NEM TERRORISMO E NEM CATASTROFISMO!

 

Os embates e confrontos entre petistas de um lado e aqueles que a polarização pretendida por Lula, no caso a “elite branca paulista”,  ou seja,  os que se colocam contra  os pobres e oprimidos”, começa a tornar-se, não apenas  um jogo de palavras instigantes mas  real preocupação diante da natureza  das atitudes e das propostas. Segundo alguns analistas a exacerbação do confronto, pois começou a subir de tom, seria capaz de levar a uma possivel  crise institucional, de consequências imprevisíveis para o Brasil. E tal advertência ou preocupação não representa catastrofismo mas encontra-se estribada em fatos e circunstâncias bastante visíveis e eloqüentes.

Os indícios começam a se pronunciar ou a se evidenciar.  O Presidente do Diretorio Nacional do PT, Rui Falcão, por exemplo, em manifestação expressa na mídia, pregou aviso dizendo que essa “vai ser a mais dura eleição, notadamente para Dilma”. Ou seja, a advertência traz em si, embutida, uma espécie de convocação aos militantes, dentro daquilo que Lula tem estimulado, ou seja,  “se o adversário quer guerra, então vai ter guerra”.

Por outro lado, os conselheiros de Dilma sugerem que, para levantar a militância, só propondo o confronto do tipo “nós contra eles”. Lula, por sua vez, em ato falho, declara que a agressão verbal a Dilma no Itaquerão, quando da cerimônia de abertura da Copa, serviu para identificar os autores de tal manifestação ou seja, elite branca paulista que não se conforma em ver os pobres andando de avião, comprando carro e tendo a sua casa própria! Acrescenta ainda Lula  que eles tentam promover a luta de classes,”coisa que nós  não conseguimos!” O que? Então os petistas, sob o comando de Lula, tentaram promover a luta de classes? Isto é grave e é um crime contra a democracia e, mais grave ainda, tendo partido de um ex-presidente!

Alberto Cantalicio, vice-presidente do PT, em artigo publicado na mídia nacional, declarou que, pelo menos onze jornalistas, os quais tiveram os seus nomes citados na peça, deveriam ficar marcados nas mentes e nas consciência  dos militantes por serem contra o PT, contra Dilma, contra Lula e, na avaliação do dirigente petista, contrários as conquistas dos cidadãos mais pobres do País.  Claro está que,  a,convocação  da militância para derramar seus ressentimentos sobre tais figuras, num claro incitamento da violência,  assustou a todos os que fazem a mídia nacional.

A partir de agora, referidos homens e mulheres de imprensa, vão solicitar proteção policial e, mesmo que consigam tal proteção,  sentir-se-ão ameaçados na sua integridade fisica e de seus familiares. Alguns deles, já declararam que se os “petistas foram capazes de mandar executar um próprio companheiro, como foi o caso de Celso Daniel, seriam muito mais frios sobre aqueles que são, para eles, inimigos das causas que os petistas defendem!”

Agregam-se temores adicionais o terrorismo que estão a disseminar na sociedade quando, por exemplo, forçaram Joaquim Barbosa a renunciar ao Supremo, diante das ameaças veladas e explicitas contra a sua integridade fisica e de sua familia. Alias, publicamente, o Presidente do Conselho de Etica do PT do Rio Grande do Norte, Servulo Oliveira, declarou e, tal foi publicado pela Revista Veja, que os petistas deveriam ser estimulados a dar um tiro na cabeca do mesmo diante “das injustiças cometidas pelo magistrado, nos julgamento dos mensaleiros”. As queixas são relacionadas as decisões do plenário e do que Barbosa estaria promovendo de arbitrariedades, através de decisões monocráticas, contra esses  “valores e históricos petistas”, no caso José Dirceu, Jose Genoino, Joao Paulo Cunha, Delúbio Soares e outros menos votados da constelação de estrelas do  partido.

Adicionalmente, nessa onda de pregar terrorismo no “front”  adversário, através do Goebbels tupiniquim, Franklin Martins, foi proposto, através de decreto, um sistema de controle social, via um sistema de checagem de decisões nacionais, por parte de conselhos sociais comunitários que, desconhecendo e atropelando as prerrogativas do Congresso Nacional, esvaziariam a sua legitimidade e estabeleceriam um modelo stalinista de efetivo controle da sociedade.

Alias, nesse afã de controlar a sociedade, o próprio Franklin Martins foi autor de projeto de lei que chegou a ser encaminhado ao Congresso e, passou a ser chamado, pela mídia, de Lei da Mordaça que, para alegria dos que defendem a liberdade de imprensa, acabou sendo retirado de tramitação, pelo próprio governo, diante dos absurdos e do despautério  que tal proposta bolivariana continha.

Essa preocupação de intentar manietar a imprensa foi objeto de pronunciamento do Líder do Governo na Câmara, o Deputado Jose Guimaraes que, em uma longa entrevista a um canal de televisão nacional, defendeu, de forma direta e clara, um controle explícito sobre a mídia, para evitar que a mesma seja manipulada por interesses  contrários ao poder e para que não desvirtue as “verdadeiras” informações  sobre as ações do governo.

Diga-se de passagem que o governo, no afã de controlar a sociedade não o faz apenas com o repertório variado dos  varias tipos de  bolsas, entre elas a mais significativa e de maior potencial de votos é a bolsa família, mas estendendo os agrados até mesmo a empresariado quando, reestabelece medidas destinadas a apoiar a indústria manufatureira, aos exportadores e até aos empresários, alguns deles, contumazes devedores do fisco, além de distribuir benesses a segmentos formadores de opinião, como o recém lançado programa de apoio aos motoqueiros do Pais.

Embora perigosos os movimentos tendentes a buscar controlar, orientar e dirigir as vontades da sociedade, o que mais assusta é a disseminação de idéias conspiratórias como as que, por exemplo, foram agora a pouco divulgadas acerca da possível manipulação dos mercados, notadamente, da bolsa e dos mercados financeiros. Ha uma manifestação dos petistas de que, as oscilações da bolsa não derivariam de crise de confiança dos agentes econômicos nas instituições e no governo mas, comandadas por Arminio Fraga, investidores, de forma proposital, estariam gerando movimentos especulativos para buscar responsabilizar o governo pelas crises do mercado e se um impacto na economia.

Ou seja, como toda vez que cai a popularidade ou a aprovação de Dilma, o mercado reage, com as bolsa tenho ganhos significativos, procurando demonstrar que a economia clama e deseja mudanças na formulação e gestão da política econômica.  Isto é uma bruta enganação e uma asneira de tamanho incomensurável. Não tem nada a ver com um grupo restrito de investidores buscando desestabilizar Dilma e o PT, o que, para as dimensões da economia nacional, não teria qualquer chance de ocorrer.

Finalmente, a própria convenção do PT que homologou as candidaturas de Dilma e Michel Temer, mostrou, através dos discursos, a idéia de como vai se desenrrolar a disputa, com atitudes do jaez proposto e sugerido pelo próprio Lula. E preocupa mais ainda quando se sabe que o judiciario, hoje totalmente aparelhado pelo PT, fica manietado para atitudes mais livres da pressão dos interesses do poder instalado.

Mas não adianta qualquer grupo ou partido tentar controlar a sociedade pois hoje, a grande Ágora que são as redes sociais, formam opinião, definem mobilizações e, certamente irão ter importância fundamental nos resultados do próximo pleito. É bom recordar que foi através delas que surgiu a Primavera Árabe, com os tumultos no Egito, na Libia, no Marrocos, agora na Siria e na Turquia. E isto foi antecipado pelo grande filósofo político Norberto Bobbio que dizia, em 1996 que, mais eficaz, direto, legítimo e rápido como instrumento de checagem da decisões originárias da democracia representativa do que o referendum e o plesbiscito, seria a internet, que revolucionaria conceitos, mudaria paradigmas e estabeleceria uma nova ética para o exercício e a prática da política.

Portanto, nem o terrorismo de alguns nem o catastrofismo de outros irão prosperar pois a sociedade brasileira já amadureceu o bastante para não ser mais joguete nas mãos de interesses muitas vezes escusos ou inconfessos.

 

 

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UMA COPA ESQUISITA, DIFERENTE E CHEIA DE SURPRESAS!

 

A surpresa inicial dessa Copa  é aquela relacionada às expectativas quanto a sua realização. Ninguém acreditava que as coisas poderiam fluir como estão fluindo e acontecendo. Sem maiores problemas, contratempos, dificuldades e, inclusive, sem maiores queixas, quer dos brasileiros quer dos visitantes. Se porventura as coisas não saíram como se esperava que um planejamento estratégico fosse observado e respeitado, a improvisação, o pragmatismo, às vezes irresponsável, e o “jeitinho”,  permitiram acionar os mecanismos ditos quebra galhos! E aí, os estádios funcionam, a segurança dos 170 mil homens está operando, a mobilidade urbana, contando com os feriadinhos, está dando para o  gasto!

Fora do palco iluminado do espetáculo, as chamadas Arenas — que nome bobo os macaquitos resolveram apelidar os estádios! — nas ruas, a alegria contagiante dos brasileiros, está fazendo a felicidade dos visitantes . Se se alia a tal postura e atitude, a hospitalidade, a facilidade de comunicação, a prestimosidade, tendo como pano de fundo a beleza dos diferentes brasis, nas doze sedes da Copa, os estrangeiros descobrem o Brasil, não apenas para os seus países mas para todas as nações para onde estão sendo transmitidos os jogos, o que compreende mais de 1,5 bilhão de pessoas! Aliás é o maior projeto de divulgação e de promoção do Brasil a custo, se não foram os erros, desvios de conduta e os superfaturamentos das obras, relativamente barato.

Se fora do campo é esse o ambiente e o clima, dentro dos Estádios, a Copa está promovendo um belo espetáculo nas arquibancadas, com um colorido especial, um clima de fraternidade sem igual e um entusiasmo que leva a quem assiste, a um quase delírio.

As platéias vibrantes, bonitas e se confraternizando, como se não houvessem barreiras de qualquer natureza,  quer culturais, étnicas e ou linguísticas — “são povos de mil raças ..” — promovem um espetáculo especialmente belo, em todos os estados, de parte a parte, deste imenso Brasil.

Por outro lado as exibições das 32 escretes, como no passado eram denominados  os times nacionais, tem mostrado surpresas e diferenças que tornam as expectativas de torcedores e mesmo de especialistas, de difícil realização e de muito precária previsibilidade.

O jogo da Espanha contra a Holanda, mesmo a Espanha do famoso “tick taca”, tendo aberto o placar, com o prestígio de última campeã do mundo, foi surpreendida, após o empate ainda no primeiro tempo, por um adversário primoroso não apenas na sua disposição tática, no toque de bola rápido e objetivo, nos deslocamentos velozes  e na exibição de notáveis talentos individuais, mas na concretização de resultados que impuseram a mais impiedosa derrota à Espanha, nos últimos trinta anos. E o pior foi que a Espanha, abatida  diante da fragorosa derrota do primeiro jogo, no segundo evento contra o Chile, foi dominada, integralmente, por uma equipe ousada, abusada, rápida, com bom toque de bola e uma defesa muito bem organizada.

Aliás, foi esse mesmo Chile que, no primeiro jogo, impôs uma derrota de 3 a 1  a Austrália, com um bom e veloz toque de bola. E, no mesmo dia em que a Espanha perdia para os chilenos, a Holanda sofria, amargamente, para derrotar a mesma Australia, após estar perdendo para os australianos  de 2 a 1! E tais resultados preliminares, parecem que estão a mostrar uma Copa diferente, imprevisível e esquisita.

Se tais resultados surpreendem, o que se pode dizer com o que aconteceu com a  seleção portuguesa que tem o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo,  a qual acabou tomando um chocolate de 4×0 da poderosa e bem articulada seleção alemã?! E, o que espera Portugal, diante da sua “crista baixa” com a primeira derrota e com as baixas no seu elenco, é um futuro tão negro quanto o que ocorreu com o seu vizinho de península, a Espanha!

Algumas seleções, consideradas pequenas, estão fazendo bonito como ocorreu com a da Costa Rica que, situada num grupo dificílimo — Inglaterra, Itália e Uruguai — três campeões mundiais e sete títulos, surpreendeu o Uruguai e aplicou uma sova na Celeste.

A Colômbia foi bem, Costa do Marfim do mesmo modo e, a Argentina, com todo o prestígio de Messi, Higuain, Di Maria, Arguero, e outros, sofreu muito para vencer por magros 2 a 1 a Bosnia e Hezergovina. E o Brasil, para vencer a Croácia, teve enormes dificuldades e se descobriu, talvez a tempo, com uma serie de fragilidades, que, se não forem corrigidas, põe, de agora em diante, em risco, até mesmo a qualificação para uma semi-final. Aliás a Croácia, pelo andar da carruagem, pode vir a ser a segunda no grupo do Brasil, caso vença o México!

Por falar em Brasil, existem algumas mudanças que são fundamentais para que o grupo evolua a taxas melhores do que, segundo Felipão, evoluiu até agora. São mudanças em algumas peças que não rendem o esperado e em termos de organização tática e de posicionamento dentro das quatro linhas, para que não deixe tantos espaços livres para serem ocupados pelo time adversário, como ocorreu na partida contra o México. Faltou pegada, ocupação de todos os espaços e rapidez dos deslocamentos, para surpreender o adversário e permitir o aproveitamento melhor do talento de um Neymar e de um Oscar.

Com todo o respeito ao Felipão, não é possível insistir com Paulinho, Fred e, até talvez, com o próprio Hulk. Um meio de campo que, dada a fragilidade dos laterais no sistema de marcação e que são surpreendidos, sistematicamente, com bolas nas costas, requer a presença de um Ramires e de um Fernandinho, dois meio campistas capazes de dar tranquilidade ao sistema defensivo brasileiro e permitir as subidas dos laterais.

Fortalecido o sistema defensivo, há que se perguntar se é fundamental ter que jogar com um centroavante? A Alemanha chamou a atenção por não jogar nem com centro avante e nem tampouco com laterais. Para o futebol moderno parece que isto não parece ser mais a opção buscada por qualquer sistema tático.

Parece ser preferível ter um meio de campo ágil e criativo — Bernard, Oscar e Neymar –, apoiado por três apoiadores-defensores e armadores — Luiz Gustavo, Fernandinho e Ramires — e operar com os quatro defensores, sendo que os laterais atuariam mais como alas do que como laterais.

Neste formato, tanto ficam os laterais liberados para apoiarem, o que ora não estão fazendo, como permitiria, com o sistema de cobertura dos meio-campistas, permitir a criatividade de Bernard, Oscar e Neymar para, sem preocupações defensivas, infernizarem as defesas adversárias.

Assim ter-se-á um sistema bem articulado, bem fechado na defesa, com uma boa base para a armação de jogadas e três atacantes com habilidades excepcionais no drible, velozes no ataque e bons passadores e chutadores. Ademais, Fernandinho, Luiz Gustavo e Ramires, poderão, na sobra, aumentar o poder de fogo do ataque brasileiro.

Como todo brasileiro é um técnico de futebol, o cenarista resolveu usar e abusar da paciência dos leitores, exercitando o inalienável direito humano de dizer bobagem, opinando e propondo saídas para essa crise existencial por que passa a Pátria de Chuteiras.

 

 

O BRASIL É DIFERENTE!

 

 

O Brasil é único, não apenas por suas características antropológicas e sociológicas mas por particularidades relacionadas ao comportamento de sua gente frente a questões, problemas e circunstâncias. Aqui a unidade cultural marcada por um só idioma num território tão vasto, é um traço muito especial e particular quando se associa a tal o fato que não existem tensões que pudessem gerar tendências separatistas no seu território.

Se isto já é uma dádiva a par de ser a natureza tão generosa — nào há ocorrência de erupções vulcânicas, de terremotos, de maremotos, de “earthquakers”, de tsunamis ou, até mesmo, de um clima impiedoso — o Brasil foi privilegiado, na sua colonização pelos portugueses, com duas características excepcionais que impedem conflitos e tensões entre os grupos sociais. E essas são a miscigenação racial e o sincretismo religioso. Essas duas características impedem ao País de enfrentar graves problemas étnicos e raciais, além de  duros e sérios embates religiosos.

Mas, segundo uns impiedosos e ácidos pseudo-sociólogos, com todo esse espectro de privilégios e vantagens, “essa terra abençoada por Deus e bonita por natureza”, teria que apresentar traços que mostrariam talvez, as razões de muitos de seus desencontros e problemas. Dizem as más línguas que Deus ao criar o Brasil com tantas vantagens e dádivas foi questionado por alguns dos seus, indagando por que garantir tantas qualidades e tantas vantagens e privilégios. Ao que Deus haveria dito: Esperem para ver o povo que eu vou colocar aí!

Injusta a ilação pobre, sem lógica e sem fundamentos, de alguns gaiatos pois o povo daqui é  bom tal qual a sua natureza que, segundo Pero Vaz Caminha ” em se plantando tudo dá”. O que, com certeza é pobre  é a sua elite, elite no sentido weberiano da expressão e, talvez até por conseqüência,  sendo, também, bastante pobres e precárias as suas instituições.

Ademais, se se pode atribuir aos colonizadores do País legados que não satisfazem aos brasileiros e comprometem o seu crescimento e desenvolvimento integral, foram hábitos, vícios, leniência com erros e contravenções e uma forma complicada de estabelecer a relação adequado do estado com o cidadão. Esse relacionamento  se traduz por um excessivo centralismo, um formalismo absurdo marcado por uma fúria legisferante, um centralismo sufocante e por uma burocracia que é uma das mais perversas em todo mundo.

Também o Brasil se caracteriza pela improvisação, um pragmatismo que atinge as raias da irresponsabilidade e, por uma capacidade enorme de não considerar como um dos valores mais caros, o respeito a determinados principios os  mais elementares, o que tornaria mais simples, previsível, razoável e, até saudável, a convivência entre pessoas.

Numa leitura chula e até rasteira desses aspectos da vida nacional, se diz no Brasil que as leis não pegam e o cidadão é desonesto até prova prova em contrário. Enquanto em países ditos sérios, um dos mais inaceitáveis pecados de um cidadão é o crime de falsidade ideológica, ou seja, mentir é um crime imperdoável. Também naqueles países a impunidade não é aceita pela sociedade e, uma das instituições que mais se cobra a sua transparência, acesso democrático e agilidade é da Justiça. No Brasil, ao contrário, a leniência com tais valores e princípios  representa o traço mais marcante!

A propósito do sistema judiciário nacional, as declarações, as observações e as reflexões do agora já quase ex-presidente daquela Corte, quando denunciava o conluio entre advogados e juízes, do crime de assistir filhos de ministros de tribunais superiores advogando em tais cortes e da estapafúrdia característica brasileira de ter desembargadores e ministros indicados pelo Executivo, além de outros males, demonstra como o Brasil vai mal nesse aspecto crucial ao funcionamento das instituições democráticas.

Por outro lado, há algo que choca e assusta as pessoas, mesmo as de boa-fé. Agora mesmo a Presidente Dilma, para um público que se mostrou estupefacto, declarou, em alto e bom som, que as obras dos estádios, dos portos, dos aeroportos e de mobilidade urbanas, foram entregues a tempo e a hora e que não houve superfaturamento ou sobrepreço em nenhuma dela! Ora, durma-se com um barulho desses! Tal afirmação seria inaceitável até para um auxiliar da Primeira Mandatária da Nação diante do fato, a vista e a mostra de todos, de que isto é uma tremenda inverdade.

Por outro lado, quando se assiste a publicidade institucional, não apenas do governo federal mas de todos os entes públicos, o maquiar dos fatos e o mostrar um “mundo cor de rosa” na saúde, na educação, na segurança e em todos os aspectos da vida, isto começa a gerar uma indignação quando não  uma revolta diante dessa busca de tentar levar no bico as pessoas.

É por muitas dessas razões que a classe política, antes com um pouco de credibilidade e respeito das pessoas, perdeu a compostura e não mais significa a esperança de mudança tão ansiada pelos brasileiros.

Mas, se o Brasil continua único com os seus problemas, os seus governos e a sua classe política ainda é único país com caracteristicas muito especiais. Só aqui neste País tropical e, parece, nenhum mais, se tem jaboticaba, justiça do trabalho e justiça eleitoral que, para muitos são excrescências, à excepção da doce jaboticaba. Mas, na verdade, o que há de bom mesmo, com toda a honestidade e sinceridade, é o que se pretendia estigmatizar e responsabilizar pelos seus males: o seu povo.

É uma gente que sabe ser solidária, gentil, hospitaleira, amiga e alegre o que leva ao estrangeiro, mesmo com toda a carga de informação que tem recebido nos últimos anos, que pintam o País como uma terra quase inóspita diante dos dos seus problemas, da insegurança, da corrupção, da precariedade de operação dos serviços públicos essenciais e da fragilidade de suas instituições, é um povo que sabe separar, por exemplo, o governo e a política das suas grandes paixões que são o futebol, o carnaval e o samba.

É um povo que é capaz de “dar um tempo” para as crises, para as suas próprias frustrações e desencantos, como agora. É uma gente que o espírito parece um pouco com o cearense que é capaz de fazer humor com a própria desgraça ou com o baiano que sabe viver a vida sem “medo de ser feliz” ou o carioca que faz valer a frase do sambista “deixa a vida me levar” ou ainda do imigrante que, mais rápido do que nunca, se incorpora à brasilidade e ao seu jeitinho.

