NÃO PERMITAM, OS BRASILEIROS, QUE SE FRUSTREM AS ESPERANÇAS!

Lula disse, para alguns aliados, que o governo fez besteira ao lidar com as manifestações populares! Parece que Lula também sugeriu a Dilma que estaria na hora de mudar o perfil do grupo que formula e executa a política econômica. Aliás, Lula continua dando as cartas e, embora muitos façam muitas restrições a sua forma de se conduzir, ele ainda parece ser a pessoa mais lúcida do PT! Na verdade, ele estava e está certo!

O fato singular é que, nos últimos dias, ao lado da demonstração de insatisfação da população com as instituições e com o estado de coisas que enfrenta o País, de forma singular, parece que uma série de decisões tomadas estariam a indicar que se abrem novas perspectivas para o desenvolvimento e transformação do país. O quadro, embora caótica, parece que começa a apresentar sintomas de algo de bom pode estar por ocorrer!

Desde a aprovação da MP dos Portos, que deverá abrir perspectivas, deveras alvissareiras, de que irá o país se colocar mais competitivamente no que respeito as suas trocas externas, até as últimas decisões relativas as respostas as manifestações, tudo leva a crer que vive o país momentos de esperança e de otimismo. Isto vem desde as simbólicas reduções ou anulações dos aumentos das passagens de ônibus até as recentes decisões estabelecidas pelo Congresso Nacional, o País parece ter entrado em um ciclo virtuoso!

O Congresso rejeitou a PEC 37 e deverá rejeitar a PEC 30, duas violências contra as instituições do Brasil. A aprovação de proposta que transforma crimes de corrupção em crimes hediondos, além da aprovação dos novos critérios de distribuição do FPE, bem como a nova fórmula de utilização dos royalties do petróleo que cabem a União, são acenos de um novo tempo.

Por outro lado, a tentativa da União de propor uma reforma política, mesmo cometendo um equívoco relacionado a fazer a legitimização da proposta via plebiscito quando, na verdade, o instrumento mais adequado e viável é o referendum, poderá encontrar guarida na proporção em que, sendo ammpla, possa ser negociada com o Congresso, desde que não afete a sobrevivência dos pequenos partidos — cláusula de barreira — e, talvez, a questão relacionada as coligações.
Mas, pelo que se sente, o clima favorece que se venha a aprovar o voto facultativo, o fim de coligações proporcionais, a não aceitação de suplentes de senador sem voto, os vices eleitos pelo voto direto; o voto distrital misto, o financiamento público de campanha, além de um controle maior das pesquisas e uma possíbilidade do candidato avulso, para reduzir o controle ditatorial de dirigentes partidários ou os chamados pseudo-donos das legendas, são alguns dos pontos cruciais da possível reforma politica.

Mas, o que se deve sugerir aos poderes da República é que, as conquistas ocorridas até agora, não devam ser objeto de revisão por parte do Executivo, do Judiciário e do Legislativo. Por exemplo, não se pode aceitar que o Executivo resolva rever a decisão da Câmara dos Deputados a respeito da distribuição dos royalties do petróleo. Isto porque, representaria uma violência e um desrespeito aquilo que o povo definiu que deve ser sua prioridade. O que fez o relator da matéria, deputado André Figueirêdo, aquilo que a sociedade quer, precisa e exige!
Mudar, via decisão do Senado ou veto da Presidente aquilo que o Plenário da Câmara decidiu, é uma agressão que o povo brasileiro não vai aceitar.

Portanto, é bom que o Executivo entenda que, neste momento, não valerá à pena, violentar o sentimento e a prioridade que o povo estabeleceu com argumentos tristes e imprecisos como os que foram externados pelo Lider do Governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, do Pt de São Paulo.
Portanto, a hora é de ir agregando sentimentos e expectativas de caráter mais otimista a esse país que, nos últimos anos, foi sempre marcado por frustrações e desencantos.

É hora de ver a coisas acontecerem e de reverter situações de pessimismo como é o caso da área econômica, onde nada foi feito para promover uma inflexão da história do desempenho da atividade produtiva do País.
Será que Lula, para quem os seus adversários comentam, a boca pequena, que está em estado de desconforto em termos de sua saúde, terá a grandeza de esquecer os seus sonhos de poder e de seu partido e ajudar a rever esse quadro de destrambelhamento por que passa o País?
É bem possível que sim pois, é melhor agir com grandeza de estadista agora, do que assistir o desmoronamento de sua imagem a partir de sua omissão diante da incompetência de seus seguidores!

A RESPOSTA MAIS EFICIENTE: MELHORAR AS INSTITUIÇÕES!

