A SEMANA PROMETE!

Na próxima quinta-feira a Bandeirantes deverá promover o primeiro debate entre os presidenciáveis. A campanha começará a decolar a partir de agora, onde a desconstrução da história e do perfil dos candidatos; a falta de consistência das primeiras idéias; a convergência de opiniões relativas aos  conceitos de continuação e continuidade, além dos temores relacionados a não “tocar”, nem de leve, no mito Lula (lá nas alturas, em termos de prestígio junto à opinião pública), fizeram com que, até agora, não se tenha campanha efetiva.

As próprias pesquisas, embora mostrem cinco pontos percentuais de vantagem de Dilma sobre Serra, ainda não definem tendências e nem antecipam resultados ou perspectivas de vitória de qualquer dos candidatos.

Por outro lado, embora as análises qualitativas registrem uma série de indicadores que favorecem Dilma, o que se aguarda é que os debates, a maior exposição dos candidatos junto à mídia, além da organização dos palanques estaduais, comecem a estabelecer contornos mais claros do “andar” da campanha. A campanha continua “chocha”, sem grandes emoções e sem nenhum atributo para entusiasmar, mobilizar e empolgar o eleitorado. Mas não é só a campanha presidencial que sofre com esse desinteresse profundo. As campanhas estaduais também sofrem desse mesmo mal.

Espera-se que, com Lula derramando “lágrimas”, não se sabe se em face da “descida da ladeira” do poder ou do antever “o crepúsculo outonal da sua carreira artística” ou ainda, se, para emocionar o eleitorado e sensibilizá-lo em   favor de Dilma, Lula “derrete-se” diante de  qualquer referência ao passado ou de algo que possa tocar o eleitorado do bolsa-família. E por aí deverá ir caminhando a disputa eleitoral. Por enquanto nada que diga a qualquer analista político, para onde as coisas andam!

PT CONTRA PT!

Depois das acusações relacionadas com a montagem de vários dossiês contra adversários poderosos, como FHC e Dona Ruth, Serra, “invasão” nos registros fiscais pessoais do vice-presidente da Executiva Nacional do PSDB, Eduardo Jorge, agora o PT se volta contra o próprio PT!

Diga-se de passagem, que até bem pouco tempo, só a variedade de correntes ideológicas já levava ao confronto de idéias e ao um digladiar duro entre as várias vertentes de pensamento… Mas, a luta pelo poder ou pelo controle das diversas fontes de poder, tem provocado prejuízos enormes ao partido. Segundo a mídia nacional, há um grupo no PT, inclusive se tem insinuado que até o grupo do ex-presidente do partido, Ricardo Berzoini, estaria à frente da montagem de um dossiê contra a filha de Guido Mantega, a modelo Marina. A acusação seria de tráfico de influência junto a órgãos ligados ao Ministério da Fazenda e a alguns fundos de pensão. A desestabilização de Mantega interessaria a quem? O PT tem que esclarecer gesto tão inaceitável contra os seus próprios companheiros! Aliás, Mantega, que conseguiu tudo além de seu talento e competência, não estaria pretendendo e nem ousando mais do que a sua competência poderia conquistar, que já foi muito e muito além do que o ministro poderia ousar.

E OS RAFALES VEM AÍ!

Finalmente o Ministério da Defesa concluiu o seu exaustivo exame sobre as alternativas de renovação da frota de aviões supersônicas da Força Aérea. A opção, considerando os aspectos de transferência de tecnologia, de associação na construção dos aviões cargueiros para a Aeronáutica pela EMBRAER, em associação à Dassault, além de performance, preço, custos de manutenção e abertura de novos negócios e parcerias, recaiu sobre os Rafales.

O parecer do Ministério da Defesa será levado ao Conselho de Segurança e ao Presidente Lula para “bater o martelo”. Dizem alguns que o assunto seria transferido para o ou a novo(a) dirigente do País. Argumentam outros que Lula, pela sua vaidade pessoal, não perderá a oportunidade de concretizar o negócio antes de findo o seu mandato a não ser que o Congresso Nacional crie embaraços à sua concretização.

HÁ ALGO NO AR ALÉM DOS AVIÕES DE CARREIRA?

A Copa do Mundo frustrou a todos os brasileiros. A política, até agora, não conseguiu empolgar os cidadãos. Aliás, nem mesmo onde a disputa é mais próxima, no caso, as disputas de governador, as pessoas ainda não sentem que o que irá ocorrer em 3 de outubro, diga respeito ao seu hoje e ao seu amanhã. A mesmice domina a cena das disputas eleitorais.