Por isto é que, mesmo com todas as agruras, com os descalabros governamentais, a falsidade da classe política, a leniencia e falta de compromissos de suas elites, o Brasil anda, busca corrigir,  com a improvisação, a criatividade e, até mesmo, com um pragmatismo irresponsável, aos trancos e barrancos, os seus erros.  E, “benza a Deus”,  continua a acreditar que o futuro está ali adiante e que Deus é brasileiro e, embora o Papa seja argentino, os brasileiros estão hierarquicamente acima deles.

Mesmo com o zero a zero contra o México, o desempenho belíssimo da Holanda e da Alemanha, além do excelente desempenho do Chile e da Costa Rica, continuam os brasileiros a achar que ganhará a Copa do Mundo, demonstrando que o otimismo não acabou!

UM JEITINHO, UM PUXADINHO, UM FERIADINHO…

Não há como negar que no Brasil, o que é planejado não se realiza, o que se promete não se cumpre, o que é provisório se torna permanente — vide CPMF — e que, no final, poderia, pela lógica, não ocorrer, acaba acontecendo! E isto parece cumprir o desideratum daquilo que a obra de Sergio Buarque de Hollanda, Raizes do Brasil, caracterizava como o espírito do chamado homem cordial brasileiro, ou seja, o chamado jeitinho tupiniquim ou ainda, uma certa licença para com pequenos erros, falhas e contravenções!

Agora, por exemplo, os jornais noticiam que hoje, dia 15, o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, acabou de conceder o alvará de funcionamento da Arena das Dunas onde ora se realiza uma etapa da Copa do Mundo de Futebol. Só que, com um pequeno detalhe: sábado passado, o estádio foi, temporária, provisória, preliminar e excepcionalmente, liberado para o jogo entre México e Camarões …

Mas tal fato não deveria surpreender aos brasileiros pois, embora o governo federal soubesse que teria, por exemplo, uma Copa do Mundo, há sete anos e meio atrás, não houve planejamento estratégico, as obras foram feitas ou licitadas apenas com projetos básicos e, ficaram comprometidas por tantos atrasos e valores enormemente aumentados.

Mesmo assim, apesar de todos os pesares, chegou-se ao evento, embora com certa angústia e todos os temores de que graves e sérios problemas poderiam vir a ocorrer. Aliás, temia-se tanto pela segurança pública, como pelos problemas de transporte de massa, de mobilidade urbana e até de não se vir a ter sinal de internet, de qualidade, nos estádios. Mas, como Deus é brasileiro, por incrível que pareça, as coisas, para alegria e satisfação dos brasileiros, estão correndo bem. Nem manifestações violentas, nem agressões, nem assaltos, nem intranquilidade e, os eventos futebolísticos estão ocorrendo e, pasmem, da melhor forma possível.

Agora mesmo, o jornal O Globo noticia que a “mobilidade urbana no Rio passou no teste no jogo da Argentina” além de mostrar, ao Brasil e aos brasileiros, como o povo demonstra uma enorme capacidade de separar a política e o governo, da paixão maior que é o futebol.

Pelo que manifestam os estrangeiros que aqui chegaram e aqui estão, a hospitalidade, a prestimosidade e a alegria dos brasileiros, tem contagiado e chamado a atenção de todos. Apesár da crise de confiança nas instituições, da profunda insatisfação com o governo e com a classe política, essas circunstâncias não fizeram sumir o otimismo do brasileiro para com o seu país e para com o seu povo!

E, a capacidade de improvisar e de encontrar soluções provisórias e não definitivas mas, com isto que caracteriza o brasileiro, o jeitinho, juntou-se a outras duas peculiaridades típicas e que marcaram as ações destinadas a resolver, mesmo que precária e parcialmente, problemas que poderiam ser enfrentados quando da realização da Copa do Mundo. Assim é que os puxadinhos, notadamente nos aeroportos e nas obras de mobilidade urbana e, para ajudar a controlar e manter a segurança, um feriadozinho oportunamente planejado, não foi de todo mal. Afinal, são os brasileiros, um pouco baianos e um pouco cariocas e, uma folga, um dia imprensado, um ponto facultativo, são sempre bem-vindos.

Assim, ninguém pode negar que, para surpresa de todos, a Copa vai melhor do que se esperava, em todos os seus aspectos, desde o fato que parece que as pessoas esqueceram, temporariamente, os aborrecimentos anteriores, embora se saiba que, terminada a copa, os problemas continuarão e as obras se manterão em marcha lenta e a segurança voltará ao que sempre foi.

Mas, os brasileiros poderão, ao fim da Copa, com certeza dizerem que “foi bom enquanto durou”. Ou seja, tudo vai voltar aqueles momentos de angústia que dominaram os últimos tempos a cabeça dos brasileiros. Que Deus proteja os brasileiros, inspire a seleção e continue a não permitir que os políticos abusem da paciência dos eleitores querendo se apropriar dos ganhos de alegria e entusiasmo que o evento irá proporcionar aos brasileiros.

Afinal, um feriadinho, um puxadinho, um jeitinho faz parte da cultura e da licenciosidade ética do País!

A POLÍTICA, A ÉTICA E A ESTÉTICA DOS PROTAGONISTAS!

Há, indiscutivelmente, um ar de cansaço da população com o estado das artes da pátria amada. O otimismo de outrora, que sempre marcou a atitude dos brasileiros, em todas as circunstâncias, viu-se substituído por um misto de revolta, de indignação e de repúdio com aquilo que simboliza os desencontros do país que é, no caso, a sua classe política. As pessoas estão tão insatisfeitas com tudo o que instituições e pessoas públicas estão a oferecer, fazer ou explicar que cresce, perigosamente, o número dos eleitores que pretendem ou se abster, ou votar em branco ou mesmo, anular o voto.

Ou ocorre uma mudança ética e uma modificação radical dos protagonistas da cena política, ou nada se conseguirá, com o respaldo da sociedade, no sentido de operar alterações urgentes e necessárias ao País. Ou se consegue uma transformação ou, mais que isto, uma substituição das caras, do perfil, da postura e das atitudes daqueles que irão lidar com os destinos dos patrícios, ou, com certeza, a vaca vai para o brejo.

As pessoas estão fartas dessas figuras carcomidas, desgastadas, desacreditadas, repetitivas, marcadas por desvios de conduta, cansativas no seu discurso e incapazes de reconquistar a credibilidade perdida junto à população. Descrédito, desconfiança e a impossibilidade óbvia dessas figuras, algumas delas, vistas até como nefastas e nauseabundas, são as avaliações que movem o sentimento da maioria da população! E, tais “dinossauros” do poder e da política não podem mais ser apresentados como capazes de encarnar um discurso que recrie as esperanças e a crença de que será possível construir dias melhores para os brasileiras.

Todos sabem que é difícil que a elite política brasileira, envelhecida, envilecida e apodrecida, possa ser ainda apresentada e “vendida” ao país como sinônimo de qualquer coisa de bom, de útil e de válido para o Brasil. É bom frisar no entanto que, quando o cenarista fala em elite deve ser entendido no conceito weberiano da expressão, compreendendo todo o conjunto de profissionais liberais, empresários, militares, cientistas, funcionários públicos, lideres políticos, lideres religiosos, lideres sindicais, lideres operários, enfim, todo o conjunto que responde pela liderança de um processo ou seja aquele conjunto de formadores de opinião, dentro da sociedade.

