Postado em 19 jun, 2010
Depois de realizadas as convenções nacionais, a sucessão presidencial começa a assumir contornos mais claros e definidos. Porém, é fundamental compreender que somente após o dia trinta de junho, último dia para a realização de convenções partidárias, então é que serão conhecidas todas as alianças partidárias e como estarão formados os palanques estaduais e as suas opções em termos de candidaturas presidenciais.
Os discursos começam também a assumir contornos mais nítidos bem como os “motes”, de cada candidato, que irão prevalecer em todo o decorrer da campanha. Também, as próprias estratégias, tanto em termos das ênfases no que respeita aos segmentos populacionais, regiões e o próprio uso das novas mídias, que serão consagrados como prioritários pelos candidatos, vão ficar melhor definidas. Serra, por exemplo, considerando a maior e mais ampla distância que o separa de Dilma Roussef no Norte e Nordeste do país, resolveu dar ênfase especial na sua aproximação com o eleitorado nordestino. Dilma tem preocupação especial em garantir maiores espaços eleitorais em Minas e São Paulo, onde Serra ainda leva nítida vantagem.
Por outro lado, por temor de seu humor e de seu temperamento, os seus conselheiros optaram em afastar Dilma de qualquer debate, não só diante dos “mais anos de estrada” de Serra, mas das armadilhas em que Dilma poderá ser apanhada.
Serra resolveu mudar a sua forma de estabelecer o diferencial em relação à Dilma, não só em relação ao seu currículo, a sua experiência parlamentar e de gestor, o que realizou nos cargos que ocupou e, agora, de maneira mais objetiva, na crítica ao governo Lula. Todos, inclusive este cenarista, vinham batendo na tecla de que, sendo Lula um mito, “bater” no mito seria ampliar o prestígio do mito junto ao eleitorado. Ocorre que Lula não é o candidato, e deixar de fazer uma crítica objetiva e equilibrada sobre o que poderia, pelo menos, ter sido feito melhor no seu governo, é posição que um candidato de oposição não poderia se furtar. Ademais, mostrar que, embora a economia esteja bem, mas que corre o risco de enfrentar dificuldades amanhã, é advertência saudável. Claro que não dá votos, mas mexe com a cabeça dos formadores de opinião.
Por outro lado, criticar o aparelhamento do estado, da chamada “politicagem” na ocupação de cargos e posições, comprometendo o respeito ao mérito e o melhor desempenho do governo, também não é de todo uma crítica não pertinente. A questão básica é que Serra não teria alternativa a não ser a de se posicionar como oposição e mostrar que erros foram cometidos, que algo poderia ser feito melhor e que Dilma não é Lula e não conseguirá mostrar a competência requerida pelo momento em que vive o País. Ademais, Serra resolveu que não é apenas “o noivo que gaba a noiva”. Ou o noivo se gaba e diz o que fez, como fez, por que fez e que tem mais condições de fazer mais e melhor do que a sua contendora, ou ninguém vai fazer isto por ele.
Assim Serra descobriu, ainda que não tardiamente, que quem vai fazer opção preferencial por Lula, não votará nele. Portanto, não tem sentido ficar dizendo que “Lula é o cara” e o que não serve “é o seu entorno”. Ou seja, optou por querer mostrar que existem “vazamentos, falhas, erros, desvios de conduta e precariedades” no governo Lula e que o desempenho do Brasil poderia ter sido muito melhor se o governo não tivesse feito tanta politicagem e aparelhamento do estado por petistas despreparados. Ademais, Serra, no sentido de melhorar a sua situação no Nordeste, resolveu dizer o que fez e “que fez mais que Lula” pelo Nordeste. E desfiou um rosário de medidas e conquistas regionais que foram de sua lavra.
