Postado em 3 mar, 2010 2 Comments
Há quem diga que toda essa exposição de mídia, nos últimos dias, reiterando, continua e sistematicamente, que não será candidato a vice, tem muito a ver com uma criativa e bem mineira, estratégia de marketing de Aécio Neves. Pelo que se assiste hoje, no País, o PSDB “e toda a torcida do Flamengo e do Corinthians”, estão insistindo, pelo bem da democracia – será? – para que ele aceitasse ser vice de Serra. Será que isto não é mais do que um bem engendrado esquema de exposição de seu nome à mídia, para, mais uma vez, colocar-se como candidato a Presidente da República, na eventual desistência de José Serra?
Isto porque, mesmo que, há mais de um mês haver declarado que não era mais candidato a presidente e nem a vice, Aécio, continua com, no mínimo, os seus dezoito por cento de preferência popular e, na hora que se disser candidato, necessariamente, os votos de Serra migrarão para ele. É bom lembrar que, caso assim ocorra, a primeira manifestação virá de Ciro Gomes que, em recente entrevista, admitiu a possibilidade de ser candidato a vice de Aécio. Aliás, isto, se assim ocorresse, resolveria o problema do Ceará, onde Tasso, pelo que todo mundo sabe, sonharia com tal evento e, de repente, resolveria o seu também dilema hamletiano, qual seja, votar em Ciro, não ver o governo do Ceará aliado ao PMDB e ao PT e, sair consagrado senador sem tem que fazer concessões ou ginásticas de ajustes de alianças.
E, coincidentemente, para quem gosta de numerologia, Aécio faz cinquenta anos no próximo dez de março, mas a serem comemorados amanhã na festança do centenário de Tancredo – os mesmos cinquenta anos da ora sofrida Brasília! -, seu avô, o maior presidente que o Brasil nunca teve que, se vivo fosse, faria cem anos e, inaugura a “obra do século” em Belo Horizonte. E, para quem quer mais, se já foi reeleito com 73% dos votos dos mineiros, termina o seu mandato com 75% de aprovação do seu governo.
Estranhamente, como só os mineiros sabem fazer e agir, há um “movimento” do povo das alterosas, que não aceita que Minas assuma um papel de coadjuvante na disputa presidencial. E claro, agregam que Minas, sendo a segunda maior economia do País, mais que isso, Minas são todos os brasis reunidos, desde o Nordeste – norte de Minas -, o Rio – Juiz de Fora -, São Paulo – o triângulo mineiro – e o Sul com tantos migrantes que hoje “tocam” o agronegócio mineiro.
Se se acha pouco para fundamentar a opção por Aécio, Minas uma vez perdeu, de direito, a chance de fazer o Presidente, nos anos trinta, quando Washington Luís descumpriu o acordo do “café com leite” e impôs a candidatura do paulista Júlio Prestes contra a acordada candidatura de Antonio Carlos de Andrada. E deu no que deu!
Diante de tudo isto, este cenarista acredita, “tal e qual” Eremildo, o idiota, que amanhã surgirão “nos céus”, sinais evidentes de que Serra desistirá da candidatura em favor de Aécio. Isto porque, os estragos provocados pelas enchentes em São Paulo, o enorme desgaste do DEM em função do “affair” Brasília e as dificuldades já sendo enfrentadas por Serra, frente aos seus correligionários e aliados, pela chamada estratégica “demora” de encontrar o “timing” certo para o anúncio de sua candidatura, levaram a problemas que começam a se mostrar difíceis de serem administrados, notadamente em alguns estados do País. Aliás, basta mencionar o fato de que, em Minas, Lula já conseguiu e, parece que falta pouco para fechar o acerto, convencer aos seus pares de que, sem Minas, Dilma não ganha a eleição e, portanto, é preciso apoiar Hélio Costa para Governador. Se isto ocorrer, será um prejuízo enorme para as oposições. Mas, para que isto não ocorra, basta que Aécio seja anunciado, já e já, o candidato e, aí, como todos sabem, os mineiros votarão, em massa, no seu filho dileto e, até Hélio Costa se dobrará a tal desideratum. E, se Aécio for o candidato, com certeza, o PMDB, aderirá, praticamente, na sua integralidade, ao charme e ao encanto do neto da Nova República e, portanto, neto do Brasil. “Se você não pode votar mais no filho do Brasil, vote no neto do Brasil. Mas vote no mesmo sangue”.