Dilma, pelo seu estilo e aparente frieza, poderia ter interpretado a maneira agressiva e grosseira como foi “saudada”, por quatro vezes, no Itaquerão, não como gesto mal-educado e incivilizado da “chamada elite branca, rica e cheia de privilégios do Pais”. Isto porque o brado deselegante acabou contaminando todo o estádio e foi repetido em um quase uníssono pelos 65 mil espectadores ali presentes. A leitura que se faz é que, a reação não era específica e voltada tão somente para Dilma em si, mas pelo que ela representa e o que ela encarna.

Ademais, o cansaço das pessoas com os desmandos e desencontros do país, manifestar-se-ia contra qualquer um que representasse o poder, máxime o poder central, por se atribuir a ele todo o controle da sociedade, a quem o povo atribui os seus problemas, as suas incertezas e as dificuldades atuais e aquelas dificuldades futuras que todos temem, diante da falta de perspectivas em relação ao seu amanhã!

Não é que se esperasse que ela tivesse o “fair play” do deposto Presidente Washington Luiz que, ao caminhar para embarcar no paquete que o levaria a Europa, no forçado exílio por conta de sua deposição do poder em 1930, sendo conduzido pelo Cardeal Dom Sebastião Leme, ao receber uma sonora vaia de alguns iconoclastas e mal-educados ali presentes, foi indagado por um jornalista o que havia achado da vaia. E, ele, serenamente, saiu-se com esta: “A vaia é o aplauso dos que não gostaram!”

Assim, se o que ocorreu com Dilma gerou tanta comoção entre os petistas, é bom lembrar que a rejeição a ela e ao seu governo já chega aos quase 50% em São Paulo, o que a tem levado a se sentir à beira de um ataque de nervos. Isto porque o governo vai mal, comunica-se mal e, pelos problemas acarretados ao povo por promessas não cumpridas, por gastos além do razoável e pelas perspectivas nada favoráveis para a economia e para o próprio País como um todo, o que, até bem pouco era indiferença, transformou-se em indignação e hoje já se caracteriza como revolta incontida.

Para aliviar o quadro de dificuldades e, para fazer esquecer um pouco os insultos, a população está mergulhada na Copa, nas esperanças de que o Brasil vá bem e, a bem da verdade, embora as obras de estádios, aeroportos, portos e de mobilidade urbana não tenham sido totalmente concluídas, a população sente que elas estão cumprindo o seu papel e, o próprio esquema de segurança, com 170 mil homens e com os feriados para descomprimir as áreas urbanas, tem permitido um tranquilo ir e vir de torcedores e turistas.

Se os políticos não provocarem os cidadãos com as suas tentativas de tirarem proveito das circunstâncias, nem tampouco, fizerem aparições intempestivas e inoportunas, vaias, agressões verbais e atitudes desrespeitosas não ocorrerão mesmo que, muitas vezes, a propaganda enganosa dos governos e as promessas inviáveis dos políticos, provoquem a ira dos cidadãos. Se não houver provocação, aí o espírito de confraternização que, até agora tem dominado o país, deverá continuar a prevalecer.

UMA EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA E OPORTUNA!

Vez por outra o cenarista parece que, enfastiado ou desestimulado ou sem inspiração, força uma pausa, um pouco alongada, nos seus comentários. As vezes as razões são fortuitas, outras vezes, circunstâncias especiais ou, inusitadamente, por preguiça de avaliar, mais profundamente, certas questões sob a falsa justificativa de não querer ser repetitivo. O fato é que, recentemente, por mais de quatro ou cinco dias seguidos, deixou o comentarista de apresentar novas análises dos quadros que se apresentam aos brasileiros.

A razão última foi o centenário da matriarca dos Lustosa da Costa, Dona Dolores, por acaso mãe do articulista desse blog. As festividades e a confraternização dos seus treze filhos, 58 netos, 63 bisnetos e um trineto, além das noras e genros, foi intensa e marcada por uma freqüência muito alta de participantes.

Mas, justificando a preguiça ou o argumento de não ser repetitivo, após a divulgação da última pesquisa Datafolha para a Presidência da Republica, esperavam-se desdobramentos, especulações e possíveis explicações para a queda de popularidade de Dilma e o que aconteceu com os seus contendores onde Aécio caia um ponto percentual e Eduardo Campos, cerca de 4 pontos percentuais.

No entanto, o que mais chamou a atenção na referida enquete, foram três fatos importantes e que devem ser analisados no contexto de tais resultados e das perspectivas e desdobramentos da sucessão presidencial.

Antes de qualquer avaliação ou conclusão precipitada, seria mais prudente esperar pelo que o outro instituto concorrente do Datafolha iria apresentar de resultados de sua investigação de opinião sobre o governo, sobre as preferencias eleitorais e sobre quem influenciará mais ou menos a cabeça do eleitorado.

Na verdade a última pesquisa do IBOPE, dada a conhecer dia 10 de junho, mostra Dilma com 38%, Aécio com 22%, Eduardo Campos com 13%, Pastor Everaldo com 3%, outros com 4%. Por essa pesquisa a ocorrência de segundo turno não é hipótese mas uma certeza. Diferentemente da pesquisa DataFolha, Aécio e Eduardo não caem e, os votos brancos, nulos e abstenção não alcançam os mais de 30% daquela investigação.

Mais, o mais interessante a avaliar são os dados regionalizados das preferencias eleitorais quando, pelo DataFolha, no Nordeste, Dilma parece continuar imbatível — ganha de 65 a 23% de Aécio — mas perde de 43 a 40% no Sudeste e de 40 a 36%, na Região Sul.

Parece que as preocupações de Lula e do comando petista tem muita razão de ser pois que, no Nordeste, o quadro que se desenha nos dois principais colégios eleitorais da região — Bahia e Pernambuco — mostra pouquíssimas chances de Dilma vencer Aécio Neves pois, nos chamados pastos de Eduardo Campos, ela deverá perder feio e, o que se desenha na Bahia, até o momento, é que Paulo Souto, ACM Netto e Geddel Vieira Lima, estão disparados nas preferências do eleitor.

Tanto é dramática a preocupação e, acreditando as hostes petistas e também Lula, particularmente, que as coisas estão se deteriorando para Dilma! que, o último tem feito duras criticas à condução da política econômica, pedindo urgentes mudanças pois que, acha ele que, a deterioração nas condições econômicas, a perda de poder de compra da renda familiar, a queda nos investimentos e o clima de pessimismo que domina os agentes econômicos, contamina o ambiente e resulta na desconfiança no governo e na ânsia de mudança que o mercado já está a demonstrar.

Um outro dado que preocupa o comando petista da campanha de Dilma é aquele que mostra que em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, só 23% aprovam o Governo Dilma e 46% afirma que não votam de jeito nenhum na Presidente. Também, preocupa deveras a postura de seu principal aliado, no caso, o PMDB que, ao reafirmar o apoio à reeleição de Dilma, o fez com o respaldo de 59% da Convenção com 40,8% declarando que não votam na Presidente.

Se estes dados não bastassem, antigos segmentos da sociedade civil outrora fidelíssimos ao PT, distanciaram-se — artistas e intelectuais, principalmente — além de profissionais da educação, da saúde, do agronegócio, do varejo e, até mesmo, gente do MST e de sindicalistas como a Força Sindical. Ademais, na última eleição para renovação dos quadros diretivos dos dois maiores fundos de pensão do País, no caso a PREVI do Banco do Brasil e a FUNCEF da Caixa, após mais de doze anos de controle dos petistas, viram a tucanada assumir o controle com uma vitõria de 30 a 22% no primeiro dos pleitos e dos fundos!

