COMEÇAR DE NOVO …

Dia seis de março do ano da graça de 2017, em meio a tantas turbulências, passada a catarse carnavalesca, representa o “starting point” de um novo momento para o País. Hoje a classe política, aguarda, com profunda ansiedade, tensão, muito estresse e preocupação maior, a divulgação da lista de Janot que, pelo jeitão, deve atingir cerca de 70 a 170 políticos. São denúncias de corrupção, malversação de dinheiros públicos e subordinação aos interesses questionáveis de empreiteiras nos seus negócios com o governo central!

Também hoje Temer comece a perder um dos seus maiores aliados e colaboradores, no caso, Eliseu Padilha que, mesmo intentando uma sobrevida ministerial adicional, posto que afastado do cargo por razões de saúde, solicitou que o seu retorno ficasse para o dia 13 ao invés desta segunda-feira, enfrenta as acusações de delatores premiados ou não! Se isto já não bastasse, quatro executivos da Odebretch prestam depoimento ao Ministro Herman Benjamim do TSE, sobre o processo aberto a pedido do PSDB — quanta ironia, pois o denunciante de ontem, hoje é o principal aliado do poder! Aliás tal processo é o que que pede a impugnação da chapa Dilma/Temer, em face de uso de recursos ilegais na campanha presidencial de 2014!

JUnte-se a tanto, no rol de problemas e de dores de cabeça de Temer, hoje a Câmara dos Deputados recomeça a discussão de quatro matérias da maior relevância para o País, quais sejam, a reforma da Previdência Social, a “flexibilização da legislação trabalhista”, a renegociação das dívidas dos estados e as regras de terceirização de mão de obra, há treze anos esperando por apreciação e  votação na Câmara dos Deputados. Todas as matérias são polêmicas e controversas e exigirão muita paciência e muto “lubrificante cívico” para sensibilizar os senhores parlamentares. O governo, sábia e oportunamente, além de garantir cargos e posições de poder a aliados mais exigentes, já fez uma espécie de reserva técnica para garantir emendas parlamentares de bancada e individuais de tal forma a sensibilizar aqueles mais resistentes e de mais difícil convencimento!

Embora isto ainda representa uma espécie de “prato cheio” na criação de problemas, dificuldades e embaraços para um governo sem sustentação popular, há, por outro lado, alguns indícios de que, o Governo Temer, mesmo atravessando esse mar tormentoso, já começa a respirar, com algum alívio, quando se examina o que está a ocorrer no campo econômico. As notícias sobre uma inflação sob controle e em queda, a qual reduz o montante da dívida interna pública, recupera o poder de compra da renda das famílias e sinaliza para a possiblidade de queda nos juros básicos e, consequentemente, a possibilidade de reduzir os juros do mercado, representa a possiblidade de abrirem-se novas e promissoras perspectivas.

A par de uma economia que se mostra, aparentemente, sob controle, a excelente quadra invernosa, o belo desempenho do setor externo, inclusive no que respeita a entrada líquida de recursos internacionais, além dos ajustes na Petrobrás, na Eletrobrás e no BNDES, aliada a uma nova atitude de governos estaduais e dos novos governos municipais em termos de austeridade fiscal, sugerem que, em breve, os investimentos, tanto públicos como privados, estarão voltando a participar da economia nacional.

Também, as notícias recentes relativas a novos investimentos, notadamente através da retomada das concessões e privatizações, dão um novoq alento de que a retomada da economia, via índices mais favoráveis de confiança dos agentes produtivos, lançam no ar a sensação de que o País está às vésperas de voltar a crescer, mesmo que, lentamente.

Claro que o tumulto que se deve esperar no campo político, notadamente essa semana, poderá interferir nesse processo de negociação das reformas indispensáveis à reorganizar as finanças e a gestão pública, além ter o condão de gerar um ambiente mais saudável para as decisões dos agentes produtivos. Embora algum tumulto possa advir, a convicção que se tem é que, até mesmo decisões mais radicais da justiça, em termos de determinadas figuras políticas nacionais, não serão mais capazes de afetar as perspectivas que já se montam para a economia nacional. Aliás o mercado já está muito mais apetrechado para entender o que pode ocorrer com as instituições em momentos de crise como este e sentir que há, com todo esse quadro de crise, certa estabilidade de regras e instituições. Ou será que não?´

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *