AUTOCRÍTICA É PRECISO!

É difícil fazer uma auto-avaliação correta, sóbria e honesta sobre o que você diz, comenta e discute, num site como este. Um analista honesto e sincero fica perdido se, vez por outra, não dá uma pausa para avaliar o que tem dito, falado e emitido de juízo de valor, sobre pessoas, circunstâncias e fatos políticos. Isto porque não sabe ele se o público que o lê, mesmo que dele discorde, continuará a lê-lo ou não, porquanto, se os leitores não se manifestam, fica difícil apreciar o que está a ocorrer.

Se, por circunstâncias especiais, as avaliações não agradam ou são discutíveis ou questionáveis, o cenarista não tem o “feed back” do que ele comenta e, se, pelo menos, os leitores estão questionando as opiniões e/ou valores alí emitidos, ele não se quedaria tão perplexo!

O fato singular é que não sabe o cenarista se agrada ou não ou se ajuda a polemizar ou não certas questões tão relevantes à vida nacional! Na verdade, ser governista a soldo ou estipêndio do dinheiro público ou ser uma espécie de deplorável pena de aluguel, ou ainda, ficar subordinado ao tacão ideológico ou doutrinário de segmentos ou grupo, não são alternativas sérias a qualquer homem público! É algo que deprime, que avilta e que amesquinha o cidadão!

Não foi o cenarista marcado nem com esse tipo de ferro da subserviência governista e nem com qualquer outro tipo de estigma que às vezes, a luta ideológica estigmatiza. Ele é apenas um cidadão em busca da chance de, mesmo questionado, tentar contribuir para engrandecer a discussão e o debate!
É apenas por aí que se deve buscar caminhos e alternativas!

Todas essas indagações e questionamentos são colocados diante de críticas e avaliações mais marcadas pelo vezo ideológico ou político, que acaba gerando indignação e, até revolta, diante das contestações passionais de algibeira toucais.

Agora mesmo Miriam Leitão reagia a insinuações malévolas de quem está no jogo sem nenhum compromisso com o seu resultado mas para tumultua-lo. Gente como Miriam, de tão decepcionada, sente estimulada a desistir da empreitada e esquecer a ética do compromisso e da responsabilidade social!

SERÁ QUE SE PODE ESPERAR POR UM GENEROSO DEBATES DE IDÉIAS?

Marina tem, com humildade e firmeza, cutucado Dilma Roussef com vara curta. As críticas são objetivas, precisas e oportunas. Todas expressas, embora no seu jeito tímido de ser mas, com firmeza e capazes de provocar a quase imediata réplica, mesmo ás vezes, agressiva e grosseira, como a ela se referiu o ex -Presidente Lula. Ademais, parece que as provocações de Marina tem trazido Dilma para a arena dos debates pré-eleitorais, não só pela contundência dos comentários da Presidente chamando a atenção para uma presumida incompetência gerencial, despreparo administrativo e ao seu “possível chamado vôo de galinha”, em termos de pretensões de poder da freirinha. Ou, no mais das vezes, Dilma tem acusado o golpe quando busca replicar programas ligados à temática da sustentabilidade, tese tão cara a Marina e seus seguidores.

Agora também, Aécio Neves, incomodado com a movimentação de Eduardo Campos que, com muita paciência e habilidade, vai construindo alianças e propondo entendimentos Brasil afora, ao mesmo tempo que intenta fugir do debate apoiado em agressões ou no confronto de desempenho de petistas e não petistas frente às demandas da sociedade, busca afinar um discurso que sensibilize o eleitorado.

A idéia da tucanada é apresentar ao País a proposta do que fazer para os brasileiros, a partir de agora, sem discutir o que não se fez ou de quem é a culpa pelo que não foi feito ou pelo que foi feito errado.

A proposta, espera-se, deve ser orientada a consertar o que está sendo feito inadequadamente e ampliar as conquistas da cidadania. Mas, independente da pauta dos tucanos, seguem algumas observações sobre determinadas questões que poderiam merecer uma discussão sobre problemas que afetam a sociedade brasileira nos dias que correm.

Em primeiro lugar é preciso reestabelecer, urgentemente, as bases de sustentação da estabilidade da economia, ultimamente subordinada a desvios de comportamento e prejudicada por políticas fiscais expansionistas. Tais desrespeito à própria lei de responsabilidade fiscal, tem promovido uma deterioração nas contas públicas, obrigando a um aumento inusitado nas taxas de juros e, tem provocado, além da queda nas expectativas de crescimento da economia, uma redução da confiança dos agentes econômicos.

Se esse é um ponto cobrado pela quase unanimidade dos formadores de opinião do País, uma outra questão , de uma certa forma ligada a essa, relaciona-se a melhoria da qualidade da gestão pública.

Nesse aspecto, o enxugamento da máquina de governo, com a diminuição de cargos comissionados, com a redução de ministérios e agências e uma maior descentralização das intervenções governamentais, já seriam pontos que ajudariam a melhorar o desempenho da gestão pública brasileira. A descentralização não seria tão somente destinada a fortalecer a Federação e a autonomia municipal mas, atribuir maiores papéis e responsabilidades à sociedade civil.

No que concerne à Federação, uma das preocupações maiores será rever as concessões de estímulos fiscais promovidas pela União, pois as mesmas representaram significativa redução das receitas de estados e municípios. E, a proposta mais direta, de imediato, seria devolver os recursos subtraídos.

