Postado em 9 ago, 2014 Deixe um comentário
Em qualquer campanha eleitoral o tempo é de promessas, de dourar a pílula diante de problemas mais graves e de fugir das questões ditas incômodas ou inconvenientes. No momento por que passa o País, todo mundo sabe que, diante dos problemas, impasses e desafios, é fundamental que se procedam ajustes, correção de rumos e que se façam mudanças capazes de impor alterações do “status quo” e que, como consequência, significarão e imporão sacrifícios a todos os brasileiros. Mas com a promessa de que tempos melhores virão!
Ou seja, a desorganização que hoje ocorre “na estrutura, na operação e no funcionamento da economia” impõe, obrigatoriamente, que ocorra um freio de arrumação, capaz de criar as bases para a retomada de uma expansão sustentada e continuada da economia. Assim, é senso comum que 2015 será um ano de duros ajustes ou, em outras palavras, um momento de “apertar o cinto” e, portanto, de grandes sacrifícios que deverão ser distribuídos, se possível, espera-se, indistintamente.
Assim, vai ser difícil para qualquer candidato não se comprometer com ações ditas antipáticas como, por exemplo, promover o realinhamento de preços de energia elétrica, dos combustíveis, das tarifas de água e esgoto, das tarifas de transportes públicos, entre outros, no sentido de voltar a operar no País, sem maquiagens e sem distorções, o sistema de preços relativos. E, cada vez mais será necessário impor-se a prática de não permitir que se faça uso de expedientes como manipular preços administrados, postergar lançamento de despesas, inventar receitas a serem recebidas de estatais, entre outros, como forma de interferir nos níveis de inflação.
Também a mobilização da sociedade fará com que, certas apropriações indébitas, como por exemplo, a atualização dos recursos do FGTS, que hoje ocorre no limite da metade da inflação ocorrida, deverá ser objeto de uma revisão crítica pois, daqui a pouco, ações e mais ações começarão a serem ajuizadas criando esqueletos que, depois, o Tesouro não encontrará meios de pagar. Agora mesmo, a apropriação de valores da poupança, pelo sistema bancário, ocorrida durante os planos Breser e Collor, que deverá ser julgada, brevemente, pelo Supremo, poderá representar uma conta de quase 300 bilhões, a ser paga aos cidadãos, pelo sistema bancário, segundo algumas avaliações.
Uma outra questão que os presidenciáveis não terão como fugir será de uma nova reforma do sistema previdenciário que continua acumulando distorções e déficits crescentes, além de está sendo questionado, por sindicalistas, quanto a manutenção do fator previdenciário. E aí deverão ser revistas aposentadorias do setor público, pagamentos de benefícios sem contrapartida de contribuição, encargos previdenciários questionáveis, entre outros, além, é claro, da revisão do tempo de aposentadoria para homens e mulheres.
Se estas questões são como espinha na garganta dos postulantes à Presidencia, problemas como o uso dos recursos do Tesouro para capitalizar o BNDES, o BB, a Caixa e outros bancos oficiais; a renúncia fiscal a determinados segmentos produtivos que, pelas avaliações recentes, pouco ou nada contribuíram para o crescimento da economia; os problemas gerenciais, criadores de enormes desperdícios na execução de obras públicas federais, serão outros “imbróglios” que não haverá como os candidatos escaparem de intentar responder às dúvidas do eleitorado.
Além de tais questões, a revisão da estrutura tributária nacional, do pacto federativo e de medidas objetivando descentralizar e desburocratizar o País, estarão na agenda dos candidatos, por cobrança da sociedade.
Também uma outra questão, aparentemente menor, mas da maior seriedade, diz respeito a interferência do Executivo Federal nos trabalhos executados por órgãos de estudos e pesquisas, notadamente aqueles que fornecem dados e indicadores básicos sobre a economia e a sociedade do País, como é o caso do IBGE e do IPEA.
Como é notório tais instituições, lamentavelmente, foram levadas ou forçadas a alterar critérios e conceitos no cálculo e na publicação de dados estatísticos básicos, em função de uma inusitada e inaceitável pressão do Planalto que não queria que a população soubesse que informações essenciais sobre emprego e renda haviam sofrido alterações não favoráveis ao discurso do governo.
Por fim, a sociedade deverá cobrar compromissos relacionados a que o Poder Central não interfira nas políticas de empresas como a Petrobrás, a Eletrobrás e outros entes, como sói ocorrer nos dias que correm, com notáveis prejuízos materiais e na credibilidade de tais instituições.
As questões polêmicas terão que, necessariamente, ser enfrentadas pois não dá mais para empurrar os problemas com a barriga ou colocá-los debaixo do tapete. Pode ser até que as expectativas que estão sendo geradas pela população sejam maiores do que as possibilidades efetivas de concretizá-las mas, tais questões estão no índex das urgências nacionais.
Postado em 7 ago, 2014 Deixe um comentário
A movimentação dos candidatos, a montagem dos palanques estaduais e, agora, os debates promovidos pelas entidades patronais de classe, começam a dar a sensação de que a campanha eleitoral dá sinais de que, agora vai! Também, embora as baixarias e agressões ainda permeiem o quadro das disputas, começam a surgir, nas discussões, as primeiras idéias ou propostas que identifiquem os candidatos.
Até agora, nos dois debates enfrentados pelos principais candidatos, já se estabelecem algumas distinções entre as propostas dos candidatos e se definem aspectos mais característicos de cada um dos principais pleiteantes. Eduardo Campos estabeleceu um compromisso no sentido de reformar a estrutura tributária, não apenas no sentido de diminuição do tamanho da carga mas, também, a sua simplificação, prometendo enviar uma proposta ao Congresso Nacional, logo nos primeiros dias de seu mandato de presidente, claro se ele for o escolhido.
Aécio, embora muito mais focado na crítica às políticas públicas postas em práticas pelo governo Dilma, não apenas quer uma discussão da estrutura de tributos para sua diminuição e simplificação, mas uma melhor repartição das rendas públicas entre os entes federativos. Também, de forma coerente com quem quer reduzir a carga tributária, insistiu muito na redução de ministérios e de cargos de confiança do governo, além de medidas para reduzir os enormes custos e a ineficiência da máquina pública.
Na verdade, com o objetivo de dar mais conseqüência e consistência as suas idéias, Aécio propôs, não apenas a recriação do Ministério da Infra-Estrutura, reunindo os atuais Ministérios dos Transportes, das Minas e Energia e das Comunicações como também, um robusto órgão destinado a favorecer e fortalecer as políticas de governo orientadas à superação dos graves gargalos que hoje comprometem, em muito, o crescimento econômico nacional.