É por aí que este cenarista, tendo tido uma crise de pitonisa, resolveu definir o que ele considera o quadro surpreendente mas bastante plausível para o processo sucessório do país.
Postado em 1 mar, 2010
As oposições, se é que existe algo concatenado, funcional e orgânico que possa ser chamado de oposições, entra em uma fase onde o tempo conspira contra ela. Os resultados da última pesquisa Datafolha mostram um quase empate técnico entre Serra e Dilma, revelando que a estratégia de Lula, de massificar a exposição de mídia de sua candidata e colar nela a sua “imagem e semelhança” tem sido, substancialmente amparada por um aumento da rejeição a Serra, uma demonstração de que os eventos como o “dilúvio” que se abateu sobre São Paulo, o desgaste de Kassab e o “tsunami” sobre o DEM, notadamente diante do escândalo brasiliense, tiveram impacto sobre as preferências da população, em termos da sua candidatura.
Ademais, a própria indefinição sobre o lançamento da candidatura e as incertezas que ainda a cercam – será que ele é ou não é? – levam ao desgaste de Serra.
Aí duas coisas já estão a ocorrer. A primeira é que Dilma, cada vez mais, dispensa a candidatura de Ciro para garanti-la no segundo turno. E aí, rapidamente, o que sobrará a Ciro, é já e já, acertar a sua candidatura a governador de São Paulo ou rezar para que o seu sonho se realize: Serra desista e Aécio seja o candidato.
Por outro lado, Aécio está “como o diabo gosta”. Ou seja, é o homem indispensável. Se quiser salvar a candidatura de Serra, aceitaria ser candidato a vice. Se não, deixaria a situação se desgastar um pouquinho mais e esperaria que as oposições fossem até a ele, e, num apelo patético, insistissem para que ele saísse candidato a Presidente, ao invés de Serra.
Uma outra constatação que a pesquisa demonstra é que a recuperação de mensaleiros, cuequeiros, aloprados e sanguessugas; as estripulias de José Dirceu; o “pisar na bola” de Lula no caso dos direitos humanos em Cuba e no “abraço de afogados” com o Presidente do Irã, tão repudiado pela comunidade internacional, além dos problemas fiscais no País, nada disso chega ao povo e nada disso afeta o itinerário de sua candidata.