Ademais, estabelecer como regra que, toda vez que se criassem programas e projetos que representassem aumento de atribuições e competências de estados e municípios, por regra constitucional, os recursos necessários já deveriam ser a eles atribuídos. Por outro lado, seria de bom alvitre definir que a cobrança de impostos indiretos tipo ICMS, deveria ocorrer no local de consumo dos bens e, apenas uma alíquota simbólica seria estabelecida para transações interestaduais, como forma de controle e fiscalização dos fluxos comerciais.

Seria bastante saudável uma discussão sobre o sistema de concessão de incentivos fiscais por estados, estabelecendo-se os limites do que seria considerado guerra fiscal e que se presumiria que seria apenas uma competição fiscal.

No que respeita aos programas compensatórios de renda, seria de bom alvitre que, ao lado da inclusão social se estabelecesse meios para promover a chamada inclusão política. E, nas várias bolsas, sempre lembrar que “é crucial, num primeiro momento dá o peixe mas, fundamental é, logo a seguir, ensinar o cidadão a pescar”. Adicionalmente, lembrar da música de Luis Gonzaga que diz que “uma esmola que é dada a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou humilha o cidadão”.

Por outro lado, seria de bom alvitre dar respostas a coisas que clamam aos céus diante de tanta negligência, incompetência e desrespeito à cidadania, como é o caso das devastadoras secas periódicas do Nordeste. Aliás, montar esquema adequado e oportuno, para o enfrentamento dessa questão da mesma forma que se estabelecer ações objetivas destinadas a reduzir o drama provocado pelas inundações e desmoronamentos que se repetem nas mesmas áreas, é crucial que se faça objetiva e urgentemente.

Se isso for pouco, além de projetos mais sérios e objetivos, com prazos definidos, para reduzir os problemas relativos à mobilidade urbana, também deveriam ser consideradas as ações estratégicas para reduzir a questão da violência urbana e da segurança pública no País.

Finalmente, uma visão do que será o Brasil que os brasileiros querem e precisam, nos próximos dez anos, para, pelo menos celebrar, condignamente, os duzentos anos da independência, ajudaria a dar rumos e estabelecer perspectivas que, de certo, mexeriam com a auto-estima e provocariam o envolvimento da sociedade na conquista de muitos dos seus objetivos.

ENTRE O PERFUNCTÓRIO E O FUNDAMENTAL!

O jornal o Globo divulgou matéria comparando o período Itamar/FHC e com o período Lula/Dilma, intentando promover um debate, possìvelmente, sobre qual a estratégia mais profícua ou mais proveitosa para a sociedade brasileira. Num período e noutro os ganhos são consideráveis e relevantes!

Não obstante ficar bastante patente os avanços ali mostrados e demonstrados de como o País alcançou de notáveis resultados, não apenas no que diz respeito ao fortalecimento de suas instituições mas, o que é deveras saudável, no que respeita os fundamentos da economia e os exuberantes ganhos no campo social.

O exercício de comparação dos referidos períodos não se sabe a que serve porquanto, num olhar isento e distanciado das paixões ideológica-partidárias, parece só se destinar a alimentar o debate relativo à sucessão presidencial bem como aos interesses político-partidários dos grupos em confronto nos estados. Ou seja, só alimenta e realça a política menor e não agrega nada a discussão daquilo que é mais relevante e urgente na possível agenda para o País.

Se tais discussões estão enveredando para tal área de desconforto, os 20 anos de celebração da criação das chamadas pré-condições para a criação do real e o fim da inflação galopante, passou quase que em branco.

Não se realçou o papel que tiveram os planos que se poderia chamar de experimentais que antecederam o Plano de Estabilização da Economia, comandado pelo Presidente Itamar Franco. Para que tal ocorresse, foi necessário a fracassada experiência do Plano Cruzado 1 e o 2, do Plano Collor, do Plano Bresser e, já na gestão Itamar Franco, que Pedro Malan fizesse enormes acrobacias para renegociar, em condições muito especiais, a dívida externa brasileira, em Washington!

Até 1997, antes da crise econômica mundial, as circunstâncias levaram a especulações de qual seria o caminho a tomar pelos policy-makers brasileiros diante de qual seria a melhor inserção do País no quadro de referências da crise econômica mundial. E, em 1998, o Brasil resolveu que estabeleceria, em definitivo, as bases para garantir sólida os fundamentos para a nova economia brasileira, apoiada numa nova moeda e sustentada na responsabilidade fiscal, no superávit primário, nas metas de inflação e no câmbio flutuante!

Se os avanços no campo econômico foram significativos os avanços que permitiram gerar um ponto de inflexão na história econômica do País, do
ponto de vista institucional, o crescimento do País foi deveras significativo pois que, a transição democrática conduzida pela sociedade brasileira e sem que o Presidente da República interferisse nas opções estabelecidas pelo Congresso e pela sociedade civil, ocorreu de maneira não traumática, culminando com a promulgação da Carta de 1988, chamada, com razão, por Ulysses Guimarães, de Constituição Cidadã.

