Postado em 27 maio, 2010
Os candidatos se apresentaram para o PIB brasileiro. Nada de excepcional ficou constatado. Dilma manteve o seu mantra – continuidade sem continuísmo – e Serra queixou-se de que não há debate para o confronto de idéias. Marina, mais dura do que se imagina, fez a sua peroração de respeito ao princípio democrático de mais escolhas – “o primeiro turno é para escolher o melhor. O segundo turno, o menos ruim” – e defendeu a sua idéia de sustentabilidade num conceito mais abrangente para o desenvolvimento nacional.
Ficou patente a maior competência de Serra; a esperteza de Dilma em se colocar como o Lula de saias e Marina, de maneira, desesperada, buscando um lugar ao sol. No mais, só quando chegar o momento dos debates, ficará mais claro para o eleitorado qual dos candidatos tem mais segurança, confiança, credibilidade e experiência para transmitir ao eleitorado.
Na verdade, ficou difícil comparar os candidatos, a não ser pela firmeza das respostas ao empresariado.
Postado em 25 maio, 2010
Enquanto a euforia toma conta do arraial petista, tucanos e aliados vivem um certo momento de perplexidade em face das várias interpretações várias dos resultados das últimas pesquisas de opinião em torno da sucessão presidencial. Fica claro e patente que Lula, até agora, parece “vender a idéia” de que Dilma é o terceiro mandato que ele não ousou assumir como seu real desejo e pretensão.
Se, mesmo após os embates, Lula continuar a inculcar no seu eleitorado de que Dilma é a encarnação do seu terceiro mandato, então as coisas começam a ficar complicadas para Serra. Ou seja, na base do Luis XV, para o eleitorado de Lula, o “Nosso Guia” vende a idéia de que “depois de mim, o dilúvio”.
Os correligionários mais açodados de Serra dizem que a salvação, a panacéia para tal problema, é a aceitação, por parte de Aécio, em assumir a candidatura de vice-presidente. A isto, o próprio Aécio retruca dizendo que, até agora, não lhe foram apresentados argumentos substantivos para que ele incorpore a idéia de que ajudará, em muito, a candidatura de Serra. O que ele acha que pode agregar, agora, de votos, seriam dois pontos percentuais a mais, o que não garantiria a vitória a Serra. Outros acham que uma forte exposição de Serra, em termos de mídia e de contato com os vários segmentos da sociedade, em várias regiões do País, poderia reverter o quadro. Outros ainda acham que não bater em Lula, não agrega votos à Serra, embora alguns também achem que poderia tirar votos. Outros ainda admitem que a questão seja quanto a forma de “bater”. Por exemplo, começar a mostrar que Dilma reconheceu que o que de bom ocorreu no Brasil, foi fruto dos últimos vinte anos de governo e, ao mesmo tempo, mostrar que Lula é um homem bom e o que não presta é o seu entorno, na base do discurso de Marco Antonio quando do assassinato de Júlio César, pode até agregar algum tipo de apoio popular.
O importante para Serra é explorar os conflitos político-partidários na difícil aliança PT/PMDB onde, agora mesmo, Michel Temer informa que dos 27 diretórios regionais do partido, 14 deles estariam apoiando Dilma. Os demais estão ou definidos pró-Serra ou em conflitos, quase insuperáveis.
E, diante da disposição de Lula de não participar da campanha onde haja dois palanques para Dilma, aí já tem problemas a valer no Maranhão, no Ceará, na Bahia, no Mato Grosso, no Rio com Garotinho, entre outros. Estimular a cizânia e “chegar perto” das lideranças peemedebistas em desacordo com o PT deverá ser a estratégia mais adequada para Serra.
Por outro lado, Serra deve ser mais incisivo no discurso quando assumir compromissos, notadamente, naquilo que o governo Lula falhou. Vide a situação das rodovias. Vide os problemas na área de saúde, os poucos êxitos na área de educação e o enorme gargalo em termos de mão de obra para as atividades econômicas, entre outros.
Fora isto, comparar currículos parece que não vai operar, pois a opinião do eleitorado que pesa, quantitativamente, que é o povão, não se impressiona com títulos e trabalhos realizados. O que vai valer serão os resultados dos debates públicos.