A democracia é um regime de governo com muitas limitações e precariedades mas, ainda é o melhor dos regimes. A democracia representativa, com os “checks and balances” próprios e com o controle da mídia, já mostrava a sua capacidade de responder as demandas da sociedade. E, agora, mais do que nunca, diante dessa Ágora permanente e atenta que são as redes sociais, deverá ser aprimorada pelas manifestações da sociedade, colocando às instituições, as suas demandas, as suas reivindicações e expondo as suas insatisfações.
Embora os últimos dias tenham sido marcados mais por promessas de busca de atendimento das demandas das ruas e, os únicos gestos objetivos e, de resposta imediata a problemas colocados, foram assumidos pelos prefeitos das grandes cidades, tornando sem efeito os aumentos das passagens de ônibus autorizados, recentemente. Também, é bom que se frise que, os governadores, diante das manifestações e das tentativas de quebra da ordem e de vandalização de bens e patrimônios, se sentiram obrigados a fazer com que suas polícias, na defesa da ordem e no zelo para com a integridade das pessoas e dos bens públicos e privados, tenha aprendido ou esteja aprendendo a agir com firmeza, determinação e, ao mesmo tempo, com mais civilidade.
Mas, surpreendentemente, donde menos se esperava, surge a resposta mais objetiva e pronta às reivindicações do povo. Foi do Congresso Nacional ao atender a um questionamento da população a respeito da PEC 37 cuja aprovação, representaria uma violência às instituições, porquanto delimitaria o papel investigativo do Ministério Público na sua missão institucional de conter vícios e abusos, de toda orgem, cometidos por agentes públicos e privados, contra cidadãos e contra instituições. Se o gesto do Parlamento demonstrou uma atitude de respeito às demandas da sociedade, também representou um recado aos jovens procuradores que, no afã de mostrar serviço, as vezes enveredam para um estrelismo, um exibicionismo e uma certa leviandade em transformar qualquer notícia jornalística em base para o início de um processo investigatório. E isso, muitas vezes, leva a execração pública um cidadão inocente pela publicização intempestiva daquilo que não foi matéria apreciada com a profundidade e com os elementos cruciais para a emissão de um juízo de valor.
A outra decisão, também da Câmara dos Deputados, foi a que aprovou, com alterações de muita oportunidade e propriedade, o projeto de lei encaminhado pelo Executivo, relativo a destinação de parte dos royalties do petróleo que caberá à União, para uso exclusivo em Educação, conforme queria a Presidente e que, sàbiamente a Casa, resolveu destinar 75% para Educação e 25% para a Saúde.
Assim o relator, Deputado André Figueiredo (PDT-Ce), fez alguns “up grades” à proposta do governo que a melhoraram, consideràvelmente:

a. aumentou a base de cálculo de tal maneira que, em dez anos, ao invés de serem destinados 25,8 bilhões de reais para a Educação, serão cerca de 280 bilhões o que, realmente, muda a natureza do aporte e o seu significado;
b. ao invés de destinar todos os recursos para a Educação, resolveu orientar 75% para o fim principal e, para a Saúde, alocar cerca de 25%;

c. estabeleceu, para que tais recursos e valores pudessem ser alcançados, mudar a data em que tais percentuais seriam aplicados bem como sobre que contratos, de tal maneira que se pudesse alcançar o valor de dez vezes mais do que o inicialmente previsto.

A partir de tais fatos registrados no Congresso, certo está que, mesmo com um certo “time lag”, aquela Casa reagiu ao que Ulysses Guimarães chamava da “voz rouca das ruas”.
Quem tem memória do tempo das “Diretas Já”, onde os meios de comunicação, muito alinhados ao poder autoritário ou beneficiários desse mesmo poder, com raras exceções, só passaram a ouvir as manifestações populares, quando o movimento tomou dimensão de uma quase unanimidade nacional. E, o próprio Congresso que, agora, procurou agir rápido, à época, mesmo com toda a mobilização popular, ainda afrontou à sociedade, rejeitando a Emenda Dante de Oliveira, das Diretas, no Plenário, para consternação geral do País.

Porém, logo em outro episódio, no caso do Impeachment do Presidente Fernando Collor, quando o Congresso viu o tamanho do problema diante da manifestação dos jovens carapintadas, então, de maneira mais que ágil e, num processo até discutível quanto a sua legalidade, levou o ex-presidente a renunciar o mandato e, com isso, livrou o País de uma possível crise institucional.

O momento talvez ajude a que as instituições reflitam sobre as suas limitações, as suas incompetências e a sua lerdeza em dar respostas às demandas da sociedade.

Espera-se que, a partir de agora, os três poderes da República, saibam estabelecer uma agenda daquilo que mais atenderia aos direitos e as reivindicações da sociedade.
Que o STF não ouse deixar de punir ou, a partir de tecnicalidades jurídicas, tente suavizar a pena dos mensaleiros, pois as consequências poderão ser de difícil antecipação! Que o Presidente Joaquim Barbosa seja apoiado na sua busca de uma justiça mais limpa, ágil e menos discriminatória com os que podem menos e muito favorável aos que podem mais, através das medidas que, em breve, ele deverá propor ao Conselho Nacional de Justiça.

Que o Executivo entenda que o povo está farto e cansado dos mantegas, dos tombinis, dos luciano coutinhos, dos arnus augustinis, entre outros, que estão desmontando o que se construiu, com tanto sacrifício, que foram e são os fundamentos da economia — responsabilidade fiscal, metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante — e a confiança dos investidores nacionais e externos, na economia do País.
Que, reduzido o número de ministérios, de cargos de assessoramente superior (DAS) e de instâncias decisórias, seja possível acelerar a tomada de medidas destinadas a responder as inadiáveis demandas de conclusão das obras de mobilidade urbana; de superação dos gargalos da infra-estrutura; de redução das restrições do ambiente econômico. Espera-se ainda que a Presidente Dilma construa um pacto com TCU, MP e agências reguladoras, para que se superem as limitações e óbices à realização das obras e à atração dos investimentos e dos investidores internacionais para tanto.

Que o Congresso Nacional entenda que a reforma política é a única maneira de reconquistar, aos poucos, o respeito, a confiança e a credibilidade da instituição frente, notadamente os jovens e que, os políticos sempre lembrem o que dizia o velho Tancredo Neves “que esperteza é um bicho que acaba comendo o próprio dono”.

Se isto começar a acontecer, o País voltará a respirar um outro clima, a confiança se restaurará, a economia voltará a crescer e os brasileiros voltarão a acreditar no País e nas suas instituições.