Mais uma vez, o que se nota e sente é que política é mais sentimento e emoção e, se o eleitor “is feeling good”, não interessa a cara, a simpatia, a proposta e nem as idéias do candidato. Sequer o seu passado ou os pecadilhos cometidos. Isto se assemelha a um candidato populista do Ceará, que o seu adversário, ao fazer um discurso interativo com o eleitorado perguntava a uma grande massa reunida na praça mais popular de Fortaleza: “Quem foi o prefeito mais irresponsável que Fortaleza já teve? E o povo, em coro, respondia: Bentinho! Quem foi o prefeito mais preguiçoso que Fortaleza já teve? E o povo bradava, em coro: Bentinho. Quem foi o prefeito mais ladrão que Fortaleza já teve? E o povo, mais uma vez, respondia: Bentinho! E, num coroamento de sua catilinária contra aquele que foi, sem dúvida, o maior líder populista do Ceará, o orador perguntou: Agora, pensem bem, no dia 3 de outubro, em quem vocês irão votar para prefeito de Fortaleza? E o povo, uníssono, respondeu: Bentinho! Bentinho! Bentinho!” Assim, desconstruir Dilma, chamando-a de mandona, autoritária, guerrilheira, pouco simpática e boneco de ventríloquo de Lula, não pegou e, pelo jeitão, não vai pegar. Há que ter um novo mote, junto com uma nova cara e um novo jeito de ser do candidato da oposição para a coisa começar a abrir perspectivas de que a disputa, como acham os “experts”, venha a ser muito disputada. Uma “chapa” Aécio e Ciro, bem que poderia incendiar a campanha. Mas, como fazer isto? Será que Aécio, nos entendimentos que fez com Serra, acenou com tal possibilidade? Todos sabem que Aécio Neves, o mais bem “ranqueado” ou o mais bem avaliado governador do País, do segundo maior colégio eleitoral, com toda carga mística do avô e com capacidade de articulação e negociação invejáveis, seria o ideal para as oposições. Mas, daria tempo? E Aécio, estaria disposto a abrir mão da senatória garantida e tranquila? Este cenarista acha que sim e, se Serra não quiser correr riscos de abrir mão do controle dos dois maiores orçamentos do País, então esta semana será decisiva para clarear o cenário político-eleitoral do País.
Finalmente, a única coisa que se sabe é o que a pesquisa comprovou sobre o PMDB. O partido não tem comando nacional e o dito comando não manda quase nada. O PMDB, pelo jeitão, não vai entregar a mercadoria, ou seja, 46% dos peemedebistas consultados não votariam em Dilma e, sim, em José Serra. Aí a candidatura de Michel Temer, que já estava mal das pernas, vai, definitivamente, para o brejo.
Postado em 28 fev, 2010 1 Comentário
Como bom sobralense, marcado e estigmatizado pelo idioma bretão, Ciro vive a mais profunda crise existencial de sua carreira artística: ser ou não ser candidato a Presidente da República. Inobstante os seus arroubos, as suas manifestações incisivas de que, ou seria candidato a Presidente ou não seria candidato a mais nada, Ciro dobrou-se às circunstâncias e, do alto de sua presunção, segundo os seus adversários, deu uma de Imperador Dom Pedro I: Se é para o bem de todos e felicidade geral do País, diga ao povo que… posso vir a ser candidato a governador de São Paulo! Exatamente da forma e do jeito que queria Lula!
A sua entrevista mais recente, após o seu encontro com os dez partidos paulistas que, neste momento, estão matando “cachorro a grito”, pois que o governo não tem candidato viável ao governo de São Paulo, diante da “avalanche” Alckmin, abre a perspectiva de que tal hipótese venha a ocorrer. E numa hipótese, embora remota, de Serra partir para a reeleição ao governo do estado, então é que crescem as dificuldades para o PT e para Dilma, em São Paulo. E, diante de tal quadro, cresce a angústia dos líderes ligados a Lula, no maior colégio eleitoral do país, só lhes restando, como única alternativa, a clara indicação de que o caminho é Ciro. E, a esta altura dos acontecimentos, só Ciro seria capaz de lhes garantir sobrevivência ou sobrevida política. Aliás, tanto tal alternativa serve ao PT e aos aliados, como ao próprio Ciro, pois fecharam-se as alternativas político-eleitorais para ele.
Assim, Ciro está deveras inclinado a atender aos apelos insistentes de Lula e, como é sabido, dobrar-se no sentido de atender às pré-condições, necessárias à reeleição do Presidente do PSB, Eduardo Campos, para Governador de Pernambuco. Então, como tudo vai se fechar nas “águas de março”, provavelmente, Ciro irá “desocupar a moita” e assumir a sua candidatura a governador de São Paulo, muito em breve.
