BRASIL E A FELICIDADE INTERNA BRUTA.

Uma saudável discussão se descortina no país. Não vale à pena medir o desenvolvimento pelos tradicionais indicadores como o PIB, o PNB e etc. Tem-se evoluído na construção e na quantificação dos índices de desigualdade sociais ou o chamado cumprimento das metas dos milênios estabelecidas para as várias nações do mundo. Mesmo tais novos indicadores não revelam, como desejado, o nível de satisfação e de atendimento das necessidades, das aspirações e dos sonhos das pessoas dos mais diversos grupos sociais.

 Na avaliação das metas do milênio, o Brasil as cumpriu em vários itens, mas, por exemplo, no capítulo escolaridade, o país está 25 anos atrás do Chile! No que respeita a redução de desigualdades avançou-se nos últimos anos, mas tais avanços têm sido lentos. Nesse processo contraditório, segundo o economista Sebastião Paes de Barros, do IPEA, o Brasil, ao evoluir em alguns itens, ficar estacionado em outros e não crescer em outros indicadores, “acaba se tornando um país rico sem se dar conta”, pois não se preparou para tanto e as coisas foram ocorrendo sabe Deus como.

 Se a tentativa de mensurar o desenvolvimento de uma nação pelo conceito de Felicidade Interna Bruta prosperar, aí as idéias de crescimento sustentável ou de sustentabilidade começam a tomar corpo e sentido. Segundo um notável economista que opera no desenvolvimento desse novo conceito “o PIB mede o fluxo dos meios, não o atingimento dos fins”. Se essa nova visão se consolidar, os conceitos de renda per capita não servirão para comparar níveis de atendimento das necessidades, demandas e aspirações de segmentos, notadamente os cidadãos de segunda categoria, nesse país de falsas castas, pois como já se disse, já que a renda per capita é uma média – e a média “é uma pessoa com a cabeça no forno e os pés na geladeira e a temperatura média do corpo está ideal” – e aí ter-se-á uma visão precisa de como as políticas públicas devam ser modificadas.

 O estudo da felicidade não é recente. Muita gente boa vem trabalhando na idéia porquanto, ao se falar tanto em um mundo mais humano, solidário e justo, agora se pode dispor de ferramentas que indiquem como esse mundo pode ser construído. Até idéias simplistas como a que recentemente conferiu ao povo do Rio de Janeiro o título de mais feliz do mundo, remete a qualquer analista, a se dedicar e a se debruçar sobre o que pode constituir a verdadeira medida de felicidade de pessoas, grupos e comunidades.

 Talvez uma das lições do exame e da construção de tal medidor é que não há que se imaginar o conceito de Felicidade Nacional mas de Felicidade Local, fazendo com que se dirijam os esforços para tentativas de solução de construção de novos caminhos de qualidade de vida, a partir da comunidade e de seus pequenos grupos. De que vale uma política nacional de educação diante de realidades tão distintas e de tantas desigualdades?

 Que se pense na conquistas das três autonomias – de alimentos, energética e militar – como paradigmas de consolidação da sociedade brasileira e como proposta de estratégia econômica para o país, tudo bem. Agora, construir o verdadeiro conceito de desenvolvimento com cidadania passa, talvez, por essa busca de medi-lo pela FIB.

2 Comentários em “BRASIL E A FELICIDADE INTERNA BRUTA.

  1. Máximo,
    Creio que os desperdício no setor público são fruto da incompetência, da desonestidade, da falta de hierarquia e de foco nos gastos. Não só as ong’s promovem desvios monumentais como os gastos com presidiários são talvez um pouco acima do número que você colocou. Uma vez propus que se apresentasse uma medida provisória para resolver o problema dos débitos monumentais dos clubes para com a previdência. Sugeri que, os clubes que mantivessem escolinhas com ensino formal, o esporte, as artes e cultura para meninos de rua, parte albergada e outra não, receberiam o valor correspondente ao que se gasta com um presidiário onde parte ficaria para pagar a dívida com a previdencia e a outra se destinaria a bancar os custos com a manutenção do programa de meninos de rua. Nào sei porque o governo não quis fazer andar o programa. Você não acha que seria uma idéia válida?

  2. Assisti neste último final de semana ao muito bom “Quanto vale ou é por quilo?”

    O filme fala, entre várias coisas, das ONGs que se dispõem a auxiliar o Estado nas suas funções. Os valores destinados a auxiliar essas instituições sem fins lucrativos a auxiliar o Estado é uma fábula e o filme calcula que, só no Rio de Janeiro, se tirássemos as ONGs do meio do caminho, seria possível dar a cada criança R$10.000 por mês.

    Outro valor interessante é o custo de um presidiário, mais ou menos R$800,00, ou seja, mais do que um salário mínimo.

    Não sei da veracidade desses números, mas me parecem plausíveis. O que me confunde é pensar que estamos gastando energia no lugar errado.

    Um abraço, tio.

    Máximo