Essa é a mais eficiente resposta a insatisfação, a intranquilidade e a revolta que toma conta das ruas!

O MESMO DO MESMO!

A montanha gemeu, gemeu e, pariu um rato! A reunião da Presidente não mostrou nada de novo. Nada impactante e nada que respondesse, pelo menos, um pouco, a angústia e a demanda das ruas.

Efetivamente, o “mis-en-scene” da reunião ministerial deu mostras de que, o que se buscou fazer foi apenas uma tentativa de transferência de responsabilidades para o Congresso, para os políticos e para os estados e municípios e, consequentemente, buscou minimizar a responsabilidade do Governo Central, em todo esse “imbroglio”.

A proposta de reforma política não se pode chamar de uma proposta efetiva na proporção em que a prometida reforma, na forma que se pretende encaminhar, peca não apenas pela presumida inconstitucionalidade da iniciativa bem como no que respeita a sua exequibilidade, notadamente quanto aos tópicos que ela deverá compreender e o Congresso que deverá examiná-la. Se for uma constituinte exclusiva, o que se imagina poderia trazer algo de novo e positivo, a escolha dos representantes será feita através dos atuais partidos políticos o que limita o seu escopo, eficácia e legitimidade.

Os investimentos em mobilidade urbana, não são recursos novos, notadamente os de volume maior, pois, pelo que se pode concluir da apreciação das fontes de recursos de investimentos, são aplicações do PAC, devidamente requentadas. Não se falou na criação de ambiente e estímulos para a entrada de investimentos externos para, por exemplo, em cinco anos, resolver a conclusão de todos os grandes projetos de metrôs e de veículos leves sobre trilhos! Esperou-se que baixasse o espírito chinês de agilidade, desburocratização e eficiência já que, no mesmo prazo, os filhos de Mao construiram 20 mil kilômetros de linhas de trens, de alta velocidade.

A proposta para a saúde continua sendo a de importação de médicos tanto cubanos como europeus e, insiste em não considerar que, o País “produz” 14 mil médicos por ano e, caso houvesse condições de equipamentos, medicamentos, paramédicos, laboratórios e telemedicina, nos rincões interioranos, os médicos recém-formados iriam, de bom grado, para tais lugares. Mas, sem hospitais de referência e sem tais instrumentos, a vinda de médicos cubanos também não resolverá o problema de melhora na qualidade dos serviços de saúde pública no País.

Quanto o projeto que prevê a aplicação dos royalties do pré-sal em educação, na sua totalidade, é bom que se qualifique que não são os royalties mas um percentual de um fundo soberando que será constituído dos rendimentos das apllicações dos royalties coletados pela União. E, pasmem, segundo quem vai relatar a matéria no Congresso, o valor de tais propalados recursos, em 2023, não chegará a 2,8 bilhões de reais/ano! Se isso for verdadeiro, tal promessa representará um desrespeito e um deboche aos brasileiros!

Mas, o que mais ficou patente no discurso da Presidente e de seus auxiliares mais diretos, é que nenhuma palavra foi dado sobre o que se pode definir como o estopim de todas as manifestações, que é a dramática piora nos indicadores econômicos e a corrosão dos orçamentos familiares, em face do recrudescimento da inflação.
Aliás, a nova classe média brasileira, constituida da tradicional e da nova e emergente população que ascendeu a essa posição, já atinge algo como cerca de 60 milhões de brasileiros e, manifestamente, com aspirações que vão muito além daquelas reivindicações e sonhos da população do bolsa-família. Mantega continuará a passear a sua convincente e brilhante incompetência pelos corredores palacianos; Tombini mostrando-se de estatura bem inferior ao cargo e, o “enfant gatée” de Dilma, o homem do Tesouro, Arno Augustini, continuará passeando os seus dois metros de capacidade de produzir bobagens, impunemente, pelos corredores do Ministério da Fazenda.
E, para completar, a Presidente se sente e age como tal, como alguém capaz de definir rumos e diretrizes para a política econômica, sem a necessária formação, sensibilidade e argúcia para tanto!

Diante desse quadro e, em face de uma classe política que não tem qualquer leitura do que se passa, não se tem idéia para onde as coisas marcharão.

O incêndio de quinze ônibus na Rodoviária de Brasília, em face de proposta de motoristas e trocadores de paralizarem os seus trabalhos, mostrou como os nervos estão a flor da pele.

Como as frustrações se acumulam, a descrença aumenta e as esperanças vão se dissipando, os mais céticos são capazes de imaginar que tudo é passageiro e, já e já, a crise desaparece. Quem está no poder acha que todos reagem feito o público do bolsa família e que, basta um vale qualquer coisa a mais e, as manifestações desaparecerão.

Os mais otimistas acham que é uma rebelião apenas da chamada classe média como se isso não fosse algo de muita seriedade e, não imaginam que isso pode ser a semente de uma revolução da cidadania onde, se as chamadas elites, no sentido weberiano da expressão, não cuidarem de abrir mão dos seus anéis, poderão perder os dedos.

É bom um alerta que, até o Paraguay está fazendo. “Acorda, Brasil, enquanto ainda é tempo para rever paradigmas, alterar cursos de ação e buscar um reencontro da sociedade consigo mesma, através de uma atualização e de uma revisão crítica de suas instituições.

EXCUSAS, EXCUSAS E MAIS EXCUSAS!