Lula que foi homenageado pelo Congresso, tentou explicar e justificar porque não votou e orientou os seus parceiros a não aprovarem o texto! A explicações não convenceu

O jornal o Globo divulgou matéria comparando o período Itamar/FHC com o período Lula/Dilma, intentando promover um debate, possìvelmente, sobre qual a estratégia mais profícua ou mais proveitosa para a sociedade brasileira para vencer os desafios e aproveitar as oportunidades que as circunstâncias estão ou podem oferecer ao País. O que há de se dizer, de maneira simples e direta, é que, num período e no outro os ganhos são consideráveis e relevantes!

Não obstante ficar bastante patente os avanços ali mostrados e demonstrados e ficar caracterizado o alcance de notáveis resultados, não apenas no que diz respeito ao fortalecimento de suas instituições mas, o que é deveras saudável, no que respeita os fundamentos da economia, é preciso observar os exuberantes ganhos no campo social.

O exercício de comparação dos referidos períodos não se sabe a que serve porquanto, num olhar isento e distanciado das paixões ideológico-partidárias, tal prática parece só se destinar a alimentar o debate relativo à sucessão presidencial, bem como, a estimular o confronto dos interesses político-partidários dos grupos em confronto nos estados. Ou seja, só alimenta e realça a política menor e não agrega nada a discussão daquilo que é mais relevante e urgente na possível agenda para o País.

Se tais discussões estão enveredando para tal área de desconforto, os 20 anos de celebração da criação das chamadas pré-condições para a criação do real e o fim da inflação galopante, passou quase que em branco.

Não se realçou o papel que tiveram os planos que se poderia chamar de experimentais que antecederam o Plano de Estabilização da Economia, comandado pelo Presidente Itamar Franco. É bom lembrar que, para que tal ocorresse, foi necessário as fracassadas experiências dos Planos Cruzado 1 e o 2; do Plano Collor; do Plano Bresser e, já na gestão Itamar Franco, que Pedro Malan fizesse enormes acrobacias para renegociar, em condições muito especiais, a dívida externa brasileira, em Washington!

Até 1997, antes da crise econômica mundial iniciada na Tailândia, discutiu-se e levantaram-se especulações de qual seria o caminho a tomar pelos “policy-makers” brasileiros. Apesar dos temores e das inseguranças, em 1998, estabeleceram-se, em definitivo, os fundamentos da nova economia brasileira, apoiada numa nova moeda e sustentada na responsabilidade fiscal, no superávit primário, nas metas de inflação e no câmbio flutuante!

Também é bom considerar que, do ponto de vista institucional, o crescimento do País foi deveras significativo pois que, a transição democrática, conduzida pela sociedade brasileira e sem que o Presidente da República interferisse nas opções estabelecidas pelo Congresso e pela sociedade civil, ocorreu de maneira não traumática, culminando com a promulgação da Carta de 1988, chamada, com razão, por Ulysses Guimarães, de Constituição Cidadã.

Lula, que foi homenageado pelo Congresso, na celebração das ‘Bodas de Prata” da Cidadã, tentou explicar e justificar porque não votou e orientou os seus parceiros a não aprovarem o texto! As explicações e justificativa não convenceram mas Lula “deitou e rolou”, dado o seu carisma, o seu jeitão de “camelô” da democracia e de encantador de serpentes. E mostrou que ainda consegue o apoio de, pelo menos, 300 picaretas do Congresso que, submissamente, aplaudiam a sua receita de reforma política que, apesar de seus oito anos de exercício pleno do poder e mais quase quatro adicionais de Dilma de domínio majoritário do Congresso, não conseguiu fazê-la andar em qualquer sentido.

Na celebração dos 25 anos da Carta Magna, não se ouviu propostas estratégicas para os próximos anos para o Brasil. Os duzentos anos da Independência estão chegando e, até agora, as elite não esboçaram que País querem os brasileiros e o que é possível fazer em termos de suas carências, necessidades, sonhos e aspirações! Aliás não se sabe sequer o que fazer para controlar os “black blocs”, fazer o PAC andar, diminuir a farra fiscal e garantir as obras de mobilidade urbana para a Copa e estabelecer um debate mais profundo e sério entre os candidatos a sucessão presidencial. É uma pena!

É POSSÍVEL APRENDER ALGO COM A TURQUIA?

Instambul acaba de inaugurar um novo trecho de seu metrô, ligando o continente europeu ao asiático, integrando tal trecho, de 13 quilômetros, aos demais ramais ou linhas do sistema metroviário dos dois lados da cidade. A obra, que atravessa o Estreito de Bósforo, numa profundidade de 60 metros, teve atrasada a sua conclusão em quatro anos, porquanto foram encontrados relevantíssimos materiais arqueológicos com, aproximadamente, 8 mil anos! Mas, a obra em si, não durou, a bem da verdade, mais de cinco ou seis anos e meio para ser concretizada!

É importante lembrar que esse povo multiracial, durante o domínio dos otomanos, foi capaz de construir quase todas as grandes mesquitas como a de Santa Sofia ou a famosa Mesquita Azul, em pouco mais de cinco anos, em média! E, pasmem, o maior palácio da Turquaia, o Topkai, que ocupa uma área de 8 quilômetros e tem 750 mil metros quadrados de área construída, foi realizado em cerca de seis anos e meio!

A cidade conta com um sistema de transporte de massa que se transforma e moderniza em tal ritmo que faz inveja a qualquer cidade do Brasil! E tudo isso está sendo provido à população, praticamente nos últimos 10 anos!