A justiça, coadjuvante importante no processo político-eleitoral, “faz de conta” que quer se impor, mas a legislação eleitoral que, interpretada pelo Ministério Público Eleitoral, mais parece a antiga Lei Falcão. Ou seja, limita a circulação das idéias, o confronto de opiniões e não contém o que mais descaracteriza o pleito que é o uso da máquina e o abuso do poder econômico. Até a mobilização da sociedade para excluir aqueles que não têm currículo, mas sim folha corrida na polícia, talvez não venha surtir efeito.

A chamada Lei da Ficha Limpa encontra interpretações díspares nos vários tribunais eleitorais e, quando chegar ao Supremo já encontrará, pelo menos, cinco votos no sentido de convalidar a idéia de que ela não pode e não deve ser aplicada para estas eleições. No mais, a economia vai bem, mas já sofre o impacto das medidas destinadas a conter a sua expansão, não só internamente, mas o impacto da crise do euro e a lenta recuperação americana. Também os problemas decorrentes  dos estrangulamentos de várias ordens que se apresentam para o crescimento brasileiro, são elementos a preocupar sobre que desempenho a economia nacional alcançará em 2011.

Na verdade, vive o país aquela expressão tão a gosto deste cenarista: a monotonia da normalidade. Claro que nessa presumida “normalidade” enquadra-se até mesmo a escalada da violência urbana, a quase “universalização” do uso das drogas, particularmente do “crack”, cujo acesso já vai dos mais pobres até as elites, além dos crônicos problemas de acesso à saúde, pelas populações mais carentes, o estrangulamento das cidades – falta de transporte de massa; habitações em áreas de risco; precariedade da oferta de saneamento ambiental; etc. – e a precariedade dos índices qualitativos da educação além da incapacidade das elites dirigentes de “vender” sonhos e esperança consequente à população.

A banalização da violência, a constância dos problemas urbanos crônicos, a precariedade dos compromissos dos governantes com a saúde e a educação, geram um ar de cansaço na população como um todo.

Por outro lado, continua o País na leviandade de não olhar para frente e não antecipar problemas e nem estabelecer cursos alternativos para propiciar soluções para desafios que se colocam ao desenvolvimento do País, além de, nem sequer, cuidar de viabilizar as ações e os investimentos exigidos pelas conquistas importantes como a Copa do Mundo, os Jogos Mundiais Militares e os Jogos Olímpicos.

As pesquisas eleitorais, já não mexem com as pessoas, como um todo, pois a credibilidade de tais levantamentos está “subjudice”. Pelo menos na cabeça do povo e na avaliação de especialistas, nada parece dizer que alguma coisa, de fato, mudou ou até mesmo, estaria acontecendo na cena política nacional.

Portanto, não há nada no ar além dos aviões de carreira!

O QUE É ESQUERDA E DIREITA NO BRASIL?

Para alguns, o desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, simbolizada pela derrubada do Muro de Berlim, marca não apenas o fim da guerra fria, mas também o quase “fim das ideologias”, segundo presumidos antecipadores da história, como Fukuyama.

Ou seja, até aquele momento, o confronto entre a ideologia socialista ou comunista ou de esquerda e a chamada ideologia de direita, também admitida como a ideologia do liberalismo ou, até mesmo, confundida como o chamado “Consenso de Washington” – receituário destinado a reformular as economias emergentes para superar estrangulamentos ao seu crescimento -, apresentavam alternativas de organização da sociedade e estruturação das economias em propostas, aparentemente, diametralmente opostas.

Segundo historiadores, a partir da década de noventa, a proposta liberal tornou-se única e hegemônica, em todo mundo, à exceção de locais ermos, exóticos e teimosamente renitentes como Cuba, Coréia do Norte e alguns estados fundamentalistas. Claro está que uma tentativa personalista e inusitada é buscada, nos dias que correm, pela Venezuela e pelo populista Chávez, mas que, embora tenha tentado levar os seus ideais da chamada Revolução Socialista Bolivariana a pequenas repúblicas sul americanas, não tem conseguido resultados objetivos. Por outro lado, o que restou na Europa do comunismo e, até mesmo, do socialismo, ou encaminhou-se para uma social democracia já hoje fora de moda, como a partidos de esquerda que, na verdade, não tem mais da visão primeira de capitalismo de estado que se pretendia com a chamada revolução proletária universal.  Assim, o sonho socialista ficou como que quase caricatural, exteriorizado por movimentos populares pouco convincentes – os MST’’ da vida – e por partidos obsoletos, com discursos que não mais sensibilizam, notadamente, os jovens.