Dilma fez uma viagem estratégica ao exterior e, a partir de novos dados, vai buscar ampliar a sua vantagem sobre Serra. Explora o tema de uma grande conquista para o sexo feminino que é ter uma mulher na Presidência, insiste em que, não se pode permitir ruptura na opção pelos mais pobres e pela correção das desigualdades sociais conquistadas durante o Governo Lula e busca reduzir as restrições e os temores de seu histórico de “terrorista” – como a classificam os conservadores -, através do respaldo a ser dado por Palocci e por Michel Temer. Ao mesmo tempo, vai fazendo “laboratórios” com os seus marqueteiros para mudar a postura de durona bem como aprender a não aceitar provocação quando dos debates.
Marina Silva, tem tido um excelente respaldo da mídia nacional que lhe é simpática, haja vista os espaços para densas entrevistas em grandes veículos nacionais. Continua na sua cruzada de que o país não precisa nem de uma gerente e nem de um técnico, mas de um líder que tenha a visão estratégica e saiba conhecer a alma humana. Fala que, se se quer alguém com a história de superação de um Lula, a mulher para tanto deve ser uma Silva com uma história “muito mais bonita” diante dos desafios que a vida lhe impôs. Enfrenta as dificuldades de carências de apoios, de meios, de tempo de tv e, além disso, vê-se obrigada, além do seu mantra de um desenvolvimento sem carbono, ter que estabelecer uma espécie de equilíbrio instável entre o que o conservadorismo evangélico lhe cobra e o que os jovens e a parcela dos formadores de opinião lhe exigem, em termos de definições e posturas sobre temas polêmicos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a descriminalização de drogas, o aborto, entre outros.
Na verdade, o cenário do quadro sucessório começa a se definir, de forma mais clara, a partir de agora. Afora a parcela de votos cristalizados de um e outro candidato, o vai-e-vem das pesquisas vai começar, em face dos acordos regionais, a exposição maior dos candidatos em termos de mídia e a explicitação mais clara dos discursos. Ninguém bateu no teto nas preferências populares e ninguém é favorito. O que se espera é que, para o bem do processo democrático, a eleição possa proporcionar um segundo turno. E, para isto, Serra, ora em desvantagem, deve, de forma indireta, estimular os indecisos a optarem por Marina, em nome das mulheres, da história, da cor e da rivalização com o itinerário do outro Silva, no caso o Lula.
Nos estados a coisa está fervendo nos momentos que antecedem o prazo fatal das definições. O “rolo” é grande em Santa Catarina, no Pará, no Amazonas, no Ceará, em Brasília e em outros “sítios”, onde os arranjos vão surpreendendo a muitos que achavam que a coisa estava totalmente definida.
Política é “fogo de monturo”. Quando você pensa que o fogo cessou, por baixo da superfície, continua queimando!
Postado em 18 jun, 2010
Um amável leitor, que muito honra os responsáveis por este site, diante dos comentários duros aqui colocados em relação à seleção brasileira de futebol, manifestou-se afirmando que as críticas eram sempre destrutivas. Na verdade, muitas vezes, a ânsia de não permitir que a nossa esquadra sofra humilhações – é bom não esquecer que o Brasil é a pátria de chuteiras! – leva a que muitos brasileiros sejam duros na cobrança de um desempenho, da esquadra tupiniquim, de conformidade com a tradição e a história do país.
Na verdade o site pede vênia para discordar do leitor, porquanto não é possível, à luz das escolhas de Dunga e da forma com que o time se apresentou na primeira partida, que alguém, em sã consciência, pudesse mostrar entusiasmo e otimismo com a seleção brasileira. Claro que todos os brasileiros esperam que, a partir da segunda partida, a amarelinha mostre mais disposição, agilidade e, acima de tudo, criatividade.
Se o quadro em relação à seleção é de expectativa de que ela dê, aos brasileiros, a convicção de que terá condições de enfrentar, como o fez, galhardamente, nas eliminatórias, a Argentina, bem como a Alemanha, que, embora tenha tido brilhante exibição, na estréia, contra a fraca Austrália, tendo sofrido, hoje, derrota frente à Sérvia, em relação à economia, a avaliação deste site é das mais positivas diante de um crescimento esperado, para este ano, da ordem dos 7,5 a 8,1%, segundo as estimativas do mercado.