Também, um outro elemento relevante nessa análise é sobre quem influencia as preferencias eleitorais para a escolha do possível candidato a Presidente. Lula continua liderando com mais de 40% de pessoas que dizem votar segundo a sua opção mas, para surpresa dos próprios pesquisadores, 26% dos eleitores seguirão Joaquim Barbosa — quem diria? — e 12%, FHC! Somados Joaquim Barbosa e FHC, o resultado, no mínimo empata com Lula, porquanto, pelo que apanhou Joaquim Barbosa dos petistas, necessariamente quem o segue não vota no PT.

Portanto, embora indefinida a eleição, os dados mostram, a qualquer analista, que, dificilmente, os brasileiros deixarão de enfrentar uma eleição em dois turnos.

Finalmente, é bom refletir, para uma melhor apreciação do quadro e, o porque das preocupações de Lula com o desandar da economia, o que afirmou certa vez, um ex-assessor de Obama, o festejado economista americano Larry Summers quando dizia que “o maior estímulo para o crescimento de uma economia é a confiança”, mercadoria hoje em falta no mercado dos sentimentos brasileiros. E, para arrematar, fechando a relevância e o papel da economia em qualquer eleição, aquela observação que o marqueteiro de Cliton afirmou, grosseiramente, parece que ao próprio Clinton sobre a relevância da economia na política: “It’s the economy, stupid!”

A TRÉGUA NA CRISE E NA CAMPANHA ELEITORAL!

 

O Congresso já concluiu que o chamado esforço concentrado para a antevéspera da estréia do Brasil na Copa do Mundo de Futebol, não vai ser possível nem viável. Não só porque todas as atenções e preocupações estão voltadas para o evento bem como os esforços dos governos é para que o evento não enfrente tropeços, dificuldades e impasses derivados de sua inação ou omissão ou incompetência! De incompetência, de gestão pobre e limitado e de erros de planejamento e orçamento, bastam aqueles cometidos em relação às obras de mobilidade urbana, de construção das arenas e da própria estruturação do sistema de segurança para o evento.

Também, a prejudicar o andamento normal da agenda do País, as negociações que antecedem às convenções partidárias, são muito intensas durante esse mês de Junho, adentrando até meados de Julho.

Assim o pais do futebol, deve dar uma trégua em tudo, ficando, talvez, residualmente, restrito só as manifestações de rua que estarão fazendo algum barulho, porém sem maiores consequências. Isto porque a repressão a ser imposta pelas autoridades constituídas será impiedosa e contará com respaldo e apoio populares, vez que a prévia de greves recentes , notadamente nos transportes públicos, na polícia, nos serviços de educação e saúde, aliadas as atitudes de vandalismo e depredações por parte de alguns grupos, levaram a muita indignação por parte das populações , em face dos transtornos a elas causados.

Sendo assim, diante do grande efetivo policial ostensivo, aliado a presença das Forças Armadas nos principais espaços públicos, essas duas circunstancias tenderão a promover uma forçada trégua por parte de grupos que verão tolhidas, naturalmente, as suas movimentações.

Para demonstrar que a população não se sente nada confortável com manifestações abusivas, predatórias e marcadas por atos de destruição e vandalismo, a atitude de algumas governadores como, por exemplo, o de São Paulo, prometendo agir com rigor para garantir, a qualquer custo, a ordem pública, demonstra que assim pretendem proceder,   embasados em pesquisas de opinião que revelam que o povo quer que as autoridades constituídas façam respeitar o seu direito de ir e vir, sem os transtornos que as manifestações de rua tem criado.

Assim, pelo que se pode sentir e pelo que é possível antecipar, o País terá um evento sem maiores problemas, claro que com a ajuda dos puxadinhos, das obras provisórias, das improvisações e dos pedidos de desculpas pelos transtornos!

Vai ser uma chance de uma espécie de catarse para uma população que vai botar toda a sua fé, toda a sua confiança e toda a sua esperança na sua grande paixão,  que é o futebol.

A MALDIÇÃO DOS 16 …

 

O brasileiro tem a sua história, sua  vida e o seu comportamento marcados por crenças, crendices, superstições, medos e temores, frutos da sua religiosidade e da mistura de credos e de religiões que compreendem o que se denomina o sincretismo religioso brasileiro. Sendo assim, lendas e crenças, misturam-se fruto, também da carga cultural e do resultado da da miscigenação racial, da influência de vários povos e credos e, mais uma vez, pelo próprio caldeamento cultural que domina a cena brasileira.

A questão é tão séria que, agora mesmo, diante do desafio de ganhar o hexacampeonato mundial de futebol, os brasileiros recordam, com temor, a tragédia que foi a perda da copa, realizada no Brasil, em 1950. Àquela época, jogando em casa, com uma seleção de craques do melhor naipe, a seleção canarinho quase que atropelou as demais seleções e chegou a final com o direito de jogar tão somente pelo empate.

Duzentos e cinqüenta mil brasileiros assistiram ocorrer, no Maracanã, perplexos e estupefactos, o poderoso time brasileiro, após estar ganhando por um a zero do pequeno Uruguay, num passe de mãgica, a Celeste ganhar de dois a um, tendo como carrasco o velho Gighia, ainda hoje vivo e relembrando a vitória dos uruguaios sobre os brasileiros. Foi triste, foi lamentável e pôs a pátria do futebol de luto. E isto, até hoje, ressabiados, os brasileiros temem que possa vir a se repetir, agora, que estamos a sediar o evento, após 64 anos!

Cerca de 16 anos depois desse episódio de triste memória e, após de ter ganho duas copas do mundo seguidas — em 1958 e em 1962 — o Brasil volta a defrontar o fantasma de dispor de uma seleção do melhor quilate e ser derrotado, em 1966, com sua seleção bicampeã do mundo, logo nas oitavas de final quando, para surpresa geral, obteve apenas uma vitória em um jogo e perdeu os outros dois, numa campanha pífia e decepcionante! Ali os portugueses quebraram Pelé e a Inglaterra, praticamente, enterrou o escrete de ouro.

Se a sina dos chamados dezesseis anos, não preocupasse tanto, vez que a Copa do Mundo realizada na Inglaterra, ocorreu em 1966, uma seleção aparentemente desacreditada, rumou para o Mexico para arrancar, com muita glória, garra e determinação, o tricampeonato mundial, numa vitória acachapante, de quatro a um contra a Itália.

Mas, a sina viria a se manifestar dezesseis anos depois quando, em 1982, contando com um time excepcional — Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, entre outros — sofreu um duro revés ao jogar contra a Itália! Naquele infausto dia, um mediano jogador da Azzura que era Paolo Rossi, sozinho, fez os gols que derrotaram o Brasil e a melhor das seleções canarinhas, de todos os tempos, segundo alguns analistas!

Após 1982, o Brasil se recuperaria do revés sofrido e, depois de 24 anos ganharia a copa de 94, garantindo o tetra campeonato para os brasileiros. A euforia tomava conta de todos depois que Romário ganhou a Copa de 94, praticamente sozinho, nos Estados Unidos. O talento de Ronaldo, o Gordo, e de Ronaldinho Gaucho, além da classe e da habilidade de Rivaldo, permitiram o sucesso alcançado nas duas copas.