Postado em 25 maio, 2010
Marina tem se mostrado ousada, direta e crítica. Nada fica sem resposta. Apesar da aparência de fragilidade, a candidata do PV tem feito críticas, as mais severas, não apenas ao Governo Lula, mas aos dois outros candidatos diante das proposições apresentadas, de forma ainda preliminar, como o seu comentário sobre “consensos ocos” e “proposições de circunstâncias” e não de idéias programáticas com objetividade e convencimento da sua viabilidade.
Agora mesmo, questionada se era ou não de esquerda – nesse país onde todo mundo é de esquerda -, tem dito, sem titubear, que não é de esquerda, que não é um conceito sério sobre as atitudes políticas dos agentes da sociedade e rebate dizendo que “ninguém pergunta ao Lula se ele é de esquerda”. E completa dizendo que o que vale é o compromisso com o respeito à dignidade do cidadão e o respaldo às suas legítimas aspirações.
Há poucos dias, fez críticas severas ao processo de aparelhamento do estado, ocorrido tanto neste governo como no governo Fernando Henrique. Aliás, tal crítica foi rebatida, de forma grosseira, pelo Líder do Governo na Câmara, Cândido Vacarezza! Diante das críticas do Bispo do Acre, de que ela era frágil e não estaria preparada para exercer a Presidência da República, de maneira equilibrada, mas dura, deu uma resposta, inclusive com uma comparação bíblica do confronto de David contra Golias, mostrando que tendo enfrentado tantas vicissitudes e tantos desafios na vida e sido protagonista de uma luta importante como é a luta em favor do meio ambiente, não a levaria a se sentir tão frágil, desprotegida e incapaz de enfrentar o desafio de conduzir os destinos do país.
Sobre a distribuição dos royalties do pré-sal, defende a distribuição mais justa pelas unidades da federação e os municípios bem como orientação de parte dos recursos para a Previdência Social. Até sobre a recente dissidência no PV, com uma ruptura por parte de um grupo bem como sobre o que ocorreu no lançamento da campanha de Fernando Gabeira ao governo do Rio, quando ela foi “escondida”, encara como natural as divergências e anota que faz parte do processo político.
Finalmente, não se intimida com o fato de começar já a apanhar, quando hoje os jornais estampam que ela votou pelo fim do fator previdenciário e, no caso do projeto ficha limpa, aceitou a emenda de Dornelles. Ela atribui tais votos a interpretação que foi dada à emenda de Dornelles, até por conceituados juristas, quando demonstravam que a mudança redacional não alteraria o objetivo do projeto. Quanto ao fator previdenciário, não é favorável ao seu fim, mas era favorável ao aumento de 7,7% aos aposentados.
No mais, Marina diz que o que interessa é discutir o crescimento com inclusão social e sustentabilidade e dar um fim ao crescimento à base do aumento do carbono.
Postado em 25 maio, 2010
A Inglaterra, com um déficit fiscal de 11,1% em relação ao PIB, começou a adotar uma política de contenção de gastos, com o congelamento de contratações, redução do gasto público e outras medidas de austeridade.
A Alemanha anuncia que, além das medidas relacionadas ao mercado financeiro, deve apresentar o seu plano de contenção de gastos ou de austeridade fiscal.
A Espanha, além do plano de austeridade que reduziu até programas sociais, tipo o cheque bebê, as pensões e aposentadorias, a redução de salários dos servidores civis, entre outros, agora estende a atuação a diminuição do risco de crise no setor bancário garantindo socorro a bancos espanhóis.
Portugal já definiu um programa de contenção de gastos, mas com ênfase maior na elevação de vários produtos.
Agora, a própria Itália, adota o seu programa de contenção de gastos, com a garantia de não ocupação de vagas no setor público, de aumento de mais seis meses de trabalho para efeito de aposentadoria, além de cortes adicionais em programas sociais do governo.
Como se isto não bastasse, para que se busque um processo de consistência ao programa de enfrentamento da crise, é preciso não permitir que se se esvazie o Banco Central Europeu, enfraqueça-se o euro e ponha-se em risco a União Européia.
Esse é um quadro que gera temores sobre o que pode ocorrer na economia mundial, porquanto se o Japão patina em termos de crescimento, os estados unidos começam uma recuperação, embora lenta, mas, o que ocorre com a Europa, provavelmente, adia o prazo de recuperação da economia mundial.
Postado em 24 maio, 2010
Aqui, a pesquisa, as bondades e o crescimento chinês!