Não obstante tal otimismo, quando se examinam alguns indicadores econômicos do País – inflação, dívida interna, déficit na balança comercial, piora nas contas públicas – além do comportamento do investimento – taxa de 18% sobre o PIB! – bem como os estrangulamentos provocados pela logística de transportes, comunicações e energia – aliados às limitações da oferta de mão de obra técnica -, as advertências são, não de cunho pessimista, mas no sentido de antecipar decisões e medidas que contemplem a sua superação. Não se pode agir como o São Paulo Futebol Clube que acabou excluído o Morumbi de sediar eventos da Copa do Mundo, por não apresentar as fontes de financiamento para bancar as reformas exigidas na estrutura do estádio.
Portanto, providências acautelatórias e medidas antecipatórias a superar gargalos, estrangulamentos e constrangimentos e, acima de tudo, reduzir riscos relativos a possíveis pioras nos fundamentos da economia, bem como dos impactos advindos da crise na zona do euro. E, se possível, agregar estímulos especiais no sentido de aumentar a taxa de investimentos de 18 para 22%, via redução do consumo público ou aumento da poupança externa ou, ainda, uma alteração conjunta nos dois componentes da demanda agregada, são medidas relevantíssimas!
Portanto, o que se diz aqui, não é uma visão pessimista nem tampouco um incontido entusiasmo com o governo ao invés de um sempre incontido entusiasmo para com o país.
São advertências relativas às questões que devem ser consideradas e, portanto, objeto de medidas acautelatórias para que o Brasil não perca as oportunidades do excelente momento por que passa e que pode garantir sustentabilidade de tal expansão, por vários anos.
Americanos e europeus estão desenvolvendo estudos, propondo iniciativas e aceitando amargos remédios com vistas a superar a crise que enfrentam bem como para minimizar os danos às suas economias e às suas populações.
Nos grandes centros políticos do mundo, os estudiosos, os políticos e os policy-makers, cientes de que a crise americana e, agora, a crise do euro, ainda não encontraram elementos que garantam a sua superação e podem ter efeitos maléficos para a economia mundial, como um todo, debruçam-se sobre cenários possíveis para os próximos anos e sobre alterações, de cunho institucional, que poderão ser efetivadas, capazes de alterar os dados da ordem econômica mundial e devolver à estabilidade necessária ao crescimento continuado e sustentável da economia mundial.
Ademais, os estudos prospectivos sobre os rumos da economia mundial mostram que, em breve espaço de tempo, os BRIC’S assumirão a liderança da economia mundial, quando responderão por mais de 60% de toda a riqueza produzida. Tal mudança dos eixos geoeconômicos definirá novos caminhos e alternativas para as políticas econômicas de países, hoje do centro e, amanhã, deslocados para uma posição secundária no processo.
Refletir, ousar aprofundar análises e estudos prospectivos, estabelecer cenários, são atitudes fundamentais para antecipar problemas e fazer as necessárias correções de rumo.
Postado em 16 jun, 2010 3 Comments
Esperava-se que, ontem, quando da estréia do Brasil na Copa do Mundo da África, os brasileiros tivessem a oportunidade de superar um dilema hamletiano em que estão envolvidos: empolgar-se com os onze dungas bem como se subordinar à tese de que “jogar feio, mas ganhar é o que conta” ou de se mostrarem desencantados e desiludidos com uma seleção pobre de criatividade e de talento.