Também, no quiadro de referências da paisagwm urbana nesse formigueiro de mais de 15 milhões de pessoas e que cresce à taxa de cinco por cento ao ano, os indicadores de violência se mostram declinantes e com índices que sugerem que o sistema de repressão, não só derivado de um policiamento ostensivo mas também de um sistema judiciário que não dá guarida à impunidade, vem funcionando a contento!

Apesar de 98% da população professarem a fé islâmica, a grande maioria defende não apenas o estado laico, mas também querem a manutenção dos valores e princípios democráticos.
Sentem, os turcos, que o governo do atual primeiro ministro, de 2002 até agora, vem fazendo enormes esforços modernizantes e de dinamização das atividades produtivas e, com isso, quase triplicou a renda nacional! E, com os olhos voltados para o amanhã, pretende, através de um esforço significativo de investimentos, levar a Turquia a atingir a posição de uma das dez maiorias economias do mundo.

Estabilidade das instituições, capacidade de administrar o conflito com os curdos — 25, de uma população total de 75 milhões de habitantes! — de forma a hoje existir uma convivência e uma coexistência pacífica entre os mesmo e, ter passado ao largo das reviravoltas causadas pela Primavera Árabe, mostra uma relativa solidez de suas instituições e a maturidade de sua democracia.

Ademais revela uma significativa competência gerencial que tem produzido notáveis resultados e garantido o apoio da maioria da população. Hoje o governo do primeiro ministro tem o respaldo de mais de 50% do eleitorado!

Diante das enormes dificuldades do Brasil, de resolver alguns problemas menores, como, por exemplo, de impedir que meia dúzia de “gatos pingados” baderneiros e a serviço de causas inconfessas tumultuem o País, ou de fazer o PAC e as obras de mobilidade urbana andarem, que tal sugerir a presidente Dilma, mandar um grupo de gestores visitar os “companheiros” turcos e descobrir como eles, num estado democrático de direito, conseguem fazer as coisas andarem e garantirem, sem exageros, a segurança e a integridade de seus cidadãos?

AINDA A TURQUIA!

O Primeiro Ministro da Turquia, na época da sua primeira escolha para conduzir o governo do País, havia obtido cerca de 37% dos votos da população turca. Na renovação do mandato, a sua aceitação subiu e ele teve mais de 43% das preferências. No terceiro termo, alcançou cerca de mais de 52% dos votos válidos. Ou seja, é uma gestão que cresce na confiança e no respeito da população.

Parece que a construção de uma sociedade que se pretende sólida, em transformação, mas com definições claras de vontades, aspirações e desejos, de médio e longo prazo definidos, passa, em primeiro lugar, pelo amadurecimento de suas instituições! Sem isso, as coisas não tenderão a acontecer. Claro que o processo de construção, aceitação e consolidação das instituições, não é simples e se subordina a vários testes e avaliações. Mas, quando ocorre, mesmo que ainda não totalmente maduras, ajudam a conduzir o País ao seu desideratum.

Também, referido processo de conquista de uma sociedade sólida e tendente a crescer, segundo os valores ansiados pelos seus concidadãos, passa por uma crescente consciência de cidadania, por um arraigado sentimento de auto-estima e, acima de tudo, por um tocante, afirmativo e acendrado amor pelo País.

Parece que é por aí que caminha a Turquia. Sendo 98% de sua população muçulmana, os próprios muçulmanos defendem a idéia de que um país laico é bem melhor para a vida, para as instituições, para a estabilidade da democracia e dos governos e para a convivência pacífica entre povos. Crêem os cidadãos que se o País regredisse e estabelecesse a religião de Maomé como oficial e obrigatório o seu culto, isto geraria grandes embaraços e dificuldades para o seu desenvolvimento.

A Turquia assusta a quem vem de fora pois, até mesmo o que foi construído a mais de hum mil e quinhentos anos, como a Igreja, depois Mesquita e depois Museu de Santa Sofia, uma obra monumental pelo tamanho e pela estrutura, só tomou 6 anos e meio dos turcos para a sua construção. O túnel, entregue agora na festa da independência, ligando a Europa a Ásia, durou pouco mais de cinco anos para a sua concretização! O metrô é entregue em etapas de mais de um punhado de quilômetros a cada cinco anos! Essa capacidade de fazer acontecer, por parte do poder público ou em associação com o setor privado, dar uma enorme inveja nos brasileiros, quando não veem as coisas acontecerem por estas nossa plagas!

Esse País, de mais de 75 milhões de habitantes e que foi sede de três grandes impérios que fizeram parte da historia da humanidade, começa a aparecer como um protagonista que pode até vir a ceder notáveis experiências de gestão pública para o Brasil. Com certeza, o equacionamento do sistema de transporte público, a redução da violência urbana e a dinamização das atividades produtivas, podem representar notáveis lições para o Brasil.

Tem o Brasil muito a aprender com os turcos, de ontem e de hoje!

UM PÉ NA EUROPA E OUTRO NA ÁSIA?

Entre os dois continentes, aqui na sede do Império Turco-otomana, o cenarista experimenta o sentimento nacionalista turco, na data de celebração da data nacional, sentimento esse expresso, não apenas na exibição generalizada dos símbolos da pátria, mas, também, da grande reverência do povo ao criador da república e ocidentalizador e modernizador das instituições e dos costumes da pátria turca, o Marechal Kemal Ataturk!

