dilma, apenas recomendando “multa pesada e fazendo severas críticas”.
É também fundamental reconhecer que esse acordão, já vem sendo gestado faz três meses, por lideranças as mais expressivas no campo político, Juridico, empresarial e dos movimentos sociais. Prova disso e, ficou claramente explicitado, foi a apresentação da Agenda Brasil, corporificada nas 29 propostas salvadoras, apresentadas por Renan Calheiros e que, segundo especulam as más línguas, contou com a inestimável colaboração de um tucano de plumagem densa e respeitável, na elaboração do documento.
Parece que alí, naquele episódio, estabeleceu-se a senha para que se deflagrasse o processo de defenestração de Dilma e do PT do poder. A partir daquele momento o que se tem assistido tem sido uma sucessão de opiniões controversas; pronunciamentos confusos da Presidente; de encontros de Michel com o empresarido paulista e com as bancadas no Congresso; o distanciamento do PMDB do poder e os boicotes, chantagens e ciumeiras em cima de Joaquim Levy, não apenas por parte de Lula mas de representantes do próprio Executivo e também de membros do comando do PT.
Portanto, a queda de popularidade da Presidente, atingindo a menos de 7%; o total descontrole do poder sobre a sua base de sustentação parlamentar; as declarações de Temer e o número crescente e constante de más notícias no campo econômico, além do desânimo que se abate sobre agentes econômicos e a população como um todo, são os ingredientes que alimentam as especulações em torno de uma iminente renúncia de Dilma.
Sendo assim, parece que a Presidente vive “o crepúsculo outonal de sua carreira artística” e Lula, espertamente, desde que ele seja poupado de acusações graves e seja garantido que ele não venha a ser denunciado pelo Ministério Público, prefere ser um dos fiadores dessa transição, ao lado de FHC, Michel, Sarney e Renan e, com o apoio de Levandovsky e de Toffoli, para citar apenas alguns nomes da política e da justiça, sem mencionar o apoio já explicitado de Paulo Skaf e do Presidente da FIRJAN.
Assim, o que falta concretizar são arranjos do tipo o que fazer com Sérgio Moro? como aquietar a Policia Federal — que tal aprovar a proposta de reestruturação do órgão que está no Congresso? — como gerar a descompressão na Camara e Senado? Como atender as reivindicações do Ministério Público? entre outros, são alguns pontos que ainda estão sendo costurados pelos que estão a frente de todo o processo do acórdão.
No final, o PT buscará se reconstruir reassumindo a Oposição ao novo governo, falando do golpe sofrido pela companheira Dilma, da perseguição dos seus filiados que deverão perder cargos no poder , ao mesmo tempo o novo poder instalado buscará a retomada de um ajuste fiscal duro e a criação de um ambiente de negociação e entendimento para marcar o “day after” de Dilma e o fim das angústias ora vividas pelo País!
Postado em 30 ago, 2015 Deixe um comentário
As coisas estão se complicando a cada dia que passa muito embora o governo tenha buscado várias formas de impedir desfechos desagradáveis para a crise que ora vivencia o Pais. O Planalto, por exemplo, conseguiu conter a ânsia do TSE que ia na direção de rejeitar as contas de campanha de Dilma, atitude que talvez tenha sido abortada por uma providencial ação do recém reconduzido Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que determinou não aceitar um pedido de denúncia da Presidente Dilma, encaminhado pelo TSE!
Por outro lado, correm soltas as negociações com o TCU para que as chamadas “pedaladas fiscais” não venham a ser vistas como crimes contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, cometidos pela Presidente. Tem sido ingentes os esforços do Advogado Geral da União para conseguir acórdãos, jurisprudências e outros “quetais”, buscados do fundo do baú da história, como base para ir afastando o fantasma do, para os petistas, chamado “golpismo”.
Discute-se, não apenas nos fóruns apropriados mas, em quase todos os círculos sociais, mesmo naqueles menos providos de acesso privilegiado a informações sobre a conjuntura e sobre as circunstâncias que cercam o quadro político nacional, qual o caminho que trilhará o Brasil para sair do atual impasse. O desgaste experimentado pela Presidente, o estrago que faz a Operação Lava-jato, a crise econômica e seus desdobramentos, são os ingredientes que levam ao raciocínio de que há que haver uma saída para o impasse político-institucional que experimenta o País!
Os mais radicais e apressados só veem o ” impeachment” como saída. Mas. os mais lúcidos e responsáveis formadores de opinião tem a convicção de que esses mais ansiosos por uma solução rápida para o imbróglio se ponderassem melhor concluiriam que esse não seria uma alternativa apropriada e adequada, em decorrência dos vários problemas que surgiriam, caso tal opção fosse adotada. Alguns mais ponderados chamam a atenção para a experiência brasileira quando da renúncia de Jânio que, para impedir a posse no efetivo poder do seu vice João Goulart, as “elites brancas” forçaram, naquela oportunidade, a aprovação, a toque de caixa pelo Congresso, da opção de estabelecer o parlamentarismo no Brasil.
E a experiência, contrariando a tradição e a cultura brasileira, nitidamente monarquista e presidencialista, foi de um fracasso total, notadamente quando não se tem partidos devidamente estruturados e amparados em linhas doutrinárias e programáticas claras e que lhes dê a identidade necessária. E esse não é o caso brasileiro. Ademais, os patrícios não conseguem entender a lógica da operação de um governo conduzido pelo Parlamento pois acreditam que um poder só opera, de fato, subordinado a um só comando e dentro da visão sebastianista do poder. Sendo assim, difícil é imaginar ser aprovada uma nova opção de regime de governo, diferente do que os brasileiros já estão habituados.
