Postado em 18 maio, 2010 2 Comments
Serra age, de maneira bastante inteligente, quando faz a sua investida sobre o Nordeste onde a sua imagem sempre esteve associada àqueles que são contra o desenvolvimento regional. Inclusive, em função de posicionamentos passados seus em relação à SUDENE, aos incentivos fiscais e as ZPE’s. Serra ficou um tanto quanto estigmatizado no Nordeste e no Norte do País. Mas, Serra assume atitude das mais “espertas” no que respeita a sua estratégia de ação político-eleitoral. Serra teve, como primeira ação estratégica, garantir uma boa e confortável posição nos três maiores colégios eleitorais do país, que compreendem 53% do eleitorado nacional. No caso, São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Tanto é que no Rio, mesmo sendo o governador do estado e o prefeito da cidade aliados à Dilma, a última pesquisa mostrava um Serra empatado, tecnicamente, com Dilma. Por outro lado, o cerco que ora Serra faz a Aécio Neves, cuja popularidade em Minas atinge 75% das preferências, parece que será exitoso e, talvez, Aécinho seja o seu companheiro de chapa!
E o que faz Serra no Nordeste, reduto maior de Dilma? Depois de convencer Jarbas Vasconcelos a ser candidato a Governador em Pernambuco, tarefa que foi das mais árduas, pois que Jarbas não queria, sob hipótese alguma, disputar uma eleição este ano, garante, agora, o integral apoio de Tasso Jereissati, no Ceará. Com a divisão na Bahia, provavelmente, Geddel Vieira Lima, não tendo para onde ir como candidato a governador, juntar-se-á ao DEM e ao PSDB e garantirá o palanque para Serra.
Assim, o candidato das oposições, fecha os três mais importantes colégios eleitorais do Nordeste e, com isso, reduz o impacto do bolsa família sobre os seus votos. Como conta com as simpatias do sul do País onde, em todos os três estados é, por hora, majoritário, Serra na sua incursão bem sucedida no Norte onde prometeu o que os amazônidas queriam ouvir, volta-se para o semi-árido com as bênçãos do “Padim Ciço”.
Postado em 18 maio, 2010
Os prefeitos brasileiros, em sua maioria, estão em Brasília, numa nova marcha, como tem acontecido já por vários anos.
Sabe-se que o sonho maior dos que são municipalistas, por convicção, seria que se estabelecesse, via reforma, um verdadeiro federalismo fiscal no País. Ou seja, não bastaria apenas redefinir a estrutura tributária nacional e a distribuição das receitas públicas entre os entres federativos. Mais que isso. Seria preciso não só redefinir o pacto, mas, acima de tudo, examinar as atribuições e competências de União, estados e municípios, bem como racionalizar as tarefas e responsabilidades, compatibilizando-as com as receitas a cada ente atribuídas.
Mas, os prefeitos sabem que, de imediato, tal sonho não é possível e nem viável e buscam, pelo menos, garantir algumas conquistas que minimizem as suas agruras. Como no ano passado conseguiram Decreto Presidencial de compensação financeira entre o Regime Geral da Previdência Social e os regimes dos servidores de estados e municípios, além da doação de 8443 ônibus escolares e a redução de 40% na contrapartida em projetos de saneamento e habitação, agora voltam-se para duas questões objetivas.
Nessa marcha, os prefeitos pretendem pautar duas reivindicações: aumentar e regulamentar o financiamento da saúde pública, onde os encargos são extremamente pesados para os municípios e, na briga mais relevante, os critérios de distribuição dos royalties do pré-sal. Se, pelo menos, em parte, a emenda Ibsen Pinheiro, relativa à nova fórmula de distribuição dos royalties do pré-sal, for acolhida pelo Senado, estabelecer-se-á o início de um verdadeiro federalismo fiscal.
Que o ano eleitoral e o suposto respeito à chamada força do poder local, ilumine e oriente os senadores, são o que os deuses clamam pelos prefeitos!
Postado em 17 maio, 2010 1 Comentário
Lula, o líder mundial, que no alto da sua “humildade” e contando com sua experiência de negociador nato, decidiu entrar na história, intentando resolver o impasse entre o Irã e o resto do mundo, na questão difícil de equacionar, qual seja, a exploração da energia nuclear, sob controle ou não, da Agência Internacional de Energia Atômica! Mas, não só busca tão difícil e complicado objetivo como atribui-se ao seu talento resolver uma questão ainda mais grave, qual seja, o conflito israelense versus palestinos.