Segundo o presidenciável mineiro, uma outra idéia prioritária, seria aquela destinada a fortalecer o setor agropecuário nacional. A proposta seria a criação do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Pesca, dando coerência e integração às ações e diminuindo as áreas cinzentas onde as competências se conflitam ou se intercalam nas atribuições dos três ministérios. É bem provável que, num maior amadurecimento das políticas publicas destinadas ao setor primário, para diminuir ainda mais os conflitos de atribuições, talvez se incorpore, ao novo ministério, o segmento da Irrigação, da agricultura familiar e da Reforma Agrária.
Eduardo Campos, no debate com o setor agropecuário, embora se comprometesse com o fortalecimento das políticas para o setor, notadamente uma revisão crítica das ações e instrumentos usados pelo atual governo relacionados com a área do Etanol, teve dificuldades para compatibilizar as opiniões e idéias de sua vice, Marina Silva, onde pontificam posições que, às vezes, entram em conflito com as opiniões dos líderes do agronegócio.
Embora, ficando ainda dúvidas sobre as suas posições, Eduardo mostrou-se confiável aos empresários, não apenas do setor manufatureiro como também aqueles pertencentes ao agronegócio. É importante sublinhar que ambos os candidatos, no caso Eduardo e Aécio, tranquilizaram os homens do agronegócio sobre a forma como procurarão lidar com a questão da demarcação de terras indígenas e as momentosas questões ambientais, de forma a compatibilizar o respeito aos direitos dos silvícolas e da preservação ambiental com o crescimento das atividades agropecuárias.
A posição de Dilma é mais complicada porquanto os dois segmentos tem críticas e queixas em relação, principalmente, à incapacidade de diálogo dela e de seu governo, com o empresariado e, as incertezas plantadas pelos equívocos da política econômica ora posta em prática. Na verdade, a postura de Dilma tem sido a de defender o que foi feito no seu governo, sempre buscando, quando possível, fazer um contraponto com o governo FHC e, procurando demonstrar que, dentro das limitações, foi feito muita coisa e muita coisa está em processo ou em andamento no seu governo.
Também a Presidente tem procurado convencer aos espectadores que é possível fazer melhor do que já está sendo feito e, esse, é o propósito e o mote da campanha por um novo mandato.
De um modo geral, o que se sente é que os atentos participantes desses encontros esperam é ouvir propostas convincentes e consistentes de como se repõe e se reorganiza a ordem na base da economia — recuperando os seus fundamentos — e como se restabelece a confiança nas instituições além do compromisso de não interferir na operação interna das estatais de peso, do país, como é o caso da Petrobrás, Eletrobrás, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Economica, Fundos de Previdencia, entre outros.
A retomada do crescimento, a manutenção e aperfeiçoamento dos instrumentos de redução de desigualdades de renda; a abertura econômica mais ampla; a desestatização e desregulamentação das atividades produtivas, melhorando o ambiente econômico e permitindo a atração de investimentos externos, são outros pontos destinados a fazer com que o país volte a crescer, pelo menos, aos níveis da média mundial.
Finalmente, espera-se uma melhoria na qualidade e gestão de políticas públicas, em especial, aquelas relativas à construção e à operação de obras de infra-estrutura além, é óbvio e urgente, aquelas destinadas ao enfrentamento dos desafios relativos as dramáticas questões urbanas.
Claro que há muito mais coisas mas, ao se tentar colocar todas as questões consideradas prioritárias, acaba-se com o próprio conceito de urgência e deixa-se de hierarquizá-las. Assim deixar-se-ia de cumprir os grandes objetivos e de atender as grandes aspirações nacionais, caso se pretenda atender a todas as demandas, aspirações e problemas do País.
Postado em 5 ago, 2014 Deixe um comentário
Não há meios nem instrumentos capazes de definir, dentro de uma presumida racionalidade, quem, probabilisticamente, deverá ser eleito presidente da República Brasileira, no próximo dia 5 de outubro. E, não se sabe, tampouco, se é possível antecipar quais serão os candidatos beneficiados, a partir de agora, quando realmente ocorre o “start up” da campanha eleitoral, das informações a serem divulgadas pelos vários tipos de mídias, sobre a economia e sobre o país.
Também não se pode antecipar o impacto dos programas politicos sobre as preferências do eleitorado, nem a repercussão da rejeição dos pretendentes à Presidência e, “last but not least”, o efeito sobre cada um dos candidatos, das diferenças entre as condições econômico-sociais experimentadas pelo País que, hoje, são totalmente distintas daquelas que se viveu em 2010!
Uma das razões das dificuldades de se concluir, por antecipação qualquer prognóstico é, por exemplo, circunstâncias como, por exemplo, o fato de que os dados de aprovação de Dilma e de seu governo continuam, embora em queda, ainda capazes de sinalizar que a presidente possa vir a ser reeleita, não num primeiro turno mas, talvez, num segundo turno!
Tal conclusão, aparentemente, pode ser precipitada porquanto uma avaliação mais aprofundada do quadro pode, segundo alguns analistas, sugerir que a atuação de alguns ingredientes do processo político-eleitoral, possam levar Dilma a perder o embate!
A sugerir tal especulação está a crença em que o desdobrar da campanha, tal processo e seus resultados, derivariam do fato de, em um segundo turno, por se tratar de uma eleição plebiscitária — sim ou não — os insatisfeitos, de todos os matizes e os que votaram em um dos perdedores, tenderão a se abrigar naquele que simboliza a ânsia de mudança, o desejo de novas alternativas e o cansaço com o longo tempo do discurso e da prática petistas.
Mas, independentemente de qualquer conclusão, não importa quem vença o pleito, o ganhador deverá enfrentar um enorme desafio que é rearrumar a casa — restabelecer os fundamentos da economia –, recuperar a confiança dos agentes econômicos nas instituições e retomar os investimentos necessários a um crescimento na média dos últimos anos, à exceção dos anos que compreendem o período Dilma. Além disso, manter o ritmo das conquistas sociais, enfrentar o caos urbano e lançar alguma luz sobre o enfrentamento da questão da violência e da insegurança pública, seriam itens adicionais a essa agenda simplificada porém, como se verifica, muito densa.