Parece que, diante do futebol apresentado pelos amarelinhos contra, segundo a crônica esportiva internacional, a pior das seleções participantes dessa mundial, a frustração e o desencanto aumentaram. Claro está que, como somente a Alemanha mostrou um futebol vistoso diante da fraca Austrália, os brasileiros ainda mantêm a esperança de que a seleção vá melhorando no decorrer da competição. O problema é que, depois de uma estréia decepcionante, virão dois “ossos duros de roer”: Portugal e, outro, mais difícil que Portugal de Cristiano Ronaldo e Deco, será a Costa do Marfim de Drogba. É um time forte, duro e com a típica ginga e habilidade dos africanos.
Afora as expectativas em relação à estréia do Brasil na Copa, o assunto em pauta no País, foi a surpreendente, para os economistas, atitude de Lula em sancionar o aumento de 7,7% nas aposentadorias acima de um salário mínimo, aprovada pelo Congresso Nacional. Claro que a decisão teve uma “pitada” de interesse político-eleiçoeiro, porquanto, a candidatura de Dilma é o que domina sonhos, decisões e motivações do Presidente Lula. Agora, é cortar, no custeio, os 1,2 bilhão adicional com a bondade feita aos aposentados. Provavelmente os parlamentares serão os responsáveis pelos cortes nas suas emendas!
Outro assunto bastante polêmico, também a aguardar uma manifestação da Câmara dos Deputados, em função da emenda Pedro Simon, diz respeito a distribuição dos royalties entre estados e municípios. O critério de Simon é o mesmo que foi aprovado na Câmara com a emenda Ibsen Pinheiro. O problema é que as compensações das perdas dos estados produtores serão feitas com os recursos destinados à União. Ou seja, caberá a “viúva” bancar os possíveis prejuízos causados aos municípios e estados produtores.
Diante da Copa, a proposta somente deverá ser votada quando julho chegar. E, a chance de êxito de Lula em mudar o que foi aprovado no Senado, é quase zero. Isto porque tal decisão representa uma verdadeira reforma fiscal no sentido de fortalecer estados e municípios e ampliar a capacidade do poder local de atender as demandas e necessidades de suas comunidades.
Do lado positivo, só mesmo o anúncio do crescimento de 8,1% da economia nacional, rivalizando com o crescimento chinês e indiano. Só com uma diferença: aqui, este ano e, dificilmente, a repetição no ano que vem, pois que com uma taxa de investimento da ordem de 18%, o limite de crescimento é de 4,5 a 5%. Se o país conseguir reduzir o consumo público e aumentar a poupança externa, então será possível atingir uns 22% de investimento em relação ao PIB, capaz de garantir um crescimento de 7% ou um pouco mais, em 2011. Mas, é crucial lembrar, que os estrangulamentos logísticos nos transportes, nas comunicações e na energia, além das limitações impostas pelo ambiente econômico e pela falta de mão de obra qualificada, poderão gerar limitações a tais expectativas de ampliação do produto interno bruto do País.
Ademais, os problemas na zona do euro, a partir das medidas restritivas e de austeridades exigidas para superar a grave crise econômica, impactarão as exportações brasileiras e poderão gerar problemas de financiamento do déficit em conta corrente do país.
É fundamental lembrar que o Brasil terá que enfrentar, quer queira ou não, ou se as conveniências político-eleitorais determinarem, os maiores juros reais do mundo, a mais perversa estrutura tributária dos países emergentes e um câmbio tão desequilibrado que hoje, ao lado da ameaça que representa a China, significa enorme limitação para o crescimento das exportações e da competitividade da indústria nacional.
Se a Copa terminasse agora, pelo menos para os brasileiros, talvez houvesse mais tempo para dedicar a discussão de tais graves desafios ou, talvez, o que seria mais provável, estaria o país mergulhado na discussão das agressões entre os candidatos ou entre os seus prepostos, sobre dossiês e outras baixarias.
Postado em 14 jun, 2010 1 Comentário
Se há algo que não está empolgando os brasileiros é a copa do mundo. E, propositadamente, escrita com letra minúscula, pois com a ausência de alguns possíveis craques, que machucaram-se na antevéspera do evento, as seleções, de um modo geral, talvez à exceção da Espanha, da Alemanha e da Holanda, não deverão apresentar um futebol digno de se ver.