No Brasil, segundo Plínio de Arruda Sampaio, ex-petista e um comunista respeitável, candidato a Presidente do PSOL, o que resta dos sonhos de igualdade de oportunidades e de uma sociedade socialmente justa, ficaram restritos a apenas três partidos de esquerda, no caso o PSOL, o PSTU e o PCdoB.

E Plínio atribui tal esvaziamento das esquerdas no País, ao papel deletério cumprido por Lula, desmantelando o PT, fazendo alianças espúrias, negando princípios e compromissos, frustrando jovens, intelectuais e homens e mulheres sérias deste país e, praticando um pragmatismo cínico e cheio de concessões à ética, à moral e à decência.

E, a partir desse processo de desestruturação do sonho socialista, a nível internacional, e da globalização que invadiu e assumiu todos os campos da convivência humana, o reflexo no Brasil levou hoje a uma confusão “dos diabos”. Ou seja, até pouco tempo, ser liberal era mesmo que ser de direita raivosa, injusta e propugnadora das concentrações de poder, de renda e de prestígio, nas mãos das chamadas elites. E ser de esquerda, representava ser o defensor dos direitos das minorias, o guardião da ética, o construtor do futuro de igualdade de oportunidades, o defensor da diminuição das diferenças de rendas e de outros sonhos de fraternidade e igualdade.

Mas, mais que de repente, as ações de Lula e do petismo, levaram a um processo tal de descaracterização do quadro político-ideológico que hoje, os petistas chamam Serra de homem da direita e, até a pobre da Marina Silva, é acusada pelo PSOL, PSTU e PCdoB de governista, no máximo de centro e, contraditória por admitir que sustentabilidade ambiental e crescimento econômico são compatíveis.

O PCdoB e o PSB deixaram de ser sequer socialistas, não só pelo seu arraigado governismo e pragmatismo, mas o próprio PSB, ao admitir como seu candidato a governador de São Paulo, o Presidente da FIESP, Paulo Skaf! O templo maior do chamado “capitalismo selvagem e entreguista”, segunda a esquerda de outrora, traveste-se de guardião dos valores socialistas mais caros!

Na verdade, ninguém sabe mais quem é de esquerda e direita e nem tampouco se tem uma clara idéia de quais são os valores, os símbolos, os ideais e as propostas de construção da sociedade, hoje defendidas pelos que se auto-intitulam de esquerda.

A confusão é tal que, quando Dilma defende valores de direita, muitos acham que ela faz apenas uma manobra no sentido de não afastar os conservadores até a realização do pleito. Quando Serra diz que, pela sua formação não pode se colocar contra qualquer programa de compensação social ou de distribuição de renda, os petistas o acusam de estar mentindo à sociedade, pois ele foi sempre contra o bolsa-família.

A coisa está de “vaca desconhecer bezerro”, como se diz na gíria popular. Não se tem um norte nem para dividir os líderes em progressistas e conservadores nem tampouco para saber quem fala o que pensa e o que sente de quem apenas é um boneco de ventríloquo nas mãos de seus marqueteiros.

O que se imagina é que, nesta eleição, apenas vão os brasileiros escolher o “produto” melhor acondicionado, melhor apresentado e que tenha mais chance de enganar o eleitorado e lhe parecer mais palatável, mais simpático ou, para os mais lúcidos, “o menos ruim”, não importando quem se rotula e se auto-rotula de esquerda ou de direita. Pois, o que se sente é que não faz qualquer diferença, nesse quadro político-eleitoral, o que pensa o candidato e, talvez, nem sequer, se é ficha limpa ou ficha suja.

A HORA É DE PROPOSTAS OU DE DESCONSTRUÇÃO?

Todos estão cobrando propostas dos candidatos a Presidente. Nenhum deles, até agora,  sugeriu um projeto nacional coerente, consistente e convincente. Para onde vai o Brasil? Quais são os seus maiores desafios? Quais são as suas maiores dificuldades e que reformas serão necessárias para atingir tais objetivos? Essas são as indagações dos segmentos mais elitistas do país.

Os pequenos assalariados aguardam alguma coisa que reduzam os seus medos — a violência e a truculência da própria polícia; a pobreza e a precariedade da saúde pública que afligem os clientes do SUS; a expectativa de garantia de emprego e a melhoria da qualidade do ensino capaz de permitir a melhora dos seus rendimentos no seu emprego -. Os filhos do bolsa-família esperam a continuidade e a melhoria do valor do bolsa-família, além dos outros programas de compensação social.

