A SUCESSÃO COMEÇA A ESQUENTAR!

Apesar dos respeitáveis membros da oposição terem tido apenas espasmos de presença na cena político-eleitoral e, apresentarem uma frágil avaliação critica do quadro no Pais, já que não são conhecidas as suas idéias e propostas para um novo Brasil, a sucessão marcha! E, por enquanto, para os menos avisados ou os mais aligeirados, a avaliação é a de que Dilma, apesar de tudo, ainda poderá ganhar no primeiro turno.

Para tornar a discussão, se não mais aquecida mas, pelo menos morna e provocar algum debate, são colocados os nomes de Marina Silva e de Joaquim Barbosa, na lista dos pretensos postulantes, levando a que os institutos concluam que, com eles no jogo, necessariamente, a disputa marcharia para um possível segundo turno.

A colaborar com a ainda amorfa oposição, notadamente para que se abra e se acalore o debate em torno de questões urgentes para o País, há alguns elementos e ponderações que poderiam estimular aqueles que discordam do poder instalado. Talvez isto poderia levá-los a empreender incursões mais sérias e mais objetivas, num confronto de idéias e de propostas, de forma a estabelecer um questionamento sobre problemas que, de há muito, incomodam a Nação sem que haja respostas daqueles que ora ocupam o poder!

E, o que pode ajudar a Oposição? Em primeiro lugar, fatos e circunstâncias estão mexendo com a popularidade de Dilma que, melhor analisadas, podem ter como causas, nao apenas o impacto da deterioração da economia e seus efeitos sobre os emergentes — a nova classe média que, segundo estudos recentes, teve uma impacto inflacionário, no seu poder de compra, não igual ao da inflação oficial, que foi no entorno de 6%, mas algo em torno de 20%! –; as desconfianças do mercado e dos investidores internacionais; tambem e, adicionalmente, as dificuldades de relacionamento de Dilma com a classe política e com empresários!

Até 2008, aparentemente, ia o Pais bem, chegando a se transformar no “queridinho” dos investidores internacionais e numa nação que conseguia compatibilizar o fortalecimento e respeito institucional com o dinamismo econômico, com o resgaste de parte da dívida social e com a busca em angariar credibilidade e respeito, internacionais. E, de repente, o Brasil começou a desandar, a se desorganizar e a mostrar uma total incompetência para admistrar os seus problemas e desafios.

Dizem muitos analistas que Lula, sabiamente, fazia o que tinha talento e competência para tanto, que era exercer a política, em todos os momentos e em todos os níveis. Deixava a gestores, por sinal, considerados pelo mercado, profissionais da melhor qualidade, máxime nas áreas econômica e financeira, a total atribuição e a necessária delegação de competência para gerirem as políticas públicas do País.

Agora, toda essa humildade de Lula, mesmo que fosse industrializada, foi jogada no lixo pela sua sucessora e, o que ficou foi a prepotência, a arrogância, a incompetência e a insensibilidade dos gestores públicos, auxiliares da Presidente, de entenderem os sinais que o mercado, quer interno quer internacional, tem enviado, nos últimos tempos.

E, se insiste o cenarista que os tempos hoje são bicudos, isto decorre de algumas constatações que assustam. A ética, como se verifica diante do caso dos mensaleiros e outros escândalos, foi mandada às favas, justificando-se tudo que é desvio de conduta com o princípio de que, “sempre se fez isso. Ou, “tudo quanto é de político faz e age assim”. A antiga Lei de Gerson — aquela de levar vantagem em tudo — voltou a prevalecer e a ser aplicada, de forma praticamente universal, no País, só que revista, ampliada e melhorada. Também, o que se observa, é que a lógica da esperteza sobrepôs-se à lógica da incerteza.

A corrupção, que antes era como que pontual, passou de episódica para quase endêmica. Por outro lado, a mediocridade tem sido a tônica marcada pela presença dos sindicalistas no Governo, pesada e amplamente aparelhada, pelo partido. Substituiu-se a meritocracia pelo compadrio político-partidário.

A crise de confiança no governo é tamanha que o ex-ministro Delfim Netto, conselheiro econômico da Presidente, afirmou, em artigo na Folha de São Paulo, que levará tempo para que se restaure a confiança dos mercados e dos investidores e, isto representará um custo, em termos de baixo crescimento, de, pelo menos uns três a quatro anos de pibinhos!

No campo da gestão dos negócios de governo, os fundamentos da economia precisam ser resgatados; a lei de responsabilidade fiscal, hoje não está sendo cumprida por 14 estados, precisa ser respeitada e retomada; os investimentos do PAC não podem ficar restrito apenas ao “Minha Casa, Minha Vida”, enquanto os gargalos de infra-estrutura física e na área de mobilidade urbana, transferem um peso de ineficiência enorme, ao setor privado; a balança comercial, cujo déficit chegou a 11 bilhões, em Janeiro, após 13 anos que tal não ocorria, só pode melhorar se se reduzirem as limitações do segmento de transportes, de operação dos portos e se, houver como reduzir a carga tributária; os incentivos fiscais não podem mais ser concedidos a segmentos específicos, sem resultados objetivos, pois o que geram são maiores desequilíbrios dos preços relativos. E, lamentavelmente, o país não pode se contentar em crescer apenas de 1,5 a 1,8%, nem aceitar uma inflação real que vai acima da meta superior, sob pena de comprometer os indicadores de desemprego e ampliar a desconfiança internacional, com risco efetivo, de rebaixamento do “grade” de investimentos do País.

Isto é, portanto, um retrato de um país, repita-se, que até 2008, com os bons ventos do mercado internacional e da liquidez e oferta de fundos, em alta, talvez tenha encoberto os seus problemas estruturais e, assim, pode aspirar a atingir, até mesmo, a colocação de quinta economia do mundo.

Agora, embora Dilma tenha prometido um corte de 44 bilhões no Orçamento, os analistas acham que ela terá dificuldades de cumprir a promessa, não só diante do problema de socorro as empresas de energia elétrica, na possível aprovação, pelo Congresso, do piso salarial do SUS e da criação de novos municípios, dentro de uma quadra de pressões naturais exacerbadas, por mais gastos do setor público, no País.

Adicionalmente, este ano o governo federal não deverá contar com receitas extraordinárias como foram aquelas, de 2013, provenientes do REFIS, do leilão do Campo de Libra e de leilões das concessões de rodovias, pois tais receitas deverão ser bem mais magras, este ano.

Se já não fosse grande a confusão, 22 das obras de mobilidade urbana, país afora, já foram consideradas inviáveis, em termos de concretização até a Copa do Mundo; o PAC continua em crise, apesar da promessa de lançamento do PAC 3, quando nem o número 1 foi concluído e, a retomada de investimentos privados parece ter muito poucas chances de ocorrer!

Se isto não bastasse, quem tem um time com Mantega, Mercadante, Ideli e outros talentos, não pode reclamar de problemas e dificuldades. Já tem o suficiente dentro de casa. No mais, fica só a pergunta no ar: Por que o pessimismo, o desentusiasmo, o desencanto de muitos formadores de opinião de analistas do cenário nacional? Porque os fatos superam as promessas, as fantasias criadas pelos marqueteiros e os compromissos assumidos pela própria Presidente!

No próximo comentário, este cenarista pretende examinar uma questão que preocupa a todos os brasileiros, que é a questão da Petrobrás que, indevidamente usada como instrumento auxiliar no controle da inflação, reduziu o seu valor de mercado a quase um terço e, a sua contribuição ao pagamento de impostos que caiu de 2,1% para 1,6%, do PIB! E, toda a crise da Petrobrás disseminou-se pela economia como um todo de tal forma que, até o setor sucroalcooleiro entrou em quase colapso. Embora a obtenção de um robusto lucro neste mês pode mudar o clima e o ambiente na estatal.

