LEITURAS CONFUSAS!

Um dia as pessoas são tomadas por determinadas informações. Outro dia, são divulgados dados que negam as informações do dia anterior. No final das contas, não se sabe o que realmente acontece e para ” onde as malas batem”!

Divulgados os dados de uma nova rodada de pesquisas e, estranhamente, a Presidente Dilma continua a ter a possibilidade de ganhar no primeiro turno as eleições presidenciais! Estranhamente, por que? Chama a atenção o fato de que, há três ou quatro dias atrás, surgiu um zumzumzum no mercado, informando que a pesquisa indicaria uma queda na avaliação da Presidente. E, mais que de repente, o mercado reagiu com uma retomada das bolsas e um valorização do real. Ou seja, a atitude dos agentes econômicos dava a entender que. a queda de popularidade de Dilma gerava uma expectativa favorável de que, diante de tal fato, as coisas mudariam.

Agora, vem a tona um escândalo que assusta a todo mundo pela sua dimensão e pelo envolvimento ou responsabilização de possíveis participes da negociata, inclusive com o envolvimento da própria Presidente, quando Ministra da Casa Civil e conselheira da Petrobrás! Além disso, a prisão de um acusado de se beneficiar da “Grande Maracutaia”, a demissão de um diretor da Pwtrobras Distribuidora, acusado de ser o responsável pela compra de tal refinaria e, a troca de acusações entre o Presidente do Senado e o Senador Delcídio Amaral, ambos da base de sustentação de Dilma, gerou confusão na interpretação do evento.

Delcídio Amaral acusou Renan de ser uma espécie de Comandante Francesco Schettino, do barco Concórida, aquele enorme iate que afundou na costa italiana e o seu comandante, tranquilamente, desceu do seu barco e decidiu tomar um vinho numa trattoria qualquer próxima ao local aonde a embarcação estava adernando. E concluiu que, “Renan deixava o barco no momento em que ele estava afundando”! Ninguém entendeu já que um prócer do PT antecipava um possível debacle do governo petista. Não sei se Delcidio faz parte do grupo do “Volta Lula” ou se foi apenas um ato falho.

Adicionalmente, Lula disse, “a boca pequena”, que Dilma havia dado “um tiro no pé” quando disse que nada sabia sobre a decisão de compra da Refinaria americana em Pasadena! Depois alguém acrescentou que, o que houve foi que ninguém leu direito o relatório em que o negócio foi apresentado ao Conselho de Administração da Petrobrás. Fica tudo tão estranho quando todo um Conselho, de uma das maiores companhias de petróleo do mundo, ao fazer uma aquisição desse vulto — inicialmente, 300 milhões de dólares e, que as circunstância fizeram elevar o valor da aquisição para mais de um bilhão de verdinhas! — ninguém leu o tal relatório que aprovava a compra de tal trambolho!

Mais estranho de tudo isto é que, a Petrobrás que, em face do absurdo do Governo de utilizá-la como instrumento de combate à inflação, perdeu 43% de seu valor de mercado, tendo encolhido de tamanho para ficar menor do que a empresa exploradora de petróleo da Colômbia, registra dois recordes negativos: déficit na sua balança comercial que pode ir além de 10 bilhões de dólares este ano e, seguidos recuos na sua produção de derivados. E, aí, o que esperar do sonho dourado que seria o pré-sal e a tal da auto-suficiência de petróleo?

A coisa se complica mais e mais pois, depois da convocação de dez ministros, das dificuldades com a pauta de matérias no Congresso, de difícil deglutição pelos parlamentares sem que lhes seja administrado um lubrificante cívico, e, agora, diante da ameaça de convocação de uma CPI da Petrobrás, Dilma enfrenta o seu antecipado inferno astral.

E, diante das penosas negociações com a Câmara e, agora, em face desse problema da Petrobrás que envolve Dilma, Sérgio Gabrielli, Renan, Delcídio e outros menos votados, provavelmente, diferentemente do que pensavam os articuladores políticos do governo, a crise não está superada e, para superá-la, cada vez mais cresce o tamanho da fatura. E, para as “cucuias”
a responsabilidade fiscal, as metas de inflação, o superávit primário e o crescimento menos envergonhado do pibinho!

Assim, se tudo vai mal, como é que pode crescer a aceitação de Dilma para presidente? Se no mês de janeiro houve uma queda de quatro pontos percentuais na sua aprovação? Que fato novo favorável pode ser apresentado para justificar tal desempenho? Na verdade, diante de tamanha crise, de tão grandes problemas, de desentendimentos na base de sustentação parlamentar da Presidente, da clara insatisfação de Lula com o desempenho de determinadas figuras do governo de Dilma e dos erros nas negociações com o PMDB, é difícil acreditar que a crise vai passar.

Para a maioriados brasileiros, mesmo os do bolsa família a coisa não cheira bem!

DÁ PARA RECUPERAR A ESPERANÇA?

Algumas pessoas que conhecem o cenarista, faz algum tempo, estranharam o comentário último onde ficou patente um sentimento de frustração e de desencanto ou seja, um amargo gosto de pessimismo nas suas manifestações sendo, potanto, bem distinto daquilo que sempre foi a atitude do comentarista.

Diante da reação e da cobrança de amigos, achando que o cenarista teria ficado amargo, procura o mesmo encontrar algumas razões que pudessem fazer com que se sentisse menos negativista ou menos pessimista como demonstrado no comentário.

Mas, chegou o cenarista a conclusão que a única forma de, talvez, fugir dessa armadilha e não se sentir enredado por essa asfixiante visão pessimista em relação ao Brasil, tanto ao seu hoje e ao seu amanhã, seria não ouvir, não ver e não ler nada que os veículos de comunicação publicam. Talvez, dentro da tese dos governistas, a única alternativa para não ser contaminado com que se ouve, ver e se assiste, seria ouvir a monocórdica propaganda do governo e o discurso dos seus proeminentes lideres.

Mas, é difícil assim proceder. Quando se assiste a Transamazônica completar 40 anos, continuando com, pelo menos, 800 kilômetros intransitáveis e gerando transtornos, prejuízos e aborrecimentos a tantos brasileiros, as pessoas de boa fé sentem-se frustradas e desencantadas.

Quando se ouve os líderes nordestinos, decepcionados com o andamento das obras de Transposição das Águas do Rio São Francisco, que se encontram muito atrasadas e com o custo da obra dobrado e, o pior, sem se saber, quando a obra vai tornar disponível a água, não apenas no “sertão bravo”, mas para todo o semi-árido, aí o pessimismo cresce! E, o pior, se se vive de sonho e de esperança, não se tem idéia de quando a obra permitirá que operem as adutoras do sertão, a integração das bacias e a recarga estratégica das barragens. E, quando isso ocorrer, só aí a água saciará a sede daquelas populações!

Nas áreas urbanas, a barbárie tomou conta de todas as cidades, até mesmo daquelas como Brasília, com crimes cometidos por bandidos, pela polícia — a estúpida morte da senhora carregada, ferida, num porta-malas de um carro da policia, sendo arrastada por mais de 300 metros! — e com a revolta da população que, só em Brasilia, incendiou quatro ônibus e vandalizou mais dois outros, aí cresce o temor, o medo e o próprio desespero com a insegurança disseminada por toda parte.