Por outro lado, para atender a orientação dos seus marqueteiros, os candidatos têm sido pródigos em promessas que, para muitos, são improváveis de serem cumpridas. Marina promete desmatamento zero em todos os biomas; mobilização de 350 mil agentes sociais e de saúde para capacitar os beneficiários do bolsa-família; aumento de 80% do investimento em cada estudante brasileiro.

Já Serra promete bolsa-extra para alunos de escolas técnicas; dobrar o bolsa-família e aumentar o seu volume de recursos; entrega de remédios para pobres e aidéticos, em casa, pelo correio.

Dilma propõe o aumento dos salários dos professores; dobrar o bolsa família; incluir a reforma da casa no programa Minha Casa, Minha Vida; PAC 2 no valor de 958,9 bilhões em obras.

A crítica que os comentaristas fazem é que as propostas são demagógicas e difíceis de serem viabilizadas. Mas, o que agora entra na pauta dos debates entre os candidatos, tem sido a chamada “desconstrução” dos pretendentes ao cargo de mandatário maior do País. O povo desaprova tais caminhos, dizem alguns marqueteiros.

Na verdade, se o PT diz que o bolsa-família é seu, esqueceu que quem o criou, inicialmente, foi o Prefeito de Campinas, Magalhães Teixeira, já falecido, que era do PSDB. Quem deu dimensão maior e o tornou conhecido dos brasileiros, foi o ex-governador do Distrito Federal, Cristóvão Buarque, que hoje cobra a parternidade do programa.

Quando Serra diz que criou os genéricos, o PT rejeita a paternidade dizendo que o projeto foi criado pelo Ministro Jamil Haddad e teve a iniciativa legislativa do deputado Eduardo Jorge, do PT de São Paulo. Até o programa de apoio aos aidéticos, os petistas dizem que Serra não o criou, mas sim o governador Franco Montoro, de São Paulo. Também alegam os adeptos de Dilma que Serra mente quando diz que o programa saúde da família foi criado por ele, quando, segundo alegam foi, na verdade, criado por Collor.

Mas, cada vez mais, os candidatos acabam tendo que esquecer o mantra de Lula  “nunca na história desse país…” ou, praticamente, nada aconteceu antes de Lula e, aos poucos, começar a entender que tudo é processo. Aí Dilma deu o “start” nessa nova fase quando, no encontro patrocinado pela BM&F/BOVESPA, em Nova York, reconheceu que “as grandes conquistas da economia ocorreram nos últimos dezesseis anos”!

Da mesma forma, quando se fala nos elementos fundamentais para garantir a estabilidade da economia, todos eles foram criados no governo Fernando Henrique – Lei de Responsabilidade Fiscal, superávit fiscal, câmbio flutuante, metas de inflação -, mas que foram “maturados” ao longo das várias crises que a economia brasileira enfrentou e os experimentos que foram processados pelos economistas, na tentativa de controlar o processo inflacionário nacional.

Até mesmo Marina Silva sofre do processo de desconstrução feito pelas esquerdas mais radicais — PSOL, PSTU e PCB — que dizem, entre outras coisas, que Marina é governista, tem um discurso contraditório — não há como conciliar crescimento econômico com preservação do meio ambiente — apoia o governo Lula e tem medo de enfrentar temas polêmicas.

Então, os brasileiros acham que  está na hora de “baixar a bola”, parar com a desconstrução, limitar as propostas irrealizáveis e discutir que país os brasileiros querem e têm direito, examinando as restrições, os desafios, os problemas a enfrentar e estabelecer uma hierarquização de prioridades para atingir os objetivos desejados.

O MESMO DO MESMO!

Saiu uma nova rodada de pesquisas sobre as eleições nacionais. Nada mudou a não ser a enorme discrepância entre os dados apontados pela pesquisa do Instituto Vox Populi e os dados apresentados pelo DataFolha. A diferença, na Vox Populi a favor de Dilma é de oito pontos percentuais, o que, realmente, chama a atenção de todos os analistas. Na pesquisa DataFolha, cujos dados estão sempre em sintonia com a pesquisa IBOPE, Serra está um ponto à frente de Dilma.

Na verdade o Vox Populi reflete, em parte, o “wishfull thinking” do seu dono, no caso o jornalista Marcos Coimbra bem refletido nos seus artigos semanais publicados na imprensa nacional. Portanto, o Vox Populi continua destoando, a sua credibilidade diminuindo e Marcos Coimbra não conseguindo esconder ou dissimular a sua opção preferencial.