Se tal não bastasse, sendo o PT mais dividido em mais alas que escola de samba, com os seus interesses particulares e localizados pressionando por respostas e a sua limitada visão estratégica do processo político, isto ajudará a quem souber aproveitar de tais divisões e divergências dentro da agremiação.

Adicione-se a isso o fato de que, nos dias que correm, as esquerdas, mais do que nunca, não se unem nem mais na cadeia como no passado e, os varios partidos, de um modo geral, não tem qualquer motivação de se aliar ao PT.

Por outro lado, o tal movimento, de dentro do PT e, com apoio de muitos empresários, bem visto e bem recebido pelo seu beneficiário direto, o “Volta, Lula”, encontro amparo e suporte de partidos como o PMDB e outros menos votados que, até hoje, não engolem a forma desinteressada, grosseira e discriminatória como são tratados por Dilma e a sua “entourage”.

Portanto, Lula, pela sua vaidade e, em função dos interesses de petistas e aliados, em não correrrem risco de perder o poder, podem alterar o jogo e mudar o perfil do processo sucessório.

O proprio discurso de petistas, aliados e, até mesmo, críticos do governo Dilma, de que o governo Lula foi muito bom e o de Dilma tem problemas de toda ordem e nada do que algum aliado possa se orgulhar, pode ser perigoso para a Oposição, mas pode, também abrir possibilidades para estruturação de um discurso em cima da ética e dos escândalos que se fizeram presentes no governo do ex-presidente! Ademais, Dilma, escanteiada, irá trabalhar num discurso que lhe salve a biografia e, talvez, magoada e ressentida,apontar a herança maldita recebida de Lula.

Claro que ainda se espera que Aécio e Eduardo Campos, apresentem ao País, as suas idéias, as suas propostas, as suas criticas e o seu projeto para o Brasil pois, ate agora, eles não conseguiram formular algo que sensibiliza e mobilize, pelo menos, parte da sociedade, em torno de algumas idéias alavancadoras de estímulos e suscitem paixões pelos próprios candidatos.

Todo mundo sabe o que Lula esta careca de saber: poder é bom! E Lula bem sabe que, para o poder prevalece aquela máxima de que, o bom do poder é que você, detentor dele, “prende e solta; cobra e paga; admite e demite”. E, nenhum cristão, em sã consciência e detentor de controle sobre as suas faculdades mentais, nao abre mão dele e sabe que, poder não se transfere e nenhum liderado, por mais leal que seja, se comporta como um guardador do poder. Ele assume como dele e, o possível criador sabe que a criatura, de um modo geral, é mais “falsa que tábua de fojo”.

E, nesses tempos de abandono da ética e de princípios morais, o que dizem os políticos é que “melhor do que este governo, só o que vai vir”!

E O QUE É QUE A GENTE VAI FAZER?

Este cenarista sente-se deveras honrado e gratificado, diante da quantidade de manifestações de apreço, de respeito e de aprovação do ultimo texto aqui publicado que, longe de pretender ser uma análise de qualquer aspecto da própria vida nacional, representou apenas mais uma espécie de desabafo, diante desse verdadeiro “universo em desencanto” em que se tornou o Brasil.

Até 2008, aparentemente, ia o Pais bem, chegando a se transformar no “queridinho” dos investidores internacionais e numa nação que conseguia compatibilizar o fortalecimento e respeito institucional com o dinamismo econômico, o resgaste de parte da dívida social e o angariar credibilidade e respeito, internacionais. E, de repente, o Brasil começou a desandar, a se desorganizar e a mostrar uma total incompetência para admistrar os seus problemas e desafios.

Dizem muitos analistas que Lula, sabiamente, fazia o que tinha talento e competência para tanto, que era exercer a política, em todos os momentos e em todos os níveis. Deixava a gestores, por sinal, considerados pelo mercado, profissionais da melhor qualidade, máxime nas áreas econômica e financeira, a total atribuição e a necessária delegação de competência para gerirem as políticas públicas do País.

Agora, toda essa humildade de Lula, mesmo que fosse industrializada, foi jogada no lixo pela sua sucessora e, o que ficou foi a prepotência, a arrogância, a incompetência e a insensibilidade dos gestores públicos, auxiliares da Presidente, de entenderem os sinais que o mercado, quer interno quer internacional, tem enviado, nos últimos tempos.

E, se insiste o cenarista que os tempos hoje são bicudos, isto decorre de algumas constatações que assustam. A ética, como se verifica diante do caso dos mensaleiros e outros escândalos, foi mandada às favas, justificando-se tudo que é desvio de conduta com o princípio de que, “sempre se fez isso. Ou, “tudo quanto é de político faz e age assim”. A antiga Lei de Gerson — aquela de levar vantagem em tudo — voltou a prevalecer e a ser aplicada, de forma praticamente universal, no País, só que revista, ampliada e melhorada. Também, o que se observa, é que a lógica da esperteza sobrepôs-se à lógica da incerteza.

A corrupção, que antes era como que pontual, passou de episódica para quase endêmica. Por outro lado, a mediocridade tem sido a tônica marcada pela presença dos sindicalistas no Governo, pesada e amplamente aparelhada, pelo partido. Substituiu-se a meritocracia pelo compadre político-partidário.

A crise de confiança no governo é tamanha que o ex-ministro Delfim Netto, conselheiro econômico da Presidente, afirmou, em artigo na Folha de São Paulo, que levará tempo para que se restaure a confiança dos mercados e dos investidores e isto representará um custo, em termos de baixo crescimento, de, pelo menos uns três a quatro anos!

No campo da gestão dos negócios de governo, os fundamentos da economia precisam ser resgatados; a lei de responsabilidade fiscal, hoje não cumprida por 14 estados, precisa ser respeitada e retomada; os investimentos do PAC não podem ficar restrito apenas ao “Minha Casa, Minha Vida”, enquanto os gargalos de infra-estrutura física e na área de mobilidade urbana, transferem um peso de ineficiência enorme ao setor privado; a balança comercial, cujo déficit chegou a 11 bilhões, em Janeiro, após 13 anos que tal não ocorria, só pode melhorar se se reduzirem as limitações do segmento de transportes, de operação dos portos e se, houver como reduzir a carga tributária; os incentivos fiscais não podem mais ser concedidos a segmentos específicos, sem resultados objetivos a não ser a criação de maior desequilíbrio dos preços relativos. E, lamentavelmente, o país não pode se contentar em crescer apenas de 1,5 a 1,8%, nem aceitar uma inflação real que vai acima da meta superior, sob pena de comprometer os indicadores de desemprego e ampliar a desconfiança internacional, com risco efetivo, de rebaixamento do “grade” de investimentos do País.

Isto é, portanto, um retrato de um país que, repita-se, até 2008, com os bons ventos do mercado internacional e da liquidez em alta, talvez tenha encoberto os seus problemas estruturais e aspirar a atingir, até mesmo, a colocação de quinta economia do mundo.

Agora, embora Dilma tenha prometido um corte de 44 bilhões no Orçamento, os analistas acham que ela terá dificuldades de cumprir a promessa, não só diante do problema de socorro as empresas de energia elétrica, na possível aprovação, pelo Congresso, do piso salarial do SUS e da criação de novos municípios, dentro de uma quadra de pressões exacerbadas, por mais gastos do setor público do País.