Um novo indicador de expansão econômica, desenvolvido pelo Banco Central, o IBC-BR ou Índice de Atividade Econômica, calculado pela instituição e que servirá de base para definição das taxas de juros básicos do País, mostrou que no primeiro trimestre de 2010 o crescimento econômico do país imitou a expansão chinesa, tendo alcançado 9,85%, quando comparado ao crescimento do mesmo trimestre de 2009!
Se a notícia é auspiciosa, por uma parte, ela assusta diante do conjunto de restrições e limitações da economia brasileira para suportar tal pressão sobre a sua infraestrutura – a logística brasileira está em significativo atraso -, a logística de apoio ao setor produtivo nas áreas regulatórias, burocrática e fiscal, além da incapacidade de superação, em tempo hábil, das restrições derivadas da falta de pessoal técnico qualificado – nos últimos anos, reduziram-se as vagas na educação formal de jovens entre 18 e 24 anos, em 4%, além de dificuldades na área ambiental.
Por outro lado, começa a inquietar muitos economistas o fato de ter se ampliado, bastante, o “saco de bondades” do poder público onde, além de gastar mais que os países da OCDE com pessoal no serviço público – aqui 12% e enquanto lá, 11%! -, o Brasil começa a ultrapassar os países ricos com gastos previdenciários, mesmo sendo mais pobre e tendo menos idosos! Se o aumento de 7,7% para os aposentados for mantido e cair, de fato, o fator previdenciário, o impacto imediato nas contas da previdência será um aumento, no déficit, de mais 12 bilhões de reais ao ano!
Se se considerar que ainda não se mensurou o impacto do aumento da licença maternidade de 3 para 6 meses; a licença, para o pai acompanhar filho menor de 12 anos, em caso de doença; a licença concedida para casar, que deve ser aumentada de 3 para 5 dias; a licença de dois dias para alistamento eleitoral; a licença de dois dias quando do falecimento de parente direto – cônjuge ou filho – além da licença paternidade, quando do nascimento de filho, aí a coisa engrossa!
Se também se levar em conta que, em cima da proposta do governo de conceder 3 bilhões, em termos de renúncia fiscal para ativar a economia, os parlamentares, com as suas 46 emendas terem aumentado tal valor, aí os dados são bem desvantajosos e não bastará o corte de mais 10 bilhões no orçamento para a coisa ficar mais tranquila. Ademais, com o aporte de recursos do Tesouro para o BNDES, que fez aumentar a dívida interna líquida para 1,6 trilhão de reais, os problemas tendem a ficar mais difíceis para um adequado equacionamento.
Na verdade, mais uma vez, daqui, humildemente, adverte-se as autoridades formuladoras das políticas públicas do País, de dois desafios maiores para que o Brasil possa usufruir do seu bom momento e dos possíveis bons e favoráveis ventos internacionais, em termos de orientação do fluxo de investimentos para o País. O primeiro, são medidas destinadas a por em ordem as finanças públicas e garantir a manutenção dos fundamentos da economia. O segundo, é um exame crítico dos gargalos, de todo tipo, que poderão ameaçar as chances de um crescimento seguro, dinâmico e sustentável da economia nacional.
Se o assunto é político, os resultados da pesquisa Datafolha, mostrando a dianteira de Dilma sobre Serra, começam a assustar alguns mais temerosos não só do jeitão autoritário, das más companhias – os bolivarianos socialistas! – e da fúria estatizante da própria ministra e, todos sabem, do seu séquito. Na verdade, a dianteira em termos de pesquisa estimulada e espontânea; a redução do seu índice de rejeição; o fato de ter espaço para crescer por ser menos conhecida que Serra; a indicação, pelas simulações, de que também poderia ganhar no segundo turno, começou a preocupar os tucanos.