Será que os leitores desse humilde site imaginam que, dada a ignorância do cenarista, os seus comentários dos últimos cinco dias, ficaram apenas em intenções e rabiscos e rascunhos que não puderam ser publicados? É triste reconhecer tal fato e, pasmem, não encontrou esse cenarista quem o ajudasse a superar tão simples “ïmbroglio” que o privou de um agradável e frutífero contacto com os poucos mas fiéis leitores do site paulolustosa.com

Mas, agora, será possível fazer uma reflexão mais aprofundada, sem emoção, sem passionalismos, sem ideologismos, sem partidarismos e sem outros ismos que prejudicariam uma avaliação sóbria e equilibrada, não apenas do que foram e do estão sendo tais manifestações, de quem estaria por trás, como reagiram as autoridades e, até que ponto, será possível recompor um entendimento nacional capaz de encaminhar saídas para os problemas levantados pelos manifestantes.

O que se sabe é que, como disse Norberto Bobbio, lá nos idos de 1996, a nova Ágora que iria fazer operar a nova versão da democracia direta, viria a ser a internet, mesmo que, àquela época, Bobbio não imaginasse como se construiriam as redes sociais e como elas seriam o passaporte para a construção do novo conceito de cidadania e de organização da sociedade civil.

E, a partir de agora, mesmo após os 5 pontos do pacto de Dilma, ainda confusos e não claramente operacionalizáveis, a classe política ainda não se deu conta de que, ou ela se prepara para os novos tempos, ou, com certeza, será atropelada pela chamada voz rouca das ruas.

Amanhã este cenarista voltará, com uma discussão mais objetiva, sobre o que a Nação quer e, com os meios que o Executivo tem, ficar claro a capacidade de garantir que as respostas sejam dadas em tempo hábil antes que se esgarce o tecido social e, efetivamente, os protestos atinjam um nível do incontrolável.

O QUE ESTÁ HAVENDO?

De repente, mais que de repente, sem que houvesse nenhuma explicação, protestos pipocam Brasil afora! As manifestação recrudescem e se espalham por todo o País. Nada orquestrado nem a serviço de qualquer partido, ideologia ou interesse, pois ninguém assume a liderança de tais movimentos. E, aqueles que são ouvidos, informam que não são ligados a nada e nem a ninguém e que querem distância de partidos, de autoridades e dos governos!
“Não sei para onde vou, não sei com quem vou, só sei que não vou por aí”, conforme os versos de José Régio, poeta português!
Até agora, os analistas de plantão, os cientistas políticos, os antropólogos e outros pseudo entendidos em manifestações populares, ainda não conseguiram estabelecer a causa os as causas de tanta mobilização. No princípio, falava-se que o aumento das passagens havia sido a gota d’água. Nem mesmo o protesto contra a péssima qualidade dos serviços de transportes públicos das grandes cidades, conseguiriam estabelecer a redução das causas de tal explosão de indignação.
Tais movimentos talvez se insiram na linha daquelas manifestações como as ocorridas na Europa — na Grécia, na Espanha, em Portugal e, até na França — contra as medidas de austeridade que geraram o desemprego, a perda de renda e a redução dos benefícios sociais garantidos pelo estado.
Ou, algo como o que aconteceu com a chamada Primavera Árabe. Ou ainda, com o movimento “Occupy Wall Street” que representou, na terra do Tio Sam, um amplo protesto contra a ganânica financeira, a corrupção e a desigualdade social.

Aqui, a coisa passa pela revolta contra a política econômica que não consegue conter a inflação e fazer a economia crescer. Contra os gastos públicos feitos com os próprios investimentos nos estádios de futebol onde a ineficiência e a corrupção ficaram patentes e a população se rebelou pelo fato de que os investimentos destinados à segurança, à saúde pública, ao transporte de massa, foram, como que, esquecidos!
É uma reação diante da leviandade, da irresponsabilidade e da incompetência da classe política — “eles não nos representam…”, conforme manifestação da maioria dos jovens.
É o povo demonstrando, à saciedade, que, esgotou a sua paciência e chama a atenção de que não dispõe de canais de interlocução e canais para expressar as suas insatifações e frustrações com o status quo e, via a mobilização permitida pelas redes sociais, estabelece a chamada Ágora moderna.

Aliás, Norberto Bobbio já antecipava há trinta anos atrás que, diante das limitações da democracia representativa e da precariedade dos mecanismos e instrumentos da democracia direta — o referendum e o plebiscito — a única maneira de o povo se manifestar sem ser instrumentado e nem usado por grupos políticos e ideológicos, seria através da internet.
Esse portentoso instrumento é capaz de mobilizar tantos em tão pouco tempo, de forma pacífica, para dizer que chegou a hora de um basta nos desmandos, no desrespeito aos seus direitos, na incapacidade de gestão da coisa pública por parte dos governos e, mais ainda, da incompetência das elites para auscultá-lo e, segundo as suas expectativas, de se conduzir segundo as suas prioridades e interesses.

Desde a Primavera Árabe, o povo passou a dizer que está aí e é dono do pedaço e, insiste em reforçar a idéia de que os canais tradicionais de manifestação de suas insatisfações estão entupidos e incapazes de ouví-los e de levá-los a sério!
O problema que se coloca é, onde isso vai e quando vai parar? O que as elites apresentarão de idéia criativa ou idéias criativas para reduzir a desconfiança, a descrença e a desesperança desses que não são filhos do bolsa-família, nem do PT, nem dos tucanos, nem da direita e nem da anarquia?

Não são, também, filhos do vandalismo e, são, a bem da verdade, jovens de todas as origens, de todas as classes e de todos os segmentos, que não suportam mais esse universo em desencanto que é o País que eles tem a convicção que lhes pertence e que as suas atuais lideranças estão desperdiçando oportunidades e sacando contra o seu futuro!