Adicionalmente, este ano o governo federal não deverá contar com receitas extraordinárias como foram aquelas, de 2013, provenientes do REFIS, do leilão do Campo de Libra e de leilões das concessões de rodovias, pois elas deverão ser bem mais magras, neste ano.

Se já não fosse grande a confusão, 22 das obras de mobilidade urbana país afora, já foram consideradas inviáveis, em termos de concretização até a Copa do Mundo; o PAC continua em crise apesar da promessa de lançamento do PAC 3, quando nem o número 1 foi concluído e, a retomada de investimentos privados parece não ter chances de ocorrer!

Se isto não bastasse, quem tem um time com Mantega, Mercadante, Ideli e outros talentos, não pode reclamar de problemas e dificuldades. Já tem o suficiente dentro de casa. No mais, fica só a pergunta no ar: Por que o pessimismo, o desentusiasmo, o desencanto? Porque os fatos superam as promessas, as fantasias criadas pelos marqueteiros e os compromissos assumidos pela própria Presidente!

No próximo comentário, este cenarista pretende examinar uma questão que preocupa a todos os brasileiros, que é a questão da Petrobrás que, indevidamente usada como instrumento de auxiliar no controle da inflação, reduziu o seu valor de mercado a quase um terço e, a contribuição da instituição ao pagamento de impostos saiu de 2,1% para 1,6%! E, toda a crise da Petrobrás disseminou-se pela economia como um todo de tal forma que, até o setor sucroalcooleiro entrou em quase colapso.

NEM SAUDOSISMO, NEM DESENCANTO E NEM FRUSTRAÇÃO!

Quem foi, por algum momento, protagonista ou, pelo menos, espectador engajado, da cena política nacional, notadamente nos estertores dos anos setenta, quando do início da distensão lenta, gradual e segura; quem participou da luta pelas “diretas já” que, embora frustrada a empreitada, culminou na eleição de Tancredo Neves, pelo Colégio Eleitoral; quem sentiu, de perto, as discussões e questionamentos de quem deveria substituir o Presidente enfermo, o que conduziu a posse de Sarney; quem participou do início do governo da chamada Nova República, necessariamente há de ter muita coisa a falar, muita coisa a dizer, muita coisa a festejar e, também, a lamentar!

E, de uma certa forma, tais personagens talvez vivam um certo orgulho e contentamento, de uma parte, por ter assistido, participado e contribuído para a consolidação das instituições e para a construção de um verdadeiro pacto social pelo e para o País!

Mas, alguém há de convir que, de outra parte, tais atores daquela cena ou daqueles episódios, devam sentir um certo gosto amargo e vivenciam uma certa frustração, por sentir que a política que se faz hoje não tem o “glamour”, o compromisso e o respeito que os líderes do passado experimentavam. E mais. Temem hoje, pelo esgarçamento das instituições, diante do seu aparelhamento e da sua perda de credibilidade. Vêm, na gestão pública, que a meritocracia é um conceito que ficou fora de moda e o compadrio ideológico e os interesses inconfessos, são as bases da ocupação de espaços, na estrutura de poder no País. E, em face do quase desaparecimento, da cena política, de homens de sonho e de esperança, se esfumam as expectativas de que as coisas tendam a melhorar.

Viviam-se, aquela época, tempos onde o eleitor sabia em quem tinha votado e, de uma certa forma, mostrava um orgulho todo especial pelo seu deputado, diante dos seus esforços, de suas propostas, de suas idéias e, acima de tudo, de suas atitudes. Havia a presença da esperteza na cena política mas, muito mais do que isso, havia a presença da vaidade de ser um protagonista com dignidade, decência, competência e compromisso.

Foram anos difíceis e dramáticos aqueles, particularmente, durante o chamado período em que prevaleceu o estado autoritário! Com uma espécie de espada de Dâmocles sobre a cabeça, viviam os sonhadores e os homens daquele tempo, espécie de heróis “ensandecidos de esperança”, todos os riscos inerentes de confrontar um poder que não se dispunha a dividi-lo com os demais cidadãos! O período em que se construia a transição e a criação das bases e os pilares das novas instituições do chamado estado democrático de direito, foi de luta, de determinação e, acima de tudo, de humildade perante os fatos e as circunstâncias.

Marchava-se em busca do itinerário de estruturação das bases de convivência democrática entre os antigos e recentes detentores do poder, de um lado, e, aquela coisa ainda amorfa e confusa, que eram as forças ditas progressistas, do outro lado. E nesse campo estavam esquerdistas empedernidos, comunistas consagrados, pelegos reabilitados, direitistas com visão estratégica, direitistas oportunistas e direitistas mais radicais nos seus conceitos e na solução de conflitos no País. Ou seja, era um ajuntamento de entes, num primeiro momento, “unidos por um só ideal”.

Era com esse tipo de presença, que envolvia, por um lado, desde o deputado Chico Pinto e Fernando Santana, da Bahia; passando por Heitor de Alencar Furtado e seu pai, Alencar Furtado, indo até José Martins Rodrigues, Paes de Andrade, Freitas Nobre, Paulo Brossard, Theotônio Vilella, além do velho guerreiro, Ulysses Guimarães e, com certeza, muitos outros.

Foram fases e momentos inesquecíveis da vida nacional. A empreitada de homens da dignidade de um Djalma Marinho, sem violência, sem truculência, mas, apenas apoiado no embate das idéias e convicções, permitiu começar a construir o estado democrático de direito, tão necessário à convivência pacífica dos contrários.

“E hoje o que resta dos heróis gigantes” de antanho? Parece que tudo está se desmoronando, que tudo está se desmilinguindo! Ou será tudo uma espécie de miragem ou tudo não passaria de uma possível atitude saudosista de quem perdeu a esperança e se desencantou com os políticos, as instituições e os valores professados pela sociedade brasileira?

A política, por certo, não é mais a arte da controvérsia. A política não está mais a serviço da mediação dos conflitos entre os vários grupos sociais. A política não é mais a atividade dos ímpios, como dizia Otto Lara Rezende. A política, nos dias que correm, é a arte da esperteza, é a competência para apropriar-se de patrimônio publico ou, de mínimo, exercer tráfico de influência para garantir ganhos significativos para empresários que se travestiram de políticos.

E, quem cuida do interesse público? Ninguém mais! O embate partidário não é mais de ideologias, de doutrinas, de programas e de idéias mas, tão somente, o confronto de acusações, de mentiras e de troca de denúncias de toda ordem e o discurso fica reduzido à mistificação, à “embalagens” elaborada por marqueteiros talentosos, bem a gosto de enganar o eleitor!

E o cidadão de boa fé se pergunta: qual o sentido de ir as urnas escolher um candidato se ele não tem um programa, estabelecido e construído de forma convincente, bem como a sua história está marcada por desvios de comportamento, por processos na justiça e por suspeição de haver cometido erros dos mais variados escopos?

Na verdade, o cidadão, como que parafraseando o poeta português José Régio, acabaria, num misto de indignação e revolta, dizendo: “Não sei para onde vou; não sei como vou mas só sei que não vou por aí”.

ESTÁ O BRASIL EM RECESSÃO OU NÃO?

Os dados de desempenho da economia brasileira no terceiro e quarto trimestres de 2013, revelam algo que os economistas costumam caracterizar como o ingresso do País em um processo recessivo. Ou seja, dois trimestres seguidos de contração do PIB, demonstram que, com esse nivel de atividade, a economia teria ingressado, efetivamente, num processo recessivo. O que gera desagradáveis possibilidades de, no mínimo, redução da taxa de emprego
que deverá ampliar o universo de desempregados, voluntários ou aqueles que não encontram ocupação!