Isto porque Dilma conseguiu um arco de alianças partidárias maior; dispõe de mais tempo de televisão; conta com um cabo eleitoral extremamente dedicado e que cresce, ainda mais, em prestígio popular e, ainda por cima, adota um discurso que se acomoda às circunstâncias num pragmatismo que, eticamente, pode ser até discutível, mas, que, dentro do objetivo que se propõe a ministra e o seu grupo, de que o importante é ganhar, está dando os resultados esperados e desejados. Basta verificar quanto ao ajuste às circunstâncias. O discurso de Dilma Rousseff para investidores, em Nova York, afirmou, de forma peremptória, que as conquistas do Brasil de hoje se devem aos vinte anos de governo e que preservará tudo o que se fez em termos de fundamentos da economia além de garantir, para tranquilidade dos mais conservadores, de que o seu homem forte, na Casa Civil, ou para cumprir o papel que cumpriu no governo Lula, será Antônio Palocci. Com isto ela vai desconstruindo a imagem de socialista bolivariana e vai superando as desconfianças dos segmentos mais conservadores e mais tradicionais. E o que fará Serra, agora? Qual a estratégia para conter a expansão de Dilma?
E, alhures? A crise avança!
As desavenças entre os membros da Zona do Euro são significativas. Muita gente não gostou da atitude de Angela Merkel que não consultou ninguém para adotar as medidas contra o sistema bancário-financeiro, com vistas a conter a especulação financeira.
Também, muitos não gostaram do apoio dado à Grécia que, ao que se sabe, deverá se estender a Portugal e a Espanha, considerando que a Grécia maquiou a sua contabilidade pública; é perdulária ao pagar 14º salário e permitir aposentadoria aos 53 anos de idade e, depois de todas essas extravagâncias, dela não foi cobrada que faça sacrifícios maiores, por exemplo, que venda algumas ilhas para pagar o preço da sua irresponsabilidade histórica. Na verdade, aparentemente absurda a idéia, mas quando Nova York quebrou, foi obrigada a vender alguns bens que consubstanciavam o seu patrimônio público para organizar as suas finanças.
Ademais, quando Angela Merkel diz que o euro corre perigo, acena com um diagnóstico de que a união européia estaria por um fio o que, para muitos, só contribui para aprofundar a crise e impedir uma ação mais coordenada.
O que se está cobrando é que, mesmo sendo extremamente difícil ter uma “governança” atuante e objetiva, para 27 estados nacionais, pelo menos que as ações venham a ser, democraticamente, discutidas, para que se estabeleça um mínimo de coordenação das ações.
Os americanos que, aparentemente, tudo podem, para as reformas profundas que estão propondo como mais poder ao Federal Reserve e proteção aos pequenos investidores, entre outras, discutiram, com a sociedade, durante dois anos tais propostas!
Portanto, para que a crise européia não se agudize, fundamental é que as ações sejam melhor coordenadas e que se aprofundem as ações de saneamento das economias em crise e se concerte um conjunto de medidas de regulação, em conformidade com o que está a adotar os Estados Unidos. Só assim a crise não se torna endêmica e não contamina o resto do mundo.
Postado em 21 maio, 2010
Este cenarista, em comentários aqui e para o programa Cid Carvalho, procurava demonstrar a sua descrença sobre os efeitos moralizadores do processo político eleitoral do projeto “ficha limpa”. Segundo avaliações mais ponderadas, fundamentadas em notório saber jurídico e na arraigada experiência política, o referido projeto talvez não resolva nada para melhorar o processo político eleitoral, por três razões fundamentais. A primeira é que, segundo um dos princípios do direito, consagrado na carta constitucional brasileira, a lei não pode retroagir para prejudicar ninguém. Logo, quem tem, ao invés de currículo, folha corrida na polícia, face as suas diatribes na vida política, profissional e pessoal, não poderia ter barrado as suas pretensões de concorrer a qualquer cargo eletivo. Aliás, a lei, se sancionada como está, não atingirá os malfeitos passados nem tampouco os processos que ainda estão em andamento e não transitaram em julgado, em qualquer que seja a instância, parece que é interpretação quase consensual. A emenda redacional, colocada pelo Senador Dornelles, deixou clara a interpretação sobre a cobertura do espírito da lei. A ficha suja, segundo a interpretação do Ministro Levandovsky, só vai prevalecer para aqueles que forem condenados depois da promulgação da lei. Aí, parecerá que foi pregada uma grande peça à sociedade, e, de muito mau gosto!
O princípio da anterioridade, próprio da legislação eleitoral, coloca em questão se tal diploma legal poderia ser aplicado, já para este pleito. Ou seja, para que servirá mesmo a lei, é a pergunta que fica no ar. Se tal se deu com as expectativas da sociedade de privar o processo político-eleitoral de “personae non grata”, outra decisão do Congresso, saudada com foguetório do entusiasmo daqueles que ainda mantém a crença na seriedade dos homens públicos, qual seja, os aposentados, provavelmente terão o amargo sabor da frustração se Lula fizer o que prometeu, que é vetar o aumento de 7,7% e o artigo que acaba com o Fator Previdenciário.
