CEGO EM TIROTEIO!

O cenarista está desestimulado para fazer comentários de qualquer ordem pois vive um momento de ciclotimia. Num determinado instante, diante da pororoca de denuncismos, dedurismos e notícias ou informações desencontradas, mergulha num pessimismo sem tamanho, achando que, diante da prioridade novelesca que se dá a tais questões, o essencial, que é a recuperação do país, fica totalmente esquecida e, com certeza, comprometida.

Por outro lado, ao avaliar os nomes que fazem o governo, sua experiência vivencial, sua habilidade política e a capacidade de dar respostas prontas aos problemas, anima-se o cenarista achando que, mesmo com as reações as mais adversas das viúvas petistas; diante daqueles que estão apostando que tudo vai dar errado; e,dada a atitude daqueles que foram defenestrados do poder, que estão a usar de todos os meios, protestos, manifestações inusitadas e até boicote, para inviabilizar a proposta de recuperação do País, se o Congresso não frustrar a sociedade, eles não conseguirão deter Temer e, com certeza, ele conseguirá alcançar bons resultados na sua empreitada.

Até mesmo quando é colocada em dúvida, por exemplo, a sua firmeza na gestão do País, demonstrada pelos recuos estratégicos na escolha de nomes e ou de algumas medidas restritivas à correção da desordem estabelecida na gestão fiscal do País, um exame mais atento demonstra que a estratégia adotada acabou se mostrando a mais adequada. É isto ficou provado nos dois últimos episódios que redundaram na substituição do Ministro da Transparência que levou a agregação de um nome de peso, de experiência e de credibilidade e que foi muito bem aceito por gregos e troianos.

Se tal não bastasse, ao aceitar a aprovação pela Câmara dos aumentos já negociados com as categorias de funcionários públicos do Judiciário, do Legislativo, do Executivo e do Ministerio Público, o que, aparentemente contrariaria todos os propósitos do ajuste fiscal requerido pelo país, acalmou tais segmentos e conseguiu dois objetivos fundamentais para o seu projeto: fez o reajuste cobrado e já acertado com as categorias porém para ser pago em quatro anos e o trocou pela aprovação de mudança na DRU — Desvinculação das Receitas da União — questão fundamental para garantir os necessários e exigidos graus de liberdade para a reorganização das finanças públicas da União, de estados e de municípios.

Os estados reagiram, num primeiro momento, à aprovação do aumento do judiciário pois o “chamado impacto da cascata” tem implicações adversas nas finanças estaduais mas como, já e já, virá a renegociação das dívidas e dos encargos de estados e municípios para com a União, tal medida, pelo que se prevê, dará um alívio e ajudará a reorganização das fianças desses entes.

E, diante de excelentes escolhas de nomes para a equipe econômica, a reação do mercado já começa a ser sentida e, os próprios dados de desempenho de determinados segmentos da economia, como por um passe de mágica, já
mostram alterações positivas de humor do mercado. As indicações e manifestações de intenções dos novos gestores, parecem estar a criar um ar de que a confiança começa a ser resgatada e a esperança começa a ser reconstruída.

Aliás, a insistência na tese de aceleração das privatizações e concessões com o envolvimento maior do BNDES, conforme declarado pela nova Presidente; as duras declarações do novo Presidente da Petrobras, sobre o grande assalto à empresa e a prioridade que dará ao equacionamento da dívida e a mudança das regras de participação da Petrobras na exploração do pré-sal, além da precisa declaração do novo Ministro da Transparência, sobre os acordos de leniência a serem acertados com as empreiteiras denunciavas na Lava Jato, animaram ainda mais os agentes econômicos pois a competência e seriedade dominam as decisões anunciadas.

Se se considerar os bons ventos que sopram na área do setor externo e, agora, a agradável notícia de que a indústria manufatureira começa a mostrar sinais de recuperação, onde o câmbio ajudou a exploração maior do mercado externo e a aceleração do processo de substituição de importações, notadamente no segmento de bens intermediários, então as razões para não ser tão pessimista diante do tiroteio das denúncias, do boicote dos petistas e de aliados, começa a fazer sentido.

Claro que são ainda acenos de uma mudança de comportamento do mercado e da sociedade e, mesmo que os desafios e os problemas sejam dramaticamente mais desafiadores, sente-se que, mesmo com muito temor, já se vai admitindo que, enquanto a Lava Jato continuar a fazer a sua limpeza ética, aos poucos os dirigentes do Pais estão se dando conta de que os tempos mudaram e que, até na área política, a próxima eleição, sem a grana das empreiteiras, talvez já mostre um perfil diferente dos eleitos.

Não dá para se acreditar que as coisas, na verdade estejam mudando dado o pouco tempo de alteração no comando do poder mas que, mesmo diante de tantos desacertos, desencontros e da verdadeira Inquisição que se assiste, as decisões já tomadas e, em breve  novas medidas serão anunciadas, e, os resultados irão  sendo alcançados, a credibilidade interna e externa vai sendo reconquistada e o Brasil volta a um rumo desejado e de direito dos brasileiros.

E,  emboranão adiante “chorar o leite derramado” e lamentar que, nessa brincadeira de mau gosto, perdeu o país dez anos de sua vida e de sua história e muitas famílias e muitos jovens continuam e ainda continuarão a sofrer os rigores do drama do desemprego, parece que o país respira um ar de que as coisas começam a rumar no caminho certo. As coisas desastrosas  já ocorreram e não há o que fazer a não ser corrigir erros, levantar a cabeça e olhar para frente.

Como diz o ditado popular,  a “dor ensina a gemer”! O aprendizado com a crise, como a criação de uma consciência de que o “crime não compensa” e, nos dias de hoje, de que “a impunidade não prospera mais, nem mesmo entre poderosos”,  isto já são ganhos notáveis. Ademais, a crise tem ensinado, a maioria da população,  a viver com um orçamento restrito e buscar saídas mais eficientes para os problemas do dia-a-dia. São lições da maior importância aprendidas e, fundamentais para esse novo tempo.

Embora ressabiado e indignado com muita coisa; decepcionado com muita gente; envergonhado com o que fizeram as elites dirigentes do País, máxime nos últimos anos, o cenarista ainda se sente estimulado a afastar, de seus pensamentos e elucubrações essas aves agourentas e, a acreditar que, com empenho, dedicação e entusiasmo dos governantes e a confiança da população, um novo tempo, em breve, surgirá!

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