A última e emblemática frase de Ciro foi aquela de que se “for para o bem do Brasil e se o seu partido assim determinar, disputará o Governo de São Paulo”. Mas, Ciro, ainda sonha com a possibilidade de que, Serra, diante dos problemas e dificuldades, resolva abrir o espaço para Aécio Neves e, então, provavelmente, ele seria convidado para ser candidato a vice, na chapa de Aécio. Será possível tal ocorrer diante de todo o seu envolvimento pessoal com o PT? O único caminho que se deve trilhar é esperar e esperar para ver o que vai acontecer. No mais, é só especular! Pois que, “política, como dizia o velho Magalhães Pinto, é como nuvem. Você olha para cima ela está de um jeito. Baixa a vista e quando a levanta de novo, ela já mudou de forma e de posição”.
Postado em 28 fev, 2010
Marina Silva, a candidata “low profile”, a frágil, moreninha, “a que se fez por si só”, de saúde precária mas de gestos doces, conseguiu, com determinação e humildade, agora a pouco, um grupo excelente para ajudá-la a formular o seu programa de governo. A política ensinou-a a conceber e ser capaz de ensaiar um discurso do tipo “paz e amor”, mas também a ensinou que o monocórdio discurso da sustentabilidade não somaria pontos na proporção que seria uma proposição quase que, hermética e não mexeria no inconsciente coletivo. O que começou a fazer foi afirmar algo diferente de seu perfil dito eco-xiita.
Habilmente, ao não deixar de elogiar Lula – mas não o seu governo! – não fica com o estigma de traidora, ingrata e de quem “cospe no prato em que comeu” mas, também, numa espécie de contraponto – dando ora “uma no cravo e outra na ferradura!” – afirma que “governaria apoiada no que há de melhor do PT e do PSDB”. Ou seja, recoloca os partidos ditos de esquerda e, doutrinária e programaticamente, com enormes afinidades, numa aproximação que já existiu outrora e que as conveniências do poder os afastou. E, de maneira talentosa, demonstra que, na verdade, PT e PSDB, pensam da mesma forma só que um “aparentemente de tamancos” e o outro, “de punhos de renda”.
Se Marina assim fala, Aecinho, quando ainda era pleiteante a uma possível pré-candidatura a Presidente, martelava o seu discurso de que não seria um anti-lula, mas um pós Lula, como manda a tradição mineiro-pedessista. Ou seja, mineiro não vai para o confronto, mas para o entendimento e a conciliação. Com isto Aecinho nem abriu um flanco de divergências com os petistas, nem com os filhos do bolsa-família e, nem sequer com a esquerda – se é que ainda existe! – país afora.
Ciro, por sua vez, querendo convencer à classe política, à mídia e ao próprio Lula de que é fundamental para a democracia e para os próprios propósitos de Lula, fugir do caráter plebiscitário da eleição além de sugerir que o discurso não pode ser o confronto do “ontem com o anteontem e nem do ontem com o agora”, mas sim, um grande encontro com o amanhã.
Dilma, por outro lado, tenta criar uma “cara” própria, embora continue a dizer que quer continuar a obra de Lula, quer agregar, a tal esforço, a sua competência gerencial e os condicionamentos dos novos tempos, inclusive revendo o seu discurso de contemporizar com a banca e as grandes empresas nacionais. Ademais, repaginando-se para aparecer, “simpática, risonha e original”, reduzindo as restrições de quem a acha mandona e durona.
Serra, rumina idéias, estabelece o “timing” que considera adequado para botar a cara na janela e ter que começar a enfrentar o embate que, nesse momento, não lhe agregaria pontos e, segundo os seus assessores mais diretos, só lhe faria desgastar a imagem perante o seu eleitorado cativo. Assim, gasta o seu precioso tempo costurando alianças, construindo palanques e superando divergências que produzam problemas na sua base de apoio.