Diferentemente de Carlos Augusto Montenegro, o todo poderoso dono do IBOPE que, espertamente, sabe conciliar os seus interesses e a garantia da credibilidade do Instituto, fazendo aproximar da realidade os seus levantamentos na proporção em que o pleito vai se aproximando e as tendências vão se revelando.

O que se conclui dessa rodada de pesquisas é que “tudo continua como d’antes no quartel d’Abrantes”, ou seja, Dilma e Serra e, até mesmo Marina, continuam nos mesmos percentuais de dois meses atrás. Dilma e Serra empatados tecnicamente no entorno dos 37 a 39 por cento e Marina nos 9 a 11%. E, a não ser que haja algo tão inusitado até a primeira semana do programa de rádio e tv, nada deverá mudar.

Mas, uma análise dos dados por estados revela situações que até surpreendem. Por exemplo, no estado onde o PT é o senhor absoluto dos votos, Serra vence, Marina é a segunda e Dilma a terceira! Na Bahia e em Pernambuco, onde a popularidade de Lula vai a mais de 80%, Dilma tem 43 e Serra 32, no primeiro estado e, em Pernambuco, Dilma tem 46 e Serra 36! São diferenças excessivamente pequenas para o que se esperava de desempenho de Dilma. Da mesma forma surpreende o Rio onde, apesar da força do governador e do prefeito, Dilma só atinge 37% enquanto Serra já alcança 31%.

Da mesma forma, surpreende o que acontece em Minas Gerais, onde o candidato a governador que apoia Dilma tem 44% enquanto o candidato de Aécio só alcança 18% e, pasmem, Dilma tem 35 e Serra tem 38%. Esperava-se que Serra apresentasse um desempenho bem mais significativo no Sul e no Sudeste, onde ganha em São Paulo de 44 a 30; no Paraná, de 45 a 30; no Rio Grande do Sul, de 46 a 34. Claro que são tais diferenças que lhe garantem o empate técnico com Dilma, mas poderia ter um desempenho maior porquanto o bolsa família não tem impacto maior nas mentes e nos corações dos eleitores.

Nas disputas estaduais, os números de Minas, do Rio, da Bahia, de Pernambuco, do Distrito Federal, do Ceará, eram os resultados praticamente esperados. No Rio Grande Sul surpreende a liderança de Tarso Genro, com doze pontos percentuais na frente de José Fogaça, embora os pontos percentuais da governadora Yeda Crusius mostram que a eleição não está decidida.

Assim, pelo que se pode avaliar dos dados atuais onde, claramente, a grande maioria do eleitorado ainda não tem definições claras das suas opções, pelo menos a nível nacional, o que se espera é que quem tiver melhor discurso para chegar a tais indecisos leva o butim.

Ademais, é bom lembrar que, quando começam as definições das eleições estaduais, então irão ficar mais nítidas as opções nacionais porquanto o eleitor está sempre mais ligado ao poder que lhe é mais próximo do que ao poder nacional. Aliás, só as candidaturas que empolgam ou que são quase mitificadas como as de Getúlio, em 1950, e de Lula, em 2002, tendem a mobilizar a consciência nacional. No mais, as pessoas estão mais ligadas no seu governador do que no seu presidente.

CRESCIMENTO BRASILEIRO: O QUE ESPERAR?

Segundo comunicado especial da Secretaria Geral da CEPAL, o Brasil deverá crescer a sua economia, em 7,6%, este ano. A América Latina, como um todo, terá um bom desempenho à exceção do Haiti – por razões mais que óbvias – e da Venezuela, em face dos chamados “experimentos” destinados a construção da “República Socialista Bolivariana”.

 Para 2011 a previsão da CEPAL é que o Brasil cresça a taxa de 4,5%. As explicações para o bom crescimento deste ano derivam da base anterior baixa, face à crise econômica internacional e do uso de capacidade instalada ociosa.

Já a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) advertia que o crescimento do PIB brasileiro alcançou o seu o ponto máximo e não há mais espaço para melhorias. Isto porque, para a OCDE, a crise européia pode ter o seu segundo momento, e os empresários brasileiros queixam-se da alta carga tributária, das elevadas taxas de juros, dos escorchantes encargos sociais sobre a folha de pagamentos de pessoal e de um ambiente econômico insatisfatório em vários sentidos. Além disso, as empresas médias e pequenas agregam, entre outros fatores, que limitam a sua expansão, a falta de acesso aos recursos de financiamento de longo prazo, notadamente os oferecidos pelos bancos oficiais, fundos de pensão e bolsas além do elevado custo das administradoras de cartões de crédito.