Segundo dados do Banco Central, teve o Brasil uma contração de 0,5% do produto global e 3,5% de contração do produto agropecuário, no terceiro trimestre de 2013. E, segundo a mesma fonte, no ultimo trimestre, do referido ano, houve um recuo da economia, da ordem de 0,17%!

A pergunta que não quer calar é por que, oposição, economistas e mídia não chamaram a atenção para tal fato apesár de, num rasgo de espontaneidade não bem aproveitado pela Oposição, o Ministro Paulo Bernardo indagava, a título de deboche, à Oposição: “Quem vai salvar a economia? Será o Aécio?”, numa clara tentativa de desconstrução das propostas de Aécio para o País.

A Oposição, mui incompetentemente, deveria ter pegado o mote do Ministro e ter dito: “Se a economia está à deriva, se a crise parece ser grande e séria e está a requerer, talvez, intervenções mais duras e melhor direcionadas, terá o País que recorrer aos mesmos economistas que a salvaram da “debacle”, em 1994 e, logo depois, em 1998, quando consolidaram os fundamentos da economia. Ou seja, não seria Aécio mas, a competência e o espírito público daqueles que criaram o Plano Real, em 1994 e, depois, em 1998, mais uma vez foram convocados, a estruturarem os chamados fundamentos da economia — superávit primário, metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.

Se, de maneira rápida, oportuna e séria, isto não for feito, os problemas tenderão a se agravar e, será muito mais difícil e caro consertar os erros, a negligência e a leniência observados até agora.

No início do governo Lula, o “mantra” petista era que a “esperança venceu o medo”. Agora, lamentavelmente, a “realidade matou a esperança”.

TÁ TUDO DOMINADO!

Vive-se um momento deveras delicado neste País. Repassando o que se construiu e o que ora se desconstrói, parece que a tendência é um desmoronamento de uma estrutura que, depois de anos de incertezas, incompetências e erros de toda ordem, estabeleceu-se, na sociedade, em bases de pilares que se imaginava fossem sólidos e definitivos e destinados a construir o hoje o amanhã do Brasil.

Quem viveu as décadas de 60, de 70 e de oitenta imaginou que as conquistas que começaram a ser alcançadas, com muito sacrifício, desde o início da Nova República passando pela construção do plano de estabilização econômica de 1994, começou a acreditar que uma nova era estava surgindo para o Brasil.

E tudo foi muito bem até o último ano do governo Lula, mesmo com os erros e desacertos conteúdos no “overdose alô”, os resultados alcançados eram invejados por países como um tido, máxime os chamados emergentes!

Mas, a partir de 2010 o que se constata é que há, como que, um processo endêmico de destruição do que se plantou de bom nos anos anteriores a Dilma, em termos de instituições, de fundamentos da economia, de melhoria dos indicadores sociais, bem como da elevação da auto-estima dos brasileiros e do respeito que se adquiriu, internacionalmente!

De “queridinho dos investidores internacionais” e de “bola da vez”, o Brasil, agora, entre os emergentes, é o penúltimo país entre os menos confiáveis e, de perspectivas as menos promissoras, só ficando à frente da Turquia. Além das avaliações pessimistas das agências de risco internacionais, o recente relatório do Banco Central americano, quando discorre sobre as perspectivas da economia brasileira, é duro e impiedoso. Tanto é que mereceu, não só reparos muito sérios mas, até mesmo, duras criticas das autoridades econômicas brasileiras.

A situação do Brasil se complica mais e mais, do ponto de vista econômico, na proporção em que se avalia o desempenho e o futuro dos países em seu entorno, particularmente Argentina e Venezuela, os quais experimentam uma crise que não se sabe onde vai desaguar. E tal crise tem efeitos deveras perversos sobre o Brasil, notadamente o que ocorre e vai ocorrer, certamente, com a Argentina.

Por outro lado, a China, apresentando um crescimento menor, comprando menos “commodities” e investindo menos nos países emergentes, amplia o quadro de limitações e dificuldades. E, se se agregar também, os prognósticos de expansão das economias dos EUA e do Reino Unido que, agora, deverão crescer a 2,8% e 2,4%, respectivamente, então potencializam-se os efeitos adversos vindos da economia internacional sobre o Brasil. Aliás, antes o que poderia representar um alento para os negócios do País, no caso a expansão de tais economias, agora tende a limitar as possibilidades de atração e de ingresso de recursos externos para financiar os investimentos em países como o Brasil.

Portanto, conclui-se que, na quadra em que vive a economia mundial e o Brasil, a recuperação do Primeiro Mundo, assim chamado, tenderá a comprometer, seriamente, não apenas o equilíbrio das contas externas nacionais mas, com certeza, o investimento no País, máxime aquele financiado com recursos externos.

Por outro lado, os dados relacionados aos fundamentos da economia não são nada estimulantes no sentido de acreditar que o compromisso assumido por Dilma em Davos e, o anúncio feita pela Presidente, aqui no Brasil, de que iria cortar 30 bilhões do orçamento, talvez “já tenha feito água”. Isto porque o Governo Federal está alardeando a disposição de garantir 9 bilhões de auxílio às empresas de geração de energia, face a crise do setor que ora já se experimenta.

A situação do governo se agrava quando, no plano político-institucional, a crise na sua própria base de sustentação parlamentar, é denunciada pelo próprio Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, o petista André Vargas quando atribui “a inabilidade do núcleo de articulação política do governo” a responsabilidade pelos problemas, principalmente, com o PMDB, o principal aliado de Dilma.

Se as coisas não vão bem no Congresso, nos estados, os problemas tendem a se agravar, na proporção em que a montagem dos palanques para atender a reeleição de Dilma, tem gerado atritos e divergências que tendem a se agravar com o correr do tempo.

Ainda nas relações do governo com a sociedade, além dos desgastes que as manifestações de rua estão trazendo para os governos como um todo — federal, estadual e municipal –, porquanto deixaram de ser exteriorização de sentimentos de insatisfação para com as políticas públicas, por parte da sociedade e, se transformaram em atos de vandalismo, depredações e violência, por grupos minoritários, então a situação tende a se complicar, ainda mais, para o governo.

Até mesmo o “até agora” leal MST, se mostra insatisfeito com Dilma, quando o seu próprio líder maior, João Pedro Stédile, diz, em alto e bom som, que “há muitos membros do movimento simpatizando com a proposta (que proposta?) de Eduardo Campos”, abandonando, portanto, o estrato que se diz leal a Dilma.

Por outro lado, o próprio Lula adverte que o agronegócio está muito insatisfeito com a falta de apoio e atenção do poder central. Mesmo com a promessa do governo de assistir e amparar o setor elétrico, embora adotando uma equivocada estratégia de, não sacrificando prédios, entes públicos e segmentos de mais alta renda, impor carga maior de um possível racionamento, às classes mais baixas, aumenta ainda mais o descrédito do Governo.

Aliás, isto já estar a acontecer quando os apagões são muito mais frequentes nos aglomerados urbanos da baixa renda, até por estratégia das empresas de resguardar as áreas onde as receitas por domicílio são bem mais elevadas e o poder de vocalizar insatisfações é muito limitado!

E, aí, o discurso de Dilma, que dizia ter sido ela quem teria organizado o setor elétrico do país e, com isso, se credenciava a se caracterizar como uma excelente gerente, esbarra nesses apagões. Além disso, para completar o caldo de cultura da crise latente, em todos os segmentos da sociedade, os problemas
de violência disseminadas pelo Brasil afora; a falta d’água para beber no Nodeste, a precariedade da defesa civil nas regiões Sul e Sudeste e a incapacidade da Presidente segurar, até mesmo, a sua bandeira do “Mais Médicos”, são ingredientes de conteúdo altamente desgastaste para Dilma.

É difícil imaginar uma quadra tão perversa como a que vive o País, agora. Desacreditado lá fora, acumulando insatisfações de toda ordem aqui dentro, tanto de uma indústria em crise, de um agronegócio que se sente discriminado pelos gestores públicos e de uma classe média que se sente acuada com tantos problemas e dificuldades, o governo não encontra apoio, até mesmo nessa classe média que ele ajudou a construir.

A inflação continua perturbando o poder de compra das populações, o crescimento é pífio, as contas externas estão desorganizada e, inexistindo um projeto para o Brasil, não há em que se agarrar para que se crie esperança consequente para o País.

É, está tudo dominado pela crise, pela esperteza e pela falta de qualquer ética de compromisso e de responsabilidade por parte do governo, dos políticos e das elites nacionais.

Ademais, diante da falta de um projeto para o Pais, à pena repetir o que dizia o velho Seneca, no que respeita a que amanhã está sendo conduzido o Brasil: “Ao navegante que não sabe para onde vai, não interessa a direção do vento”. Ou seja, sem projeto de país, falta um azimuth, uma diretriz, um caminho, um itinerário a seguir!

A ESPERANÇA ACABOU?

Na campanha presidencial de 2002, Lula, tendo alcançado a vitória, fez da frase “A esperança venceu o medo”, o mantra dos petistas para afastar os temores de um governo radicalizado pelo dogmatismo, pelo ideologismo, pelo sindicalismo e pelo estatismo. Para tanto, não só Lula moderou o discurso, fazendo, segundo alguns militantes da esquerda mais agressiva, concessões à direita, ao capitalismo e à “dominação yankee”, na linguagem um pouco anacrônica de tais membros do socialismo internacional, como agregou a sua “chapa” presidencial, a candidatura do empresário mineiro e conservador, José Alencar, como seu vice. Também, para aquietar ainda mais a Avenida Paulista, convidou Antonio Pallocci, embora petista de carteirinha mas, extremamente aberto ao diálogo e um pouco mais à direita, para ser seu Ministro da Fazenda.

Agora, quase doze anos depois de domínio petista sobre o governo, do aparelhamento do estado por sindicalistas e por um “às favas com a ética” que tem caracterizado a atitude e o comportamento dos adeptos do lulopetismo, o que se sente no ar é que, os recentes episódios, expostos à sociedade, nas mais variadas formas de apagões — na economia, na energia, no abastecimento d’água, na educação, na saúde, etc — tem conduzido, não só a uma descrença nos gestores públicos como cresce e aprofunda-se uma espécie de apagão no segmento da violência, não apenas nas grandes cidades mas, em todos os pontos, deste imenso país.

As cenas de agressão à paz, à tranquilidade e ao ir e vir dos cidadãos, que tem marcado aquilo que seriam manifestações democráticas e pacíficas da sociedade contra os vários descasos da gestão pública, em todos os níveis, promovidas pelos black blocs, pelos líderes de facções criminosas de dentro dos presídios, pela vandalização de ônibus, pela tentativa de desestabilizar a vitoriosa experiência das UPPs, no Rio, entre outros, são exemplos marcantes desse processo!

Tais deploráveis acontecimentos, não apenas refletem um processo de banalização da violência como são causadores de pânico, angústia e desespero das populações. Chacinas, mortes que não mais discriminam níveis de vida e locais de habitação; a ação de justiceiros, como o que marcou a execução de um jovem, em plena via pública e às vistas de todos, chocam e clamam por uma nesga de esperança de que o poder público venha a agir e venha a fazer alguma coisa.

Agora mesmo, um menor delinquente foi acorrentado nu, numa praça de um grande centro urbano do País, ao mesmo tempo em que um cinegrafista morria em decorrência de um morteiro atirado por um encapuzado “black bloc”. E, em represália, tanto à omissão ou mesmo a impotência da polícia e, como que, conter a ação desses grupos de mascarados e vândalos, surgem agora, os chamados “white blocs”, objetivando conter a ação e a ousadia daquele grupo de marginais que, segundo alguns, estava e estão a serviço de políticos inescrupulosos.

Parece que se vive um passado distante quando existiam grupos de execução dentro das polícias como forma de conter a ação ousada de marginais.

E aí, para onde vai a esperança de que as coisas caminhem para uma convivência pacífica entre os cidadãos? Além da violência, dos apagões, dos pobres pagando o preço maior pelas medidas contencionistas — governo vai subsidiar em 9 bilhões o setor energético, valor a ser pago pelo contribuinte –, para onde vai o Pais? E, até em relação as manifestações, diante da histeria política, dos interesses político-eleiçoeiros e de uma polícia não treinada para enfrentar manifestações e marcada por desvios de comportamento, surge e pipocam, daqui e dali, propostas de lideranças do governo sugerindo uma espécie de AI-5 para conter os desmandos dos ora chamados terroristas!

O tal AI-5 representa limitar o exercício de ir e vir dos cidadãos e, até mesmo, a própria ação da imprensa e, não se sabe, a quem beneficiará e que objetivos alcançará.

Para completar o quadro de confusão instalada, não chove onde deve chover; a Petrobrás ainda não mostra perspectivas de que vai sair do buraco; os médicos cubanos estão aproveitando a deixa e, em atos de rebeldia, buscam asilo diplomático em vários países; quinze mil sem terras invadem um Supremo que volta a experimentar uma nova crise existencial; Lula continua a se achar Deus e, interfere, dar pitaco em tudo, interfere no governo Dilma. O espetáculo quase circense que ora experimenta o País, diante da incompetência dos gestores públicos, gera um ar de desânimo, desesperança e descrença na proporção que ninguém sabe para onde o país marcha e onde quer chegar.

Dá um desânimo terrível, até mesmo tentar interpretar o que se passa ou escrever alguma coisa que possa dar alento a tantos que acreditaram que as coisas marchariam para um bom porto, depois que Lula, no primeiro mandato de seu governo, acenou para um governo de crescimento econômico, redução de desigualdades e equilíbrio de suas instituições. Mas, agora, está tudo em frangalhos e, ainda não há em que se agarrar para alimentar esperanças e sonhos.

RAMONA, ” MAIS MÉDICOS” E O ENROSCO QUE ISTO PODE DAR!

Alguns apreciadores da cena brasileira não sabem qualificar se o Brasil é o país dos “enroscos” ou o país da piada pronta ou ainda, se é o país que sempre vive e experimenta a chamada era da esperteza. Aqui, parece que é tudo na base do “rolo”.

Nas relações internacionais, no passado, a Casa de Ruy Barbosa ou de Rio Branco, era exemplo de diplomacia competente, eficiente e de resultados. Agora, depois de alguns enroscos deveras publicizados como o de Cesare Batistti, dos “boxeurs” cubanos, do Pizzolatto, da opção preferencial pelos subdesenvolvidos, pelos africanos e pelos latinos, agora a diplomacia e o PT se deparam com o problema surgido com Ramona, a médica cubana que resolveu denunciar que por aqui, a taxa de apropriação dos seus salários, é pior do que aquela que ela sofria quando foi servir, como médica, na Bolívia. Lá ela recebia 50% da remuneração que o governo pagava mas, aqui, o que ela recebe é de, apenas, 10% do valor contratado ficam a mais valia com o governo de Cuba!