Será que, num enorme e urgente “tour de force”, um esforço dramático e urgente, por cima de todas as prioridades, buscando resolver os problemas de transporte de massa nas grandes cidades, serviria para amenizar o problema? Será que, um mutirão na área da saúde pública, permitiria fazer o povo entender que o governo o está respeitando? O que será que permitiria recriar esperança consequente?

UMA SELEÇÃO COM A CARA E O JEITO DO FELIPÃO!

A estréia do Brasil foi boa. Não se pode dizer que foi surpreendente e brilhante. Mas, o que é muito relevante, soube construir um bom resultado. A postura tática está quase encontrando o padrão desejado pelo Felipão. Claro que, aqui e alí, alguns falhas de cobertura ainda preocupam bem como a criação que ainda não chegou a um estilo que agrade o torcedor. Oscar, Paulinho e Hulk tem feito um grande trabalho mas, a bem da verdade, ainda não atendem as expectativas dos brasileiros.
Oscar pode render muito mais e, Paulinho, no momento em que é posicionado mais adiantado, acaba ajudando na criação e, como ocorreu no jogo da França e, agora, do Japão, fez gols de extremo oportunismo!
Este cenarista acha que Hulk merece ser titular por ser o mais disciplinado tàticamente e por ser criativo e um bom garçom, ou seja, ele assiste muito bem a quem está nas suas proximidades.
Fred tem cumprido um papel maior do que aparece. Prende a defesa, inferniza os defensores com o seu posicionamento e, sempre está no lugar certo, na hora certa. Claro que não tem a criatividade e o talento de um Neymar que, a propósito, fez uma excelente partida.
Chama ainda a atenção o fato de que, as peças são substituídas e a qualidade e ritmo do desempenho da seleção não tem caído. Ademais, o preparo físico é bem avaliado pois, a seleção não mostrou, no todo e em nenhuma de suas peças, a exaustão que, por exemplo, o Japão mostrou nos vinte minutos finais.
No mais, apenas uma manifestação que irritou bastante a Presidente Dilma, que foi a sonora vai que lhe foi imposta pela torcida. A vaia provocou um inusitado puxão de orelha de Joseph Blatter na torcida brasileira. Dilma poderia ter reagido como reagiu Washington Luis, ao ser vaiado quando ia apanhar o paquete em direção ao exílio: “a vaia é o aplauso dos que não gostaram”!
Agora é aguardar o México que, segundo sabem os brasileiros, é muito mais difícil que o Japão mas, que, pelo andar da carruagem, com o apoio da torcida e a disposição de luta para afirmar-se perante o torcedor brasileiro, deve ter um bom desempenho.

Amanhã, passada a ressaca de uma bela vitória brasileira, este scenarium deve discutir algo que intriga aos patrícios pois que, de repente, mas que de repente, o Brasil destrambelha e, as coisas começam a dar quase todas erradas quando antes vinha dando, aparentemente, tudo certo! Por que?

MANIFESTAÇÕES, QUAL A RAZÃO?

Poucos analistas proocuraram aprofundar a discussão das possíveis causas ou das possíveis razões que porventura poderiam explicar o pipocar de tantas manifestações de rua, contra, não se sabe o que nem a quem!
Dizer que são manifestações orquestradas por grupos de petistas numa tentativa de desviar o foco da crise existencial que vive o governo da Presidente Dilma e mostrar que as questões e problemas do povo não devem ser atribuídas a ela mas, sim, a governos estaduais, como é o caso de São Paulo, não explica a diversidade de grupos étnicos, níveis de renda, natureza de protestos – a favor de índios, de gays ou de outros — que estiveram alí presentes. Máxime, no caso de São Paulo onde, o aumento de tarifas foi estabelecido pelo Prefeito, que é do PT, enquanto que a dura repressão policial, foi promovida pelo governo do estado, que é do PSDB!
Por outro lado, não parecia representar uma manifestação contra a carestia ou contra o desemprego! O aparente “leit motif” seria o aumento das passagens de ônibus que, diante do ajuste abaixo da inflação, não caberia tamanha reação e repercussão. Seria por conta da péssima qualidade dos serviços públicos, notadamente de transportes nos grandes centros urbanos? Tal fato não seria suficiente e não justificaria tremenda reação da população.
Seria a presença de vândalos, baderneiros e outras figuras marcadas pelas mesmas atitudes em outros eventos, cujo propósito seria apenas, de tumultuar o quadro? É pouca explicação para tal tumulto e, eventos esses a ocorrer, ao mesmo tempo, numa explosão quase simultânea de tais sentimentos em vários pontos do País!
Segundo Cacá Diegues, o fenômeno extrapola os conflitos de interesses de grupos políticos ou ideológicos ou a reação contra uma decisão que provocado revolta na população, mas, diferentemente de uma Primavera Árabe, assemelha-se mais ao que ocorre com os movimentos da Turquia onde, a mera retirada de árvores no parque da cidade de Istambul, gerou uma explosão de ressentimentos, inclusive contra o Primeiro Ministro, super bem avaliado pela população, como um todo.

E qual seria a explicação possível? Seria um cansaço com a representação política onde as pessoas não se sentem representadas e, ao mesmo tempo, com os chamados mecanismos da democracia direta que, no mais das vezes, descambam para o autoritarismo e a tirania, sem resolver a crise existencial que domina as sociedades dos grandes centros urbanos. Ou seja, as pessoas estão insatisfeitas com o conjunto de circusntâncias e de problemas e, na verdade, não sabem a quem recorrer nem que perspectiva antever para superar as dificuldades, recriar esperança consequente e, viver os sonhos sonhados.

Seria esta a explicação mais plausível?

CRISE, QUE CRISE?