É possível vivenciar, aqui, dois sentimentos. O primeiro é de que, a Turquia, embora sendo um país de velhas tradições e muita história, ou melhor, sede que foi de três grandes impérios mundiais, o bizantino, o turco-otomano, o neo-bizantino e, agora, uma república construída faz 90 anos, parece ser uma nação feita por jovens que, como os de todo mundo, começam a ter consciência de sua responsabilidade e de seus direitos, na construção do hoje e do amanhã de sua pátria.

Isto porque, independentemente do País viver um bom momento e, mesmo dispondo a nação, de uma gestão pública competente, comandada pelo seu primeiro ministro, esse não deixa de sofrer sanções e protestos quando os defensores da chamada sustentabilidade, tão em voga no mundo de hoje, promoveram protestos, quase beirando a extrema violência, na Praça Taksim, há alguns meses atrás!

E, tais protesto, organizados pelos jovens, só diminuíram quando o Primeiro Ministro, mesmo com toda a sua popularidade, resolveu voltar atrás e rever a sua decisão inicial.

Tais manifestações de rua, a princípio, se deram em virtude da insatisfação dos referidos jovens diante de uma decisão equivocada do governo que aprovou projeto caracterizador de uma violência ambiental urbana. A proposta estabelecia a substituição de um tradicional bosque, no centro de Istambul, por um moderno complexo “de shoppings centers”, cujo maior apelo seria a geração de empregos e o possível embelezamento da paisagem urbana!

No dia de ontem, nas ruas da cidade, jovens, acompanhados, de perto, por milícias fortemente armadas e, equipadas com o que há de mais moderno para, se necessário, promover uma dura repressão de rua, mais uma vez fizeram os seus protestos. Agora, não mais contra a matéria da violência ambiental já vencida, mas contra a tentativa de reestabelecer algo que Ataturk havia, com muito sacrifício, no passado, promovido, que fora a separação entre estado e sociedade. Os jovens, não se sabe em que dimensão, mas parece não quererem, a princípio, o estabelecimento de um estado fundamentalista islâmico!

E o fazem em um momento em que a Turquia se coloca entre os países mais promissores para a atração de investimentos externos na Europa, apresentando um ritmo de crescimento da economia melhor que qualquer país da região — já que são parte europeus e parte asiáticos — e o clima, entre pessoas comuns, investidores e consumidores, é de que a economia vai bem e só tende a melhorar!

Ou seja, o que aqui se assiste, é o mesmo que se reflete nas manifestações por todo o mundo onde as aspirações dos jovens de todo o universo são, aparentemente as mesmas, só que a forma de expressá-las difere e os apelos podem ser circunstanciais ou de caráter mais específicos e particulares do país em causa.

Se no Brasil o “leit motif” para as manifestações de rua foi a conquista ou manutenção do valor da meia passagem, embora ela escondesse insatisfações acumuladas contra a operação das instituições, a classe política e a corrupção generalizada, bem como, diante da falta de hierarquização de prioridades dos gastos governamentais que não garantiam maior apoio à saúde, à educação e recursos para o combate à violência urbana, aqui, por detrás de um jogo de futebol entre gente do governo, no dia da festa nacional, o que se buscava era dizer que não se desejava que o estado pudesse voltar a cercear as liberdades políticas, os credos religiosos e as ideologias.

O que se sente, por aqui é que, no mundo asiático e africano, o anseio pelo exercício pleno da cidadania, estimulado pela integração que as redes sociais, via internet promovem, começa a se alastrar desde a primavera árabe.

E, a expectativa dos brasileiros de bons propósitos é que o País venha a ajudar a pobre América Latina a, também, vivenciar tal experiência de busca e conquista das liberdades civis, políticas e o estado seja liberto de amarras doutrinárias, ideológicas, religiosas ou populistas ao invés de ser uma nação subordinada as limitadas visões e experiência da pobre ilha cubana ou a triste republiqueta venezuelana.

BONS VENTOS? BONS AUGÚRIOS?

A semana termina com o ar de que, mesmo representando muito mais uma leve brisa do que ventos efetivos, é possível tomar um pouco de ânimo no que diz respeito à economia do País.

O FMI, mesmo preocupado com os desajustes fiscais, o repique inflacionário e a pequena dimensão da taxa de investimentos, embora fazendo uma série de ressalvas e mostrando uma série de dúvidas e incertezas sobre a economia brasileira, sugere que o o País está retomando o crescimento, embora a ritmo lento e, timidamente!

E isto vem num bom momento porquanto uma série de notícias vindas de fora, estimulam os analistas a apostarem que tais boas brisas, ajudarão a essa retomada e, se possível, a fazer com que o PIB brasileiro alcance patamares mais saudáveis e menos humilhantes!

Nessa esteira de bons indicadores, a China, retomou o ritmo de importações de minérios, matérias primas e grãos, dentro das expectativas de um crescimento de 7,5% a 7,8%, este ano. Apesar dos temores das repercussões, sobre emergentes, como o Brasil, de que os apertos e ajustes na política monetária chinesa pudessem vir a gerar comprometimentos nas importações de commodities brasileiras, parece que isto não irá ocorrer.

Também, o fim, pelo menos temporário, do embate entre os republicanos e o Presidente Barack Obama, permitiu que se respirasse mais aliviado por aqui na proporção em que o crescimento americano, mesmo com os prejuízos advindos dessa crise institucional, ficará em torno de 2,4% e os estímulos fiscais e creditícios à sua economia, da ordem de 85 bilhões de dólares/mês, deverão continuar. Dessa maneira os juros, também pelo que se espera e prevê, continuarão bastante baixos, não prejudicando a entrada de dólares para financiar os desequilíbrios de balanço de pagamentos do Brasil.

Se essas já eram duas boas novas para as perspectivas da economia nacional, a recuperação, embora lenta da Zona do Euro, depois de uma longa recessão, começa a dar mostras de “sinais vitais” pois, a Espanha, uma das mais pesadamente atingidas pela crise, voltou a crescer — 0,1% — e o desemprego caiu cerca de 0,6 pontos percentuais!

Parece que o quadro internacional conspira, favoravelmente, em favor do Brasil!

Se os ventos de fora são favoráveis, as coisas, internamente, começam a buscar o rumo mais próximo do que o bom senso recomenda. Dilma resolveu não confrontar com o BC e, ao que parece, Tombini e diretoria, engrossaram o pescoço, em termos de autonomia do BC e, enquanto a inflação mostrar resiliência e a política fiscal continuar frouxa, os juros básicos da economia serão aumentados. Mas, pelo que se pode ver, tal política já produziu efeitos e, algum resultado, pois que, esperava-se que a inflação fechasse o ano em torno de 6,5% e, ao que parece, deve fechar em torno de 5,6%! E, a ameaça, na ata do COPOM, de que os juros básicos podem chegar a 10,25% deverá contribuir para, mesmo com o aquecimento econômico de final de ano e os possíveis reajustes nos preços dos derivados de petróleo, segurar o índice de preços.

Na área fiscal, os dados de desempenho não são nada bons mas, o ingresso de 15 bilhões do Leilão de Libra, a apreciação do real, em mais de 12%, a não provisão e previsão de recursos do Tesouro para capitalizar o BNDES e um processo de controle nos gastos públicos, ora pelas limitações gerenciais em realizar os investimentos previstos, ora em face da crítica dura das oposições quanto à farra do boi com dinheiros públicos, os dados poderão ser melhor do que o aguardado até meados deste ano.

A própria Previdência, está se beneficiando com a manutenção do emprego formal em níveis elevados, com a formalização crescente das ocupações e com um salário médio que não para de crescer, afora o esforço do Ministro para conter os vazamentos lícitos e ilícitos, suaviza os seus dramas e agruras.

Até o Balanço de Pagamentos pode fechar o ano um pouco melhor do que o desastre anteriormente anunciado, face o sucesso do Leilão do Campo de Libra, dos possíveis leilões das concessões de estradas, portos e aeroportos, talvez alguma sinalização sobre o novo marco regulatório da mineração tudo isto poderá abrir espaços para uma entrada mais generosa de recursos externos, na forma de investimentos no País.

Se ainda não são bons ventos, pelo menos, o País deve terminar o ano com melhores augúrios!

ACERTAR NÃO É DIFÍCIL!

O Governo Federal é previsível. O cenarista poderia estar se jactando do que o antecipado no cenário de ontem, acabou se concretizando, do jeito que aqui foi abordado e antecipado. E, com certeza, é bom que se diga que o cenarista não tem vocação para advinho e não é nenhuma pitonisa. No caso, o que foi feito pelo cenarista foi juntar pedaços e montar o fácil quebra-cabeças, que o governo tentou armar.

E, aí, dá para antecipar o andar da carruagem ou, como dizem os nordestinos, perceber para onde as “malas batem”. O leilão do campo de Libra ocorreu como esperado, bem como, do jeito que o governo queria pois ele adotou todos os procedimentos conduzentes a alcançar tal desideratum. Ainda bem que não houve frustração das expectativas do governo! O consórcio ganhador foi aquele que o governo federal, as expectativas de Dilma, os sindicalistas e os remanescentes do Petróleo é Nosso, queriam!

O resultado não deixou de ser bastante interessante! Ninguém pode negar que, com o que ocorreu, aos poucos, o País vai começar a recuperar a credibilidade perdida junto a investidores internacionais e, até mesmo, a consumidores e investidores nacionais. Ademais, diante de tantas críticas ao atual modelo posto em prática, o tal do modelo de partilha, com a obrigatoriedade de ser a Petrobrás a líder do consórcio, a tendência é que alterações já estejam sendo pensadas!

Verificar-se-ão, daqui para frente, as exigências de pagamento antecipado dos leilões e as limitações para financiar a expansão de outras áreas do pré-sal. Também outras restrições levantadas pelo setor privado, serão melhor avaliadas.

Graças ao bom Deus e, aos chineses, que estão a representar os novos caminhos a serem perseguidos, pelo menos, pelo mundo dos emergentes, como é o caso brasileiro, as perspectivas começam a desanuviar! Já não está o país tão pessimista e sem crença no amanhã!

É bom que se diga que, após algumas dúvidas e incertezas sobre os rumos que tomaria a economia chinesa, as coisas voltaram aos bons tempos e os cidadãos, do chamado Império do Centro, continuam a comprar os nossos grãos, os nossos minérios e a quererem participar do pré-sal! E, quem sabe, também de investimentos em infra-estrutura, em mobilidade urbana e outros gargalos, ajudando O Brasil a fugir de um isolamento maior, que estava a ocorrer quando, inclusive, estava deixando de ser opção de negócios dos fundos de investimentos daqui e de alhures!

Se os chineses abrem os olhos para o Brasil, diante do seu, deles, protagonismo internacional, outros investidores e empreendedores virão na sua esteira e, em breve, como este cenarista já antecipou, até as obras de mobilidade urbana, que não andam nem a pau e, da mesma forma, até um PAC que não se move, poderão começar a se mexer. E diante do desenlace do “imbroglio” americano, sem alteração nas taxas de juros ali praticadas e nem modificação dos estímulos à economia do Tio Sam, só basta um ânimo maior da Zona do Euro para que o Brasil consiga alterar as suas perspectivas de crescimento da economia nacional.

Diante do que ocorreu com o leilão do pré-sal, as concessões de estradas, ferrovias, portos e aeroportos, tenderão a receber os bons fluídos e poderão acelerar o passo, dando guarida as propostas de investimentos desejadas pelo governo. Claro que elas não deverão ocorrer nas regras do chamado capitalismo de estado concebido pelo PT, nem subordinado ao idelologismo de Marco Aurélio Garcia, mas sim subordinado ao que se pratica no mercado internacional! Só alterando a concepção errrônea, estatizante, retrógrada dos ideólogos instalados no governo, é que as coisas poderão vir a ocorrer no Brasil.

E se o Governo Dilma se entusiasmar e resolver definir as bases do novo marco regulatório da mineração? E se a Miriam Belchior entender e convencer Dilma que, entregando aos estados e grandes municípios as obras do PAC, reduzir-se-á o desgaste do Governo Federal, os estados e municípios acelerarão o passo para a execução das obras e as mesmas poderão ser feitas com, pelo menos, um terço de economia diante do que custam, quando feitas pela União? Aí então o clima, o ambiente e as possibilidades de crescimento se alterarão, sobremaneira.

Há muitos ganhos com uma descentralização pensada estrategicamente e controlada sabia e oportunamente pela União, pelo Ministério Público, pelo TCU e pela mídia. Mas, requer um gesto de coragem e quebra de paradigmas herdados do estado monárquico, centralista e autoritário de tempos idos e vividos. Será que os brasileiros assistirão assim em breve?

O CAMPO DE LIBRA: QUAL A VERDADEIRA TRADUÇÃO?

Em meio a manifestações populares, aos incontidos vandalismos dos “black blocs”, aos debates já abertos pelos presumidos postulantes à sucessão presidencial, na agenda do governo, esse dia 21 de outubro, pode ser uma espécie de “turning point” ou ponto de inflexão nos rumos não apenas das chamadas concessões governamentais mas até mesmo da política de inestimentos.

Aliás, diga-se de passagem que, eufemisticamente, são concessões por prazos de 30 ou 40 anos e, prorrogáveis por igual período, e, não se permite, dentro do governo petista, que sejam chamadas de privatizações. Segundo os mais críticos do governo, qualquer concessão de um campo de petróleo que, ao final do período, os exploradores ou concessionários, só devolverão “o oco” ou o “buraco”!

Mas, da maneira que o governo está se conduzindo e conduzindo tal leilão, a tendência é que não se dissipem as desconfianças do mercado de que, não “há sinceridade nas manifestações de interesse do governo” vez que, a Presidente Dilma quer que, no leilão, a Petrobrás acabe abocanhando não 30%, como previsto, mas 40% do que for processado de extração de óleo no referido campo do pré-sal.

Ademais, a ausência de grandes grupos americanos e ingleses no leilão e, a presença forte de grupos chineses, parece indicar que há uma espécie de “wishful thinking” do governo de que ganhe o consórcio da qual participaria a própria Petrobrás. Aí cairia a “sopa no mel”, pois atenderia a esquerda sindicalista, que faz protestos em todo país contra o leilão dito “entreguista” — claro que a turma, para não perder a vez, embutiu, no meio de tal reivindicação de não entregar o petróleo brasileiro aos estrangeiros, uma propostinha de reajuste salarial de 16,5%, porquanto ninguém é de ferro!

Portanto, espera-se que não ocorra o que as más línguas estão a divulgar que o leilão ficará em apenas um consórcio, no caso, aquele liderado pela Petrobrás!

Por outro lado, os “tesouristas” só pensam nos 15 bilhões a serem arrecadados e a serem embolsados pela “Viúva”, sem entender que a recuperação da confiança dos investidores nacionais e internacionais, é fundamental para a retomada do crescimento econômico do País.

Um outro problema que preocupa nesse leilão é que, da Petrobrás, será exigido um volume de investimentos nos próximos anos, além da sua capacidade de caixa de realizá-los, mesmo com as vendas de patrimônio que a atual diretoria já está a processar! E, pasmem, o BNDES, tão generoso com empresários privados brasileiros e com governos latinos e africanos, não se ofereceu para bancar o financiamento de tal esforço, parecendo, para muitos, que o Banco não pertence ao mesmo governo!

Se o leilão prosperar, o que todos os brasileiros de boa vontade torcem, tal fato pode abrir um “estradão” para as demais concessões e, fazer com que, até as obras de mobilidade urbana, pudessem se beneficiar de tal clima. Aliás, o acordo entre Obama e a Oposição, postergando a quebra dos Estados Unidos e os dados de crescimento da China, são dados adicionais que podem abrir espaços para um crescimento menhos acanhado do PIB brasileiro, no próximo ano!