A pergunta que não quer calar, tanto para esquerdistas, petistas e governistas mas, também, para quem não se soma ao governo, é por que Ramona, a cubana rebelde, decidiu “chutar o pau da barraca” e denunciar, o que é para ela, uma espécie de trabalho escravo. Será que ela não teme e agiu, tão ingenuamente, como os “boxeurs” cubanos, que resolveram pedir asilo diplomático ao Brasil e, ao invés de ter tal asilo, por uma deferência toda especial do governo brasileiro ao governo cubano, os rapazes foram devolvidos para Cuba? Ou Ramona estaria a serviço da CIA que, num afã de inviabilizar tal programa de cooperação do Brasil com Cuba, poderia levar a milhares de médicos daquele país, pelo exemplo de Ramona, a abandonarem o barco? Ou seja, Será que o exemplo de Ramona poderia desencadear um processo de fuga de cubanos do regime dos irmãos Castro, o que comprometeria o projeto de poder do próprio PT aqui, no Brasil? É por isto que ninguém acredita que o governo vá criar problema com Ramona para não gerar um clima de estímulo a um amplo repeteco de outros médicos cubanos agindo como Ramona.

Quando o Governo da Presidente Dilma resolveu “importar”, segundo os médicos nacionais, mais de 4000 profissionais de saúde, da pequena Ilha Cubana que, segundo a Presidente, “pratica uma medicina de dar inveja ao mais exigente dos países europeus”, sob o argumento de que tal gesto iria preencher uma grande lacuna na politica de saude do Pais, pois iria ao encontro de a carência de profissionais, nos mais recônditos pontos do território nacional, toda a comunidade médica nacional, reagiu de maneira quase que, intransigente, diante da postura do governo.

Parecia uma atitude de proteção dos empregos dos médicos brasileiros como que marcando presença uma espécie de cartório profissional. Os médicos e as suas entidades, apresentaram uma série de argumentos contra a importação discriminada dos médicos daquele país porquanto a medicina que alí se pratica, ou pela precariedade de equipamentos e de instrumentos, bem como pela inexistência de uma estrutura de pesquisa e de residência médica, foram registrados e ficaram patenteados pelos resultados de participação dos médicos cubanos nos exames médicos no Brasil onde, no máximo, 12%, dos mesmos, conseguiram aprovação.

O pior é que o governo, por uma questão político-ideológica, resolveu não cobrar dos médicos cubanos o mesmo que cobra de brasileiros que cursaram medicina fora e dos médicos estrangeiros que resolveram trabalhar no Brasil, que é o exame do Revalida. Aliás, teste criado pelo próprio Governo Federal o que, chamou atenção de todos esse tratamento discriminatório em relação aos brasileiros.

Também pesou na argumentação das entidades representativas dos médicos, a contra argumentação de que os jovens médicos brasileiros não iam para o interior por inexistirem ambulatórios, adequadamente instalados e equipados; unidades mistas de saúde; laboratórios de analises clínicas; equipamentos de raio X, medicamentos essenciais e, alguns paramédicos. Sem isto, e sem médicos mais experimentados, como referência, o isolamento de tais jovens profissionais, os desestimularia muito a ir para o interior.

Por outro lado, dois argumentos adicionais eram lançados à discussão. Primeiro, a dificuldade criada para a vinda de médicos de outros países e os problemas derivados de comunicação de médicos estrangeiros, notadamente para aqueles que iriam atuar nas áreas e nas regiões de populações de baixa renda. Em segundo lugar, um médico cubana recebendo apenas apenas 10% da remuneração prevista, fazendo com que o convênio, de governo a governo, sob a proteção da OPAS, cria uma situação de constrangimento para os trabalhadores, até porque parecia que os médicos que vinham de lá eram uma espécie de sobra, sem maiores qualificações ou alguém que pretendia buscar um caminho para um asilo diplomático.

Mas, sem discutir a qualidade dos profissionais, sem avaliar o objetivo e os resultados do programa e do convênio com Cuba, sem considerar essas questões levantadas pela entidades médicas, sem considerar a pressão dita “cartorial” por parte dos centros médicos, a questão que se coloca é que, fazia anos, dormitava nos escaninhos do Congresso Nacional, um projeto de lei que, por uma simples mudança na lei, permitiria ofertar mais de 4 mil médicos das Forças Armadas para que pudessem prestar serviços ao SUS, em qualquer lugar e, particularmente, nas regiões de fronteira e áreas inóspitas.

Imagine o leitor se se imaginasse uma situação onde o orçamento da saúde estabelecesse um percentual para a contratação de paramédicos; um outro percentual para a aquisição de equipamentos básicos e para a melhoria de instalações de postos de saúde do interior e para o estímulo a escolas de medicina para aumentarem as vagas ofertadas e a melhoria da qualidade do seu ensino, aí a coisa poderia começar a melhorar.

Imagine também, se, alguém, limpo e honesto, resgatasse o programa de Telesaúde que esse cenarista buscou implantar na Funasa e, a desonestidade de alguns políticos, impediu a sua continuidade, levaria a se reduzir bastante a carência de médicos no interior.

Finalmente se se buscasse e apelasse a entidades internacionais para apoiarem os programas de saúde indígena, coisa que sensibiliza, bastante, a comunidade alternativa mundo afora, além de se buscar a integração das ações de saúde da União, dos estados e dos municípios, aí a coisa melhoraria.

E, claro, ações na área de saneamento ambiental, vacinação e imunização, então estaria construindo o País pontes para o futuro.

CRISE? QUE CRISE?

As pessoas ficam impressionadas como, com tantos indicadores negativos, ainda se procura vender expectativas otimistas para um país, nitidamente, em dificuldades. Os dados não mentem e a reversão do quadro de dificuldades, considerando o “time lag”, ou seja, o tempo entre a tomada de medidas de política econômica e aquele para surtir seus efeitos, é demorado. Assim, é difícil não antever que o Pais terá um ano difícil em 2014 e, com certeza, também em 2015.

Um apagão de energia elétrica nas principais regiões do País, a exceção do Nordeste, levou o Governo Federal a dar explicações nada plausíveis e pouco acreditáveis de que o problema era episódico e não teria maiores consequências. Ora, diante da vertiginosa queda da capacidade acumulada dos reservatórios e, do uso, praticamente, a plena carga, de uma energia de uso emergencial e bastante cara — as termelétricas — pouco gente levou a sério as explicações do governo.

Se a crise no setor elétrico é séria, o que não dizer do drama que enfrenta a Petrobrás, não apenas com a queda da produção de óleo e gás, dos poços em exploração, bem como a crise de confiança diante da promessa de expansão da produção em 10%, este ano, como prometido pela sua Presidente, além da expectativa de recuperação da perda de valor da companhia, hoje reduzida a pouco mais de cerca de um terço do que foi em 2011!

Se os problemas no “front” externo estão a se agravar com a tera da confiança das agências de avaliação de risco de investimentos que, ao que parece, já se refletem numa antecipação do que podera ocorrer até o fim do semestre — O jornal O Globo noticiou que o Brasil paga taxa maioir para atrair investidor (o Credito Default Swap, estava pagando 210,9 pontos-base quando, ao final de 2013, era de 157 pontos). Isto representa que, para rolar as suas dívidas as empresas brasileiras terão que pagar taxas bem mais altas de juros. Os dados do valor de remuneração dos títulos oferecidos pelo Brasil é bem superior a qualquer dos emergentes, inclusive de certas republiquetas latinas.

Some-se a tal quadro pouco alvissareiro, não só os últimos dados de crescimento da indústria chinesa bem como o desempenho de suas importações mas, também, a crise argentina, que piora bastante o quadro para a industria manufatureira brasileira. Esta, por sinal, apresentou, em 2013, o pior desempenho dos últimos cinco anos, apesar de todos os estímulos concedidos pelo Governo e a melhora na taxa de câmbio.