Até bem pouco tempo Lula era o líder que “todos os líderes querem ser amigos e desenvolver relações próximas com ele e o Brasil”. Lula é amigo de todos e a todos seduz, para depois, “partir-lhes o coração”, segundo Moisés Naím, ex-diretor executivo do Banco Mundial e ex-ministro venezuelano, diretor da Revista Foreign Policy e Observador Global do jornal espanhol El País, no qual escreve aos domingos.
Ou seja, segundo o articulista, o prestígio de Lula, a nível internacional, tem caído, sistematicamente, porquanto a frustração dos grandes líderes mundiais diante de “tantos gols contra”, como o apoio a Cuba; a retaliação proposta a Honduras; as “traições” de Lula à defesa da democracia; sua indiferença às violações aos direitos humanos em países governados por seus amigos; as decisões, cujo propósito óbvio é demonstrar independência e que este é um “novo Brasil e, pela a busca por um protagonismo em áreas e temas em que o Brasil tem tudo a perder e nada a ganhar”.
O problema de Lula é que, “partindo corações”, vão pelo ar os sonhos da Secretaria Geral da ONU, do Prêmio Nobel da Paz, de Presidente do BID, entre outros. A descida da ladeira tem afetado a cabeça e os sonhos de Lula!
Postado em 17 maio, 2010
O lugar comum é dizer que é um corte do momento ou assinalar que, até agora, não mostra tendência, mas, tão somente, a maior exposição à mídia dos candidatos ou ainda que, em função do programa do PT, Dilma deu um salto. Mas, como salto de oito pontos em duas semanas, parece inusitado, há aqueles que questionam a entidade responsável pela pesquisa, no caso a Vox Populi, cujo histórico, à época de Collor, parecia que assumia posições discretamente tendenciosas, haja vista que o dono, àquela época, era cunhado de Collor.
Mas, tais argumentos de nada servem. O importante é que, cada vez mais, os candidatos ou pré-candidatos, usem tais dados para corrigir estratégia, refazer caminhos, buscar novas alianças e estabelecer um discurso mais convincente com as aspirações da sociedade brasileira.
No caso de Serra, parece que volta a tomar corpo a idéia da chapa puro-sangue, com Aécio Neves de Vice. Aécio, depois de um banho de cultura e entretenimento no Velho Mundo, deve ter revisto conceitos, examinado as tendências e as perspectivas de seu projeto de poder e, quem sabe, pode ter concluído que é mais fácil pensar em ser candidato a presidente com Serra no poder do que com Dilma!
Postado em 17 maio, 2010
Com as concessões feitas às igrejas cristãs – quanto ao aborto e aos ícones religiosos em lugares públicos -; ao agronegócio, onde a exclusão da justiça na concessão de liminares para reintegração de posse de áreas invadidas foi revista; as Forças Armadas, onde a Comissão da Verdade vai julgar os casos de violação de direitos humanos por estados autoritários, desde 1945 até agora; a mídia onde todas as restrições foram retiradas, além de outras concessões, realmente tornou o Plano Nacional de Direitos Humanos algo oco e inócuo.
Aliás, é o caso de se afirmar que a “montanha gemeu, gemeu, mas pariu um rato”.
É por essa razão que Paulo Vannucci, Secretário Nacional de Direitos Humanos, resolveu mudar o foco da secretaria e agora volta-se para combater a pedofilia, a violência contra as crianças e contra as minorias, além do combate ao trabalho escravo.
Postado em 16 maio, 2010
Se alguém imagina que a crise econômica mundial é um caso de todo superado, não está acompanhando a lenta e complicada recuperação bem como as medidas dramáticas usadas pela Comunidade Econômica Européia, no sentido de não ver se espraiar, na forma de contágio, as crises de Grécia, Portugal e Espanha, afora a situação nada fácil de Itália e França, sem contar a situação inglesa, com o déficit orçamentário além de 11 por cento do PIB e uma divida pública assemelhada, em percentual, aos níveis de Espanha.