Talvez ainda consigam os aposentados, o que é justo, que, em face do ano eleitoral e dos interesses de Lula nos votos de Dilma, que venha a ser mantidos os 7,7%. Mas, o que querem as Centrais Sindicais, qual seja, acabar com o fator previdenciário, isto é quase impossível de ocorrer. Finalmente, outra decisão tomada pela Executiva Nacional do PMDB, relativa à indicação de Michel Temer para compor a chapa de candidatura presidencial como vice de Dilma, para muitos especialistas, na altura dos acontecimentos, não representa elemento que ajude a resolver os conflitos entre PMDB e PT, na montagem das chapas majoritárias nos estados; não agrega votos, em qualquer lugar para Dilma e nem garante a confiança que ela deveria buscar conquistar junto aos conservadores do País, notadamente o sistema financeiro e as grandes empresas, como um Meirelles poderia agregar.
No mais, só o que Michel poderá agregar é a sua polidez, educação e conhecimentos jurídicos, além, é claro, do G-8, na sua caracterizada esperteza como elemento de “sensibilização dos pragmáticos do partido”, a partir da promessa de posições de poder futuras ou, até mesmo, o estímulo através de algum “lubrificante cívico”. No mais, nada poderá somar à candidatura de Dilma.
Postado em 21 maio, 2010
As dúvidas sobre a dimensão da crise já não são mais um enigma. O processo de deterioração das economias européias, o “dismilinguir” do euro e as repercussões nas bolsas do mundo inteiro, das medidas de austeridades tomadas por nações como a Alemanha e a Inglaterra, deixam bastante claro que a crise é de dimensões consideráveis e que já começa a afetar as áreas que não sofrem da doença européia.
Este Scenarium vem advertindo que, se porventura, o governo brasileiro não tomar medidas bastante agressivas já e agora – e não basta, apenas, um corte de 10% nas dotações orçamentárias deste ano! – e rever medidas que aceleraram, em muito, o aumento da dívida pública interna, como “as bondades”, a estratégia de reforço de caixa do BNDES, que já elevou a dívida para 1,6 trilhões, além de uma revisão de aumentos concedidos e contratações realizadas, sob pena de, conforme têm chamado a atenção alguns economistas, ficarem fragilizados os fundamentos da economia e ser o Banco Central obrigado a elevar a taxa básica de juros para, no mínimo, 11,5%, até dezembro. É bom chamar a atenção que hoje o Brasil gasta mais com os seus servidores públicos que os países mais ricos da Europa, onde os servidores aqui custam 12% do PIB enquanto nos países da OCDE, 11%!
Por outro lado, matéria do “The Economist” de hoje, chama a atenção para os gargalos ao crescimento brasileiro e, segundo o jornal, o país não estaria pronto para crescer na base da expansão chinesa como se antecipa para este ano.
Adicionalmente, os entraves ao crescimento, embora tenham diminuído nos últimos anos, como no caso da competitividade, onde o país era um dos últimos colocados, entre 58 países e, hoje, está na 38ª posição, os problemas de infra-estrutura, burocracia, sobrecarga tributária, encargos sociais abusivos e entraves à atuação de empresas brasileiras e estrangeiras no país, colocam em risco uma tentativa de se crescer, por vários anos seguidos, à base dos 5% ao ano.
Em editorial de hoje, da Folha de São Paulo, o responsável pelo texto, chama a atenção para o fato de que as “empresas estão fazendo a sua parte, quando o país hoje já se situa em 22º lugar na qualidade das práticas de administração e o 16º em atitudes e valores das companhias”. Mas, o estado tem representado fator impeditivo maior. É uma séria e oportuna advertência para que o país não perca o “bonde da história” e não deixe de aproveitar os bons ventos e as enormes potencialidades a serem exploradas para uma expansão econômica segura, sustentável e continuada.
Postado em 20 maio, 2010 3 Comments
As bolsas, do mundo inteiro, já começam a refletir as medidas de austeridade fiscal adotadas por alguns países europeus, bem como as restrições impostas pela Alemanha para a negociação de alguns tipos de derivativos, notadamente aqueles relativos às chamadas operações a descoberto.