Por outro lado, se o ano de 2013 não foi nada bom para as contas externas do País, com um déficit de mais de 80 bilhões de dólares, 2014 já comecou mal com um déficit, só na balança comercial, de 4,1 bilhões de dólares.

No “front” interno, não se sente, até agora, os efeitos de uma das promessas de Dilma, feita em Davos e destinada a acalmar mercados e investidores. qual seja, a de cortar cerca de 30 bilhões, quando da execução do Orçamento da União. Pelo contrário, as contas públicas continuam em frangalhos e não se enxergam perspectivas de sua melhora. Em 2013 as despesas bateram recorde, alcançando 914 bilhões, uma alta de 13,6% sobre 2012! Tal valor situou-se 12,5% acima do avanço da arrecadação. Talvez o Governo esteja imaginando que as licitações de rodovias, ferrovias, pré-sal, obras de mobilidade urbana, além de outros acasos, venha a melhorar o desempenho das contas públicas. Mero sonho de uma noite de verão!

Portanto, o quadro externo não é favorável até mesmo quando os Estados Unidos, o Japão e a Zona do Euro mostram recuperação e, com isso, tiram o foco dos investidores e, ficam mais difíceis as perspectivas de novos investimentos nos países emergentes como o Brasil.

As expectativas dos analistas é que o crescimento brasileiro fique, apenas, entre 2,1 a 2,4%, a inflação fique ao redor dos 6% e, as despesas públicas, só serão reduzidas se houver uma decisão, com mão de ferro da presidente de fazê-la, coisa deveras difícil de ocorrer num ano eleitoral.

Se não bastassem tais dificuldades a serem administradas, haja visto os conflitos de interesse presentes, a pauta do Congresso não conduz a qualquer otimismo, máxime quanto a expectativa de corte de gastos! É muito mais provável apostar-se no aumento do gasto público, em face da proposta de criação de novos municípios, da desaposentadoria e de outros pleitos como, por exemplo, aqueles na área da saúde, do que se vislumbre qualquer tendência à austeridade na condução das finanças públicas.

Dificilmente o pacto concertado entre a Presidente e a sua base de sustentação parlamentar, de não votar qualquer matéria que aumente despesas, será cumprido porque, as eleições estimulam o contrário como as insatisfações, notadamente da base aliada com a reforma ministerial, com os arranjos políticos estaduais e com o não atendimento de pleitos paroquiais, são enormes.

Se tal não bastasse, o Supremo tem aquele pepino de votar o cumprimento de determinação de ressarcir ou de promover a chamada devolução, pelos bancos, de uma apropriação indébita de parte da poupança confiscada dos cidadãos, em função de planos de estabilização da economia de anos passados. E o chamado “rombo”, com implicações para o Tesouro, deverá girar entre 180 e 210 bilhões de reais.

Assim, com todo respeito as declarações da Presidente, nem a euforia com os recentes dados do desemprego é capaz de encobrir e mitigar tais problemas. Ademais, quando os trabalhadores sentirem que nem o salário médio cresceu em 2013, como ocorria nos anos anteriores e, que aumentou o número dos que, não trabalham, não procuram emprego e decidiram demorar mais na casa dos pais, então o quadro não é tão cor de rosa como pintado pelos governistas!

Aliados a tais problemas, surge também a sensação que começa a dominar, nas pessoas, o sentimento de um pouco de frustração, diante da corrosão do poder de compra da renda da nova classe média. Isto parece, está começando a tirar do sério, até mesmo, os chamados filhos do bolsa-família!

Na verdade, a maré não está prá peixe e, agora não é pessimismo ou má vontade dos que não comungam do espírito petista mas, de fato, uma constatacao de que a coisa está ficando, realmente, preta!

BRASILIA: DA CAPITAL DA ESPERANÇA À CAPITAL DA VIOLÊNCIA!

Dentre as 50 cidades mais violentas do mundo, o Brasil abriga 16 delas! Entre as dez cidades mais violentas do mundo, por enquanto estariam Maceió (5a.), Fortaleza (7a.) e João Pessoa (9a.)! Entre as cincoenta, está a maioria das capitais dos estados brasileiros, excluindo-se Rio e São Paulo, e, encontra-se até mesmo Brasilia que, nos dias de hoje, ocupa a posição de quinquagésima cidade mais violenta do mundo!

As manchetes dos jornais de fim de semana, na Capital Federal, anunciaram: “12 mortes violentas nas últimas 48 horas”. Ou, uma outra manchete: “Embaixador Jório Dauster tem sua casa assaltada no Lago Sul”. Ou ainda, uma outra manchete: “Criança é atingida por bala perdida na Estrutural”. Isto sem falar nos bárbaros assassinatos de um Brigadeiro do Ar, na Asa Norte e, de um jovem e promissor empresário, no bairro moderno e de classe média alta, Águas Claras, no meio da semana!

E aqui não se fala da violência do trânsito, reduzida, em parte pela famosa “Lei Seca” e que poderia ser até mais avantajada nos seus indicadores, em função da inabilidade, da imperícia e da imprudência dos motoristas, bem como pela precariedade da vigilância ostensiva do policiamento.

E, todos essas tristes e fatídicas notícias ocorrem no Centro do Poder do País; na cidade planejada urbanisticamente, para, inclusive, impedir a fuga de meliantes; na capital de mais alta renda per capita do Brasil, do maior IDHMI, dos maiores índices de escolaridade e da prevalência dos maiores salários médios do território nacional; onde a polícia aufere um dos maiores soldos da Nação e, se se considerarem os salários indiretos e os chamados “fringe benefits”, quiças a remuneração dos samangos de Brasília seja a maior remuneração de todos os policiais remunerados dessa nossa querida pátria amada!

Diante de tudo isto, parece se experimentar e vivenciar uma grande contradição porquanto como é possível, dado o tão elevado nível de renda da comunidade, atingir-se, aqui, um dos maiores e mais elevados índices de criminalidade do País? Talvez esteja o Brasil diante de algo que merece estudos acadêmicos aprofundados para não ficar caracterizado e aceito como inevitável que “o crescimento econômico, ao contrário, de, como era esperado, reduzir os problemas de violência, os acirra e estimula uma maior criminalidade”, como declarou, receentemente, a governadora do Maranhão.

É difícil aceitar tal premissa ou estabelecer que o diagnóstico correto estaria situado no campo de tais hipóteses absurdas e não em razões e causas mais comesinhas. Nào há quem possa demonstrar que a impunidade que toma conta de todo o País, onde apenas, em média, menos de 5% dos crimes estão sujeitos a processo criminal investigativo o que leva a bandidagem a aproveitar que, a impunidade não atinge só os graúdos mas, por incompetência dos governos, chega aos menos privilegiados pela sorte, pela sociedade e pelo acaso.

Se a impunidade é um estímulo excepcional para que a violência se transforma em algo quase endêmico, dois outros componentes a favorecem.

O primeiro deles é não existir nenhuma política destinada a controlar ou, pelo menos monitorar, o tráfico, a comercialização e a disseminação de seu uso nas escolas, nas ruas e, nos espaços de entretenimento. Sabendo que a leniência das autoridades com a questão é patente, que o espaço para o traficante torna-se privilegiado, hoje alcançando todos as categorias sociais e todos os níveis de renda e que, a violência toma conta da sociedade como um todo.