A LÓGICA DO PUXADINHO!

Por mais que a Presidente Dilma e seus principais auxiliares procurem demonstrar despreocupação com a queda dos índices de popularidade dela e do governo, fica patente o desconforto e, pior que tudo, a incapacidade de devolver tranquilidade e confiança aos agentes econômicos e aos formadores de opinião do País.

O pessimismo sobre o desemprego chega ao mais baixo patamar desde de 2009 e os dados indicam que as pessoas acham que ele vai aumentar (o índice subiu de 31 para 36%). As pessoas também acham que a economia não vai crescer como esperado e que a situação tenderá a piorar na proporção em que a inflação, para os cidadãos brasileiros, irá subir, pois esse índice aumentou de 45 para 51%. A desconfiança externa cresce e a bolsa desaba atingindo um dos seus baixos níveis. Caiu a 49 mil pontos!
Os Fundos de FGTS e de Previdencia caem assustando os pequenos poupadores, ampliando os temores de aposentados e pequenos investidores!

Por outro lado, há uma sensação de que passou, face as conveniências da negociação política, a intolerância contra a corrupção diante de uma certa leniência em relação aos mensaleiros e a volta de politicos já defenestrados pela própria Dilma. Dois diretores do Banco Central pedem demissão e Arno Augustini, o homem forte da Fazenda e do Tesouro, vive maus momentos.

O próprio Delfim Netto, sempre consultado por Dilma, diz que a única maneira de superar o problema será a adoção de uma proposta de déficit nominal zero. Aí é preciso ser muito “macho” para assumir tal idéia e fazê-la operar. Só assim as expectativas negativas, a desconfiança externa e o pessimismo irão diminuir.

E, insista-se, a grande questão para o governo, é como reverter tais expectativas pessimistas e como manter a sensação, notadamente nas classes C, D e E, de bem estar.

Usando uma oportuna expressão de uma respeitável e acreditada jornalista do País, a situação se torna mais preocupante na proporção em que inexiste uma política econômica consistente, coerente e objetiva, tornando as intervenções do governo, pontuais, específicas e limitadas.
Na verdade, o País não tem visão estratégica de longo prazo nem tampouco um planejamento para, pelo menos, um período de governo. Até mesmo a política econômica, antes montada no quadripé responsabilidade fiscal, superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação, hoje opera ao acaso e ao léu.

Segundo Eliane Cantanhede, a lógica da política econômica é a do “puxadinho”, ou seja, se o real se aprecia, o BC intervém e compra dólares. Se a inflação mostra sinais de recrudescimento, então o COPOM auamenta a taxa SELIC. Se o consumo das famílias cai, então mais incentivos para compra de veículos, linha branca, etc.

E, por detrás de tais ações emergenciais, intempestivas e precárias, está apenas, a preocupação com a queda de popularidade de Dilma. É assunto que ainda vai tomar muito tempo dos analistas, da classe política e dos pretendentes a Presidência. E aí estarão os partidos e os seus líderes, reexaminando posições, alianças e alternativas para se posicionar frente as suas expectativas de poder.

VIOLÊNCIA E INSEGURANÇA: ATÉ QUANDO?

Se o assunto crise econômica ainda vai consumir tempo e interesses os mais variados, a questão da insegurança está se tornando algo incontrolável. Qualquer mobilização popular está se transformando em eventos que desnudam a falta de políticas públicas adequadas para o enfrentamento do problema.
Está aí São Paulo, em situação dramática pela elevação estúpida dos índices de criminalidade e violência de 2012 pare cá. Santa Catarina, com os incêndios criminosos de ônibus e demonstração de que o crime organizado enfrenta as autoridades constituídas, sem destemor é outro exemplo que assusta. O Ceará mostra uma quase situação de pânico pois, a escalada de violência atinge níveis incontroláveis e, o proprio governo, faz um mea culpa e diz que, apesár dos seus pesados investimentos no setor, a situação tendeu a piorar.
Atribuem, no caso do Ceará, o domínio do mundo das drogas patrocinando o crime, as chacinas e a ousadia dos bandidos frente à polícia. E, não houve Ronda do Quarteirão que minimizasse o crime. E o que fazer se, a nível nacional, não há políticas e ações específicas?

E A QUESTÃO REGIONAL? FOI PARA AS CUCUíAS!

Se os dois temas já discutidos representam uma agenda pesada e difícil a ser encaminhada pelo país, os nordestinos estão fulos da vida pela inexistência de uma política de desenvolvimento regional, notadamente diante da impiedosa seca que se abateu em 2012 e 2013.
Por outro lado, a não agilização dos investimentos estruturantes prometidos para a área; as oportunidades que não podem ser aproveitadas, pela falta de infra-estrutura adequada, nas áreas de turismo, plataforma de serviços, pesca em cativeiro, flores e frutas tropicais, exploração de fontes alternativas de energia; o andar, num enorme sem-vontade da União, dos projetos da Transposição, da Transnordestina e dos investimentos em petróleo e siderurgia, geram a enorme desconfiança de que o governo nada tem na cabeça, nas intenções e nas ações, projetos e providências destinadas a enfrentar o problema do atraso regional.
Aí está a seca, no aguardo de uma estratégia de convivência pacífica; as refinarias da Petrobrás que, de tantas promessas de prazos não cumpridos, já estão sendo chamadas pelos cearenses, de refinareias; os prometidos estaleiros, e, as obras já mencionadas, que patenteiam a precariedade do compromisso e da seriedade com que o Governo Federal trata os nordestinos!