A seleção de Dunga, sem estrelas e sem alguém que decida e desequilibre um jogo, antecipa um futebol feio e, provavelmente, sem graça, por falta de talentos e do famoso futebol-arte. A seleção, pelo que se prevê, não deverá surpreender assim como a copa, pelo que se sente, não mobiliza e não entusiasma os brasileiros.
Se isto acontece com a seleção de Dunga, parece que também está a ocorrer com as eleições deste ano. Os candidatos não empolgam, não geram paixões e nem mesmo estimulam acaloradas e apaixonadas discussões. Ademais, sumiu a presença das militâncias partidárias, e, diferentemente da campanha americana, onde houve uma mudança de paradigmas, capaz de “mexer” nas emoções e nos sentimentos, não apenas dos jovens americanos como também dos jovens e maduros pelo mundo afora, aqui, uma Dilma pré-fabricada, plastificada no físico, na alma e nas idéias emprestadas de Lula, não gera confiança, não estimula paixões e não traz o sentimento que inspire uma quase certeza de que Lula não deixaria saudades. Serra, técnico, experimentado, hábil politicamente, mas pouco simpático e agradável no trato, segundo alguns analistas, não provoca simpatia nas mulheres, admiração nos homens e nem paixões políticas nos que se aventuram a atuar no sentido de mudar o quadro de coisas no país.
Talvez porque, tentando não afrontar o mito com o temor de perder votos e apoios, Serra não ousa criticar, abertamente, muita coisa discutível e questionável no governo Lula. E Marina Silva, a David de saias, frágil, pequena e sem meios em termos de alianças e apoios, não dispõe de uma funda milagrosa e salvadora e, com isso, acaba não despertando paixões capazes de arrebatar multidões. Embora, diga-se de passagem, a favor de Marina, diante de sua história de vida, de sua coragem moral e da idéia da sustentabilidade do desenvolvimento, parece já começar a mexer com jovens e com aqueles eleitores que não gostam de Dilma e não têm muitas simpatias por Serra, mas que, não aceitam, de jeito nenhum, que a eleição seja encerrada já no primeiro turno.
Na verdade, com a saída de Ciro, os embates não alcançarão temperaturas mais elevadas e não provocarão discussões entusiasmadas e acirradas entre os apaixonados eleitores.
As convenções ocorridas neste fim de semana não mostraram nada de interessante, nem de empolgante e nem de polêmico. Tudo numa mesmice e numa temperatura tão morna que nunca se viu igual, faz muito tempo, em decisões dessa natureza.
Postado em 14 jun, 2010 4 Comments
Se não houver nenhum fato novo no dia de hoje, o Ceará, que prometia uma vitória por WO do atual governador, talvez veja uma disputa. Apesar do tempo que medeia entre a decisão dos possíveis contendores – duas ou uma candidatura de oposição? – e o pleito, ser por demais exíguo para a construção de candidaturas competitivas, parece que vai dar o que falar.
Tasso, sentindo-se humilhado pelos que foram suas “crias ou criaturas”, resolve que o PSDB terá candidato ao governo e não fará coligação com o PSB do governador.
Será que poderá ocorrer um recuo? Se houver e a reconciliação ocorrer, o PSDB, no Ceará, talvez se apequene diante do povo cearense.
A atitude de Ciro Gomes, que ouviu calado, as críticas do mano a Tasso e diante das declarações, um tanto agressivas, de Tasso e o descaso de Cid em afirmar que não aceita pressões, talvez tenha sepultado qualquer possibilidade de reversão de uma situação onde “o caldo já entornou”, de vez.
Por outro lado, todos os candidatos proporcionais “adoraram” a ruptura, pois, a partir de agora, valerão um pouco mais no mercado eleitoral. Vai ser difícil reverter o quadro de confronto criado e, provavelmente, ao menos um candidato da oposição, a governador, com possibilidades reais de êxito, deverá ser lançado esta semana.