Mas, 1998 e a síndrome dos dezesseis e o fantasma de um possível fracasso, insistia em assustar os mais crédulos. Parece que perseguia o Brasil. Ronaldo, tres vezes o melhor jogador do mundo, teve um piripaco, até hoje não explicado, convincentemente e, diante da França de Zinedine Zidane, jogando pobre e precariamente, foi derrotada a canarinha, para a decepção dos brasileiros.

Mas, 2002, com a disciplina e a orientação de Felipe Scolari, o time da famiglia, engrenou e, numa final emocionante contra a Itália, viu Tafarel, sagrar-se o herói nacional na defesa de dois penalties e Roberto Baggio, o grande jogador da Itália, desperdiçar o último penalty que manteria as esperanças de seu pais de derrotar o Brasil, mais uma vez, após a tragédia de 1982. Os brasileiros deram o troco!

Depois de 1998, surge o espectro da sina dos dezesseis anos, a assustar os torcedores brasileiros. Que tipo de mandiga, de mezinha, de reza há de se buscar para afastar qualquer chance de que um desastre não venha a ocorrer? Talvez a única alternativa possível seria fazer uma troca com o Capeta já que, por certo é ele que comanda tal sina. Que tal, segundo sugerem alguns, afastar “esse cálice maldito” dos brasileiros e trocá-lo por alguma outra coisa?

Ah! Alguém soprou no ouvido do cenarista que, este 2014 é quando, se Dilma for eleita, o PT atingirá, em 2018, 16 anos de domínio da cena e da política nacionais. Alguém estaria propondo que se trocaria a não renovação dos quatro anos adicionais do PT, desde que se preservasse o futebol brasileiro de não ter que enfrentar essa decepção já que os problemas do País são tantos, as esperanças tão poucas e a confiança nas autoridades é quase nenhuma?

A brincadeira é apenas um chiste e não merece ser levada a sério. Nem o chamado trade off proposto e nem a crença supersticiosa de que essa coisa das tragédias futebolísticas a cada 16 anos venha a se repetir. Terá o país uma excelente Copa, mesmo como os seus puxadinhos, superfaturamentos, maquiagem de obras e os tradicionais “desculpem-nos pelos transtornos” diante do que deveria ter sido e não foi do Brasil e a conquista do Hexa que, a despeito de tudo e de todos, mesmo esses ainda não exteriorizaram o seu entusiasmo e vibração para com o evento, há um mixto de esperança e de preocupação com as chances brasileiras.

DILMA E O PT, ATRAVESSAM O RUBICÃO?

 

 

Caio Júlio César, o grande imperador romano, antes de conquistar tal posto, diante das vitórias alcançadas comandando os exércitos romanos, notadamente na Gália, decidiu, descumprindo uma determinação do Senado Romano, atravessar o rio Rubicon, na quase fronteira dos limites de Roma e, com seus exércitos, adentrar a cidade eterna, como depois seria Roma, aclamada. Em outras circunstancias, qualquer outro líder ou político não teria ousado pois, dominado pelas forças do Senado,  seria severamente punido, presumidamente com a morte, por haver descumprido a drástica determinação dos senadores. Mas, ele não. Entrou, ficou e se tornou Imperador dos romanos, contra o pensamento e o sentimento do Senado. O “veni, vidi e vici”, marcou a sua entrada gloriosa, com seus exércitos, em Roma.

Assim, o atravessar o Rubicão passou a ser, historicamente, uma simbologia do vencer o maior dos desafios e, contra tudo e, as vezes, contra todos, vencer o os obstáculos, ás vezes, intransponíveis.

Dilma e o PT encontram-se em seu labirinto! As dificuldades são crescentes e, a confiança da população a cada dia, se esvai. Parece que vai ser muito complicado atravessar o Rubicão sem ônus excepcionalmente pesado. E, para tanto, cresce o desespero dos petistas diante da possibilidade de perda dos 25 mil cargos comissionados só na União e de todos os efeitos da presença no poder  que esses doze anos garantiram à militancia  ou aos amigos sindicalistas.

E, são muitas as razões dessa grande possibilidade do projeto de poder dos petistas acabar agora. Há quem ache que, talvez, a trégua que já começa a ser dada pela Copa, aliás com prejuizos maiores à economia, ajude a reduzir as impiedosas críticas que tem surgido nas redes sociais e na mídia aos descaminhos e desencontros da gestão publica no país.

O anúncio de um crescimento pífio da economia no trimestre — 0,2% — e a possibilidade de uma expansão negativa no próximo  trimestre, levam a perspectiva de um crescimento econômico que ficará no entorno de 1%. Isto porque o modelo de crescimento apoiado no consumo das famílias, no crédito fácil e, até bem pouco, numa inflação que não afetava tão duramente o orçamento das familias da chamada classe média que emergiu nos ultimos dez anos, esgotou-se. Também, a capacidade de endividamento das pessoas diminuiu e o número de pessoas buscando emprego, reduziu-se!

Por outro lado, enquanto o mundo, notadamente os países europeus e os Estados Unidos, adotaram medidas amargas para reduzir o impacto da crise gestada em 2008, o Brasil, primeiro para manter a confiança da população na economia e no governo, subestimava os efeitos do problema e, segundo o Presidente da época, Lula, dizia que a crise, para o Brasil, seria uma marolinha. Ademais, interessada em fazer a sua sucessora, o governo petista abandonou os compromissos com os fundamentos da economia, mandou às favas a responsabilidade fiscal e, mergulhou de cabeça, numa gastança sem limites e comprometedora do desempenho futuro do país nos anos que estavam por vir. Os países europeus e os EUA, entraram numa dieta de emagrecimento e em medidas de austeridade quase perversas, elevando o desemprego a níveis quase insustentáveis, para reestabelecer as pré-condições para reconquista da necessária estabilidade fiscal e monetária  e a retomada de um pouco de crescimento sustentável. E, como se verifica, até Portugal, sai, airosamente da crise e já pode sonhar com uma retomada da expansão econômica.

No caso brasileiro, os indicadores mostram erros e mais erros, irresponsabilidades e mais irresponsabilidades, negligências e mais negligências, nao só no trato das finanças públicas, no combate à inflação, na busca de um equilíbrio nas contas externas e na condução da política de investimentos mas, também, na realização de obras públicas essenciais à redução de gargalos na infra-estrutura da economia e na incúria como são tratados problemas crônicos como da educação, da saúde e do saneamento ambiental, da segurança pública e da mobilidade urbana.

Assim, os abusos da incompetencia; os excessos da cultura ou do princípio do “às favas com a ética” ou “tudo se justifica pela causa” — que causa? — a leniência para com a corrupção, tudo isto tem levado a um descrédito dos homens públicos e das instituições além da desconfiança nos rumos da economia e do País.

Intelectuais, políticos, economistas, jornalistas, empresários, estudantes e formadores de opinião, de um modo geral, não são mais tão presentes e frequentes no envolvimento, no aplauso e no ardor que defendiam, outrora, a vitória da classe operária e sua ascensão ao poder. O sonho parece que, diante dos desvios de objetivos e de conduta dos seus dirigentes, acabou.