Agora, para aumentar as preoocupações, a crise energética tira o sono de muita gente, pois que todso temem que, talvez, o país venha a enfrentar racionamentos e, caso isso ocorra, além de todos os contratempos e prejuízos a serem enfrentados pela população, a tendência será um aumento da violência e da criminalidade, além do custo a ser pago pelo consumidor ou pelo cidadão pela incompetência da gestão governamental.

E o pior é que essa crise energética é uma crise anunciada. Em 2001, enfrentou o país um quase apagão. Dilma, ao assumir o Ministério de Minas e Energia, prometeu superar todos os estrangulamentos e gargalos do setor para que, “nunca mais”, o Brasil enfrentasse tal risco. Atrasos monumentais nas obras de novas hidroelétricas e das linhas de transmissão, além da lentidão no aproveitamento das fontes alternativas de energia — eólica, solar e nuclear — afora as incompetências gerenciais que caracterizaram esse itinerário de bobagens cometidas pelos agentes do governo federal, respondem pelo caos hoje vivido pelo setor.

De novo, este ano, diante de nada ter sido feito pelo governo da União, todos os estrangulamentos no escoamento da safra de grãos do Brasil, irão se agravar com a procissão de caminhões esperando para descarregar nos portos e, também, aumentando o tempo longo de espera para que os navios possam ser carregados o que, ano passado, representou um prejuízo de 2,5 bilhões! E, para este ano, diante de uma safra maior, pode chegar a 4 bilhões de reais o prejuízo.

Os dados de emprego recém divulgados mostram um desempenho pífio do País e, segundo a Federação da Indústria de São Paulo, naquele estado a queda no emprego foi de 3,1% e o esperado como resultado para o ano de 2014, será de um crescimento zero!

O “crack” domina o país de ponta a ponta, sem qualquer política de governo para enfrentar o problema. Agora mesmo, como o fenômeno do Presidio de Pedrinhas, no Maranhão, não se formulou nada sequer para aplicar os recursos na ampliação de vagas nos presídios e, nem sequer, pensar na melhor acomodação dos presos em quase todas as casas de detenção do País. No caso de crimes cometidos por menores, a leniência do governo é tamanha que a única proposta que a indignação do povo chega a ponto de sugerir, é a redução da maioridade penal.

O que é, Mon Dieu, que pode reestabelecer um pouco de esperança de que as coisas podem mudar para melhor?

Os radicais de parte a parte, se preparam para mostrar a sua insatisfação. Dia 22 desse mês, uma grande mobilização nacional da classe média, ocorrerá por todo o país, notadamente nas grandes e médias cidades, mostrando a sua indignação e revolta para com a leniência, leviandade e irresponsabilidade das autoridades brasileiras na prestação de serviços públicos essenciais e na condução das políticas públicas. Ela já foi tachada como algo de direita, chamada pela mesma denominação daquele movimento de 1964, cognominado de Marcha da Familia com Deus e pela Liberdade.

Já e já, os estudantes voltarão a ocupar as ruas, acompanhados dos vândalos do movimento “black blocs”, dos “white blocs” — os radicais de direita –, a infiltração de bandidos e de vândalos nas manifestações, patrocinados, muitas vezes, por partidos políticos ou patrocinados por aqueles que buscam a desmoralização da própria polícia.

Diante desse quadro, sem se considerar a perspectiva pouco animadora relativa a cumprimento da lei de responsabilidade fiscal, das metas de inflação, de busca de diminuição do desequilíbrio externo, a tentativa de colocar o aumento do pib, pelo menos na média mundial e outros “quetais”, a situação está mais para “jacaré do que para colibri”.

Não dá para ter ânimo, entusiasmo e alimentar esperança consequente. Ou teria? Se alguém tiver como tirar o cenarista do desânimo, não com sofismas, com manipulação de dados e nem com explicação que tudo é culpa da crise externa, que replique o que aqui está dito.

A CRISE PARECE QUE NÃO VAI PASSAR!

Os problemas de entendimento e de cooperação entre o PMDB, principal partido da base de apoiamento de Dilma no Congresso e o Governo, parece que não serão superados com a entrega de ministérios, liberação de emendas e outros mimos! Isto porque, na raíz de tudo, está a inabilidade, o fastio com a classe política e, as atitudes grosseiras e intempestivas da Presidente Dilma que, diante do seu antecessor, fica a anos-luz da capacidade de levar, “no bico”, os seus interlocutores.

Como bem disse o Senador Alvaro Dias do Paraná “Lula até que agrega quando vai ao Paraná mas a Dilma, cada vez que vai lá, melhora o ambiente político para nós, oposição”. Isso demonstra porque é tão difícil superar os problemas atuais de relacionamento do PMDB com o PT, com Dilma e com a arrogância dos interlocultores da Presidente.

O PMDB pode ser aético, amoral e indecente, como se referem muitos petistas graduados, mas, com certeza, não é burro. Primeiro, tem consciência que só junto, coeso e “lavando a roupa suja em casa”, terá forças e instrumentos para reivindicar o que pensa que lhe é de direito e, consequentemente. fazer as suas conquistas.

O PMDB tem a convicção de que Dilma nunca deixará que a agremiação venha a ser um protagonista, no seu governo, pelo menos igual ao PT e, independentemente de ter o Vice-Presidente Michel Temer — “Tirante Aureliano, vice não serve para nada!”– ele, na verdade, como mostram os anos desse primeiro mandato da Presidente, nada agregou de respeito aos líderes e dirigentes do velho PMDB. E o pior. Reeleita, os líderes tem consciência disso, ela ficará muito pior no trato pois não terá mais projeto a não ser a vaidade de não sair, ao final, tão mal da Presidência.

Por outro lado, quem tem 20 candidatos competitivos a governador nos estados brasileiros e, como a sua vocação de partido é nitidamente parlamentarista — o negócio é fazer uma grande bancada no Congresso e nos estados, para poder mandar no governo, essa é a lógica do partido! — não abrirá mão de seus palanques nos estados, sob hipótese alguma.

Como o tempo é curto, o orçamento é ainda mais curto e a burocracia é emperrante, nesse ano eleitoral será difícil fazer cortesia, com obras federais, para sensibilizar os deputados.

Segundo alguns analistas, se por acaso, as bancadas do PMDB do Ceará e do Rio e, ssegundo avaliam, isto estaria bem próximo de ocorrer, no caso o rompimento da aliança com o PT, aí as coisas se complicariam muito para a Presidente. Embora, pelo que se comenta, Dilma estaria hoje, no Ceará, para sensibilizar Eunício a mudar de projeto ou forçar o Vice-governador a assumir o Ministério da Integração. Se ela tiver sucesso, aí então a chance de aprovação de apoio, à sua reeleição, na Convenção Partidária do PMDB, ficará bem próxima de se concretizar. Se ela tiver, pelo menos, o êxito parcial nessa empreitada, como parece que está tendo na desmontagem do “blocão”, então poderá surgir um novo cenário politico no processo sucessório nacional!

O contencioso do governo no Congresso é grande e complicado. Não são apenas os vetos presidenciais mas matéria como o marco regulatório da internet, a criação de municípios, o piso salarial de bombeiros e policiais militares, a revisão da tabela do imposto de renda, o imposto de renda sobre resultados de empresas brasileiras no exterior, o piso salarial do SUS e outras matérias relevantes, complicam a vida da Presidente. E, é sempre bom lembrar que, em ano de eleição, os deputados não hesitarão em votar a seu favor e daqueles que lhes garantem os seus votos, do que optar em votar em favor de Dilma ou, até mesmo, do próprio País.

Na temporada de ameaças, os petistas sugerem que Dilma poderia anunciar que, para assustar os peemedebistas, a chapa para concorrer as eleições presidenciais seria Dilma/Lula o que, alguns opositores mais agressivos, ameaçam com o levantar e requentar todas as denúncias contra Lula, até buscarem sensibilizar o Congresso para a votação de seu “impeachment”. Tal ameaça ou tais ameaças, ficarão mesmo, em apenas ameaças e nada mais.

A crise não amaina porquanto é da natureza de Dilma o confronto, a agressão, a grosseria e o fastio no trato da política e, mesmo que Dilma se repaginasse e se mostrasse, pelo menos, com um pouco mais de polidez e educação doméstica, soaria falso e seria uma postura insustentável.

Assim, parece que ao PMDB não há, agora, nada a fazer a não ser cuidar dos seus palanques estaduais, fazer as suas costuras e garantir a continuidade de manter-se sendo o maior partido do País. Conciliar, agora? Não há porque. O governo comprará o PMDB? Parece que o momento passou e, tal qual a prostituta respeitosa de Faulkner, o PMDB mostrar-se-á ético, comprometido com o país e suas causas e, afirmando que, se fosse Lula o Presidente, a aliança com o governo não corria risco de ser mantida. Mas parece que, agora, “é tarde e Inês é morta”!

IMPUNIDADE, ATÉ QUANDO?

Este cenarista sempre se mostrou um otimista incorrigível. Sempre proclamava, aos quatro ventos, que se sentia “como um noivo, um otimista, sempre”! Não sei foi o tempo, esse impiedoso carrasco que nos leva tudo, inclusive a ingenuidade, os sonhos e as esperanças, além de nos agredir com a dura realidade dos desencontros, das frustrações e dos desacertos do dia a dia, talvez seja responsável por essa mudança de humor.

Confessa o cenarista que, vez por outra, tenta buscar réstias de esperança sobre o futuro da pátria amada mas, lamentavelmente, nada leva a que ele se convença de que o amanhã será menos duro e penoso que o quadro que hoje se experimenta no Brasil. Mas, o mais ridículo é que um homem que já chega ao “crepúsculo outonal de sua carreira artística” ainda viva o entusiasmo, a alegria e o sonho de que é possível a construção da pátria que muitos já a esqueceram.

Numa reflexão que entristece o cenarista, era esperado que países ou cidades detentoras de renda elevada observasse uma redução substancial da criminalidade, da violência e da falta de ética e respeito a valores morais. Aparentemente a premissa parece ser verdadeira, qual seja, que comunidades de renda elevada, tendam a crescer ética e moralmente e com menos violenta.

Mas, Brasilia, a capital da esperança, a cidade planejada, o centro do poder, mostra que a tese é totalmente negada! Os absurdos aqui acontecem e aqui se praticam, nas barbas do centro do poder.

Agora mesmo um jovem mata a ex-namorada de 14 anos, com requintes de crueldade, exibe as cenas da brutalidade pela internet e, cinicamente afirma que, o crime foi cometido dois dias antes dele atingir 18 anos, ou seja, a maioridade penal! Cínico, imoral e um praticante de um crime premeditado!

Um outro, aos dezesseis anos, sem nenhuma razão ou reação da vítima, assassina um Brigadeiro reformado, em frente a sua casa e, tranquilamente, ainda repete o que ouviu do seu advogado de que ele é inimputável. Um jovem engenheiro, de 34 anos, ao chegar em casa, é abordado por três menores que, sem mais nem menos, temerosos diante de uma possível reação do jovem engenheiro, assassinam-no, em frente a sua família! Isto é Brasilia que ora assume uma posição privilegiada no “ranking” das cidades mais perigosas do Brasil! Com a maior renda per capita do País e o melhor índice de escolaridade, a cidade, estimulada pela impunidade que blinda as elites, navega na irresponsabilidade geral e irrestrita! Vejam só!

O que leva a tal situação? Toda a tese de que “an economic deprivation”, a falta de acesso à escola, a falta de família que acolha tais deliquentes, são as causas maiores de tal situação de terror, notadamente de crimes cometidos por menores. Mas, será que é isto? Será que, adicionalmente, é a necessária, para alguns, revisão, da maioridade penal no Estatuto da Criança e do Adolescente? Não. Parece não serem essas as causas dessa escalada de violência.

Aqui, humildemente, o cenarista acha, de maneira muito simplista, que a causa de tudo isto, seja, de um lado, a impunidade e de outro, a ausência do Estado. Sem uma presença forte, organizada, integrada e estruturada do poder público com a contribuição da sociedade civil será difícil reduzir a violência, reocupar os espaços públicos e reestabelecer o ir e vir dos cidadãos nas áreas que lhe pertencem.

Em São Paulo, por exemplo, a violência, o número de crimes de toda ordem e, os próprios atos de vandalismos são relativamente reduzidos levando-se em conta o tamanho e a população da Grande São Paulo. Alí o policiamento ostensivo e melhor organizado e estruturado, a “inteligentzia” no apoio ao combate ao crime e a busca de desmantelamento dos esquemas articulados pelos líderes do PCO e do PCC, onde os mesmo comandam a criminalidade de dentro dos presídios, já vem surtindo algum efeito. Claro que falta muito por fazer mas, proporcionalmente, a área metropolitana de São Paulo, com seus mais de 24 milhões de pessoas, apresenta índices bem menores que Vitória ou a grande vitóoria, por exemplo!

O Rio de Janeiro, embora os bandidos estejam tentando intimidar as polícias — só neste mês mataram 11 policiais, inclusive o comandante de uma UPP! — o modelo de ação dessa ocupação das favelas, se complementado por ações do poder publico, para garantir efetivo acesso a alguns bens culturais essenciais aos seus moradores, é dos mais exitosos. Se no Rio se aumentar o policiamento ostensivo, estruturar a “inteligentzia” da polícia civil e aumentar o efetivo, de uma forma organizada como quer o Secretário de Segurança Beltrame, então a experiência será exitosa.

Por enquanto o que há, nessa questão da violência, não é nenhuma ação compreensiva, organizada, articulada e integrada, é apenas um jogo de culpas — a União culpa os estados e municípios pela escalada de violência –; a justiça é discriminatória, injusta e protetora dos bem aquinhoados — e o governo continua adotando medidas tópicas que não vão ao cerne do problema.

A seguir, para não se tornar deveras longo, o cenarista deixa para outra oportunidade os comentários adicionais sobre o que, como e o ideal e o possível a fazer para esse quadro sofra uma reversão!

Mas, para Brasilia, é difícil ter alguma expectativa otimista, depois das decisões do STF sobre os mensaleiros, o prejuízo que os consumidores irão pagar pela crise do setor energético — 35 bilhões — e, por último, a definição do acordo para a sucessão no DF, o que levanta os cabelos do mais esperto e pragmático peemedebista que tenha o oportunismo como marca maior de sua atuação!

ESTÁ TUDO TÃO CONFUSO!

Os novos dados relacionados a economia não espargem luz sobre o cenário vivido pelo País. Ou seja, não dão qualquer indicação de que as coisas tenderão a melhorar. Também não alteram as perspectivas de transformação, de dinamização e de crescimento sustentável, para os próximos meses e, nem tampouco, para os próximos anos! Embora, tudo isto, embalados pelos sonhos da Copa, representam aspirações tão ansiadas pelo o Brasil e pelos brasileiros.