A situação de Grécia e Espanha, com seus duros e rigorosos planos de reequilíbrio fiscal, já provocam violentas manifestações de rua contra os seus governos, o que exigirá muita sobriedade e equilíbrio das oposições e da sociedade civil, objetivando convencer à sociedade de que ou é um plano de austeridade fiscal agora ou será a “débâcle” econômica inexorável, amanhã.
Por outro lado, o Reino Unido, de governo renovado, após cerca de 14 anos de domínio dos trabalhistas, agora com o comando político de um governo conservador, mas que teve a visão de montar um governo de coalizão, com os “tories”, reeditando uma composição política que só havia ocorrido na Inglaterra, ao tempo de Winston Churchill, tem já concebido um sóbrio, objetivo e eficaz programa de reequilíbrio orçamentário e fiscal para o País.
A tendência do novo governo inglês, comandada por dois jovens de quarenta e três anos, é montar um programa de austeridade bastante duro e manter-se afastado de qualquer tentativa de adotar, não apenas a moeda, mais quaisquer medidas daquelas economias que fazem a Zona do Euro.
Apesar de ter sido bem recebido pelos mercados do mundo inteiro, não só o “pacotaço” de ajuda, da ordem de 750 bilhões de euros, para atender “os desvalidos e ameaçados” da referida Zona, as preocupações européias continuam presentes e, agora, estão centradas em alguns pontos.
O primeiro deles é como fazer para que tal “derrama” de meios não provoque inflação e mais desorganização fiscal. O segundo aspecto é avaliar até que ponto tais medidas, sem virem acompanhadas de medidas de regulação e maior controle do sistema bancário e financeiro, não seriam, em parte, pouco eficazes. E, por fim, como viabilizá-las, politicamente, sem grandes tumultos e desordens político-institucionais.
Por outro lado, a demora de planos de austeridade de países como Itália, França e de todo o Leste Europeu, sem ocorrerem no mesmo momento como os que ora estão a ocorrer na Inglaterra, em Portugal e na Espanha, podem diminuir a eficácia de todo o esforço para a Zona do Euro.
Finalmente, não se está buscando avaliar o impacto sobre a economia mundial, dos dramáticos cortes de gastos de custeio e investimentos em tais economias, bem como o seu resultado para o resto do mundo, em termos de procrastinar a recuperação econômica de vários países, notadamente, os emergentes.
Na verdade, no caso brasileiro, não se tem assistido discussões sobre as repercussões da crise das economias da Zona do Euro sobre o crescimento brasileiro. Aliás, valeria à pena indagar se o volume de investimentos diretos de Espanha, Itália, França, Alemanha e Inglaterra, aguardados e incorporados às projeções de expansão da economia nacional, não sofrerão restrições em face dos referidos planos de austeridade.
Caberia ao Brasil buscar avaliar os cenários possíveis para a economia mundial e intentar avaliar as repercussões sobre as intenções brasileiras de crescer acima de quatro por cento nos próximos vinte anos. Não se quer nem que o país faça planejamento estratégico, mas, pelo menos, tenha uma visão dos desdobramentos de todos os atos e das políticas adotadas pelos Estados Unidos e pela União Européia. Não dá para ficar apostando e colocando todas as fichas nos efeitos dinâmicos do crescimento dos emergentes, particularmente dos chineses, esquecendo da lição recente da crise do subprime americano que, na avaliação do próprio Presidente Lula, seria apenas “uma marolinha” e que levou a um crescimento negativo em 2009 e exigiu uma série de medidas anticíclicas, tomadas pelas autoridades econômicas brasileiras.
Será a crise européia algo que apenas os planos de austeridade irão sanar, de vez, os desequilíbrios fiscais e a lenta recuperação econômica da economia dos países membros? Parece que a crise terá repercussões bem maiores do que se está admitindo agora. E, mais uma vez, o Brasil deve aproveitar a “onda” internacional e promover uma série de ajustes, notadamente em um ano em que ninguém está querendo discutir qualquer questão de fundo, mas apenas se o seu candidato será vitorioso ou não.
Postado em 15 maio, 2010
Há cerca de quarenta anos, um grupo de cientistas do mundo inteiro, preocupados com os destinos materiais da humanidade, reuniu-se no chamado Clube de Roma, uma organização informal, para discutir o temor que tinham de uma espécie de neomalthusianismo.
Da mesma forma, como conclusão de suas análises e estudos prospectivos, decretavam uma antecipada incapacidade da sociedade industrial no sentido do atendimento da demanda crescente por produtos, de toda ordem, face o dinamismo da expansão do consumo que, àquela época, se verificava.