As quedas têm sido acentuadas, inclusive, na bolsa brasileira, onde a desvalorização já supera, no mês, mais de 11%! Em função do temor de contágio, as ações acautelatórias, bem como de austeridade fiscal, estão sendo mais rápidas na sua implementação. É provável que medidas restritivas sobre a operação dos mercados financeiros, como as adotadas pela Alemanha, sejam também adotadas pelos demais países da Zona do Euro criando um clima pessimista para os investidores e operadores de bolsas. A consciência sobre a necessidade de medidas duras e amargas, como, por exemplo, a redução de salários de servidores civis, diminuição no valor de pensões e aposentadorias, além dos cortes, até mesmo, em programas sociais, com vistas a reduzir gastos e limitá-los aos critérios de estabilidade econômica da comunidade econômica européia, começam, apesar de muitos protestos, a serem compreendidas pelas sociedades européias.
A França, por exemplo, já discute e, por incrível que pareça, com a compreensão da maioria da sociedade, demonstrada através de pesquisa de opinião, a elevação do limite de idade para a aposentadoria, saindo dos 60 para os 65 anos. A Grécia, apesar de ser vista com muitas restrições pelos alemães, que acham que os gregos são perdulários e, de certa forma irresponsáveis, na condução de suas contas públicas, entendeu que sem as duras medidas propostas, a crise seria muito mais profunda e com repercussões sobre a renda e o emprego, muito piores! Claro que a reação da opinião pública é mais pesada e, marcada por um certo misto de revolta, na proporção em que, em todos os momentos em que são requeridos sacrifícios, quem paga o maior preço são os pensionistas, os detentores de baixos salários, a classe média baixa, os pequenos rentistas, os pequenos poupadores e os pequenos negócios. Ademais, o desemprego também atinge a esses segmentos, de maneira mais rapida e mais pesadamente.
O Brasil, embora não pertencente a comunidade européia, como o resto do mundo, já começa a sofrer com a crise européia, não só pelo impacto na sua bolsa de valores já mencionado, mas pelo que se espera sobre a significativa piora no desempenho de suas exportações. Na verdade, se o “déficit esperado nas contas externas brasileira já seria de algo próximo aos 50 bilhões de dólares, provavelmente, o cálculo deverá ser refeito diante do impacto adicional sobre as exportações. Por outro lado, seria deveras importante avaliar se, dadas as novas circunstâncias, os fluxos de capitais possam vir a ser maiores, diante dos bons fundamentos da economia do País, bem como das enormes oportunidades de investimentos. Assim, será possível financiar o “buraco” das contas externas com esse afluxo adicional de investimentos externos caso realmente a desconfiança dos investidores não ocorra para mercados como o Brasil, onde alguns gargalos, estrangulamentos e limitações institucionais possam criar embaraços para tais investidores.
Apesar de tais circunstâncias que poderão ser favoráveis ao Brasil, três outros problemas assustam os “policy makers” do País. O primeiro diz respeito ao aumento exagerado do custeio que não pode ser revisto, anulado ou reduzido, pois se trata de gastos com a contratação de pessoal e de aumentos, inusitados, para várias categorias de servidores públicos. O segundo diz respeito ao “buraco” nas contas da previdência social que deve, se o quadro não mudar até dezembro, atingir a mais de 55 bilhões de reais! O terceiro é se, em função dos interesses eleitorais, Lula não venha a vetar o artigo que aprovou o fim do fator previdenciário.
Se isto ocorrer, na contramão do que ocorre no mundo, a previdência ficará insustentável. Cálculo recente mostrou que só a adoção do fator previdenciário, economizou cerca de 40 bilhões, nas contas da previdência nos últimos anos.
Não se tem, ainda, uma idéia clara dos vários impactos sobre as contas públicas face aos desregramentos com os gastos públicos dos últimos anos. Só se sabe que o superávit primário que, em determinado momento alcançou 4,5% do PIB, embora se diga que a meta ainda é atingir 3,3% este ano, segundo informações mais precisas disponíveis, depois de excluírem dos cálculos determinados gastos, notadamente com investimento, o superávit não alcançará 2,5%!
Diante disso, o quadro de vulnerabilidade da economia brasileira a uma crise externa, como parece se antever, é bem maior do que quando da crise, ainda não encerrada, do “subprime” americano. Diga-se, de passagem, que o governo americano começa a definir um conjunto de regras para o mercado financeiro que ainda não se sabe ao certo, as suas repercussões sobre a crise econômica, não mais européia, mas mundial.
O próximo governo, seja lá quem for, vai suar, ser xingado, antipatizado e perderá pontos de popularidade porquanto vai ter que fazer alterações, significativas, na qualidade do gasto público, para enfrentar os desafios que se colocam à manutenção dos fundamentos da economia nacional.
Postado em 19 maio, 2010 1 Comentário
Barack Obama, desde o ano passado, insistia com as autoridades européias no sentido de conter os excessos de gastos do setor público para garantir todas as conquistas do chamado welfare state. Claro que os europeus, sem maiores preocupações com o crescimento, diante da estabilidade do tamanho e das aspirações de suas populações, tendiam, a apenas, a cumprir os compromissos com os programas sociais e despreocupavam-se com a desorganização das finanças públicas.
Não obstante o pacotaço de 750 bilhões de euros acertados entre as nações líderes da Zona do Euro, as angústias persistem depois de três fatos ou possíveis ameaças. A primeira, de que a Inglaterra em nada participaria do problema mesmo que, por força de contágio, tal crise viesse a gerar uma desestruturação de toda a economia européia, com reflexos mundiais. A segunda, foi a ameaça da França, depois negada pelo próprio Sarkozy, de que se a Alemanha não apoiasse o plano de recuperação econômica de Grécia, Portugal e Espanha, a França sairia da União Européia. E, finalmente, a deflação já se verificando na Espanha e as reações pessimistas de James Cameron, o novo Primeiro Ministro Inglês, e de Paul Volker, o homem forte da assessoria econômica de Obama, quanto ao êxito do programa.
Ademais, chama a atenção de muitos economistas, espalhados mundo afora, o fato de que o impacto inicial do pacote será promover uma redução significativa das atividades econômicas, com reflexos na renda e no investimento e, consequentemente, promover um aprofundamento maior da própria crise. Para outros, notadamente os eufóricos economistas brasileiros, a tendência será que, com o excesso de liquidez na Europa e sem alternativas de aplicação de seus fundos, o Brasil será a bola da vez na atração de investimentos. E, diante das enormes oportunidades de negócios como o pré-sal, as olimpíadas, os jogos olímpicos, os estrangulamentos logísticos, poderá ser o País deverás beneficiado por tal circunstância, embora a preocupação seja também com a redução do comércio externo do Brasil para a Europa, pela queda de sua atividade econômica. É esperar para ver.
Postado em 18 maio, 2010
Alguns apressados e talvez, até mesmo, atormentados tucanos e adeptos da candidatura de José Serra à Presidência da República, quase que “surtaram” diante dos resultados das pesquisas Vox Populi e CNT/Sensus, que mostraram ou uma pequena vantagem à Dilma ou um empate técnico entre os dois candidatos.
Na verdade, é inusitada tal atitude dos tucanos quando, alguns deles, apressada e inusitadamente, já sugerem como estratégia para Serra, para se contrapor a ascensão de Dilma, um chamado “vôo rasante” sobre a candidatura de Marina Silva, como forma de “reverter” o quadro ora colocado. Três bobagens sem igual estão embutidas em tal precipitação. A primeira é o entendimento de que não há nada a reverter, nesta oportunidade, porquanto as pesquisas apresentadas, sem comparativo com a dos outros institutos, são circunstanciais, momentâneas e estão mais marcadas por uma maior exposição de mídia do que por qualquer outro fenômeno e não estariam a revelar qualquer tendência. Em segundo lugar, há que avaliar o que fez Dilma ter subido oito pontos percentuais, de uma pesquisa a outra, a não ser, provavelmente, a sua pesada exposição de mídia, via programa do PT. Em terceiro lugar, Marina Silva, diferentemente do que pensam alguns estrategistas políticos, muito mais ajudará a Serra e ao processo democrático, pois, com certeza, subindo um pouco mais, garantirá o segundo turno! Parece não ser nada inteligente, o que alguns sugerem e apregoam, de vê-la fora da disputa. Marina não é Ciro. Ela hoje, notadamente, no meio dos jovens, é a queridinha do Brasil e tentar miná-la, é uma espécie de “tiro no pé”.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!