A despeito de qualquer circunstância o momento é muito mais de um chamamento às elites, no conceito weberiano da expressão, no sentido de que sejam aportadas sugestões e contribuições para a Agenda Brasil, indo, por exemplo, desde questões mais simples como garantir a idosos, doentes graves e pobres na forma da lei, medicamentos tendo o seu custo reduzido a partir da diminuição da carga tributária sobre eles imposta, até questões mais complexas como desindexar a economia, acabar com o programa de estímulos fiscais destinados a setores específicos além de uma proposta de redução da carga fiscal e a sua simplificação!
Mas, pelo que se pode deduzir, isto são generalizações que não são capazes de recriar o sonho e a esperança pois não indicam caminhos e alternativas para abrir horizontes de que as coisas possam ser resolvidas. A crise energética, a crise ds Petrobrás, o problema do etanol, o drama da mobilidade urbana, além do problema da retomada do crescimento, com inflação sob controle, exigem propostas essenciais para equacionar essas momentosas questões do País.
Claro que as dificuldades do País cada vez mais se agudizam e se ampliam, o que faz crescer as preocupações pois são tantas as prioridades e tão limitados os meios e instrumentos disponíveis, que é crucial definir o urgente urgentíssimo e, depois, ir agregando novas prioridades.
Dentro do espírito de ser o menos prolixo possível, as sugestões preliminares apresentadas pelo cenarista são apenas provocações iniciais, com o objetivo de propiciar o começo de um processo de discussão daqueles que seriam os temas mais relevante numa agenda de um presidente ou de um pretendente ao poder.
Postado em 3 ago, 2014 Deixe um comentário
Existem valores que, conquistados pelas sociedades, ficam, como que, cristalizados e não se admite sequer temer que um dia eles possam ser perdidos ou ser usurpados. Para um país como o Brasil que, só agora, de 1985 até os dias atuais, experimenta o mais longo período de ampla prevalência das liberdades, não só individuais como de imprensa e de organização da sociedade civil, sem restrições, é inalienável o valor de tais conquistas. E, tal ambiente, tem garantido espaço ao efetivo exercício da cidadania.
No entanto, sociedades jovens e emergentes como a brasileira, por não disporem de instituições consolidadas, tendem a correr riscos de verem conquistas, tão dificilmente obtidas, sofrerem a possibilidade de serem atropeladas ou por vontade de algum líder populista ou ainda por crises econômico-sociais e políticas. Tais crises levam, muitas vezes, a que muitos acreditem que só se mantém a ordem, após vividas e experimentadas as agruras e sobressaltos de instabilidades institucionais e, portanto, só se retoma uma vida sem sobressaltos, se o governo for suficientemente forte para reprimir abusos de toda ordem.
Ou seja, muitos acreditam na máxima “do triste do poder que não pode”, o que convalidaria a tese de que, “é preferível um governo, mesmo que faça restrições às liberdades individuais e de grupos, do que uma autoridade que é leniente com a desagregação social, com a desordem e com a desorganização das instituições”! Essa tese, embora esdrúxula e absurda, passa pela cabeça de muita gente, notadamente quando se instala uma crise econômico-social que acaba gerando, em consequência, uma crise político-institucional, como ocorreu em 1963/64, a qual gerou uma mobilização da classe média, de tecnoburocratas, de empresários e de militares que, respaldaram, entusiasticamente, o golpe militar!
Claro, todos sabem e é notório que, governos autoritários, estão presentes em todos os momentos da história da humanidade. Títeres, ditadores sanguinolentos, monarquias absolutistas tirânicas, repúblicas de fachada com denominação, no seu título, de democráticas, além de republiquetas como as da América Latina e da África, dominadas por caudilhos ou lideres populistas, sem visão estratégica e sem princípios, ainda marcam os dias que correm.
No Brasil, começam a preocupar a muitos os indícios de que as liberdades civis, a liberdade de imprensa, o direito de livre associação, a própria independência do Judiciário, tendem, nos tempos bicudos que vive o Brasil, a serem ameaçados por atitudes, opiniões e gestos do governo instalado no País.
O último de tais gestos foi a condenação pública de um funcionário do Banco Santander que, ao produzir um relatório de rotina, para a clientela a ele vinculado, chamava a atenção para aquilo que o mercado já havia sinalizado por mais de uma vez. Ou seja, os riscos de não haver, com a reeleição da atual governante, qualquer mudança na economia, tão exigida diante do quadro de crise que ora experimenta o País. E mais, que a desconfiança que hoje existe nas instituições poderia vir a crescer, fazendo com que aumentassem, bastante, as incertezas relacionadas ao quadro econômico nacional.
A atitude do funcionário foi objeto de duras manifestações de Lula e companhia, pedindo a imediata punição do servidor, bem como ameaçando a instituição bancária com retaliações de toda ordem.
Tal fato olhado isoladamente, nada significaria e nem insinuaria qualquer dúvida e indagação sobre os seus desdobramentos. Mas, para quem cultiva o hábito de relembrar outros fatos relacionados com essa ânsia dos governantes de controlar a sociedade, é bom lembrar a proposta de cercear a livre manifestação da imprensa, apresentada e defendida pelo Jornalista Franklin Martins, faz alguns anos, o que, segundo lideres do setor, representaria uma verdadeira Lei da Mordaça na imprensa nacional. Aliás a proposta recebeu o entusiástico apoio do Líder do Governo na Câmara dos Deputados, Deputado José Guimarães, dizendo que o instrumento era fundamental ao bom funcionamento do Executivo Federal!…
Se estas duas atitude já representavam tentativas explícitas de controle da sociedade, a proposta de decreto governamental, assinado recentemente pela Presidente Dilma Rousseff, de criação dos chamados Conselhos Comunitários Sociais, significaria a implantação de verdadeiros “sovietes” que, se sobrepondo ao poder do próprio Congresso, viriam a ser o instrumento legitimador das ações do poder público, sobrepondo-se, perigosamente, à instância legítima e própria, no caso, as Casas Legislativas.
Ademais, em função do centralismo fiscal e da total dependência de estados e municípios da União, o Congresso já representa, por essa razão, na verdade, um poder de cócoras, avacalhado, achincalhado e controlado pelo Executivo. Mas, o mais grave é a situação da Suprema Corte onde, diante do sistema de escolha dos ministros, Dilma e o PT, deverão ter ampla e qualificada maioria, subordinando, assim, os interesses maiores da sociedade aos ímpetos e humores do Poder Central.
Se tais já são ameaças à ordem institucional e a prevalência do direito de ir e vir dos cidadãos, o fato de que o governo foi, em todos os seus quadros, aparelhado por sindicalistas e lideranças petistas, esquecendo-se, com isso, o respeito a hierarquia do mérito e agredindo a auto-estima dos profissionais dos vários órgãos públicos, então as preocupações crescem. E, o que se sente, é um evidente desejo de próceres petistas de ver implantado uma versão tupiniquim do chamado estado bolivariano, como sempre desejou Lula, Zé Dirceu, Marco Aurelio Garcia, Gilberto Carvalho, entre outros.