Os temores fundamentais apoiavam-se no acelerado ritmo de crescimento demográfico; no elevado estoque de população na linha de pobreza e enfrentando a fome crônica; no esgotamento dos recursos naturais renováveis; nos limites à exploração dos recursos naturais não renováveis e as dúvidas e incertezas, bem como a falta de perspectivas claras para a superação de tais desafios.
E, esse mesmo Clube de Roma, advertia ao mundo de que se não houvessem medidas relacionadas ao controle da expansão demográfica; se não se preservasse, através de uso mais racional e otimizado, os recursos naturais renováveis; se não se buscassem alternativas para superar os limites das disponibilidades dos recursos minerais estratégicos; se não houvesse saltos na invenção e na inovação tecnológica e, finalmente, se não se esgotasse toda a idéia do chamado empreendedorismo schumpteriano, as possibilidades de um grande colapso econômico, com enormes e gravíssimas implicações sociais e políticas, era quase que inexorável e inevitável.
Aqueles tempos, que ameaçavam ser tempestuosos e muito difíceis, inclusive com o impacto do efeito mundial da primeira crise do petróleo, tiveram superação. Decisões políticas e fatos novos permitiram que se conseguisse o controle e a diminuição do ritmo de expansão demográfica; se realizasse a revolução verde que ampliou, em muitas vezes, os limites de expansão da produção de alimentos; se processasse a mineração de fundo do mar; se promovesse o enobrecimento de minerais pobres; se estabelecesse a reciclagem de produtos industriais e, mais importante, se alcançasse uma excepcional revolução tecnológica que o mundo experimentou, simbolizáveis, talvez pelo transistor, o circuito integrado e o chip, que mudaram a história, quebraram paradigmas e impuseram uma inflexão de tendência na curva de expansão econômica mundial. Se aí se agregar os impactos positivos da globalização, em todas as suas dimensões, se é possível ter uma idéia da notável mudança de paradigmas.
Está o Brasil, agora, diante de desafios e dilemas, se não tão graves como aqueles prognosticados pelo Clube de Roma, mas capazes de frustrarem, não só as expectativas, mas a real necessidade de um crescimento continuado, dinâmico e sustentável de, pelo menos, 5% ao ano, para que nos próximos 20 anos, tenha sido superada quase toda a pobreza e se possa garantir qualidade de vida condigna, como àquelas definidas pelas metas do milênio requeridas de países como o Brasil.
Para tanto, uma profunda reflexão se requer no exame dos principais estrangulamentos ao crescimento do País. E tais estrangulamentos não são para daqui a alguns anos mas, com certeza, para agora e já.
Com tais estrangulamentos não superados, será difícil, mas muito difícil mesmo, crescer aos 4 ou 5 por cento requeridos e desejados. E que estrangulamentos são esses?
1. LOGÍSTICO, onde as dramáticas restrições na área de transportes rodoviários, ferroviário, de portos, de aeroportos, de energia e de inclusão digital, podem, cada uma delas, representar fator de “constraint” ao crescimento desejado. Hoje já paralisam projetos, já frustram investidores internacionais e limitam a competitividade das empresas instaladas no País, vis-à-vis o exterior.
2. A INVIABILIDADE DAS CIDADES, pela explosão de favelas; as dramáticas restrições de tráfego face o ingresso de, anualmente, mais 30% de veículos automotores e as dramáticas restrições pela inexistência de transporte de massas. Alie-se a tal, os problemas de saneamento ambiental e, “last but not least”, os problemas dramáticos de violência urbana;
3. A INADEQUADA ESTRUTURA TRIBUTÁRIA E A CARGA EXAGERADA DE OBRIGAÇÕES SOCIAIS, acima do que é possível em termos de competitividade em um mundo globalizado;
4. A INSEGURANÇA JURÍDICA – marcos regulatórios ainda pouco confiáveis – e a IMPREVISIBILIDADE JUDICIAL – onde a cabeça do juiz vale mais do que o que está escrito ou vale mais que a própria letra da lei! – que ainda assustam investidores internacionais e põem em cheque, a viabilidade de investimentos de longo prazo;
5. ÓRGÃOS DE CONTROLE, FISCALIZAÇÃO E DEFESA DO MEIO AMBIENTE – órgãos, burocratizados, ideologicamente comprometidos e, acima de tudo, sem sintonia nem envolvimento com o projeto de desenvolvimento nacional;
6. POBREZA CULTURAL ou base cultural precária, com escolaridade geral baixa, de pouca qualidade e limitações significativas na formação técnica de mão de obra, óbices hoje, maiores ao crescimento.