E, para qualquer analista, se se juntam tais elementos de crise, a possibilidade de que a queda da popularidade de Dilma seja uma tendência, é muito significativa. E, aguarde-se pois Lula, o Salvador da Pátria, já se credencia para, diante do malogro do “poste”, voltar a dar luz!

AINDA A QUEDA!

Um assunto que não quer sair da mída diz respeito à queda de popularidade de Dilma. O alvoroço toma conta das hostes petistas, que procuram minimizar o problema dizendo que, “não vimos nada demais” ou “são oscilações naturais “ou ainda que, representa “um incidente de percurso e será superado, ràpidamente”!

Na avaliação do episódio da queda de popularidade de Dilma, uma primeira pergunta é se tal é apenas um incidente de percurso ou se representa uma tendência diante do quadro de problemas econômicos, políticos e de relacionamento do governo, com vários segmentos da sociedade e, particularmente, com a classe política.
Com a sociedade civi, por exemplo,os problemas com o funcionalismo público, com médicos e com professores, além de insatisfação crescente da classe média, episódios recentes como o dos índios, tendem a comprometer, ainda mais, o prestígio de Dilma.
Há alguns analistas que admitem que as causas maiores situam-se no campo da articulação política porquanto, no mais das vezes, o governo não tem tido sucesso no trato de questões, matérias e medidas de interesse da Presidente
Dilma, junto ao Congresso. E, como consequência, as derrotas em matérias relevantes até agora e, a perspectiva dos resultados de votação de matérias de alta relevância para o Governo, são dados que geram um ambiente nada favorável a Dilma.
E isto se deve a completa má vontade da Presidente no trato com os políticos e com as suas indiossincrasias o que, na maioria das vezes, tem conduzido a relacionamentos tensos, a tratamentos grosseiros e a não atenção às demandas e pleitos dos parlamentares, quer como grupo quer individualmente.
Outro aspecto que talvez tenha influenciado a atitude da população em relação a Dilma, é que, se no passado ela vendeu uma imagem de gerentona, eficiente e não leniente com a corrupção, o pac empacado, as obras da copa que não andam, as concessões sendo autorizadas a passos de tartaruga, o pibinho, a aceitação de membros, no seu governo, com “ficha suja”, retiraram a aura tanto de competência como de seriedade da Sra. Dilma.
Diante de tal quadro, alguns desdobramentos estão em curso. A oposição que andava murcha e desentusiasmada, agora tomou novo ânimo e passou a acreditar que “vai ter jogo” e a reeleição de Dilma não será mais favas contadas.
Marina, Aécio, Eduardo Campos e outros possíveis aspirantes, tomaram novo ânimo e, a partir de agora, vão acelerar as suas incursões na abordagem dos eleitores.
Se isso ocorre nas hostes das oposições, dentro do campo petista, os lulistas e suas vivandeiras, estão ouriçadas e já começam a se movimentar no sentido de, na hipótese da situação de prestígio de Dilma piorar, já estarem preparados para o retorno do filho de Francisco ao poder. Lula, segundo dizem, está naquela de, “se for para o bem do povo e felicidade geral da nação, diga aos brasileiros que voltei”.
Como consequência de tal episódio, Dilma está fazendo um parece que amargo regresso à política econômica de FHC e de Lula, pensa em mudar os seus articuladores políticos e, pessoalmente, busca a Presidente, estabelecer uma caricatura de “Dilminha, paz e amor”.
Por outro lado, já há um assanhamento de partidos como o próprio PDT reexaminando a sua posição e, reavaliando se deve ou não deve definir, agora, com quem caminhará na sucessão de 2014.
E o bravo PMDB, oportunista e pragmático, descompromissado com a sua história e com os seus protohomens, refaz a sua contabilidade e conclui que, diante da perda de prestígio de Dilma, a fatura a ser apresentada, do governo, vai além daquilo que, inicialmente, a agremiação estava a cobrar.
E, diante de tal quadro, o momento é de aguardar quais desdobramentos tal pesquisa gerará. Alguns acham que, se na próxima pesquisa, a situação não se aprofundar em termos de perda de prestígio da Presidente, então tudo passará e, tudo voltará “como dantes ao quartel de Abrantes”. Se não, aí, as repercussões sobre a política econômica poderão ser nefastas e a gestão pública poderá pagar um alto preço pois os interesses em recuperar prestígio e garantir dividendos político-eleiçoeiros, poderão comprometer, em muito, a ação do governo.
É esperar para ver em que vai dar tudo isto!

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Quanto as causas da queda, ninguém ousa estabelecer uma ou várias razões para tanto. A oposição se prende a idéia de que foi mesmo a economia, parafraseando o velho James Cargill (“it’s the economy, stupid!)! Outro grupo de pretensos analistas buscam encontrar resposta no campo dos erros políticos cometidos por Dilma e a sua troupe.

A Oposição volta a tomar gosta e a acreditar que a reeleição de Dilma não são mais favas contadas e que, se o quadro se deteriorar, Lula poderá até se ensaiar como candidato. É claro que a primeira preocupação é não deixar o quadro piorar e, mesmo não querendo, o governo revisita as políticas econômicas de FHC e revisita os tempos do inefável Pallocci, para Dilma!
O PMDB, pelo seu oportunismo e pragmatismo, admitindo que Dilma estará mais fragilizada, irá apresentar uma senhora fatura!
Partidos relativamente menores como o PDT e o PTB, diante da inconsistência das práticas partidárias, considderando apresetna 4 7

A COBRA ESTÁ FUMANDO!