Aliås, esse desejo de implantar um estado a moda e ao feitio dos remanescentes rebeldes dos anos sessenta, fica claro até nas opções estabelecidas na proposta de política externa. No caso a alternativa escolhida pelo diálogo Sul-Sul ou pela política terceiromundista, onde se desperdiça energia, oportunidades de negócios e se desprestigia a própria tradição diplomática brasileira. Ademais, tal comportamento mostra o viés ideológico de um governo que abre mão de acordos bilaterais, muito mais proveitosos do que a opção em favor de um projeto quase assistencialista, de solidariedade internacional, notadamente a governo de viēs de esquerda, sem qualquer resultado pragmático e sob nenhum pretexto, em favor dos interesses nacionais.
Portanto, quando se assistem a tais atitudes e posturas, fica difícil não temer a possibilidade de riscos que correm as instituições democráticas e as liberdades civis no País. Ou seja, num país onde, em condições normais, tudo depende do governo central, pois ele controla, diretamente, mais de 36% do PIB, representados pelas receitas tributárias, afora as compras e investimentos públicos, além do poder de intervenção do estado, via políticas públicas, aí se tem idéia do grau de controle do estado sobre a sociedade.
Sendo assim, juntando pedaços e, considerando a atitude autoritária que está, naturalmente, incrustada na cultura e no comportamento do poder no Brasil, tais indícios de expectativas ideológicas e doutrinárias de instalação de uma república democrática socialista no País, não são apenas meros insinuações mas tendências, aparentemente perigosas, de sobressaltos na estrutura das instituições democráticas do Brasil.
Postado em 31 jul, 2014 Deixe um comentário
Três assuntos pautaram a semana que está a caminho de se encerrar. O primeiro deles foi a intensificação da freqüência com que as más notícias estão chegando aos brasileiros. Não bastava a contraface do tsunami alemão — sete de inflação e um de pib! — além da notícia de que o FMI, após examinar os dados do desempenho da economia, do balanço de pagamentos e das contas públicas nacionais, pôs o País entre as cinco economias emergentes mais vulneráveis ou o fez ingressar na lista dos chamados frágeis, alinhando-se a India, Turquia, Indonesia e África do Sul.
Por outro lado, a desfiguração da Casa de Rio Branco, praticando uma política externa terceiromundista numa proposta de há muito vencida no tempo — a tal Sul-Sul — e, na verdade, sem qualquer resultado prático para o País, tem gerado enormes prejuízos e inúmeros dissabores. Agora mesmo o Brasil foi classificado de anão diplomático pelos erros cometidos, somente mencionando os ocorridos recentemente, diante da invasão da Ucrânia pela Rússia; no caso do conflito Hamas versus Israel e agora, por buscar sustentar algo insustentável como o é a economia argentina e o falido Mercosul, além da dogmática, ideológica e ultrapassada opção por Venezuela, Cuba, Bolivia, Equador, Nicarágua, Angola e outros menos votados!
No que respeita à economia, a desorganização das contas públicas, das contas externas e a desaceleração da indústria manufatureira, levou o País, em decorrência de erros e equívocos da política economica, a ter que praticar os juros básicos mais altos do mundo, para tentar conter a inflação que já se aproxima dos 7%!
Alinhe-se a isso o fato de que os dados do desempenho fiscal até junho, mostram o Brasil apresentando o pior resultado nas contas públicas, dos últimos 14 anos! E, para preocupação adicional, encontra-se o País à beira de um sério desequilíbrio externo pois deverá fechar o ano com o pior desempenho de suas contas com o exterior, faz mais de 14 anos, pelo menos.
Na verdade, se se agregam aí os indicadores sociais de violência urbana, de saneamento ambiental, de saúde publica e de educação, o quadro então se torna desolador.
No entanto, como Deus é brasileiro e a macacada tem sorte, vez por outro surge uma nesga de esperança e alguma circunstância acena com uma mensagem de otimismo. Os resultados de uma pesquisa feita por dois professores da UFMG — José Francisco Soares e Maria Tereza Gonzaga Alves que, a partir dos dados do IDEB — Indice de Desenvolvimento da Educação Básica –, procuraram avaliar como anda a gestão e a eficiência da escola pública municipal do País, dão aquela sensação de que alguma coisa pode ter jeito ou dar certo neste País.
O estudo realizado é por demais interessante porquanto abstrai o impacto do nível de renda ou o patamar sócio-econômico dos alunos que frequentam as unidades públicas de ensino, avaliando-se, tão somente, o nível de eficiência da gestão e os resultados alcançados por municípios e por escolas, nas várias regiões do País.
E, pasmem, os que pouco tem e os que pouco podem, deram um baile de desempenho! O índice alcançado por Teresina, chega a quase igualar ao de São Paulo — 3,9 e 4,2, respectivamente — mostrando que os 3,9 atingidos pelos piauienses da capaital, diante das vicissitudes, da pobreza e do nível de renda e de escolaridade das famílias das crianças da cidade, que é muitas vezes inferior aquele registrado pelas famílias paulistanas, é simplesmente fantástico!
Na listagem dos melhores desempenhos entre as capitais brasileiras estão Palmas, Teresina, Campo Grande, Fortaleza e Rio de Janeiro. Isto faz o cenarista lembrar que 6 escolas top de linha de Fortaleza, anualmente, aprovam cerca de 43% dos alunos que tentam ingressar no ITA, IME e Escola Naval, percentual superior ao alcançado pelos estados de São Paulo e Rio, juntos!
Ainda para encher mais de orgulho a nordestinizada, quando se consideram apenas os pequenos municípios, o campeão dos campeões é um município que jã vem surpreendendo nas Olimpiadas Brasileira de Matemática: Cocal dos Alves, no Piauí! Este, mais uma vez, pontifica para mostrar que seriedade, compromisso e espirito publico podem fazem revoluções muito mais relevantes do que apenas o nível de renda e a dimensão econômico-social de uma população.
E, para fechar com chave de ouro tais resultados, as principais cidades de porte médio que apresentaram os melhores indicadores de gestão e eficiência de sua rede pública de ensino, foram os municípios de Sobral (Ce), Patos de Minas (Mg), Conselheiro Lafayette (Mg), Ubá(Mg), Muriaé(Mg), Sertãozinho (Sp), Rio das Ostras(Rj), Nova Friburgo(Rj), Foz do Iguaçu (Pr).
Se isto conduz a um certo alento no ânimo e no sonho dos brasileiros e, se se pretende fazer renascer a esperança, é de bom alvitre, a partir de agora, acompanhar os debates e as exposições dos candidatos a Presidente pois, só a partir dessa decisão do dia 5 de outubro, poderá o país respirar outros ares.
O debate promovido pela CNI, dia 30 passado, mostrou um Eduardo Campos dando o “start up” da campanha fazendo uma exposição que agradou, em cheio, ao público-alvo, pois se comprometeu, de pronto, nas primeiras semanas após assumir o mandato, encaminhar proposta de reforma fiscal, reduzindo a carga, simplificando o processo e buscando corrigir distorções e desigualdades. Além disso, assumiu a preocupação adicional de melhorar o ambiente para os negócios e restaurar a confiança dos agentes econômicos nas instituições do País.
Aécio Neves, embora com propostas de simplificação do governo — redução do número de ministérios e do tamanho da máquina — também foi na linha de proposição de uma reforma tributária dentro daquilo que esperam os empresários. Fez duras críticas ao governo, chamando a atenção para os erros e equívocos cometidos, pela perda de credibilidade e atribuiu a Dilma a responsabilidade pela desorganização atual da economia e levar para o brejo a credibilidade das instituições.
Finalmente Dilma, tendo tido a vantagem de ter ouvido as críticas e propostas de seus principais adversários, mostrou, segundo depoimento dos próprios petistas, uma falta de treino para o tipo de embate a que se submeteu. Insegurança e despreparo foram as expressões usadas pelos próprios correligionários.
Ademais, ninguém a vê mais como o produto vendido por Lula em 2010 — a gerentona, a durona, a faxineira e a mulher capaz de dar um freio de arrumação na desorganização que a “marolinha” da chamada crise de 2008, teria provocado na economia nacional. Todos esses atributos são questionados e, sobressaem apenas, o gesto autoritário, as grosserias distribuídas a torto e a direito e a sua capacidade de gerar antipatias mis.
Assim deverá terminar a semana com um misto de desencanto e frustração por um lado mas, ao mesmo tempo, uma leve esperança de que as coisas possam vir a mudar.
Postado em 30 jul, 2014 Deixe um comentário
Se os dados recentemente divulgados relacionados a evolução do IDH brasileiro, geraram uma inusitada euforia aos governistas, as avaliações de analistas internacionais e de alguns experts brasileiros na matéria, conduziram a uma reflexão sobre o que o Brasil evoluiu e o que ficou a ampliação do indicador, a dever.
Ou seja, diante das expectativas do Pais e da comparação dos resultados alcançados, vis-a-vis daqueles parceiros latinos e da posição brasileira, caso fosse considerado o nível de desigualdade de renda do Brasil, os resultados exitosos são discutíveis. Considerando tal indicador e os níveis extremamente ainda precários do desempenho educacional, o “ranking” do País ficaria seriamente prejudicado!
Políticas compensatórias de renda ou políticas anti-cíclicas, embora cruciais no sentido de colaborarem para com a redução de desigualdades de renda ou para atenuar à miséria crônica de um Paìs ou de uma região, no caso das primeiras, também são fundamentais, no caso das segundas, para ajudarem a diminuir o impacto negativo de crises circunstanciais de demanda. Não obstante a sua relevância, devem ser objeto de avaliação permanente quanto a sua eficácia em relação ao papel a cumprir já que se pretende, com a sua adoção, alterar os parâmetros de referência da distribuição temporal de renda da mesma forma que se busca, no caso de ambas, avaliar os chamados efeitos colaterais por elas gerados.
No Brasil, notadamente no caso de políticas compensatorias de renda, o programa bolsa-família teve um papel crucial em tirar da linha de pobreza, mais ou menos 32 milhões de brasileiros. Mas, tais programas, deveriam ter o seu sucesso medido pelo número crescente de beneficiários que deixassem o programa ano a ano, pois ao encontrarem emprego estável e permanente, aos poucos dispensariam esse amparo do poder público.
Assim, o aumento do número de famílias beneficiadas pelo esforço governamental ao invés de representar um êxito das políticas compensatórias, representaria uma frustração pelo fato de, ao invés de garantir o exercício pleno da cidadania, o que propiciaria seriam apenas muletas oficiais para a sobrevivência de cidadãos que continuariam párias da sociedade. Ou seja, o aumento da cobertura do programa ao invés de ser um êxito do governo representa uma espécie de”capsio diminucio”!
No caso do Bolsa-Familia, lamentavelmente não tem havido a chamada cobrança das contrapartidas que deveriam ajudar a mudar o perfil dos seus beneficiários. No caso, a chamada exigência dos filhos mantidos na escola e com freqüência satisfatória; o cumprimento de obrigações no que respeita a cuidados básicos com a saúde além de participação em curso de formação profissional e a contribuição para atividades comunitárias, deveria estar no rol das principais exigências.
Ademais o estabelecimento de prazo para, não apenas estar em busca de emprego e, também de encontrar emprego, deveriam ser exigências maiores do programa.
Quando se compara tal programa com aquele que era posto em prática à êpoca das secas periódicas no Nordeste, as chamadas malfadadas frentes de serviço, hoje discute-se se aquelas, mesmo com todas as distorções, não pareciam menos paternalistas e geradores de hábitos perversos como a mera doação de meios do bolsa-família, sem contrapartida da prestação de qualquer serviço. Nas frentes, parte do tempo destinava-se a construir obras de infra-estrutura, tipo açudecos, estradas vicinais, cercas, recuperação de escolas, calçamentos,etc além de parte do tempo ser destinado aos próprios pequenos agricultores para que o utilizassem na preparação de suas terras para o plantio, quando superado o período de estiagem.
Agora, os efeitos do Bolsa-família, da Previdência rural e dos diversos tipos de vales, apenas são sentidos no impacto que geram na renda dos pequenos municípios onde conseguiram reduzir, por exemplo, o impacto desorganizativo das secas que desestruturavam as pobres e limitadas economias municipais e conduziam ao êxodo das populações e as procissões de misérias nas estradas e nas cidades grandes e médias.
Se esse é um aspecto bemfazejo há de se convir que, dificilmente, as atividades produtivas locais tem condições de concorrer com tais programas na proporção em que, para os jovens, é bem mais interessante ficar à sombra da proteção familiar do que disputar um emprego de um salário mínimo ou coisa parecida.