E se considerar os investimentos e os projetos exigidos para sediar a copa do mundo de futebol e os jogos olímpicos de 2016, há urgência no equacionamento de tais problemas. Também as decisões político-administrativas necessárias para que as coisas aconteçam, no tempo necessário e esperado, são condições “sine qua non” para o alcance de tais objetivos.
Portanto, a questão que se coloca, sem ideologismos, sem partidarismos e sem excessos, é a que pontuou o Financial Times, um dos mais conceituados jornais do mundo, num caderno especial sobre a infra-estrutura no Brasil. Ali, embora reconheça o editorialista do caderno especial, o que se fez e o que se está fazendo no Brasil, de positivo, como, talvez, um dos mais festejados e bem sucedidos países emergentes, pelas conquistas recentes, chama a atenção para os “constrangimentos e restrições” impostos pela infra-estrutura e levanta dúvidas se o país terá capacidade gerencial para fazer operar, a tempo e a hora, os PAC’S exigidos para a expansão segura, continuada e sustentada, de mais de 5% ao ano da economia, nos próximos vinte anos.
Eis a questão que merece uma reflexão crítica da sociedade e uma cobrança aos presidenciáveis, ao invés de colocações adjetivas ou “consensos ocos” como os colocados por Marina Silva.
Postado em 14 maio, 2010
Há cerca de um ano e meio este cenarista, não só nos seus comentários escritos, mas nas análises feitas para o programa Cid Carvalho, da Rádio Cidade, do Ceará, antecipava que diante das circunstâncias políticas locais, a tendência seria, para o pleito de 2010, a repetição de uma coalizão que, há mais de 60 anos, juntou num mesmo “balaio”, a velha UDN e o esperto PSD. A coalizão partidária foi chefiada pelo candidato a governador que, tendo perdido a eleição para a coligação PSD/PTB, no pleito anterior, em 1958, compunha-se, agora, com o adversário de outrora para, enfim, sair vitorioso, mesmo tendo que dividir o poder. E assim foi, e assim ocorreu.
E, tal antecipação do que poderia ocorrer, foi objeto de comentário da jornalista Sônia Pinheiro, do Jornal O Povo, naquela oportunidade.
Agora, o jornalista Ilimar Franco, competente e sério colunista do jornal O Globo, afirma que está muito próximo o fechamento do acordo que levará à repetição de um grande arranjo partidário liderado, no Ceará, pelo governador Cid Gomes que, até agora, é candidato única à sua própria sucessão!
Aliás, é interessante como não só aqui no Brasil, mas, inclusive, no Reino Unido, depois de mais de setenta anos, conservadores e trabalhistas formam um governo de coalizão! Parece, como diz o ditado popular, no caso do Reino Unido, de que “a dor ensina a gemer”. Ou seja, quando das dificuldades são muito grandes, como a crise econômica que se espalha pelo mundo, a saída é superar divergências partidárias e, para conseguir um sacrifício maior da sociedade, só com um gesto de grandeza e desprendimento dos líderes políticos. Se no caso do Ceará não exista uma crise, a visão estratégica do governador Cid Gomes deve estar levando a que, examinando a quantidade de projetos estruturantes do estado, tão relevantes para garantir um ponto de inflexão na sua histórica econômica, só reeditando o que se fazia no passado em que toda uma bancada fechava questão e, se necessário, votava contra os interesses do Governo Federal e de seus respectivos partidos se reivindicações justas, objetivas e procedentes do estado não fossem atendidas. É o que deve se buscar, agora, na renovação dos mandatos de governador, senadores, deputados federais e estaduais, quando tanto o Ceará quer ver concretizado e superado os atrasos dos projetos de Transposição, da Transnordestina, da Refinaria, da Siderúrgica, do Estaleiro, do Circuito das Águas, da exploração de Itataia, da usina nuclear e de tantas outras alternativas para mudar, rapidamente, a sua face.