Se a inexistência de qualquer politica e/ou ação destinada a conter o avanço rápido e continuado das drogas é patente e visível, a forma de como se conduz a questão do menor infrator, é algo que estimula a criminalidade entre tais jovens, que hoje são amplamente usados e manipulados pelo crime organizado. E, diante do fato de gozarem de iniputabildiade até os 18 anos e, ainda, diante das casas de correição, serem mais escolas de aperfeiçamento da criminalidade, aí se acrescenta ingrediente adicional ao aumento e disseminação da violência.

Diante de tal quadro, nos dias que correm, não adianta a população viver confinada em “prisões domiciliares”, cheias de grades, cercas elétricas e câmeras de monitoramento; terem os cidadão perdido os seus espaços públicos para o crime; gastarem, pessoas físicas e jurídicas com segurança armada, nada disso lhes dar a certeza de que não serão assaltadas em suas próprias casas, nos seus carros, na saída de um banco, enfim em qualquer lugar. Não são mais os ingênuos meliantes, descuidistas e punguistas a assustarem o cidadão comum, mas, o nível de violência que domina a abordagem de tais criminosos. Até nos arrastões nas praias, nos engarrafamentos, nos túneis e nos mais diversos lugares e circunstâncias a insegurança grassa e, no mais das vezes, em frente a autoridades policiais.

Se se eximir de responsabilidade os órgãos de repressão, é difícil encontrar explicações plausíveis para tamanha chaga e tamanha tragédia que macula a mais moderna cidade do País. Não há causas outras senão a impunidade, a incompetência dos órgãos repressores, a inexistência de “inteligentsia” nas polícias, a incapacidade quantitativa e qualitativa das casas de correição e dos presídios, a morosidade da justiça na apreciação das ações na área das execuções penais, além de razões episódicas como é essa inaceitável operação tartaruga da polícia militar do DF.

É lamentável que, no centro do Poder, na cidade que deveria ser exemplo de cidadania, não ocorram sequer manifestações populares, indignadas diante da inexistência de uma polícia preparada, menos corrupta, mais compromissada com a sua missão institucional e mais ostensiva para minimizar tantas frustrações e desencantos com os rumos do exercício, cada mais dificil, da cidadania.

E a quem recorrer? Ao Papa Chiquinho?

A AGENDA NÃO CUMPRIDA!

Este cenarista tem sido cobrado de três promessas feitas e não cumpridas. A primeira diz respeito a propor algo sério e inquestionável sobre como enfrentar a questão nordestina, sempre recorrente, diante do fenômeno das secas. A segunda promessa vincula-se ao compromisso assumido de discutir três livros recém lançados na praça, marcados pela contundência das críticas aos atuais detentores do poder e, em particular, ao seu líder maior, Luis Ignácio Lula da Silva. E a terceira promessa foi analisar a questão dos rollerzinhos, dos black blocs, dos espaços públicos, do direito de manifestação e do direito à garantia da ordem e da integridade públicas.

Sobre os livros publicados, na verdade não pretende o cenarista avaliá-los por duas razões básicas: não os lí e, de um modo geral, não me atrai muito as catilinárias e ofensas a quem quer que seja. Agora mesmo, diante do tipo de comportamento e atitude do Presidente do Supremo, os petistas, principalmente, estão lançando todo o tipo de criticas, de insinuações e restrições a Joaquim Barbosa quando, na verdade, elas representam insatisfações de petistas, diante da ação relativas aos mensaleiros; de juizes e advogados, sobre as pesadas críticas por ele proferidas à magistratura e ao seu exercício por juízes, promotores e procuradores e, duras críticas de companheiros de Corte que, não se sentem confortáveis com a chamada arrogância, prepotência e presunção, segundo alegam, do Ministro Presidente.

Ficam, para uma avaliação mais séria, os dois temas básicos. Como não dá para um exame dos dois em um só comentário, é preciso ficar restrito a um deles. E a escolha recai sobre a recorrente questão nordestina.

O problema das secas do Nordeste, situa-se em três dimensões. Uma é a relativa a busca de redução da pobreza e a diminuição de desigualdade de renda entre as pessoas o que, necessáriamente, passa pelos programas compensatórios de renda e, fundamentalmente, num esforço, bem acima do que ocorre a nível nacional, na área da educação de base e na qualificação profissional de sua mão de obra. Aí é uma decisão política de governo, notadamente do governo federal, chamando também, às falas, os governos estaduais e municipais.

No que respeita à qualificação de mão de obra, um grande mutirão envolvendo o sistema S, as escolas militares e as escolas técnicas, com metas definidas e prazos estabelecidos, poder-se-ia muito avançar na redução das desigualdades de renda.

No que concerne à vulnerabilidade, à fragilidade e a dependência da região, notadamente de ações da União, a questão aí envolve duas ordens de preocupação. A primeira diz respeito a elevação substancial dos investimentos em infra-estrutura básica bem como em atividades produtivas de profunda repercussão e de caráter estruturante. As refinarias, as termoelétricas, as ferrovias, os portos aparelhados, o estímulos a polos econômicos básicos e um agressivo patrocínio ao empreendedorismo, podem ser a ação mais objetiva para tal deslanchar do processo de crescimento sustentável da área.

A própria região, explorando melhorar as suas potencialidades, mesmo que ainda não haja um direcionamento de investimentos de infra-estrutura por parte do governo federal e o BNDES não tenha definido um orçamento de caráter regional, para as suas aplicações, mesmo assim, o crescimento econômico da área tem se mostrado, ao longo dos últimos dez anos, bem mais dinâmico que o nacional.

Finalmente, vem a questão mais grave e mais urgente que, até agora, a União não conseguiu encontrar uma saída digna. É aquela relativa à garantir, de forma definitiva, água para o povo beber. E isto não é dificil. A Transposição das Águas do São Francisco, adicionada a um projeto de Transposição de Águas do Tocantins, aliada a projetos de integração de bacias hidrográficas, podem estabelecer o desenho que se espera para uma solução definitiva do problema.

É claro que, no caso das transposições, é fundamental que se estabeleçam projetos como os do Ceará, do chamado Circuito das Águas que, usando duas vertentes de “sangramento” das águas que chegam da chamada Transposição do Rio São Francisco, fecha o chamado abraço das águas, em torno do Ceará como um todo. Uma, a que usa o leito do Rio Salgado e, seguindo pelo Rio Jaguaribe acima, subindo pelo lado leste do estado do Ceará. A outra, seguindo pelo Cariri até chegar a Região dos Inhamuns, continuando até a Zona Norte, fecha o perímetro e leva água, em caráter permanente, a todos os rincões do Ceará.

Se tais ações forem complementadas com as adutoras do Sertão, com o sistema de cisternas familiares, com a recuperação e reativação de poços artesianos entupidos e a complementação da ação, com o processo de dessalinização de outros tanto poços, o evento de falta d’água para o povo beber, será algo muito raro e muito episódico.

Assim, embora mal e porcamente, o cenarista procurou desenhar uma estratégia para o Nordeste, considerando que as ações não podem ser de caráter generalizado porquanto existem vários nordestes dentro da região o que requer tratamento diferenciado para cada uma das subáreas. A estratégia para o “sertão brabo” é uma. Para a área litorânea é outra. Para a Zona da Mata, uma outra e, para zonas de transição do Piauí e Maranhão, para região cacaueira, exigirão formas de tratamento distintas.

Dessa maneira, em linhas gerais essa pseudo proposta para o enfrentamento de uma questão que desafia o espírito público, a honestidade de propósitos e de compromissos e a competência dos homens públicos, cujas linhas gerais são idéias básicas que se apresentam como uma provocação para serem tais idéias, discutidas e questionadas, para que se buscasse estabelecer uma estratégia de desenvolvimento para a região como um todo.

É por aí, galera.