Por outro lado, nem mesmo os estímulos à qualificação profissional estão a provocar o interesse de jovens e da população em geral. Recentemente, no Ceará, a Federação das Indústrias do Estado promoveu um curso de formação profissionalizantes para 500 mulheres vinculadas ao programa Bolsa-Família. Ao final do treinamento praticamente nenhuma das mulheres que participaram do treinamento, manifestaram interesse em uma ocupação produtiva remunerada.
A experiência demonstra que a concessão de qualquer benefício, em qualquer circunstância, sem a exigência de alguma contrapartida, gera distorções no omportamento e na atitude das pessoas. E isto gera uma recorrência ao que um dia, a música de Luis Gonzaga, em um verso de muita propriedade e felicidade dizia: “A esmola que é dada a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão!” E hoje, no balanço desses tempos de bolsa-família, de auxílios de toda ordem e vales de todo tipo, muita gente tem optado, preferencialmente, por não buscar emprego e nem ocupação, mas viver do estipêndio governamental.
E, o que fazer para corrigir tais vícios e limitações de um programa crucial no combate miséria já que ainda são 6,3 milhões de brasileiros que não tem qualquer tipo de renda ou fonte permanente de sobrevivência? Manter o programa aperfeiçoando-o no sentido de garantir, não apenas a inclusão social mas a necessária inclusão política para permitir, ao beneficiário, o inalienável direito do exercício da cidadania e a uma vida com auto-estima e auto -respeito!
Finalmente, é crucial entender que, numa síntese de problemas e prioridades desse país estão a promoção da educação como instrumento de redução de desigualdades e de aumento de eficiência e produtividde; a superação dos estrangulamentos de infra-estrutura e a redução da escorchantes, desigual e injusta carga tributária. Se estas três questões forem alçadas à posição de prioridades nacionais na agenda do governo que vier, muitas das queixas, das angústias e das inquietações do país estarão superadas.
Postado em 25 jul, 2014 Deixe um comentário
A Palestina é uma área de conflito sem qualquer perspectiva de encontrar uma forma de convivência, se não pacífica, pelo menos, existindo uma presença de uma autoridade internacional com competência, responsabilidade, delegação de autoridade e poder de “enforcement” de suas decisões, capaz de, se necessario, mediar pequenas rusgas e diferenças. Mas, cada vez mais a situação se torna insuportável e de difícil superação, pois tudo é ódio, violência e ações terroristas.
Muito distante de existir a possibilidade de se resolver esse problema secular através da negociação e da diplomacia. Na região os impasses crescem e aumentam, todas eles cada dia mais marcados por violências inconcebíveis. O problema na Síria também está longe de encontrar um equacionamento. As dificuldades de pacificação no Egito só conseguem ser superadas ou equacionadas, parcial e temporariamente, através da tomada do poder pelos militares. Também, a crise na Turquia, que se prolonga já por algum tempo, pode se ampliar bastante, com desdobramentos imprevisíveis.
Fora da área, a questão da intransigência russa em relação a Criméia esquenta e, piorou após a tragédia provocada pelos separatistas da Ucrânia, com o lançamento de um míssil contra um avião de passageiros vindo da Malásia! E tal desatino provocou um dos maiores desastres do últimos tempos, com a morte de 295 inocentes! Isto sem contar com os dramas no Afeganistão, no Iraque e as profundas agressões contra a natureza humana, como o que ocorre na Nigéria, onde centenas de jovens mulheres estão sendo mantidas reféns e vendidas num mercado de escravos, em plena era da internet e do alto desenvolvimento das preocupações com os direitos humanos!
Mas, tal desastre parece pouco diante de 130 milhões de jovens mulheres, muitas ainda meninas africanas, subordinadas a violência da chamada mutilação genital feminina ou a ruptura forçosa do clitoris, numa tradição desumana do continente africano, clama aos céus por seu fim. Ou uma Índia que faz vista grossa diante da violência provocada contra mulheres, vítimas de estupros, inclusive por membros de forças policiais ou de autoridades constituídas.
Parece que, conflitos étnicos, religiosos ou encontro de contas históricos voltam à tona e desencadeiam uma série de tensões estimuladas pelas ambições políticas de líderes nacionais, de um modo geral, títeres que, por interesses distintos, estimulam paixões desenfreadas que levam, muitas vezes, aos desencontros e embates sangrentos. É a barbárie assumida as vezes em laudatórios discurso em defesa de direitos civis e humanos!
Até agora o Brasil, por sua natureza, pela sua cultura, pela sua história, não tem tradição de violência, embora situações como o justiçamento ou o fazer justiça com as próprias mãos, em face da ausência de uma ação séria e honesta das autoridades judiciais e policiais, começa a se generalizar, ao lado da atitude beligerante dos “black blocs”, criando um clima de desequilíbrio emocional em uma sociedade que, de um modo geral, sempre mostrou uma índole pacífica.
O “stress”, a tensão, as preocupações e as inquietações com o dia a dia do País, começam a gerar um clima de agressividade inaceitável, como ocorreu, por exemplo, com os xingamentos a Dilma na abertura da malfadada Copa do Mundo, bem como diante das chacinas e execuções, de toda ordem, que hoje tomam conta do país. Aliás, tal sentimento que ora se alastra país afora, deriva de uma revolta que também domina o sentimento popular diante da impunidade que grassa em face da violência perpetrada por bandidos ou pela generalização do uso e do comércio de drogas, de toda ordem.
Assim, o mundo atual, volta a uma espécie de clima de barbárie que domina, inclusive, agora, a Europa! O berço da civilização ocidental agora é palco de atitudes xenofóbicas onde há um clima de rejeição ao imigrante de qualquer origem, não apenas pelos temores de que o imigrante possa tomar os empregos dos oriundos, além dos ranços antigos onde volta à tona, a velha teoria de superioridade de raças que baseou muito do nacional socialismo alemão e do fascismo italiano.
Alguns analistas mais apressados temem que, conflitos como o da Ucrania ou a retomada da violência no Iraque ou ainda o massacre que os israelenses ora impõem as populações palestinas, venham a dar lugar a uma possível guerra mundial, de proporções catastróficas. Aliás, o temor é que o terrorismo, a violência e os conflitos regionais, étnicos e religiosos, bem como os interesses econômicos em choque, sejam os ingredientes desses novos e perigosos tempos.