O arranjo ou a coalizão proposta, para o Ceará, terá o Governador Cid Gomes, como candidato à reeleição, Eunício Oliveira (PMDB) como candidato à senatória e, claro, pelas ligações políticas e afetivas, Tasso Jereissati (PSDB), na outra vaga de senador. A coisa fica estranha diante das profundas divergências entre o PSDB e o PT, em quase todo o país, bem como diante do problema de palanque para os presidenciáveis, já que Tasso é o responsável pela campanha tucana no Ceará e, até agora, o partido do governador votará em Dilma. Diante desse impasse, ao PT restarão dois caminhos. O primeiro, menos viável e crível, é intentar lançar chapa própria para poder manter a pretensa candidatura do deputado federal, José Pimentel, ao Senado. A segunda é fazer “cara de paisagem”, garantindo o apoio ao Governador Cid e engolindo, goela abaixo, sem estrebuchar e nem espernear, o nome do inimigo figadal do partido e adversário de Lula, Tasso Jereissati, como candidato ao Senado. Aí, o próprio Pimentel poderia, quem sabe, ter como prêmio de consolação, a indicação, pelo PT, para ser o candidato a vice- governador no “chapão” de Cid, na vaga que é dedicada ao PT, desde a eleição passada.
Há ainda uma terceira hipótese. Seria garantir a vaga de candidato ao senado ao PT, caso haja um pedido muito especial de Lula e, claro, acompanhado de outros “mimos” importantes para o governador e para o estado, convencendo Eunício Oliveira ou a ser candidato a vice ou ele vir a indicar o candidato à vice.
Nessa hipótese, cresceriam muito as chances do Presidente da Assembléia Legislativa, Domingos Filho (PMDB), hoje o dono do mais expressivo número de votos, dentro do partido, se auto-indicar para a vice-governadoria e, já de olho na sucessão de Cid Gomes, ser o grande coordenador da reeleição do governador, já que, dificilmente, Ciro assumirá tal posto. Como o TSE já delimitou os campos de coligações e não permitirá candidatos avulsos ao Senado e nem tampouco permitir que se separem as coligações de governador e senador, parece que, a Cid, não restará outra opção a não ser fazer a composição incluindo todo mundo. Ou, numa outra hipótese ainda, romper com o PT local e, com isto, não vir a garantir um apoio tão aberto a Dilma. Isto porque, a coligação que reelegerá Cid, estando minada por serristas de peso e expressão, preferirá manter a paz entre os seus – a sustentação política ao governador foi garantida, também, por 14 deputados estaduais do PSDB! – e estes, necessariamente, irão apoiar Cid, mas, ao mesmo tempo, votarão no senador Tasso Jereissati e no seu candidato a Presidente, José Serra.
Dia 22 de maio, a “fumaça branca” sairá da chaminé do PSB cearense, mostrando, provavelmente, que o governador conseguiu fazer o que queria. Ou seja, a composição com Tasso e Eunício, defenestrar Pimentel como candidato ao Senado e fazer o PT “engolir” Tasso, do PSDB, mesmo sabendo que ele será o coordenador da campanha de Serra no Ceará! E mais, de quebra, ainda vai construir o Estaleiro Promar, em Fortaleza, o que, até agora, tinha sido o pomo da discórdia entre o governo do estado e a prefeitura de Fortaleza. Parece que a Prefeita Luiziane Lins já concorda com a idéia do estaleiro na cidade!
Postado em 14 maio, 2010
O Presidenciável José Serra estará em visita ao Ceará na próxima semana, quando visitará obras que foram realizadas por ele ou como Ministro do Planejamento ou como Ministro da Saúde.
A preocupação maior de Serra, no Nordeste, será mostrar que ele não tem nada contra nordestino, nem contra Lula e nem contra o Bolsa-Família. Tentará demonstrar que não defende aquilo que, chamada, por Lula, de “elite branca paulista” tem contra o Nordeste, afirmando que os tempos são totalmente outros e o dinamismo recente do Nordeste, mostra que, sem nenhum protecionismo, a região apresenta enormes potencialidades que já estão sendo aproveitadas e poderão ser diversificadas e ainda mais e melhor aproveitadas. Demonstrará, também, que as zonas de processamento de exportações ou zonas econômicas especiais que, no passado, tiveram a sua total restrição, contarão com seu especial apoio e entusiasmo, pois que o recente desenvolvimento da China mostrou quão importante são tais instrumentos para o desenvolvimento de regiões atrasadas do País.