No campo social, além dos problemas das grandes e médias cidades — mobilidade urbana, transporte público, saneamento ambiental, qualidade dos serviços de educação e saúde, entre outros — que só tendem a se avolumar e a gerar uma situação de quase impasse, acumulam-se elementos de tensão e estresse para os cidadãos, como um todo. Ademais, as disputas de quem é o “pai do problema”, se a União, se o Estado ou se o município, continuam emgabelando o povo e não levando a qualquer solução ou encaminhamento de alguma saída para tais desafios.

Nas relações externas, o País fez uma opção preferencial por uma discutível parceria com o Terceiro Mundo e, a preocupação maior em manter em pé um projeto que já morreu — o Mercosul –, aliado a aliança com o bolivarianismo, só tem levado a perdas e danos para a diplomacia brasileira. E, aos poucos, tal postura vai distanciando o Brasil de apropriar-se dos benefícios dos acordos bilaterais com os Eua e a União Européia como sói ocorrer com o Chile, Peru, Colombia, Paraguai e Costa Rica, que já o fizeram.

Continua o País fazendo as suas opções preferenciais por Cesare Batisti, pelo cadáver ambulante de Hugo Chavez, pela contribuição pela conservação, em formol, de Fidel Castro, agregando-se o apoio à Republica Democrática da Coréia do Norte, pela China, especificamente daquilo que restou de Mao; à Rússia, contra a Ucrania, enfim, na rigidez ideológica que o sábio do Palácio, Marco Aurélio Garcia, tem estabelecido, de rumos, para a Casa do Barão do Rio Branco.

Na área istitucional, o enrosco que a articulação política comandada pela Presidente e seus brilhantes assessores — Mercadante, Ideli Salvatti, Ruy Falcão, Franklin Martins e o sábio dos sábios, o marqueteiro João Santana — geraram algo que nem o jogo de cintura, a esperteza e a excepcional capacidade de negociação de Lula, parece que conseguirá resolver, a contento e, em tempo hábil.

Não resta a menor dúvida de que o PMDB, visto por Dilma como a mais vil das prostitutas, a Geni da política, agora busca se transformar, como no romance de William Faulkner, na chamada ” prostituta respeitosa”, numa Geni revista e repaginada, em termos de compromisso e de ética de responsabilidade!

Claro que o PMDB tem características muito especiais que, em muitos casos, a sua atitude, postura e sua palavra empenhada, estão sujeitas a tantas dúvidas e incertezas que a credibilidade do partido e de seus líderes, hoje, é muito reduzida.

E isto lá tem suas razões em face de características, fatores e circunstâncias próprias da instituição. Na verdade, o PMDB, de princípio, não é um partido nacional, mas um conjunto de partidos regionais ou, melhor expressando, ajuntamentos de interesses locais ou regionais, sem qualquer discurso, a não ser, algumas vezes, intentando usar, para os menos avisados, o resgate da história que Ulysses sonhou para o seu “dileto” filho, o MDB (vai, filho meu, vai ao encontro do sol que é luz …). Infelizmente, sem interlocutores que mereçam ser os condutores da mensagem que tão bem honrou e ajudou a construir o velho timoneiro, o velho modebra se descaracterizou e, num pragmatismo exagerado, esqueceu as lições de seus grandes homens.

O enrosco é tal que, diante do conflito de interesses do PMDB com o governo, sempre acusado por Dilma e “companheiros” de oportunista, fisiologista e tão somente voltado para interesses menores, quando não escusos, a base de sustentação parlamentar de Dilma foi, temporariamente, minada e, aparentemente, foi para o espaço. Claro que, segundo a orientação de Lula, se Dilma souber ir “comendo a base pelas beiradas’, como ele assim procedeu em outras oportunidades, ela irá aliciar as correntes mais fisiológicas da coalizão e, com certeza, todo essa exibição de independência, ora demonstrada pelo PMDB e aliados nessa cruzada, vai se transformar numa ópera bufa.

Para os otimistas de plantão, o movimento do Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, a discriminação de Dilma em relação a ele, pode criar embaraços adicionais para Dilma na proporção em que, se o Presidente da Câmara “come na mão” de Eduardo Cunha, como amigos do Líder tem dito, “à boca pequena” e, se o mesmo controla parcela ponderável do partido e todo o PSC, ai a coisa nao será tão simples de ser resolvida. Cunha tem um discurso convincente para a base qual seja, sem a pressão dele não teriam sido liberadas emendas e, os palanques nos estados, no que diz respeito ao PMDB, ficariam prejudicados.

O governo espichou demais a corda em relação a Cunha e, desconheceu que, os líderes do PMDB, Camara e Senando, trabalham, muitas vezes, bem articulados e azeitados. Por outro lado, na proporção em que o líder do PMDB sabe, como ninguém, “repartir o boi”, ou seja, Eduardo Cunha sabe satisfazer os liderados e, numa visão estratégica, sabe manter as aspirações e sonhos dos que estão sob o seu comando, da maneira mais competente possível, ai fica mais difícil desestruturar a pressão do PMDB. Até agora não se conhece defecções dentro dos votos que derrubaram a matéria de interesse de Dilma, na última terça-feira.

Assim, as coisas no País, lamentavelmente, estão parecendo “um samba do crioulo doido”, porquanto, sem diretriz, sem rumo e, apenas apoiado na lógica de João Santana que, bater no PMDB angaria votos para Dilma, as coisas tendem a piorar porquanto mais e mais perde-se a agenda fundamental das urgências do Pais. Segundo Lula, não parece ser o caminho mais adequado, pelo menos, para esse que é, sem dúvida, o mais vitorioso dos petista, o metalúrgico.

Lula já pediu para mudar a condução da política econômica e não foi ouvido. Lula sugeriu uma reforma ministerial conducente a garantir a tranquilidade de uma sólida sustentação parlamentar, também não foi ouvido. Lula sugere que o Governo não rompa com o PMDB, mas Dilma, João Santana, Ruy Falcao e Franklin Martins e muitos petistas, acham que devem endurecer o jogo pois o PMDB não tem para onde ir. Lula advertiu Dilma que o agronegócio não está feliz com ela, mas ela tambem não deu muita bola. Ou seja, só agora eles buscam o Chefe para ser uma espécie de Interventor no processo atabalhoado de rearrumação da casa!

Lula esquadrinha eleitoralmente o País e compara as perspectivas atuais com o último pleito. E, descobre o óbvio, ou seja que, pelo menos, nos maiores colégios eleitorais, Dilma não repetirá o desempenho passado. Em São Paulo, Rio, Minas, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul, representam as situações onde ocorrerão mudanças as mais expressivas. No Nordeste, não é só a Bahia e Pernambuco que a coisa não vai bem. Ceará, Maranhão, Sergipe e Piauí, parece que o quadro não está tão favorável.

Por outro lado, na última pesquisa de opinião, Dilma perdeu quatro pontos percentuais e nada ocorreu que possa indicar ou a manutenção nos níveis de aprovação ou uma reversão de expectativas pois nenhum fato novo autoriza a tanto.