Surgem, nas especulações, dois possíveis candidatos: o ex-governador Lúcio Alcântara e o empresário Beto Studart. Este último, com “bala na agulha” e, sendo figura nova e bem apessoada, pode, com um esquema pesado de mídia e marketing, aquecer a disputa no Ceará.
Assim, Serra ganha um palanque importante num colégio eleitoral que é o oitavo, em tamanho, no País.
Postado em 10 jun, 2010
O jogo embolou no meio de campo no estado do Ceará. O governador, que nadava de braçada e não via qualquer possibilidade de ter um contendor com força concorrencial à sua frente, parece que vai ter que tomar algumas decisões urgentes, sob pena de ter que enfrentar – quem diria? – o próprio Tasso Jereissati como candidato a governador para que se resolva a questão não apenas de seus correligionários, ora num mato sem cachorro, bem como a garantia de um sólido palanque para Serra.
Do jeito que está a coisa e diante da atitude do governador, de que só decidirá a questão quando voltar da África do Sul, lá pelo dia 26 de junho, aí o desespero tomou conta da turma do PSDB e do DEM, não só do Ceará como Nacional.
Se se mantiver a imposição, provavelmente bancada por Lula, de ao governador Cid Gomes para que ele aceite, na sua coligação, as candidaturas de Eunício Oliveira e José Pimentel ao Senado, talvez Tasso assuma posição igual a que assumiu Jarbas Vasconcelos em Pernambuco. Qual seja, de candidatar-se a governador. Para Pedro Simon, Tasso teria muito mais chance de eleição do que Jarbas em Pernambuco.
Esse fim de semana promete muitas emoções, não só em termos da Copa do Mundo de Futebol, mas diante de quase todas as convenções partidárias nacionais.
Postado em 10 jun, 2010
Com a emenda do Senador Pedro Simon, um dos últimos bastiões da dignidade e da decência do Congresso Nacional, foi aprovada a distribuição dos royalties do pré-sal dentro daquilo que previa a Emenda Ibsen Pinheiro.
As únicas diferenças da emenda aprovada na Câmara são que tal critério valha para as áreas que ainda não estão em produção e que a compensação de perdas de estados, como o Rio de Janeiro e Espírito Santo, seja bancada pela União.
É por aí, conforme este Scenarium antecipava faz alguns meses, que se inicia o verdadeiro federalismo fiscal e se fortalece o verdadeiro berço do exercício da cidadania que é o município, origem do poder.
Postado em 10 jun, 2010
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem, o imposto sobre grandes fortunas. Proposta polêmica e questionada pela maioria dos economistas, a idéia é tributar fortunas acima de dois milhões, com taxas que variarão de 1% a 5%.
A pergunta que se faz é se isto não levará a um desestímulo ao investimento e se não conduzirá a evasões lícitas e ilícitas de tributos. Espera-se que no Congresso, passada a refrega eleitoral, a matéria venha a ser mais aprofundadamente discutida para que, através do exame da experiência de outros países, bem como de simulações sobre os impactos sobre a poupança e o investimento, a medida não venha a se tornar um tiro no pé.
Postado em 8 jun, 2010
O Brasil vive um excelente momento, em que pese a crise que se instalou na Zona do Euro e os desmandos com as contas públicas brasileiras ocorridas nos últimos anos.
Até a Balança Comercial que vinha em situação preocupante, surpreendeu, no último mês, por conta dos preços e dos volumes exportados das commodities brasileiras. Inverteu a tendência e fechou com ótimos resultados.
Diante da crise européia, alguns analistas acreditam que aumente, significativamente, os fluxos de capitais externos para o país.
Por outro lado, a aceleração do crescimento, que ocorreu no último trimestre, em ritmo chinês, embora ainda mantenha uma tendência dinâmica, já mostra um ajuste às circunstâncias e dá sinais de que não se comportará de forma explosiva, como se esperava.
O que preocupa é que os gargalos da infraestrutura estão sendo enfrentados de forma mui lenta; os enormes e graves desafios urbanos não estão sequer sendo discutidos; e, pouco se vê do que seria esperado de uma frenética movimentação, em termos de preparação do País para a Copa do Mundo, para as Olimpíadas e para o pré-sal.
Aí, apesar do notável momento, preocupa, deveras, e há quem tema que o bom momento por que passa o país, possa ser desperdiçado.
E, até mesma quanto as promessas relativas nos cortes esperados ou prometidos para os gastos públicos, o governo parece que arrefeceu o ânimo e os prometidos cortes de 10 bilhões adicionais, ficaram apenas um pouco acima dos 7,2 bilhões.
Parece que os “policy-makers” brasileiros não estão assistindo a dimensão dos cortes e dos programas de austeridade nos países europeus, inclusive no Reino Unido, na França, Espanha, Alemanha, além daqueles em situação mais crítica, como Grécia, Hungria e Portugal.
Que as lições de fora ajudem aos brasileiros a antecipar os sacrifícios internos para não amargar crise mais profunda, amanhã!
Postado em 7 jun, 2010
O Presidente Lula acaba de ser multado, pela quinta vez, por desrespeito ao diploma legal que proíbe propaganda eleitoral antecipada. E Lula, por se achar acima da lei e do estado de direito, diz apenas, para os mais próximos que, “se os outros fazem, por que eu não posso fazer”?
Se o Presidente, o mandatário maior do País não se subordina a lei e desrespeita juízes e tribunais, os demais partidos se sentem no direito de agirem da mesma forma, dentro da perspectiva de que não deveriam perder a chance de se divulgarem, mesmo ilegalmente, já que o Presidente usa a máquina, a mídia governamental e a estrutura de poder para “bombar” a sua candidata. E, como querem alguns, parece que “essa lei não pegou”. E a “zorra” está feita e devidamente instalada!
Ao mesmo tempo, Serra se queixa e acusa Dilma de patrocinar a montagem de um dossiê contra a sua filha, Verônica Serra, levantando suspeição sobre a natureza e as razões de sua sociedade com a filha de Daniel Dantas. Queixa-se Serra, ainda, de que, numa briga entre os que fazem a estrutura de comunicação de Dilma, houve quem buscasse o jornalista Luiz Lanzetta para que o mesmo preparasse um livro-denúncia onde Serra seria mostrado como responsável pela venda do patrimônio do povo brasileiro, durante o processo de privatização e insinuaria, no exame das requentadas denúncias, que teria se beneficiado de tais “tenebrosas transações”.
Por outro lado, o PT diz que vai interpelar, judicialmente, Serra por haver acusado Dilma de ser a responsável pela montagem de tais dossiês, inclusive lembrando o dossiê montado na Casa Civil, à época em que Dilma era ministra da pasta, contra Fernando Henrique e Dona Ruth Cardoso!
E pensar que ainda são apenas pré-candidatos e que, só a partir do final da próxima semana, depois das convenções partidárias, efetivamente, o País conhecerá os candidatos! Isto do ponto de vista legal porquanto campanhas já estão sendo realizadas com tudo o que têm direito os pretensos candidatos. E Serra, pelo que se sabe até agora, não tem ainda sequer candidato a vice, embora o seu partido esteja pressionando no sentido de tomar, o mais rápido possível tal decisão, além de mudanças na estratégia de campanha, com ênfase maior na armação dos palanques estaduais e nas alianças partidárias.
Talvez, em função da pesquisa do IBOPE que coloca Dilma e Serra empatados – 37 a 37% -, os ânimos podem ser contidos e, objetivamente, as estratégias de campanhas fiquem melhor explicitadas, além do mero denuncismo, dos dossiês e das acusações de parte a parte.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!