No seu périplo pelo Nordeste, José Serra tem procurado demonstrar que é um “amigão” da Região e que se compromete, desde já, a concluir os projetos inacabados como a Refinaria Abreu e Lima e o Hemocentro, em Pernambuco; a refinaria, a siderúrgica e o estaleiro Promar no Ceará, e, provavelmente, a Transnordestina, a Transposição e umas seis usinas nucleares previstas para o País, cuja localização mais indicada é no Nordeste. Concluirá dizendo que o Bolsa-Família, em seu governo, vai ser turbinado, não só com o possível aumento do valor da bolsa bem como buscará fazer dele um instrumento efetivo de inclusão social, de forma definitiva.
Talvez até termine dizendo que o nordestino nunca precisou de muletas oficiais e deve rejeitar esmolas, como bem diz a letra da música de Luis Gonzaga: “a esmola que é dada a um homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. Serra, espertamente, como fez na Amazônia, não esperará ser cobrado e antecipar-se-á nas promessas aguardadas por políticos e governantes.
Dentro da preocupação de buscar discussões mais substantivas ou substanciosas sobre o futuro do país, seria relevante que as regiões apresentassem os seus questionamentos sobre decisões ou iniciativas que poderiam estabelecer compromissos com os objetivos e destinos de suas populações. O Nordeste tem que, institucionalmente, indagar a Serra quais são os seus compromissos com a extinta e não ressuscitada SUDENE e qual o papel que ela deveria desempenhar nesses tempos de globalização e de redefinição dos conceitos de desenvolvimento regional onde, no Nordeste, há vários nordestes exigindo estratégias distintas para a superação da pobreza e do atraso econômico. É crucial saber qual será o papel do DNOCS e da Companhia de Irrigação do Vale do São Francisco, bem como o novo papel que deverá desempenhar o BNB.
Além de tais definições institucionais, até que ponto seria possível comprometer, tal como ocorre com a educação e a saúde, parte dos financiamentos do BNDES, Caixa, Banco do Brasil e Fundos de Pensão, com vistas à superação do atraso regional? Por que o PAC não poderia ser revisado para estabelecer um processo de distribuição regional da alocação dos seus investimentos? Estas e as demais questões, antes levantadas, deveriam ser objeto das indagações dos políticos e da mídia cearense, ao candidato José Serra. Porque ficar perguntando por que ele fazia “beicinho” para o Nordeste ou porque ele foi contra as ZPE’s, etc. é perda de tempo.
Nada disso agrega qualquer contribuição. Agora tentar estabelecer compromissos institucionais ou até vinculações dos orçamentos de investimentos dos bancos oficiais e dos fundos de pensão, de tal forma a garantir as bases de uma intervenção do estado, nas regiões deprimidas, com compromissos de resultados em horizonte de tempo definido, aí parece ser mais procedente e eficaz o questionamento do que pensa Serra para o País e os seus desequilíbrios espaciais.
Postado em 13 maio, 2010 1 Comentário
Marina Silva continua a ser a mais “topetuda” dos candidatos à Presidência. Depois de sua bem posta expressão relativa às pseudo-afinidades de idéias e propostas de Serra e Dilma, os chamados “consensos ocos” bem como a crítica a “discursos e propostas de circunstâncias”, Marina critica a proposta de Serra do Ministério da Segurança Pública bem como a sua idéia de o governo central poder intervir na autonomia do Banco Central.
Por outro lado, em Natal, quando recebia títulos de cidadã da cidade e do Rio Grande do Norte, foi taxativa em dizer que nem estaria no palanque de José Agripino – palanque de Serra! – nem no dos Alves – palanque de Dilma! Mas Marina não foi bem quando tratava da questão do desenvolvimento regional. Falou sobre desperdício de energia gerada na caatinga? Falou de coisas vagas relativas à superação do atraso regional com altos investimentos em educação e em como compatibilizar o problema da água com o problema do desenvolvimento regional.
Enquanto isto, Dilma discorda de Serra sobre o Banco Central e fala que o governo tucano ajudou a desindustrializar o país. Mas, no mesmo diapasão, Dilma nada agrega de idéias e de propostas a não ser a de que em “time que está vencendo não se muda”!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!