Por outro lado, aos analistas da cena política nacional, há a descoberta óbvia de que, dificilmente os discursos dos candidatos terão diferenças fundamentais. Todos irão defender a estabilidade da economia com os seus instrumentos já consolidados; buscarão o desenvolvimento com sustentabilidade ambiental e social; proporão uma presença mais significativa do Brasil na economia internacional e sugerirão idéias para priorizar tudo o que sempre já foi dito prioritário como educação, saúde, segurança, ciência, tecnologia e etc.
No final, no Brasil, como todos são progressistas e ninguém é liberal, sobraria o desafeto de Franklin Martins, o jornalista Diogo Mainardi, mas como é muito impiedoso na crítica ao obscurantismo, a esperteza e a “dita” incompetência de Lula e da companheirada, fica “stand by”, como o último dos liberais.
A pergunta que não quer calar, independente da postura ou da autodenominação de qualquer dos pretendentes ao papel de Magistrado da Nação, é saber qual a proposta de cada um e que tipo de país cada um pretende oferecer ao imaginário coletivo.
Por enquanto, tudo que vai ocorrer nesse período deverá ser a enxurrada de movimentos de desconstrução dos adversários e de comparações entre governos. E, os mais sábios, buscarão, acima de tudo, a boa exposição de mídia e, os mais tolos, o enfrentamento do perfil conservador da mídia nacional.
Postado em 26 fev, 2010 1 Comentário
A caleidoscopia petista não se diferencia, pelo perfil ideológico, de cada grupo de poder dentro da agremiação. Como sói ocorrer nos demais partidos políticos nacionais, o PT, nos dias que correm, é um amontoado de militantes com perspectivas, valores e propósitos, de visão extremamente pragmática. Na verdade, hoje, diante das circunstâncias, o PT se caracteriza por uma divisão de grupos, cujos critérios não mais são doutrinários, ideológicos ou sequer programáticos. Seguindo o que dizia Ortega y Gasset, no “eu sou eu e as minhas circunstâncias”, o PT vive mais de suas circunstâncias e conveniências do que da essência de suas convicções ideológicas.
Dentro de uma possível classificação, numa perspectiva nitidamente pragmática, hoje o PT, não se divide, como no passado – e põe passado nisto! – como o PMDB, entre moderados e autênticos. No PT a classificação é hoje outra, em função das experiências vivenciais dos dirigentes partidários e da sua “dura e difícil” exposição ao poder.
Hoje o PT tem quatro grandes divisões, quais sejam:
a) os ideológicos, revolucionários e “bolivarianos”, como bem mostra a foto “orgástica” do condestável Franklin Martins, abraçando o “Coma Andante” Fidel, como o consagrado “novo Goebbels”, da república tupiniquim, dos tempos modernos; Dilma que, competentemente, é, mais faz de conta, que não é; Luis Dulci, Tarso Genro, Paulo Vanucci, Valter Pomar, entre outros;
b) os chamados pragmáticos ou os “espertos” pragmáticos, que são os controladores do partido e da máquina de governo, incluindo-se aí José Dirceu, LUis Gushinken, José Genuíno, Virgilio Guimarães, José Mentor, Professor Luisinho, Gilberto Carvalho, João Paulo Cunha, Palocci e outros menos votados;
c) os chamados excluídos, que apostaram as suas fichas em um projeto de poder e viram as coisas serem alteradas e desviadas do curso idealizado por eles, de tal forma que, ao não vislumbrarem mais quaisquer perspectivas de que seus sonhos se transformassem em realidade objetiva, resolveram abandonar o barco e seguirem outros caminhos. Entre eles estariam Frei Beto, Leonardo Boff, Xico Oliveira, Plínio de Arruda Sampaio, Marina Silva, e outros;
d) os “aparelhadores” ou detentores da providencial “boquinha”, onde, a expressão maior, assumindo uma “bocona”, seria o Presidente da Previ, Sérgio Rosa, bem como os ocupantes dos quase cem mil cargos de confiança, distribuídos, Brasil afora, entre as várias alas e correntes petistas.