Se sente que, na sociedade, nos grupos organizados do tecido social e, dentro das vísceras dos poderes constituídos, há uma espécie de cansaço, não só com o aparelhamento dos órgaos de governo e diante das limitações técnico-operacionais dos sindicalistas que ocuparam posições técnicas ou de mando, em profundo desrespeito ao princípio da meritocracia. E o clima, nesses casos, é de insatisfação crescente no interior de tais instituições. E isto já se reflete no que ora ocorreu nos maiores fundos de pensão do Brasil, a PREVI e a FUNCEF, onde, após tantos anos de mando e domínio, os petistas acabaram de perder as eleições para o comando das entidades.

Ademais, as bases de apoiamento politico-partidário da presidente estão se esfacelando em função das disputas e dos interesses das agremiações nos estados. A rivalidade entre parceiros — vide o caso de Paulo Skaff, em São Paulo e do movimento Aezão, no Rio, além de conflitos do PROS no Ceará, mostram a dimensão do imbróglio a ser enfrentado por Dilma e pelo PT.

Finalmente, os ventos que sopram de fora — vide eleições nos vários países europeus e para o próprio Parlamento Europeu, quando os conservadores avançaram, significativamente, no abocanhar de cadeiras nos parlamentos — mostram que há uma tendência, não ao liberalismo dos anos de Reagan ou de Thacher, com visão e práticas contrarias  ao excesso de intervenção ou presença do estado e  numa linha de limitação dos avanços da esquerda!

Mas,  o que  se assiste é o ressurgimento de um conservadorismo que já está virando moda na Europa, que tende a ser menos favorável a europeização dos seus membros e,  mostra-se cada vez menos compreensivo e tolerante para com imigrantes e para com a visão rígida de dogmas de varias religiões estranhas à cultura do Velho Continente. Todo esse novo movimento político europeu, tende a levar, como sempre ocorreu, a que países  repensem os caminhos, as estratégias e as tendências de comportamento do estado no Brasil.

Pelo que se pode depreender, vai ser difícil  para Dilma e os petistas reproduzirem o canto de vitória de  Júlio  César do “veni, vidi et vici” mas, no máximo, o “Alea jacta est” ou “a sorte está lançada” pois serão muitos os obstáculos a serem vencidos, notadamente quando não se tem nada de novo a oferecer e só se tem muito a tentar esplicar ou justificar erros e equívocos cometidos.

VAI-SE A ESPERANÇA …

 

O Ministro Joaquim Barbosa surpreendeu a todos com o seu pedido de aposentadoria premido, segundo alguns, por questões de saúde — terríveis dores na coluna — e, segundo outros, pressionado pelo isolamento que lhe era imposto pelos seus colegas de Supremo. Ademais, os contenciosos com a sua própria classe, os advogados, criados por sua atitude contra vícios e pecados que marcam os que exercem hoje exercem a magistratura — lembram do denunciado “conluio entre advogados e juízes” ? — além de duras declarações sobre a urgente necessidade de reformar o judiciário, ampliaram tal isolamento.

Mesmo sendo acusado de prepotente, autoritário e pouco conciliador pelos seus pares e pelas várias instituições que representam os vários segmentos e estratos  que compõem o Judiciário, sofria duras e acerbas criticas, de quase todos os seus representantes. Fora do Judiciário era fortemente agredido e ameaçado pelos petistas, pelo seu duro e, quase inflexível comportamento como Relator da Ação Penal 470, mais conhecida como o Mensalão.

Barbosa não conseguiu concluir sua obra que envolvia várias ações para melhorar o desempenho da  justiça, a sua maior transparência e, acima de tudo, a sua maior democratização. Mas só o caso do Mensalão, como bem definiu em sua breve exortação na despedida de Barbosa, o Ministro Marco Aurelio Mello,  “exaltou o que se conseguiu com o julgamento do mensalão uma demonstração de que a justiça não alcança apenas os pobres, mas pune também os que podem muito”. Portanto, se não houve tempo hábil para que Joaquim Barbosa colocasse em prática todas as idéias relacionadas com a melhoria da qualidade e do desempenho da Justiça no Brasil, ficou patente que, mesmo um homem só, com determinação, competencia e a vaidade de buscar alcançar o respeito e a admiração de seus compatriotas, pode abrir caminhos para que as sociedades possam sonhar com dias melhores.

Não vale à pena lembrar o que não foi completado pelo Ministro, notadamente da faxina que se propunha a tentar empreender a frente do Conselho Nacional de Justiça, pois isto geraria mais  frustração aos brasileiros e aos verdadeiros cidadãos desse País.

E, com a sua saída, é bem provável que os mensaleiros não só reconquistem “o presumido ou pretendido” direito de trabalhar fora mas que obtenham uma revisão de suas penas!  E assim, “tudo como dantes no quartel de Abrantes” e devolver-se-á, ao povo, o desencanto com a justiça! As atitudes  tomadas, a ferro e a fogo pelo Supremo, diante da  intransigência e, de uma certa forma, da mobilização que Barbosa provocou na sociedade, agora já são coisas de um sonho frustrado que, temem muitos, pode vir a se transformar num grande pesadelo. Mesmo com todas as suas atitudes, muitas vezes controversas, com todo o seu autoritarismo, foi aquele furacão da ética e da decência que varreu o Supremo, em sua passagem e deixou marcas indeléveis nas mentes e nos corações dos brasileiros.

Dizem os advogados dos mensaleiros, muitos juízes e membros da OAB, que Joaquim Barbosa não deixará saudades. Dizem 16% dos brasileiros, eleitores e interessados em mudanças no país que, ele, sim deixará saudades pois eles o queriam candidato a Supremo Mandatário do País.

Alimentar sonhos e esperanças no Brasil está muito difícil. Até a Copa do Mundo de futebol já não sensibiliza tanto a velha Pátria de Chuteiras! Isto porque, não se tem uma notícia interessante ou uma lorota bem apresentada que faça abrir o sorriso no rosto  e faça brilhar o olhar do brasileiro. A economia teve o seu crescimento reavaliado e vai crescer uns minguadíssimos 1%, este ano. A inflação continua assustando apesar dos juros absurdamente elevados e das maquiagens e manipulações nos indicadores econômicos básicos. O Balanço de Pagamentos vai de mal a pior. As obras do PAC não andam e continuam tendo os seus orçamentos aumentados indicando, para muito, superfaturamento. Os indicadores de educação, saneamento e saúde, comparativamente aos demais países, envergonham tanto quanto a classificação do país no quesito corrupção, onde ele se sai bem. Se não fora o agronegócio o país já estaria a caminho de uma recessão, embora já se considera a atual situação, como de estaginflação.

E, o pior, não há debate político sobre uma agenda para o Brasil ou como reverter estas tendências tão pessimistas que as circunstâncias vão colocando diante dos patrícios. A eleição está em cima e, lamentavelmente, se o pessimismo dominava os agentes econômicos, agora perpassa toda a sociedade o que pode ser constatado pelo que publica a mídia e pelo que dizem as pessoas nas redes sociais. O que se ler é muita revolta, indignação,  pessimismo e cansaço, restando hoje, inclusive, pouco espaço para, até mesmo, a indiferença.

É uma grande pena o que ocorre com o país outrora campeão do otimismo, de um povo alegre e capaz de acreditar no seu hoje e no seu amanhã!