Adicionalmente, os debates não começaram, os conflitos regionais para a definição de palanques locais estão ainda incipientes e, considerando que o PMDB tem candidatos a governador em 20 estados e, pelo perfil do partido, o que lhe interessa é ter a maior bancada na Câmara e no Senado, para continuar “mandando”, indiretamente, no governo, sem ter os ônus de ser governo, então agora é que a “brincadeira” vai começar. Só se sabe que, no mínimo, a base, talvez, venha a cobrar uma fatura muito mais alta de Dilma para não “bagunçar” o coreto. É esperar para ver!

Mas, a estratégia de quebrar a espinha dorsal do chamado blocão já começou a ser operada pelo Planalto pois, com a garantia de ministérios a partidos menores da base, com o patrocínio de um racha entre Senado e Camara, diante da esperteza de Renam de abocanhar o Ministério do Turismo para um aliado seu, de um cargo que, de origem, seria de indicação do PMDB da Câmara, além da liberação de 4 bilhões de emendas, a coragem moral do “Blocão” pode está começando a ruir.

É, tá tudo complicado, dominado e sem perspectivas. E, para concluir, o STF, depois de dizer que não houve formação de quadrilha, no caso dos mensaleiros, agora também conclui que não houve crime de lavagem de dinheiro!

É O PAÍS OU SÓ A CLASSE MÉDIA QUE ESTÁ A BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS?

Se se considerar a enxurrada de más notícias veiculadas sobre os rumos da economia, sobre a escalada de violência, sobre a impunidade, grassando em todos os estratos e níveis da sociedade, bem como sobre a precariedade das políticas públicas de educação e saúde, além da falta de horizontes sobre para onde caminha o País, é de se imaginar porque o povo brasileiro, estar, praticamente, à beira de um ataque de nervos.

Na verdade, a insegurança, a intranquilidade, a incerteza e, inclusive, os problemas enfrentados, notadamente por alguns segmentos, máxime diante da corrosão do poder de compra de salários, de aposentadorias e de pensões, a par da dramática vida nas cidades com os seus problemas de mobilidade urbana, de poluição de toda ordem e do assistir, a leniencia e incompetência das autoridades como questões, as vezes, comezinhas da vida do cidadão, são alguns elementos que turvam a visão e criam um clima de pessimismo que se alastra por todo o país.

E, para alguns, estimulados a buscarem perspectivas mais simplificadores da realidade, marcada por serias dificuldades e desafios porque passa a sociedade brasileira, a avaliação é de que tudo é frutos mais algo midiático do que de um quadro efetivo e que, por interesses politico-partidários, se alastraria pela sociedade como um todo. ou seja, acham os mesmos que tal exagero em torno dessas questões e dos problemas aqui discutidos e comentados, adviria muito mais de uma espécie de dramatização dos problemas e dificuldades por que passa o Brasil, do que em função de algo realmente preocupantes.

Um outro grupo, normalmente marcados por uma intransigente defesa do atual governo, continua a atribuir os males por que passa o Pais à crise internacional! Estranho tal comportamento quando as demais nações, inclusive aquelas da Zona do Euro, vem como o Japão e os Estados Unidos, já estejam superando as suas dificuldades. Eles insistem em afirmar que a debacle da Petrobras, que os monumentais deficits fiscais e da balança comercial e, até o fato dê que, 100 reais hoje só comprariam o correspondente a 23 reais, mostrando a notável perda de poder de compra das pessoas, considerando o período vencido pelos governos petistas, são causados pela crise internacional.

Seria algo produzido e amplificado, muito mais pelas elites, pelos privilegiados e por detentores de mais alto poder de compra, de um modo geral, com visão contraria ao poder instalado do que, efetivamente, estaria a atingir a sociedade como um todo.

Pareceria, para aqueles que apoiam intransigentemente o governo, uma espécie de “ping pong”, onde a mídia repercute a insatisfação desse grupo restrito de pessoas e se alimenta e amplifica as suas angústias e as suas inquietações, nas suas noticias, nos seus comentários e nas suas avaliações.

E, no mais, a chamada nova classe média, ou seja os trinta milhões que a ela ascenderam, segundo os critérios do governo — incorpora aquelas pessoas com rendimentos de R$320,01 a 1.200,00 — não acha que o clima seja ruim no país, porquanto o desemprego é baixo, o Carnaval foi legal, a Copa do Mundo está chegando e violência alardeada pela mídia, existe e esta presente em todo lugar.

E, se essa nova classe média não apresenta crises existenciais derivadas dos problemas que os segmentos ditos privilegiados sofrem ou dizem que sofrem, aí então os filhos do bolsa-família, estariam ainda menos preocupados com os chamados problemas, dramas e dificuldades que os formadores de opiniao alardeiam.

O certo e que, mesmo que se queira reduzir o processo de dramatizacao dos problemas vivenciados pela sociedade brasileira, nao ha como obscurecer a presenca de episodios que chocam e mostram a banalizacao da violencia, por exemplo!

Sera que não daria para que um cidadão, mesmo sem tantos atributos intelectuais, ficaria indiferente ao fato de um garoto de 11 anos, ja haver assaltado, pela terceira vez um posto de gasolina? Ou um outro que, mesmo sendo barbarizado por pessoas indignadas com seus crimes, ao amarrarem, nu, no meio de uma praca e, volta a ser apreendido uma semana depois por outro crime? Ou um outro que, ao ser apreendido, pela terceira ou quarta vez, provoca a policia dizendo que, como vai ser posto em liberdade quase que imediatamente, ja queria convida-los a participar de um churrasco pago por ele?

Qual o cidadão não ficaria indignado com “comerciantes” que decidiram ser justiceiros, diante da omissão e incompetência da policia e, executam, a vista de todos, assaltantes ou criminosos como tem ocorrido em vários pontos do Pais? Reedita-se os famosos esquadrões da morte dentro das policias, os PCC ou PCO, de dentro dos presidios, comandam a execução de PM’s, o incêndio de ônibus e chacinas de toda ordem?

Sera que dar para aceitar, passivamente, o desfile de violências de toda ordem, de impunidades gritantes, de atos de cinismo e de deboche cometidos por entes públicos quer na punição de culpados por crimes contra o erário, quer diante de erros gritantes, fruto da inépcia, da incompetência e da incapacidade técnica e da irresponsabilidade de gestores públicos, inviabilizam obras, precarizam serviços e prejudicam a vida de contribuintes que cumprem as suas obrigações religiosamente?

Pelo andar da carruagem, por mais que se queira dourar a pílula, o pais esta a deriva, notadamente quando as noticias nos jornais não sao nada boas ate para os que não se ligam a situações como ” valor de mercado de estatais cai pela metade quando a Petrobras encolhe na Bolsa 43%, valendo menos que sua congênere colombiana e a Eletrobras encolheu 63%”.

Mas, o que se aguarda, ansiosamente, e que os debates sobre os rumos do pais, ja comecem pois isto poderá permitir recuperar a confiança dos brasileiros de que e possível reorganizar as coisas, reestabelecer os fundamentos da economia, reduzir a ineficiência do poder publico, indicar algumas acoes de combate a violência e restaurar a esperança de que tudo tem saída e tem jeito.

AS CRÍTICAS E AS DIVERGÊNCIAS SÃO SEMPRE BEMVINDAS!

Alguns leitores desse blog e, graças a Deus, os que se manifestam criticamente contrários à opinião do articulista, não são muitos, mas, para ser justo, aqueles que ficam, como que indignados ou, com um ar de restrição a comentários que esse cenarista tem externado, diante de tantos problemas, impasses e incertezas que pairam sobre o Brasil e os brasileiros, merecem uma explicação sobre as razões de análises, embora respeitosas, mas duras, sobre a realidade nacional e a forma de encaminhar os seus problemas, por parte do governo.

Ao analista não cabe outra coisa senão analisar e avaliar os fatos e as suas conseqüências e desdobramentos, diante da ocorrência de indicadores e números que, muitas vezes, levam os cidadãos a “angústias existenciais” e a um tremendo grau de insegurança sobre o hoje e o amanhã do País.

Há que ficar claro que o cenarista não tem nenhuma aversão ou uma má vontade explícita para com o governo e para com o PT e os petistas. Nem tampouco faz restrições as opções ideológicas e partidárias de quem quer que seja. Claro que discorda de todas as formas de aparelhamento do estado, de ideologismo determinando as decisões do poder público e de radicalismos contra aqueles que se colocam contrários a idéia de pensamento único ou do politicamente correto com viés de esquerda!

Na verdade, uma coisa aqui, intransigentemente defendida, é o exercício da discordância, civilizada e fundamentada. Uma outra coisa, que não tem as simpatias desse blogueiro, é a divergência vazia e raivosa, por razões ideológicas ou partidárias ou, pior ainda, por interesses inconfessos.

Ou seja, acredita o analista que, o que deve brigar não são as pessoas mas as idéias.

Embora o cenarista se considere um economista bissexto, as informações recolhidas, tanto de apreciações dos comentários apresentados pelos veículos de comunicação ou externadas em artigos especializados, de origem nacional ou internacional, tem conduzido a que, não apenas o cenarista mas, a maioria dos analistas, tenha uma visão pouco otimista sobre os caminhos que o País está a trilhar ou que vem trilhando, notadamente no governo Dilma!

Matérias como a “estimativa de que o aumento da taxa SELIC e seu impacto sobre a dívida está estimado, só para este ano, em 41,3 bilhões de reais” ou o “déficit comercial já chegou alcançar 6,1 bilhões de dólares, só nesses dois meses”; ou ainda “os juros podem voltar a subir”; ou mais ainda, as “despesas de governo cresceram em 19,5%, comparando Janeiro de 2014 com Janeiro de 2013”; ou “o déficit das transações externas da Petrobrás apresentam um resultado negativo de mais de 800 milhões de dólares, em apenas dois meses”; ou “setor elétrico vê situação delicada com o nível dos reservatórios próximo ao apagão de 2001”, então surgem sólidas razões para que, um quase pânico, tome as mentes de qualquer economista que analise, com isenção e imparcialidade, o quadro nacional.

Se os que criticam o cenarista perguntam “o que dizer do resultado que mostrou o país crescendo a 2,3%, acima dos países da Zona do Euro e do próprio Estados Unidos”, esquecem alguns fatos singulares para uma melhor análise do indicador. É crucial avaliar a diferença de base quando se analisam taxas de expansão. Por exemplo, se um indicador mostra que o crescimento industrial do Amapá foi de 100% de um ano para o outro, pode ter ocorrido que havia ali uma indústria grande e implantou-se uma segunda. 1% de expansão da economia de São Paulo representa o correspondente a um crescimento de 10% do crescimento de toda a região Nordeste! Ou seja, há que comparar coisas comparáveis.

Assim em primeiro lugar, o Brasil apresentou um desempenho abaixo da média mundial, em termos de expansão do PIB que foi de 3%; em segundo lugar, tal crescimento foi o pior crescimento entre os emergentes e, perdeu, em termos de dinamismo econômico, para Chile, Colombia, Peru, Equador, Bolívia, e, até mesmo para a destrambelhada e desestruturada Argentina. Portanto há sobradas razões para acreditar que tais dados preocupam mais ainda porquanto não apontam para perspectivas mais favoráveis para o Brasil.

Por outro lado, quando se ampliam as escaramuças entre dirigentes e líderes partidários do PT e do PMDB, bases de sustentação parlamentar do governo, e, surge no horizonte, a ameaça de constituição de um “blocão” de oposição ao Governo, o que paralisaria ou, no mínimo, engessaria o Executivo Federal, então as preocupações aumentam. É sabido que a Câmara tem a votar matérias explosivas em termos de contas públicas como é o caso da criação de novos municípios, do piso salarial de policiais militares e bombeiros, além do piso dos servidores do SUS, então, só a perspectiva de um impasse entre governo e a sua base, já assusta quem controla as contas públicas do País.

Por outro lado, a inabilidade patente e notória de Mercadante, de Ideli e do Presidente do PT, leva a posssibilidade do caldo engrossar porquanto, no lado de lá, estão as verdadeiras “feras” do Congresso, capazes de dar nó em pingo d’água e, do lado do governo, uma Presidente que não lhe agrada fazer política e uma equipe muito aquém, em termos de talento, das necessidades de negociação e articulação política.

As discordâcias, além de subordinadas a fatos e dados, vão além das especulações e avaliações econômicas. Incluem, por exemplo, a gestão de negócios de estado onde, por exemplo, o PAC 1 até hoje não foi concluído e o governo já lança o PAC 3; onde a Copa do Mundo de Futebol que, embora definida há mais de sete anos atrás, não teve elaborado, a tempo, os projetos executivos para as obras de mobilidade urbana, o que não permitiu que não se concluíssem e o seu custo será, pelo menos, duas vezes maior do que fora inicialmente orçado; obras como a urgente Transposição das Águas do Rio São Francisco, fundamental para garantir água para o povo beber, com quatro anos de atraso e um orçamento que já atinge o dobro da previsão incial; a implantação da Norte/Sul e da Transnordestinas, fundamentais para a integração modal e para o atendimento das demandas de transporte das safras do agronegócio, são alguns exemplos de como as coisas não caminham.

Por fim, a crise do setor energético, o problema de capitalização da Petrobrás, os problemas que serão enfrentados com votações do STF que afetarão, dramaticamente as contas públicas do País, mostram que não se tem um “plano de voo com um mínimo de segurança”. E, o pior de tudo é que, a equipe econômica não goza de qualquer respeito internacional nem junto aos agentes econômicos locais e, a Presidente, com o seu estilo altamente centralizador, impede que se agregue a ela auxiliares mais preparados e com maior auto-estima, porquanto a subserviência parece ser pré-requisito fundamental para uma convivência, sem atritos, com a Chefe do Governo.

Aqui, portanto, nesse espaço, só se discute os rumos do País. Aqui não interessa discutir se Rose vai “entregar” todo mundo, se os escândalos de corrupção serão apurados, se o livro de Tuma tem alguma veracidade e se denúncias envolvendo familiares e amigos de Lula serão apuradas. Nada disso interessa a esse cenarista. Aqui interessa, apenas, o estratégico e o fundamental para o hoje o amanhã do País.

NOBLAT E O SALÁRIO MÍNIMO!

O colunista das segundas-feiras de O Globo, Ricardo Noblat, teve a ousadia e a coragem de levantar uma questão que irrita aos petistas, aos governistas e, sobretudo, aos sindicalistas. E também, por conseqüência, face o papel de indexador que se lhe atribui, em muitos casos, também os seus comentários irritariam aposentados e pensionistas espalhados pais afora. Imiscuiu-se numa seara que não era a sua praia, qual seja, a discussão de existir ou não o salário mínimo com todas as suas regras de atualização monetária, ganhos reais e o seu papel de índice de correção de valores de contratos ou o que valha, representou mexer num verdadeiro vespeiro.