Esse é, sem dúvida, o perfil do partido dos trabalhadores nos dias que correm. Assumiram, não sei se por vocação intrínseca ou pela convivência com o PMDB, a postura do chamado pragmatismo responsável, para eles e irresponsável para o país, de que o que vale é o itinerário e o resultado político e não velhas crenças e ultrapassadas convicções políticas. O resto é conversa para candidato sem viabilidade e sem sucesso político-eleitoral.
Pelo que se sabe, não há mais petismo e sim um lulismo que, sem o carisma do seu líder maior, vai-se, aos poucos, dismilinguindo-se. A militância, não é mais dos sonhos e das esperanças alimentadas por um socialismo fabiano. Hoje, para que ela opere, há que ser paga e, sem Lula, ela, praticamente, inexistirá. E Lula, será, apenas, um símbolo e um mito, a ser lembrado e exaltado pelos bolsa-família e saudosistas e não será mais o fiador e garantidor de que os excluídos terão vez. Aí, provavelmente, vai começar o processo de desconstrução de Dilma, nua e só!
Postado em 23 fev, 2010
O PT não é prosa. Aparentemente, a linha albanesa venceu o embate e impôs um programa partidário que, realmente, se não houvesse uma bruta encenação no processo, onde o pragmatismo cínico e a esperteza dos “condestáveis” de volta ao proscênio, com todo o poder, darão o tom do que vai ser o discurso e a prática da candidata Dilma Roussef.
Ou seja, aquietai-vos assustados liberais, direitistas, conservadores ou pessoas de bom senso. Não temais o que há por vir. Os “lulistas”, já que os petistas mais radicais foram para o PSOL e o PSTU, desistiram da luta ou se desencantaram de tudo e com todos, estão mais preocupados em manter o poder, segurar os empregos e garantir a boa mordomia que aprenderam a usufruir.
Assim, embora Franklin Martins, o chamado Goebbels da esquerda, tenha conseguido influenciar “corações e mentes”, claro que contando com a condescendência e a conivência de Dilma, para apresentar os pontos que assustam banqueiros, empresários internacionais e nacionais, agronegócio, inexperientes políticos, classe média assustada e os petistas que ora aparelham o estado, eles, na verdade, não levam tais bandeiras a sério. E quais são tais bandeiras?
1. Imposto sobre grandes fortunas;
2. Reforma agrária – aceitação da idéia do fim da criminalização dos movimentos sociais com reintegração de posse, sem violência;
3. Programa Nacional de Direitos Humanos ou uma nova constituição, na linha bolivariana, pela extensão dos temas tratados;
4. Combate ao monopólio dos meios de comunicação eletrônicos com a possibilidade de o Executivo poder cassar outorgas, concedidas pelo Legislativo, caso a linha e o conteúdo não estejam de acordo com o Projeto Nacional de Transformação da Sociedade do Governo;
5. Jornada de 40 horas semanais.
E, para arrematar, Dilma fez seu discurso apoiada na idéia de fortalecimento do estado, na opção de política externa pelo terceiro-mundismo e no distributivismo dos programas sociais, sem avaliar o seu papel efetivo na inclusão social definitiva e sustentável dos vários segmentos sociais. Segundo alguns analistas, com a carga tributária que temos; com um sistema previdenciário de primeiro mundo e em processo de inviabilização contábil e financeira e com bancos estatais que controlam boa parte da economia, a medida adicional – taxação de grandes fortunas – restringe, bastante, os estímulos ao investidor.
Se se considerar a chance de intervenção direta nos meios de comunicação; a lei do pré-sal; a lei de mineração; a lei de distribuição de lucros dos 5% adicionais; aí então se terá o ambiente propicio para inviabilizar qualquer negócio. E, se se proíbe a compra de terras agrícolas por estrangeiros, estará o país no pior dos mundos.