Até bem pouco tempo o Brasil não tinha qualquer ingrediente dessa natureza pois, nunca foram causa de conflitos ou distúrbios problemas étnicos, religiosos, regionais ou de interesses econômicos díspares. Na verdade, a única violência que se dissemina por estas plagas deriva de crimes oriundos da generalização do consumo e do negócio das drogas, dos grupos criminosos organizados e, do processo de violência urbana fruto da impunidade, de uma polícia corrupta, desorganizada e desaparelhada, além, é claro, das frustrações com os destinos do País, o que cria um ambiente de tensão e de hostilidade.
O temor é que, diante da agudização dos problemas internos do país e da política externa nacional, marcada por uma generosidade inexcedível que leva o Brasil a fazer gastos e investimentos excepcionalmente altos e injustificáveis em Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia e outros menos relevantes, dentro da política de terceiromundismo, cria um clima desagradável diante de tantos problemas aqui dentro e que não encontram equacionamento.
Por outro lado, o dispensar dívidas aos países africanos, além de sustentar algo inviável como é o Mercosul, apenas para garantir um apoio intransigente a uma irresponsável Argentina, gera um sentimento de indignação e de revolta e isto pode promover um espirito belicista no comportamento dos grupos sociais do país. Como Deus é brasileiro, se Ele quiser, a crise em breve irá passar e tal risco não venha o país a enfrentar.
Postado em 24 jul, 2014 Deixe um comentário
Foi-se Ariano. Foi-se João Ubaldo Ribeiro. Foi-se Rubem Alves. Foi-se Ivan Junqueira. estão indo, para o além, os melhores símbolos da brasilidade e, com eles, os vanguardeiros dos ideais e dos sonhos da moçada tupiniquim.
Se o Brasil perde muito e vai ficando cada vez menor, onde tudo parece estar encolhendo, inclusive o Produto Interno Bruto, o Futebol e, a outrora respeitada diplomacia brasileira, que agora virou anã, o Nordeste perde muito mais. Isto porque foram poucos os cidadãos nordestinos que conseguiram superar a seca, as vicissitudes da vida e a própria tendência de serem cooptados pelo poder e pela grana, que lhes tiravam a identidade, a dignidade e a decência. As perdas são irreparáveis e de figuras quase insubstituíveis!
Para quem viveu e ainda vive a chamada ideologia da nordestinidade, para quem se sente orgulhoso e envaidecido pela própria saga e pela capacidade de vencer as hostilidades da natureza, a morte de figuras como Ariano, Dominguinhos, João Ubaldo Ribeiro, representa uma lacuna no sentimento de envaidecimento pelo que fizeram tais homens, pela cultura, pelas artes e por fazerem o Brasil conhecer melhor as suas raízes e a sua história.
Foram, num espaço de tempo tão curto, homens e nomes que fizeram com que os nordestinos se orgulhassem de sua história, de sua cultura e do quanto contribuíram para a edificação do Brasil. Isto sem contar aqueles severinos da vida que, exerceram, com dignidade e decência, o papel de construtores de São Paulo, do Rio, de Brasilia e outras plagas desse Pais, com suas mãos e a sua determinação.
Fez parte o cenarista da saga de estruturação dessa chamada ideologia da nordestinidade, não apenas concebida, estimulada e apoiada com seu saber e seu espírito de luta, por figuras como Celso Furtado, Romulo de Almeida, Nilson Hollanda no campo econômico, além desses nomes notáveis da literatura, das artes e da ciencia, como Gilberto Freyre, Rachel de Queiroz, José Américo de Almeida, Bandeira Tribuzzi, Graciliano Ramos, Jorge Amado e tantos outros que se doaram para que os nordestinos não tivessem vergonha de sua luta e deles mesmos.
Relembra o cenarista um episódio que mostra grandeza, a humildade e a simplicidade desses homens notáveis, por ele vivenciado quando, nos trinta anos de criação do Banco do Nordeste, João Ubaldo Ribeiro foi um dos homenageados, pela magnifica contribuição à cultura através de seu fabuloso romance Sargento Getulio. Depois de longos e laudatórios discursos dos demais homenageados, já na hora do cansaço e do almoço, chegou a vez de João Ubaldo. O temor da plateia era enorme diante de um bahiano que iria expressar o seu agradecimentos.
Mas, humilde e despojado, Ubaldo, subiu ao palco, recebeu o seu troféu e disse apenas: “Deus me fez bahiano mas não me fez orador. Obrigado”. E, apressado e lépido como subiu, desceu do palco diante de uma plateia incrédula que o aplaudia, tanto pela sua obra como também pelo discurso!
A humildade e grandeza de certas figuras, as pessoas conhecem pela cara, pelo jeitão e pelas atitudes. Duas pessoas, fisicamente tão diferentes, de origens tão distintas, mostraram-se, durante toda a vida, de uma humildade a toda prova e de uma grandeza sem igual, sem a soberba dos pretensiosos: Ariano e João Ubaldo!
Assim, ao despedir-se da vida, tais figuras do tamanho de um Ariano, ou de um João Ubaldo ou de um Dominguinhos, deixam o Nordeste e o Brasil menores. E, nesses tempos de vacas magras, onde tudo é problema e dificuldade, as perdas vão se acumulando e deixando um grande e melancólico vazio!
Postado em 23 jul, 2014 Deixe um comentário
Não bastassem as frustrações já presentes no dia a dia, desde o vandalismo monitorado por interesses espúrios nas saudáveis manifestações de rua, passando pelo desânimo provocado por uma economia que patina, uma inflação que não cede e o desencanto com o que ocorreu no Supremo, veio a desmontagem de qualquer laivo de otimismo que foi o tsunami alemão que se abateu sobre o escrete brasileiro.
Agora o governo, depois de muita resistência, teimosia e desencontro de informação, vem comunicar que o pais já se encontra em uma quase recessão. As previsões do governo são de um crescimento de 1,8%, segundo o Ministério do Planejamento, de 1,6%, segundo o Banco Central e, o mercado com uma hipótese de 0,87 ou coisa parecida. E, o pior. Até o momento, o governo anunciava, aos quatro ventos, que o fraco desempenho dos indicadores econômicos era causado por fatores e pela crise externa, sem considerar os erros e imprudências da gestão da política economica e a leviandade como sempre foi tratado tudo aquilo que diz respeito a questão da responsabilidade fiscal. A explicação nunca foi convincente e, mais ainda, quando todos os países do mundo estão saindo ou já saíram da crise, lamentavelmente, só o Brasil enfrenta o empeioramento dos seus indicadores.