Na verdade, a grande pergunta é o que poderia ser feito para manter uma taxa de expansão da economia, na média de 7% ao ano se, de 1870 até 1980, o Brasil cresceu, continuadamente, em torno de deste percentual?

De forma simplista, o que apontam os economistas é que, se a taxa de investimento não for elevada dos atuais 17 ou 18% deste ano, para algo em torno de 25%, dificilmente será possível alcançar tal objetivo.

Ora, como dar tal salto se, ao invés de uma significativa redução dos gastos públicos de custeio, o que se tem observado é uma espécie de “farra do boi”, em inaceitável desregramento que só faz forçar a um aumento da carga tributária bruta do País? Como será possível superar tal “constrangimento” ao crescimento se crescem os encargos da dívida pública interna? Como enfrentar a oportunidade que se apresenta ao país de reduzir a miséria se as limitações de mão de obra reduzem as expectativas em termos de aumento da produtividade física do trabalho e, consequentemente, do aumento do salário real?

Por outro lado, as restrições logísticas em termos de comunicações, energia, transportes de toda ordem, limitam o aumento de eficiência, reduzem a competitividade dos produtos, criam embaraços à ampliação das exportações brasileiras e impedem maiores ousadias do empreendedorismo nacional.

Na verdade, a desaceleração dos emergentes já se iniciou neste segundo semestre, notadamente na China e no Brasil, segundo dados relativos à mensuração do EMI (Índice de Mercados Emergentes) que caiu de 57,4 no primeiro semestre para 55,8 no segundo semestre (expansão só ocorre com o índice acima de 50).

Talvez, diante das perspectivas de negócios promissores nas áreas de petróleo, mineração, turismo, copa do mundo e jogos olímpicos, o País atraia um volume considerável de recursos que não encontrarão oportunidades de negócios nem na Europa, nem nos EUA e nem no Japão. Claro está que a política de juros elevada do Brasil ajuda a atrair capitais especulativos, mas, de qualquer forma, alimenta as bolsas e os negócios internos, garantindo o “funding” de curto prazo para os empreendedores nacionais. Ademais, o volume de fusões pode ajudar a internalizar mais recursos no País.

Por outro lado, o que ocorre com os chamados CIVETS, sigla para denominar “países emergentes promissores” – Colômbia, Egito, Turquia, África do Sul, Vietnam e Indonésia – aliado ao tamanho e dinamismo do mercado interno nacional, ajudarão a vislumbrar perspectivas mais interessantes para o crescimento, pelo menos, pelo lado da demanda. Se se alia a tal, o ingresso de mais brasileiros na chamada classe média emergente e os limites ainda existentes de expansão do crédito, bastaria que uma reforma tributária reduzisse os encargos sobre a cesta básica e sobre os serviços industriais de utilidade pública – energia, telefonia, água, esgoto, lixo – para as populações de baixa renda, então mais se ampliaria o mercado interno.

É importante ressaltar que uma espécie de luz amarela, no que respeita ao crescimento do País, está se acendendo, inclusive, quando se considera a entrada de investimentos externos, o Brasil caiu quatro posições, de décimo país que mais recebia investimentos estrangeiros, para 14º.

Apesar de tais indicadores e análises preliminares, os presidenciáveis não mostram preocupação e nem apresentam propostas para superar tais limitações, na crença de que o eleitorado não está nem aí para tais questões, mas para demandas e sonhos mais imediatos como o bolsa família, alguma coisa palpável em termos de combate à violência e algo para melhorar o atendimento médico e o transporte de massa, venha a ser posto, de forma convincente. Não interessa se possível e viável, pois os governos acostumaram o povo a acreditar que a Viúva tem grana para fazer qualquer coisa. Basta querer!

OS CONTENCIOSOS DE CADA UM!

Dilma e Serra têm várias coisas em comum. Nenhum dos dois é simpático e agradável no trato. Nenhum dos dois é um padrão de beleza. Nenhum dos dois tem humildade ou sabe como industrializá-la, para aparentar serem menos agressivos ou menos pretensiosos e arrogantes.

Ambos foram de esquerda, sendo que um militou como Presidente Nacional da UNE e a outra vinculou-se a movimentos de guerrilha e, consequentemente, ou foram presos e torturados ou foram para o exílio.

As semelhanças param por aí. Serra “sofre” para fugir da pecha de que não é representante legítimo  daquela “elite branca e preconceituosa contra pobre, nordestino, trabalhador e sindicalista”, de São Paulo. A outra, no caso Dilma, vem angariando antipatias, não apenas pelo seu jeito de durona, autoritária e, muitas vezes, grosseira, mas até mesmo para mostrar a sua competência como gestora e coordenadora dos principais programas do governo Lula. A frente da Casa Civil, particularmente, angariou antipatias dos seus companheiros de partido, da classe política e de burocratas do governo. Mas, agora, na campanha, Dilma sofre com a má vontade da quase unanimidade da mídia nacional. Os donos dos conglomerados de comunicação assustam-se com ela, suas propostas e os que a cercam. Os que “bancam” a mídia, com as suas gordas verbas publicitárias, estão em estado de alerta, diante das idéias colocadas ou aceitas por ela, não só no Programa Nacional de Direitos Humanos, mas no próprio primeiro programa de governo, entregue ao TSE. Os jornalistas têm manifestado sua tremenda insatisfação com a forma com que são tratados por ela. Alguns acham que ela não tem “jogo de cintura”. Outros acham que, só quando monitorada por Lula, ela não comete escorregões. Outros ainda acham que ela pode  estar enfrentando problema de recaída no seu estado de saúde, o que estaria provocando cansaço maior e estresse mais que suportável.

Se com a mídia a coisa não anda bem, no caso da Justiça, a coisa parece andar pior. O TCU foi acusado por Lula e Dilma de que, sendo composto por ministros ligados a oposição, o Tribunal tem sido um empecilho ao desenvolvimento dos grandes projetos estruturantes do País. O TSE, apesar de já tê-la multado pela sexta vez, continua a não ser respeitado e o próprio presidente busca “troçar” das suas punições.

Agora, Dilma e o PT, estão propensos a processar a vice-procuradora eleitoral federal, Sandra Cureau, por denúncias ao comportamento desrespeitoso à legislação eleitoral vigente, da campanha de Dilma. Aliás, insinuam Lula e Dilma que o parte do Ministério Público pretende afastá-lo da campanha de Dilma por ser defensora, tal parte, da candidatura de Serra. A mídia vê, na atitude do governo, manobra intimidatória contra o Ministério Público Eleitoral Federal.Se as questões com a Justiça e com a mídia são de difícil administração, há ainda a dificuldade de lidar com a classe política – o episódio com a vereadora e candidata a deputada estadual do PSB, em Belo Horizonte, foi constrangedor! – e com os problemas da candidata com os ambientalistas que, ao que parece, não são fáceis de conduzir!

Se Dilma enfrenta tais problemas, além da pressão que é exercida sobre ela pelos radicais do seu grupo gestor de campanha e das cobranças dos seus correligionários do PT, também Serra tem sérias dificuldades, principalmente no Nordeste – acham os nordestinos que ele sempre foi um paulistano contra a região e, necessàriamente, contra o bolsa família, etc. – e, até os mineiros querem que seu discurso não seja tão marcado pelo que ele fez por São Paulo.

Além disso, Serra ainda não encontrou o eixo de seu discurso que, segundo os seus marqueteiros, não pode bater de frente com Lula, mas não pode deixar de mostrar o que não foi feito e o que falta fazer, máxime para o povo mais pobre e sofrido do país. Dessa forma, os dois candidatos têm pouco mais de um mês para fazer todos os ajustes e adequações e, o que está sendo cobrado pelas elites e pela classe política, são propostas consistentes, coerentes e adequadas, capazes de criar “esperança consequente”, notadamente nas populações mais marginalizadas e desassistidas.

NOTAS COMPLEMENTARES

Declaração de bens de candidatos: que vergonha!

Alguns parlamentares e gestores públicos tiveram evolução gritante, de maneira quase inexplicável, do seu patrimônio, nos últimos quatro anos. Outros tiveram um estreitamento ou uma redução significativa, também não muito explicável, de seu patrimônio, nesses mesmos quatro anos. Uns declararam valores históricos, quando isto era “desejável”, para não levantar dúvidas e suspeições. Outros colocaram valores sobre bens que até inexistem, como um que colocou 80 milhões de participação societária em uma universidade  ,que, por sinal, ainda não existe! Outros manifestaram que guardavam dinheiro no colchão, como garantia contra quebra dos bancos (?), roubos (?), necessidade de deixar o país, às pressas (?), enfim, para fins os mais exóticos. Parece que daria um romance apenas a análise e as circunstâncias como foram apresentados os bens e o patrimônio dos candidatos! Só no país do Carnaval!

Robin Hood às avessas!