Os dados relativos à queda de popularidade de Dilma — uma queda de 8 pontos percentuais — já estão a preocupar as hostes petistas, porquanto tal queda conduziria a que Dilma, candidata à reeleição, mesmo que ganhasse já num possível primeiro turno, a vitória ocorreria de forma apertada (51%), ou seja, no limite!
Mais que as preocupações petistas, a sociedade como um todo, está temerosa pois, o exame de suas causas e uma avaliação do que deve ser feito para preservar o capital político-eleitoral da Presidente, pode levar a estratégias e ações de governo, capazes de comprometer o crescimento e a qualidade da gestão da coisa pública nacionais!

Diante de tais circunstâncias, valeria à pena examinar quais fatores explicariam tal queda e qual o nível de consistência dos elementos que a explicam.
Em segundo lugar, seria útil avaliar se tal queda representa um acidente de percurso ou revelaria uma tendência.
Em terceiro lugar, quais providências ou medidas poderão vir a ser tomadas, por parte do governo, no sentido devolver-lhe a tranquilidade e o “céu de brigadeiro” que navegava até agora.
E, finalmente, se o estilo Dilma de ser, não continuará a provocar embaraços, descontentamentos e problemas, junto a sua base de sustentação parlamentar de tal forma que isto venha a impedir a existência de uma colaboração efetiva para ajudá-la a reverter as tendências de deterioração de alguns indicadores da economia e da gestão pública.

A deterioração dos indicadores econômicos – redução das expectativas do crescimento do PIB; aceleração da elevação de preços, notadamente daqueles que mais afetam os orçamentos familiares, bem como a renitência de uma inflação anualizada de 6,50%; o aumento do déficit previdenciário já maior em 8,5% em relação ao mesmo período do ano passado; os déficits nas contas publicas do primeiro trimestre bem como do balanço de pagamentos, que aumentaram de 13 bilhões para 32 de reais, na área fiscal e, as contas externas que tiveram uma elevação de déficit de 13 para 33 bilhões de dólares, só nos três primeiros meses do ano; além da queda da confiança e das expectativas de consumidores e de empresários.
Por outro lado, os dados revelados sobre o desempenho dos investimentos publicos realizados pelo Governo Federal, revelam que apenas 17% do previsto para o ano, foram realizados atê agora. Isto mostra um pífio desempenho e um empacamento do PAC, notadamente no momento em que o País mais precisa de uma aceleração nos investimentos para reduzir a tendência de um crescimento menor do que o desejado e o esperado do produto interno bruto e, adicionalmente, de fatores que colaborarem para uma redução das tendências de aceleração da taxa de inflação.

O processo de desindustrialização, apesár do excelente crescimento do último mês do setor industrial, não sinaliza que esteja sendo suavizado ou minimizado diante dos incentivos oferecidos pelo Governo Federal — redução de encargos sobre a folha de pagamentos, diminuição de alíquotas do IPI e PIS?COFINS, diminuição de custos de energia elétrica, entre outros — e também diante da apreciação do real, em face do pessimismo e desânimo que ainda toma conta do comportamento dos industriais.

Também, há que considerar que, no maior colégio de Dilma e do PT, que é o Nordeste, três elementos contribuiram para a queda de popularidade. A seca impiedosa e a não tomada de providências de caráter mais estrutural; a redução do poder de compra dos orçamentos familiares pela inflação e a lambança promovida pela Caixa Econômica sobre o Bolsa Família, cujos reflexos ainda são sentidos até agora.
Finalmente, a ameaça da agência de rating Standard & Poors, de reduzir o “grading” concedido ao Brasil à época de Lula, assusta a investidores, faz tremer a bolsa e retira confiança de empreendedores. Diante de todos esses fatos, a pergunta que fica é se tal fato, representa uma tendência e, consequentemente, se as coisas não mudarem, Dilma continuará a perder pontos e prestígio ou não!
A resposta é quão é difícil antecipar o que virá a ocorrer. Alguns fatos novos podem vir a acontecer e reverter a tendência. Ou, caso não ocorram, tal fato poderá aprofundar a queda nas preferências populares em relação ao governo petista.
Se a inflação não mostrar redução nos próximos meses; se os juros básicos continuarem a subir, como parece ser a determinação do BC; se as contas públicas continuarem a se deteriorar; se a economia não for injetada de algum otimismo adicional e se as relações com o Congresso Nacional não melhorarem, para que os projetos do governo sejam aprovados com oportunidade e celeridade, então as expectativas do PT de que o fato não tem maior relevância e não interferirá no seu projeto de poder, irão por águas abaixo.

E, quais providências ou medidas poderiam ser tomadas pelo governo para que se estanque a queda? Crer este cenarista que, uma mudança de interlocutores políticos junto ao Congresso, uma suavização do estilo Dilma de ser, notadamente frente à classe política, além de um choque de gestão destinado a fazer com que as ações de governo não andem a passos de tartaruga, poderia minimizar o problema.
Finalmente, é crucial levar em conta que, embora os caciques do PT achem que a queda de popularidade seria algo que não preocupa, dois dados chamam a atenção. O primeiro foi que a queda ocorreu em todas as regiões, em todas as idades e em todas as faixas de renda. E o segundo é que, a queda gerou ganhos de espaços aos possíveis concorrentes de Dilma à Presidência — Marina com 16%, Aécio com 14%, Eduardo Campos com 6% e, até as chances de Joaquim Barbosa aparecendo nas pesquisas de opinião, já se revelam — mostram que, talvez, um outro cenário esteja se forjando.
Parece, a primeira vista que, todos os possíveis concorrentes se mostram agora competitivos e a campanha deverá ser estimulada, aquecendo-se e, gerando decisões do Governo que, provavelmente irão na contramão dos interesses do País e mais na linha de interesses político-eleiçoeiros.