E com isso vai a confiança dos agentes econômicos nas instituições, no governo e nas possibilidades de reverter as tendências pessimistas que dominam a cena brasileira. Todos os dias o que se assiste é algo do tipo “esse é o pior resultado desde 2002 ou 1998 ou algo parecido. Lá de fora, o que aguarda o pais é a desconfiança dos investidores, são as agências de rating retirando ou ameaçando retirar o grau de investimento do Brasil e a frustração em relação a um pais que tinha tudo para alcançar a posição de quinta maior economia do mundo e viu, a partir de 2011, reverterem-se todas as expectativas.
“Dessa mata não vai sair coelho” é o que hoje pensa, até mesmo o homem comum, em relação ao que o atual governo poderá fazer para reverter o quadro. E, a ânsia de mudança é tamanha, mesmo com a descrença nos políticos como um todo que, toda vez que cai a popularidade de Dilma, a bolsa reage, subindo e melhorando o seu desempenho. A tendência é que as coisas operem como antecipava Lampeduza, segundo quer o governo, que as coisas mudem para ficar do mesmo jeito.
É difícil acreditar que hajam significativas mudanças na formulação e na gestão das políticas Públicas,com as mesmas idéias, os mesmos formulações e com os mesmos gestores atuais! Isto se assemelha ao que ocorre com a seleção brasileira de futebol, com a mudança da presumida direção e formulação de uma nova proposta de renovação com a mesma direção e gestão e com os mesmos condutores!
E, pelos dados das sondagens de opinião, só a rejeição do governo Dilma, em São Paulo, já alcançando patamares superiores a 52%, parecem indicar que, no maior colégio eleitoral do Pais, nem o PT, nem Dilma e nem o próprio Lula conseguirá reverter tal tendência. E, até mesmo no Nodeste, nós dois principais colégios eleitorais, no caso a Bahia e Pernambuco, os dados não são mais tão animadores como foram num passado não muito distante.
Isto sem falar em Minas, e nos estados do Sul do país bem como em currais do bolsa família como foram Bahia e Pernambuco, onde o quadro agora é totalmente outro e a realidade se alterou, substancialmente, em desfavor da Presidente. E, em Brasilia, o que se comenta é que Dilma deverá repetir o desempenho de 2010, alcançando apenas, um módico terceiro lugar, como ocorreu naquele pleito!
Há, como que, em toda a sociedade, uma impaciência com um governo que não consegue produzir qualquer resultado que recrie esperança na população. E é esse o caldo de cultura que está a estimular e gerar um clima de desejo de mudança. Diante disso petistas já pedem que Lula venha a tutorar Dilma, como forma de intentar reverter as tendências que, os números atuais ao garantir, com certeza, um segundo turno, não dão a confiança de que a vitória da Presidente seria, favas contadas.
Parece que o requiem para Dilma já está sendo cantado e “a canção do adeus” para o PT já esteja a caminho. A coisa tem se deteriorado a tal ponto que nem Lula, com seu jeitão bonachão, conseguirá trazer a esperança de volta. Parece que agora, o jeito de governar do PT, cansou e cansou mesmo! E muita gente acha que, agora é só ter a paciência de esperar o cinco de outubro para consagrar quem quer que seja no poder, menos Dilma!
Postado em 21 jul, 2014 Deixe um comentário
A repetição de idÉias em um texto é, muitas vezes, fruto da negligência, da irresponsabilidade ou, até mesmo, da arteriosclerose aterosclerose. As vezes o cenarista é apanhado por essas armadilhas do inclemente processo de envelhecimento e acaba esquecendo coisas, aparentemente singelas, como, por exemplo, revisar um texto que acabou de produzir.
E isto ocorrem com o último texto gerado por um descuidado cenarista. Quando a apreciação até que seguia um bom caminho, a coisa desandou e, por duas vezes, a mesma idéia foi, inadvertidamente, repetida. Ato falho? Não! Mero esquecimento de alguém que, por lapso de memória ou por preguiça, não se deu conta de fazer a última revisão do texto. Ou, no pior dos mundos ou pior das hipótese, credite-se a uma “perseguição” severa do alemão — o tal de Alzheimer!
Assim, ficam as desculpas do cenarista junto a aqueles que, principalmente, por amizade, respeito e consideração , sistematicamente, estão a ler essas mal traçadas linhas e prometendo, “de pés juntos”, que fará tudo para não incorrer em tais descuidos e lapsos. Adicionalmente, já que se vive um período eleitoral onde a marca maior é fazer juras e promessas de toda ordem, não custa nada ao cenarista ingressar nesse clima e, pontificar com mais uma promessinha. Doravante, o cenarista promete esforçar-se para ser menos prolixo e, consequentemente, diminuir o tamanho dos seus textos. Dessa forma, a partir de agora, as análises e avaliações, tanto as econômicas como aquelas relacionadas ao processo político-eleitoral, se subordinarão a um determinado tamanho, algo como, no máximo, duas laudas.
É claro que, circunstâncias especiais ou fatos inusitados, merecerão a preocupação e a opinião do cenarista. Por exemplo, a decisão da CBF de criar um cargo nunca antes pensado, de Coordenador Geral de Seleções, ou um cargo de gerentão do processo de organização das equipes e dos dirigentes das várias escretes brasileiras de futebol que disputarão torneios, campeonatos ou eventos internacionais. Se a escolha de Gilmar Rinaldi já era algo polêmico por se tratar de um empresário de jogadores, mesmo que agora, haja se licenciado da atividade, levantam-se dúvidas e surgem incertezas sobre a sua capacidade de disciplinar e introduzir novas técnicas de gerenciamento do futebol brasileiro.
Se a escolha de Gilmar já foi objeto de reações pouco favoráveis, a definição do nome que irá comandar a seleção brasileira, depois da hecatombe de julho, no caso, de Dunga, chocou a muitos porquanto os resultados alcançados pelo treinador, quando esteve à frente da equipe canarinho, não foram convincentes bem como não conduzem a antever que ocorrerão mudanças capazes de atualizar, pelo menos, a tática, a técnica e a forma de conduzir do futebol brasileiro.
Para muitos, o problema do futebol está dentro do contexto da crise de valores, de princípios e de gestão que embaraça e dificulta o alcance das transformações estruturais e institucionais requeridas pelo País. Portanto, as expectativas em relação aos novos dirigentes indicados pelos velhos comandantes da CBF não são das mais promissoras. Talvez a presença de Alexandre Gallo e, quem sabe, de um Leonardo ou de um Zico, minimizariam as limitações de perspectivas, de conhecimentos e de credibilidade que a dupla Gilmar-Dunga enfrentará. Mas, existem coisas piores que o futebol e, infelizmente o País não está encontrando o seu eixo.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!