Se o “impeachment” é inviável mas se a insatisfação continua e, já e já, o comandante da política econômica estará entregando o mancho pois, pressionado por todos os lados e grupos, terá esgotada a sua paciência para compor, transigir e negociar, o quadro tenderá a se deteriorar ainada mais do que já se encontra. Assim, é bom ponderar no papel das chamadas “elites brancas” que, pela experiência histórica, pelo que se conhece, não admitirão que o país continui sangrando sem que se encontre uma saída para as suas dificuldades.
Isto porque não há sinais e nem indícios de que, a partir do núcleo duro do Palácio do Planalto surja, para a sociedade, qualquer aceno confiável de mudança no curso dos acontecimentos capaz de estabelecer a possibilidade de que o poder instalado terá competência para fazer com que a esperança renasça nos corações e mentes dos patrícios. Isto porque, até agora, a Presidente, além de nada mais comandar, não tem sabido mostrar para onde vai, nem como vai e nem o que vai fazer!
Postado em 28 ago, 2015 Deixe um comentário
Os comentários aqui publicados buscam ser cenários possíveis ou previsíveis e nunca o que se denominaria “wishful thinking”, como dizem os americanos. Nenhum juízo de valor aqui se emite mas a tentativa de juntar pedaços da cena brasileira e buscar antever o que pode acontecer nos próximos momentos dessa ópera quase tragi-cômica que experimenta o País.
Alguns indagam por que não se intenta estabelecer um cenário de transformação do Brasil comandado pela própria Dilma pois ela é, segundo remanescentes do petismo, uma presidente inocente, de boa-fé, honesta, capaz , eleita legitimamente e que não sabia de nada dos desvios de conduta de toda a cúpula de hoje e de ontem do PT e de seus auxiliares mais próximos, como ficou demonstrado não apenas pelo Mensalão como pela Operação Lava-Jato.
Na verdade, alguns querem que o cenarista intente imaginar a possibilidade de um Pacto Nacional tipo Pacto de Moncloa, ocorrrido na Espanha de 1977 que reuniu políticos de todos os partidos e tendências, classe empresarial, elites sindicais, movimentos sociais, ou seja, quase todos os entes representativos da sociedade civil, com um único compromisso e propósito de redefinir, institucional e estruturalmente, os caminhos para construir uma nova Espanha, naqueles momentos de desencontro pós morte de Francisco Franco. Tal pacto garantiu a Espanha, em trinta anos, passar de 14a. economia do mundo para 8a e, hoje nos calcanhares da Italia para assumir a sua posição.
Portanto, mesmo estando levando o País à bancarrota e a desorganização da economia; gerando a desagregação social; promovendo um desanimo, uma descrença e um desencanto sobre toda a sociedade; mesmo criando as pré-condições para a perda do “investment grade”; mesmo elevando o desemprego a níveis assustaadores; mesmo sem gerar qualquer perspectiva de que o País sairá do buraco, alguns petistas defendem a manutenção de Dilma no Poder e acreditam, não sei se de bom a ou má fé, que ela seria capaz de conduzir e orientar um pacto dessa envergadura.
Não obstante o fato de que, talvez, o estresse, as pressões e o cansaço tenham levado Dilma a uma série de situações embaraçosas e aos chamados “tiros no pé”. Os últimos episódios, exceção feitas aquelas situações cômicas como as da mandioca, do convênio com a Alemanh do dentrificio, dos roraimados e outras tantas, são de gerar insatisfações a muitos, como foi o caso da proposta recente de pagar parcelado o 13o. mês dos aposentados e, agora, a proposta de recriação da chamada CPMF.
Tudo isto resultam em dificuldades enormes para que ela conduza o seu pacto que, no caso brasileiro, até poderia ser chamado de Pacto de Murici, terra do Presidente do Senado Renan Calheiros, agora o seu mais importante e forte aliado. Também porque Renan foi quem apresentou a sua proposta de um conjunto de 29 medidas capazes, segundo ele, de passar o País a limpo. Agora a pergunta que não quer calar é como isto se processaria esse entendimento com o partido da presidente, a maioria “não querendo largar o osso”, no comando dos 23 mil cargos comissionados, de estruturas de poder tão relevantes como as agências reguladoras, os fundos de pensão, de empresas como a Petrobras e dos bancos oficiais além do convencimento de correligionários e aliados para que se engajem em todo o processo de reformulação das estruturas de poder, abrindo mão de suas idéias bolivarianas para a economia e a opção terceiro-mundista nas relações internacionais?
Na verdade, será muito difícil porquanto qualquer reformulação do estado brasileiro, ao ter que ser aprovado por um Congresso com esse número absurdo e inadministrável de partidos, não tem qualquer chance de ser aprovado. Ademais, tendo ao lado alguns aliados que provocam empresários, os militares e a midia que não está a favor do poder, criam limitações e dificuldades insuperáveis.
Se Dilma e Lula conseguissem desaparelhar o estado com os seus aliados; liberar as agências reguladoras, os fundos de pensão, os bancos oficiais, a petrobras, entre outros órgãos, do controle dos sindicalistas de sua preferência, aí talvez se abrissem perspectivas para uma negociação de um pacto de entendimento e de uma solução de compromisso capaz de enfrentar o “imbroglio” em que vive o País. Será que a Presidente tem essa visão perspectiva, a competência requerida para tal empreitada? E o desprendimento e a humildade requeridos para se postar de forma a recuperar a confiança e a credibilidade junto aos demais interlocutores? É difícil antecipar e acreditar em tal atitude mas, esse cenário muito pouco provável , poderia até ser construído e o Pacto de Murici erigido para o bem dos brasileiros.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!