Caso contrário, se o Leilão se frustrar, a insegurança jurídica ficará caracterizada e, 2014 só terá, de perspectiva, um pibinho bem menor do que o deste ano e, possìvelmente, uma inflação maior do que a que será apurada este ano!

UM POUCO DE ECONOMIA MAS… COM POLÍTICA!

É difícil dissociar o que vai na economia do que vai na política. A economia apoia-se em expectativas, comportamentos de pessoas, grupos e instituições, tendências internas e externas, resultados já alcançados no passado, momentos e circunstâncias. E, a política é a própria criação dessas várias variáveis que interferem em tal processo econômico.

Agora mesmo, na abertura dos debates já com vistas a sucessão, a crítica de Marina pela desorganização imposta por Dilma, aos fundamentos da economia, tão bem respeitados por FHC e por Lula, afetou o “mood” de Dilma que não as aceitou, embora, elas fossem mais que procedentes.

Agora, a própria Presidente, em outro lance, demonstrando que Marina está sabendo bater onde mais sensibiliza e mais dói, Dilma resolveu, às pressas, lançar um programa de agricultura orgânica que, a bem da verdade, não entusiasmou ambientalistas, mesmo os mais comportados e menos beligerantes! Tudo para mostrar que se preocupa com a tal da sustentabilidade, tão ao gosto de Marina e de seus seguidores.

No “front” econômico direto, o BC resolveu estabelecer que é autônomo e independente, embora não se saiba até quando. Talvez Tombini queira resguardar a biografia e ficar bem no seu futuro mercado de trabalho, que, não se tem dúvidas, será o da consultoria econômica.

Tombini entrou em conflito com o Palácio do Planalto e, decidiu, cumprir o que acredita que seja o papel da politica monetária no que respeita ao controle da inflação. Abandonou a promessa-compromisso de Dilma de reduzir, a níveis civilizados, a taxa de juros básicas do País que, voltou, com folga, a ser a maior do mundo. E, prometeu, que não vai ficar por aí não, já admitindo que ela deverá, até o fim de dezembro, alcançar o patamar dos 10,25%! Mesmo para uma inflação que deve fechar o ano em 5,67%, o que, diga-se de passagem, é uma taxa elevadíssima!

Aliás, em aritmética simples, o movimento do COPOM leva a taxa de juros real a quase 5%, com certeza, a maior do mundo. Taxa essa, incapaz de atrair investimentos produtivos duradouros mas capaz de atrair investimentos especulativos o que, diante do buraco no Balanço de Pagamentos, não será de todo tão ruim para o País!

É importante mencionar que a economia tem mostrado sinais confusos. Embora a inflação se mostre resiliente, a sua tendência é, talvez, a fórceps, fechar o ano em 5,67%. Diz-se a fórceps, porquanto uma série de ajustes contábeis, acomodações e até alquimias foram praticadas para que a taxa fechasse próximo da meta que é de 4,%%!

Não fechou mas mostrou algum ganho diante do esperado no início do ano. Mas, para que isto fosse possível, deveriam ficar, para o início de 2014, a recuperação da defasagem de preços dos combustívis, de energia elétrica, de passagens de transportes públicos, represados até agora mas que, fatalmente, deverão sofrer reajuste no início do próximo ano.

É bom lembrar que juntar-se-ão a tais reajustes, as alterações salariais de início do ano, o efeito dos gastos com as anuidades e livros escolares, os reajustes de aluguéis, a limitação na oferta de produtos hortifrutigrajeiros, entre outros, que poderão dar um repique na elevação de preços, em geral.

Mas, entre os reais sinais confusos da operação da economia brasileira, estão a inesperada elevação das vendas do comércio em agosto e o comportamento inesperado e inusitado do emprego que cresceu, de maneira soberba, no mês de setembro! E nada desses movimentos, condizem com o que ocorreu com o PIB de agosto que aumentou em apenas 0,1%. O que estará ocorrendo? O IBGE está errando na Contabilidade Nacional, na montagem dos índices de desempenho da economia ou o que está a ocorrer?

Para que as notícias não sejam de todo confusas e pouco animadoras, os dados da evolução da economia chinesa, ao apresentar crescimento de 7,8%, frente a meta de 7,5, que cria boas expectativas para o comportamento das exportações brasileiras de minério de ferro e de grãos!

E, ainda, embora todos os dados chineses, gerem uma enorme inveja aos brasileiros, o que mais chama a atenção do que foi divulgado, diz respeito à contribuição da expansão do investimento que, no acumulado do ano, cresceu 20,2%!

Por fim, o anunciado leilão do Campo de Libra do Pré-Sal, vai acontecer, debaixo da proteção de um forte aparato policial e, subordinado aquilo que é a característica brasileira, qual seja, em se tratando de alguma a coisa tupiniquim, todas as expectativas são superlativas. O Campo que iria permitir a elevação da produção de óleo do País em mais 1 milhão de barris/dia, agora, segundo a Presidente da ANP, deverá chegar a produção de 1,4 milhão e o tal leilão poderá agregar às burras do Tesouro, mais de 15 bilhões de reais ( ou será de dólares?), o que abre boas perspectivas eleiçoeiras pois tais valores irão engrossar algum programa social gerador de votos fundamentais a reeleição de Dilma!

Eta, Brasilzão! Se não fosse o otimismo irrecuperável que domina todos os cidadãos de Pindorama, talvez os problemas e dramas do dia a dia já teriam mergulhado a nação numa enorme deprê!