Aliás, independente das propostas e idéias de Noblat, para que se possa melhor entender o contexto onde a sua tese é colocada, é bom lembrar que muitos economistas acham que a economia brasileira seria bem mais saudável se ocorressem duas coisas, aparentemente simples. Aliás, aparentemente simples mas muito difíceis de equacionamento e de aceitação.

Em primeiro lugar, que o estado brasileiro não fosse tão grande, tão obeso e tão avassalador, interferindo, direta e indiretamente, em tudo que é aspecto da vida nacional. Todos são dependentes do estado e, consequentemente, não tem graus de liberdade para agir e para fazer as suas escolhas. O gasto público, aí incluindo o consumo e o investimento, patrocinado, direta ou indiretamente, pelo estado brasileiro, representa, entre 40 a 55% do total da demanda agregada do País.

Ou seja, nenhum gasto, nenhum investimento, nenhuma deliberação de empresas ou de pessoas, deixa de estar subordinado ao crivo, a aprovação, ao controle do estado. Ademais, as compras de governo, a administração da pesada carga tributária, o direito de isentar, de conceder subsídios e de impor restrições, via tarifas e tributos, representam meios adicionais de o governo interferir em todos os aspectos da vida econômica dos cidadãos.

Em segundo lugar, o País apresentaria bem menos distorções, notadamente nos seus preços relativos e na adequada capacidade do sistema de preços de garantir a alocação ótima dos recursos, caso fossem abolidas quaisquer tipo de indexação, mesmo sob qualquer pretexto, por mais nobre e justo que pudesse parecer. Ademais, se fossem abolidos, paulatinamente, os preços administrados, notadamente de insumos e serviços básicos, excluindo-se o que se destinassem a disciplinar situações monopolisticas, as distorções nos índices de preços e as implicações como as que agora se chama a atenção diante do que ocorreu com a Petrobrás, seriam minimizadas.

Em terceiro lugar, finalmente a questão objeto do comentário de Noblat é a seguinte: tem sentido a existência impositiva de um salário mínimo, ou seja, deveria haver regras de governo para a fixação e alteração do salário mínimo? Seria possível estabelecer o princípio de que qualquer gasto não poderia ter o salário mínimo como indexador? Ou seja, seria possível não permitir vinculação de qualquer natureza de qualquer gasto ou regra de reajuste, ao salário mínimo?

Da mesma forma que tais indagações esperam uma discussão mais profunda, também há que se perguntar se tem sentido estabelecer a idéia de teto salarial do mesmo jeito que se pergunta se tem sentido estabelecer piso salarial? Diriam alguns que o teto, em se tratando do setor público, é fundamental a sua existência. Mas, os pisos das várias categorias, teriam procedência e validade?

Ou seja, será que reduzindo o tamanho do estado, recriando-se a federação e a autonomia municipal, consequentemente, descentralizando o País, aumentando a legitimidade e a objetividade das ações de governo, ao mesmo tempo em que se acabassem com as indexações de toda a ordem e, corajosamente, se buscasse discutir a questão do salário mínimo e outras quejandas, não se teria uma economia com maiores chances de mais interessantes resultados?

Alias, é bom que se chame a atenção para o fato de que existem temas que, por questões doutrinárias ou ideológicas, tornaram-se tabus e nunca foram objeto de uma discussão sem paixões e com o intuito de esclarecer e fazer com que políticas públicas fossem mais eficientes e mais eficazes. Ê o caso por exemplo, do fator previdenciário, da idade mínima para aposentadoria, dos critérios de concessão dos valores relativos a auxílio doença, no caso de acidentes de trabalho, além de outros que comprometem o desempenho da economia e os objetivos de bem estar social!

Passar o Brasil a limpo, sem se falar em reformas institucionais mas enfrentando questões de caráter prático como as ora são levantadas, talvez contribuísse para que se encontrasse um norte, um rumo, um azimuth ou um caminho para o Brasil. Ou será que não?

FEVEREIRO SE FOI E MARÇO NÃO COMEÇOU!

Todo mundo já tinha uma avaliação preliminar do que iria ocorrer com o Brasil, este ano, de per si! Com as festas natalinas, depois os preparativos e o próprio Carnaval, seguido da Semana Santa, das festas juninas, das férias de julho, da Copa do Mundo de Futebol, depois os festejos da independência, o início das campanhas eleitorais, a campanha para o segundo turno e, claro, de novo, as festas natalinas, ufa!, o ano já terá ido!

E o início do ano prova a que veio. Segundo os jornais, o “Congresso teve a pior produção de início de ano em uma década” e o STF, para a surpresa da nação, tomou uma decisão que chocou a sociedade e mostrou que, justiça é mercadoria em falta e algo distante dos sonhos dos brasileiros. Ao lado das implicações de tal decisão sobre a moral e a ética do País, a atitude do Colegiado, levou a profunda frustração e decepção, o seu Presidente que, segundo defensores dos mensaleiros, “não poderá mais impor decisões na base do grito”!

Aliás, a decisão do Supremo abre oportunidades para revisão de uma série de processos, entre eles o que, pelo que se pode depreender, condenou, injustamente, o ex-deputado Natan Donadon, porquanto ele não poderia ter sido condenado por formação de quadrilha pois, pelo que se sabe, não seria possível quadrilha de um ou, até mesmo, de muitos, sem que os muitos se reunissem em torno de uma mesa, montassem estratégia comum e estabelecesse um competente e organizado processo de divisão do trabalho, como assim se pode interpretar e concluiu sobre o que decidiu aquela Corte!

Se esses dois eventos ou episódios não bastassem, a economia começou mal — balança de pagamentos com déficit de 11 bilhões de dólares para o mês de janeiro; aumento de gastos públicos em quase 20% em relação ao ano passado e, ameaças de redução do “grade” de investimentos do Brasil, por parte de agências internacionais! Ademais, para entornar o caldo, há possibilidade de as condições das finanças públicas se deteriorarem a partir de alguns fatos e da crise que envolve a base de sustentação parlamentar do Governo e de algumas decisões que podem gerar um grande baque nas finanças do Erário Federal. Criação de novos municípios, piso salarial para o SUS, além de outras matérias com impacto nas finanças governamentais! Some-se a isso duas decisões que estão sendo aguardadas por parte do STF que também, por certo, comprometerão as contas públicas!

Adicionalmente, na área do emprego, duas questões levantadas por Ilan Goldfajn, Consultor do Itaú, merecem reflexão crítica porquanto tem implicações relevantes para a economia do País. Como a economia não cresce ou cresce muito pouco, a tendência seria uma queda no emprego, como começou a, timidamente, acontecer a partir de janeiro. Pois, até agora, a baixa taxa de desemprego — 5% — chama a atenção porquanto a economia cresce pouco o que, levaria, a uma redução das oportunidades de emprego, o que não está a ocorrer. O notável analista atribui a dois elementos a explicação fundamental para tal paradoxo: alterações na dinâmica demográfica e aumento do tempo de escolaridade, além de maior demora dos filhos na casa dos pais.

O fato é que, a possível queda na oferta de oportunidades de emprego, a tendência de aumento de jovens procurando emprego, o que poderá ocorrer, na proporção em que o aumento de preços dos produtos essenciais consumidos pela nova classe média, que foi de 20% no último ano, force a busca de aumento da renda familiar, então a grande bandeira política do PT e do governo, pode cair por terra!

