CIRO FAZ O CERTO?
Aqui já se disse que a situação de Ciro Gomes é igual a do personagem do livro “O General no seu labirinto”, sobre o triste fim de Símon Bolívar. E, o pior, por enquanto, sem um “fio de Ariadne” que possa conduzi-lo a uma saída, muito mais honrosa do que de resultados favoráveis, quanto as suas ambições ou sonhos, político-eleitorais.
Acuado pela estratégia e pela ação do PT e de Lula,de reduzir os seus espaços de movimentação, não só quando Lula, afirma, peremptòriamente, que quer uma eleição plebiscitária, o que exclui, necessariamente, a candidatura de Ciro, o Presidente foi muito mais adiante. Impediu que Ciro conseguisse alianças partidárias que lhe ampliassem votos ou, pelo menos, espaços adicionais de televisão e passou a exercer uma inusitada pressão usando, inclusive, o PT pernambucano, para forçar o Presidente do PSB, o Governador Eduardo Campos, a convencer a Ciro que não haveria espaços para a sua movimentação.
Não achando suficiente o “cerco de Lisboa” sobre o velho e leal companheiro Ciro, alguns aliados do Presidente, como o ex-ministro José Dirceu, que foi ao Ceará com o intuito, exclusivo, de provocar ainda mais Ciro, ao dizer que, caso ele não retirasse a sua candidatura à Presidência, o PT estadual retiraria o apoio à reeleição de Cid Gomes, dão a demonstração patente de que Ciro foi usado e abusado. Já acuado, a reação de Ciro seria a que ocorreu, mandando José Dirceu e quem tivesse a mesma opinião “que fosse pastar”.
E Ciro já indignado com a insinuação de muitos petistas e da própria Dilma de que ele daria um bom vice dela, começou a se sentir diminuido e provocado, ao extremo. Num primeiro momento, Ciro ainda foi bastante educado ao dizer que estaria “ao lado dela, Dilma, no mesmo lado político, mas não no mesmo palanque eleitoral, a não ser no segundo turno”.
Mas, como era esperado, a temperatura tendeu a subir mais e Ciro, agora determinado, com o apoio incondicional do irmão, partiu para atacar o PT dizendo que “o partido acostumou-se a tratar seus parceiros como bucha de canhão” e orientou a sua metralhadora giratória para Dilma dizendo que ela não tem experiência além de, diferentemente do que ele pensava, ser capaz de aceitar uma aliança moral e èticamente condenável com o PMDB.
Da maneira como as coisas andam e, diante das divergências e exigências que, inusitadamente, como que orquestrado de cima, o PT do Ceará vem fazendo ao Governador Cid Gomes, dificilmente Ciro deixará de ser candidato à Presidência e, a tendência natural será que Dilma irá perder mais um palanque, o do Ceará. Ou para Ciro ou, se a coisa esquentar mais, para o próprio Serra, na proporção em que a humilhação for grande para Ciro, seu irmão poderá aliar-se à Serra, já que, os compromissos da família com Tasso para o Senado, são, como que, sagrados.
A atitude de Ciro, mesmo diante do estilo mercurial que lhe é característico, é correta, pois, diante das restrições do PT a ele e, em face da atitude de Lula para com ele, armando-lhe uma “arapuca” ou montando-lhe uma armadilha, ele não tinha e não tem caminho de volta. A única coisa que lhe resta, caso o seu partido não lhe dê a legenda para ser candidato a Presidente, é “entornar o caldo” de Dilma e gerar um grande “auê” no processo eleitoral. E, se quiser colocar “molho” adicional na campanha eleitoral para presidente, que tal, sem ter outro caminho, Ciro aliar-se à Marina, mesmo sem disputar cargo algum?
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!