Quem diria que gestores de esquerda estivessem retirando dinheiro de quem não tem para dar a quem já tem muito! Pois é isto que faz o BNDES quando o Tesouro, ao entrega-lhe 180 bilhões, na forma de aumento do seu capital, no último ano e meio, dinheiro, diga-se de passagem,  tomado emprestado pela Viúva, à taxa Selic de 10,25%, auamentando, consideràvelmente a dívida pública e o banco, generosamente, empresta, tais recursos, a grandes empresas a taxa subsidiada de 6% ao ano (TJLP)! Imagine se essa grana estivesse ido para a Educação ou para a Saúde ou para o Saneamento Básico, mesmo que para empresas privadas que exploram tais serviços, o País estaria atendendo, bem melhor, a qualidade de vida de sua população.

Ficha Limpa, a jogada!

“Os carinhas” espertos, candidatos que foram apresentados à sociedade como participantes de listagens das ditas fichas sujas, arranjaram um jeito inteligente de burlar a lei: esquecem, omitem ou simplesmente dificultam a apresentação das certidões negativas exigidas para o registro de suas candidaturas. Ou protelam, ao máximo, tal apresentação. Sabem bem que o Ministério Público Eleitoral, os tribunais regionais e nacionais não terão tempo hábil o suficiente para impedi-los de disputar os seus respectivos mandatos. E vai chover ação, recursos, liminares e o “escambau” para garantir que o processo eleitoral não fique tão asséptico como a sociedade brasileira desejava. É uma pena! Mas, é isto aí pois para um país que só é capaz de sofrer uma grande comoção com o sexto lugar na Copa do Mundo de Futebol, mas que nada sofre diante do descalabro que é  ficar no 38º lugar no ranking da educação básica mundial, é normal que tal ocorra! Aliás, há um zumzumzum de que, no STF, metade dos ministros é da tese de que, constitucionalmente, o projeto ficha limpa não poderia ser aplicado para esta eleição. E, aí, será que a sociedade ficará tão comovida com a frustração que tal decisão criará?

Ao mestre com carinho!

A grande surpresa, nos últimos resultados do ENEM, foi o fato de o Estado do Piauí haver colocado seis, entre as cinquenta escolas que conseguiram os melhores resultados no País.

Só ficou atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro! Ademais, o Piauí surpreende, em termos de escolas privadas, da mesma forma que o Ceará, com os seus quase trinta mil alunos que, anualmente,  conquistam as medalhas principais das olimpíadas nacionais de química, física, matemática e biologia, além de conseguir “emplacar” mais estudantes nos concursos de IME, Escola Naval e Ita, do que São Paulo e Rio juntos! “Alguma coisa acontece…” independente da falta de políticas públicas de governo, que dá novo alento à construção da cidadania  País.

E a pergunta que não quer calar: E o “affair” Eduardo Jorge, em que vai dar? Será que foi o comitê de Dilma que pediu “essa quebra” ilegal de sigilo fiscal do vice presidente do PSDB ou é jogada dos correligionários de Serra para imputar a Dilma e ao PT o papel de rainha e príncipes dos dossiês?

PS: Ontem, a propósito de comentário de Benjamim Steinbruck sobre o custo da burocracia no Brasil, este cenário mencionava que tais estimativas tinham margens de erro muitas vezes extremamente elevadas. E, complementava o cenário, mencionando que era algo igual a dimensionar a chamada economia subterrânea brasileira, que alguns estimavam entre 10% e 30% do PIB. Pesquisa recente do economista Fernando de Holanda Barbosa, da FGV, calculou em 18,4% do PIB a participação da economia informal, afirmando que o valor diminuiu, de 2003 até agora, quase 2,6 pontos percentuais! Embora seja ainda muito alta a participação no PIB (representa um valor maior do que um PIB argentino!), já é um alento que o crescimento econômico esteja ajudando a reduzir tal participação da economia à margem da lei. Duas perguntas ficam no ar, colocadas porquanto este cenário não conhece, todos os detalhes do estudo. A primeira é se as atividades informais ilegais – contrabando, propinas, tráfico de armas, de drogas, importações ilegais, etc. – estão ou não contidas no estudo. Ou seja, a economia da marginalidade se encontra aí estimada? A segunda é que os vendedores ambulantes e o mercado informal usam a sua renda na economia formal gerando, portanto, impostos, empregos, renda, etc. Será que, contabilizado tais efeitos, o valor ainda seria este? A única coisa que fica como estímulo nessa fase de definição de novos rumos para o país é, qual será a proposta dos presidenciáveis para diminuir o peso dos encargos sociais, da escorchante carga tributária, dos altos juros na ponta e do custo da burocracia, com vista a reduzir a informalidade? Até agora nada se sabe de objetivo e de concreto!