Mas, é fundamental aprofundar mais as questões anteriormente levantadas pois o cenário que se projeta para o País não é dos melhores e mesmo os 2,3% de crescimento do ano passado, não representam passaporte para um futuro melhor.

Por enquanto, como fio de esperança para o governo, está a expectativa de que Felipão garanta o Hexa, Massa volte a correr e a violência venha a arrefecer, por obra e graça do Espírito Santo. Claro que se espera ainda, para tornar o cenário mais cor de rosa, que a seca venha a ser abolida, por decreto, no semi-árido nordestino e, enchentes e inundações deem uma trégua até a eleição de outubro! Aí a eleição de Dilma poderá vir a ser facilitada!

Do contrario, o País vai amargar crescimento pífio em 2014 e 2015 e, com certeza, o ânimo e a confiança dos brasileiros continuará caindo como sói ocorrer até agora!

ESPERTEZA, HIPOCRISIA E IMPUNIDADE!

Qual seria o maior mal de que padece o Brasil? Segundo o grande Capistrano de Abreu, talvez o maior historiador brasileiro — ou seria Gustavo Barroso? Não faz diferença! Ambos são cearenses como o cenarista! — ele dizia que a Constituição Brasileira só precisaria ter um único artigo: Todo brasileiro tem que ter vergonha na cara!

Embora represente uma redução simplista e uma generalização perigosa para os males que afligem o Brasil, nessa antevéspera de Carnaval, folia e busca de esquecimento das mágoas, para alguns e, momento de retiro e reflexão para outros, o que se passa no País requer que se desfie um rosário de queixas quanto a série de problemas e dramas que vive o cidadão brasileiro.

No entanto, parece que algumas características que hoje marcam a atitude e o comportamento de segmentos da sociedade, refletem parte fundamental dos problemas vividos e experimentados pelos cidadãos brasileiros. Não se pode dizer que o Brasil é um país de macunaímas mas que, de uma certa forma, certos vícios quase se generalizam por toda a sociedade.

Talvez, na gradação de mais para menos grave, a questão da impunidade seria o detentor do troféu do mais sério problema vivido pelo País.

E a impunidade se manifesta em quase todos os campos de atuação da vida e, de maneira mais agressiva e dramática, no capítulo relativo aos crimes contra a vida, contra a segurança, contra o ir e vir das pessoas e contra as chamadas minorias.

E aí se busca a razão porque tal impunidade está tão presente na cena nacional. Existem várias razões e explicações para que grasse tal mal Brasil afora, às vezes, perpassando todos os segmentos e classes sociais.

Na verdade, quando se constata, por exemplo, que, para apenas de 3 a 5% dos crimes de homicídio, latrocínio, entre outros, praticados no país, são instaurados os processos criminais, isto leva a bandidagem concluir que a probabilidade de ir para cadeia, vai a limites ou percentagens ínfimas. E diante de tal “terra de ninguém” em que se transformou o Brasil, aí então descobrem os mesmos meliantes que o crime compensa!

E mais, conhecendo o direito processual brasileiro e as possibilidades de recursos, embargos, agravos, chicanas, etc, além da lerdeza e preconceitos que dominam a justiça brasileira, a bandidagem ao concluir que, em muitas circunstâncias, polícia, justiça e criminosos estão em conluio, aí se constata porque o crime só faz aumentar e prosperar.

Quando um cidadão mata no trânsito, com requintes, muitas vezes, de crueldade e perversidade, e, a probabilidade de ir para a cadeia, é relativamente remota, então tem-se certeza de que, mais uma vez, a violência prospera porque o crime compensa!

As agressões, por motivo vil e torpe, como aconteceram em Brasilia, onde um brutamontes resolveu agredir duas moças, provavelmente fruto de um comportamento homofóbico; ou ainda, quando dois marombados resolveram, porque um professor de educação física foi reclamar que eles estavam urinando em lugar público e em frente a cidadãos indefesos, o agrediram a ponto de o mestre estar na UTI e com um lado paralizado; quando, por razões preconceituosas, a polícia prende um negro, ator e trabalhador, diante da infundada suspeita de que o mesmo lhe havia roubado uma bolsa e, nada, ou praticamente nada, ocorre com tais criminosos, aí se conclui que, se não fora a impunidade, ninguém agiria leviana, irresponsável e violentamente como tais pessoas agiram.

Mais, tudo isto ocorre porque os exemplos que vem de cima, ou seja, das chamadas elites, são os piores possíveis. Agora mesmo, a suspensão do crime de formação de quadrilha por parte dos mensaleiros, diante de sentença já proferida pelo STF, não importa se houve ou não houve desconsideração de certas tecnicalidades ou preciosismos jurídicos no julgamento anterior; quando políticos que malversaram dinheiros públicos, a grande maioria, continuam impunes; quando agentes públicos provocam prejuízos monumentais ao Erário por desvios de conduta ou gritante incmpetência ou omissão; quando se constata que as obras da Copa não estarão prontas no prazo exigido e necessário e que sairão a valores, pelo menos, o dobro do que foram projetados. Isto porque não tinham projetos executivos quando foram licitados, parecendo que houve conluio entre agentes de governo e empreiteiros para que isto ocorresse e os reajustes de valores não levantassem tantas suspeições, tudo isto põe a nu todo esse processo quase endêmico de impunidade!

Os exemplos de impunidade são tantos que não dá para listá-los nessa análise. O fato singular é que, se se junta à impunidade, o estímulo especial que se confere a esperteza, a lei da vantagem e a idéia de que “o roubo mas faz” é melhor do que o “o honesto mas incompetente”, aí a subversão dos valores leva a atitudes de desfaçatez do tipo “eu não sou eu” ou, isto “faz parte do jogo político” quando até um ex-presidente considerava que “caixa dois” era “coisa normal, pois todos os políticos e partidos assim agiam.

Diante disso o que se observa é a esperteza se sobrepondo a ética; a hipocrisia e a desfaçatez de justificar o crime com o mantra “de que todos fazem assim”; a disseminação das pequenas contravenções — sonegar impostos, subornar o guarda, convencer ao profissional de que “sem nota” é mais vantajoso para todos, são pecadilhos! Mas eles fazem esse caldo de cultura que subverte valores, compromete a ética e gera um clima de desencanto e de frustração para aqueles que acreditam em preceitos, virtudes e valores morais.

Se se junta a isto, um estado superdimensionado, grande e obeso, criando um processo de dependência de todos e de tudo do estado, então cria-se uma situação de verdadeiro caos. Notadamente se o estado é centralizado onde, então, estados e municípios dependem da União e, os parlamentares que, de forma direta, dependem dos seus prefeitos ou que são ligados aos governadores de seus estados, ficam manietados e sem liberdade de exercer o mandato com dignidade e compromisso. Todos são dependentes da Viúva o que, com certeza, distorce valores e gera um estado quase autoritário no que diz respeito ao que podem fazer agentes econômicos, agentes políticos e cidadãos como um todo diante de um estado que pode tudo e faz tudo como quer e do jeito que quer.

Esse é o quadro que merece reflexão crítica e, com certeza, deveria merecer repúdio da maioria e poderia gerar uma cruzada destinada a moralização de costumes políticos e reestabelecendo uma nova ética de compromisso e de responsabilidade para uma nação que tem tudo para dar certo mas, a continuar assim, não será mais sequer um “imenso Portugal” mais sim uma “triste e desencantada” Argentina!