Tudo parece uma bruta encenação, uma espécie de manobra diversionista e uma estratégia também para melhor negociar as suas idéias com a sociedade civil e com os aliados potenciais. A manobra diversionista é, talvez, para esquecer o episódio dos quarenta dos mensalão, os dossiês dos aloprados, as estripulias do compadre Roberto Teixeira, os negócios de Lulinha, os cuequeiros, os sanguessugas e as demais espertezas, fazendo com que a mídia, os empresários e os consumidores temam pela desestabilização das instituições e da economia, diante de propostas tão agressivas e ousadas.
A outra razão para tais diatribes é dar uma idéia de que o partido será quem decidirá tudo e não mais o Lulinha, paz e amor. E o interessante disso tudo é que na Rússia, o Primeiro Ministro está lançando um ousado programa de atração de investimentos externos apoiado na privatização de estatais estratégicas, no corte de impostos e na diminuição da burocracia, acreditando que está no caminho do crescimento e do desenvolvimento. E na China, o programa de governo continua apoiado no simbólico “um centro e dois pontos”, onde o centro é a reestruturação e modernização da economia e os dois pontos são a desestatização e a abertura da economia.
Mas, todo mundo sempre soube que aqui a genialidade aflora com muita espontaneidade, para o deslumbramento do mundo. E se os gênios petistas acham que este é o caminho, é por que é e tem que ser. Ou é apenas cortina de fumaça, manobra diversionista ou o ouro dos tolos?
Postado em 22 fev, 2010
Na verdade, foi uma reentre de gala no Diretório Nacional do partido com direito a referência elogiosa do novo Presidente do partido que, em seu discurso de posse, afirmou que “iria se inspirar no compromisso, no trabalho e nas realizações dos ex-presidentes José Dirceu e José Genuíno”! Não importa a denominação que se pretenda dar a tal gesto da agremiação, muito embora o Ministério Público e a Polícia Federal, e, pasmem, até o Supremo, concordem que houve abusos e crimes por parte dessas figuras proeminentes do partido, contra valores éticos e contra o patrimônio público! E os quarenta do mensalão, juntam-se aos companheiros aloprados, aos sanguessugas, aos cuequeiros, aos produtores de dossiês e aos compadres do Presidente e, até mesmo, o “neto” do Brasil, para a obra de reconstrução do novo PT. E, para tanto, assumiram um discurso agressivo de esquerda, de natureza estatizante embora a prática política dos dirigentes maiores do partido seja, prudente e objetivamente, a do chamado “lulismo de resultados”.
É interessante como o PT, realmente, talvez até como uma manobra diversionista, tenha apresentado um programa tão esquerdizante e estatizante, para entreter a mídia, segmentos conservadores e um empresariado que nunca entendeu o jogo político. E assim, faz-se a campanha de Dilma, esquecendo os pecadilhos, os pecados mortais e as dúvidas existenciais quanto a pureza de princípios e propósitos da companheirada. E, a própria Dilma, orientada por Lula, dá uma “no cravo e outro na ferradura” ao dizer que as idéias expostas pelo coordenador do programa de governo que ela apresentará à sociedade, serão objeto de exaustiva discussão com a sociedade civil brasileira e com o PMDB, que mereceu especial menção da pré-candidata face as suas excelsas virtudes como parceiro de empreitada, para que represente uma síntese do sentimento da maioria dos brasileiros.
Na verdade, Dilma cumpre bem o “script” desenvolvido por Lula que, objetivamente, se propõe não a defender idéias, mas, tão somente ganhar a eleição. Depois aí a coisa se define e se estabelece. E assim “caminha a brasilidade”.
Postado em 20 fev, 2010
Aos poucos, os dados de desempenho da economia, do emprego e das finanças públicas brasileiros, vêm à lume, estabelecendo a chance de se discutir o que espera o País para este ano e para 2011.
Em primeiro lugar, quanto ao emprego. Em dezembro de 2009 foram para o brejo mais de 400 mil vagas, levando a um desempenho pobre, a geração de empregos naquele ano, apesar de todas as medidas anticíclicas aplicadas pelo governo brasileiro. Mas, já o início do ano, com a recuperação de dezembro, a coisa bombou e mais de 180 mil vagas foram abertas, demonstrando que, se a tendência se mantiver e se o crescimento for além de 5,5% como o mercado projeta para o PIB, então o emprego poderá superar os dois milhões e quatrocentos mil vagas até o fim do ano.
A expectativa em relação ao crescimento é a de que, em 2009, talvez tenhamos a desagradável surpresa de ter tido um crescimento zero ou até mesmo negativo. O que poderá deixar os petistas de crista baixa. Se 2010 deve superar os 5,5%, já a expectativa para 2011 não é tão favorável assim.
Quanto as finanças públicas, o desempenho da União foi extravagante, em parte justificada pelas pretensas medidas anticíclicas, mas que, na verdade, optando mais pelos gastos de custeio, com ampliação do número de funcionários públicos, polpudos reajustes e aumento dos cargos comissionados – uma média de sessenta por dia – fizeram com que os resultados alcançados pela União ficassem substancialmente inferiores aos estados de São Paulo, Rio e Minas que conseguiram segurar as finanças públicas, reduzir a dívida e não comprometer o futuro com gastos de custeio incomprimíveis.
É bom ponderar sobre o que advertem economistas e gestores públicos ao antecipar problemas para segurar a inflação, manter a taxa básica de juros, não aumentar a relação Dívida Interna/PIB e não ter que justificar o não atingimento do superávit primário previsto para este ano, com sérias implicações no ano de 2011.
Postado em 20 fev, 2010
Para gáudio de Marco Aurélio Garcia, seu ídolo e ícone, El Comandante Hugo Chavez, cujo orientador espiritual é o “Coma andante” cubano, resolveu comentar a eleição brasileira, com os seguintes temores: “A eleição de um presidente de direita no Brasil seria um desastre, pois tornaria o país refém do Imperialismo Yankee”. A única pergunta que surge no ar é, quem no Brasil se declara de direita, a não ser o ex-Ministro da Justiça Armando Falcão que acaba de falecer? Quem sequer tem a coragem de se dizer liberal? “Somos todos, no mínimo, de centro, mas de centro progressista”, como diria o último candidato a ser chamado de direita, no Brasil, o Diogo Mainardi.
Portanto, Chavez está mais para o Chavez do programa da SBT do que para estadista ou, sequer, para analista político.
Postado em 19 fev, 2010 1 Comentário
Para alguns, Ciro esperará até Abril para decidir se vai em frente ou não na sua pretensão à disputa da Presidência da República. Para outros, o desenlace não vai além da próxima semana depois da leitura das pesquisas sobre a repercussão dos seus dez minutos de glória no programa partidário de ontem.
O fato é que, sem alianças partidárias adicionais que lhe permita mais tempo de televisão, fica difícil convencer da viabilidade de sua postulação, embora que, qualquer analista político mais isento e consistente, diria que a manutenção de sua candidatura só favorece ao governo e ao PT. Quando Ciro sai de cena, os seus votos, em sua maioria, não vão para Dilma, mas sim para Serra. Na verdade, com a exclusão de seu nome da pesquisa de intenção de votos, cerca e 8 pontos vão para Serra e apenas 3 vão para Dilma. Se se considerar que, neste momento, Marina está com 8 pontos percentuais de preferência popular, os dois juntos, levam, com certeza, as eleições para o segundo turno. E, se não machucarem muito Ciro e Marina, provavelmente, pela história com Lula de cada um, migrarão para o apoio a Dilma. E o mote de campanha de Ciro é bem mais interessante que o de Dilma: “nem ontem, nem hoje, mas amanhã, é disso que os brasileiros precisam e querem”.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!