CONFUSÃO, TEMORES INFUNDADOS E PERPLEXIDADES!
É algo esperado, na antevéspera de eleições quase gerais, como as que irão ocorrer este ano, representar um momento para surgirem avaliações precipitadas de idéias e propostas; confusões conceituais a respeito de opiniões emitidas; temores infundados quanto à estabilidade das instituições democráticas e, acima de tudo, perplexidades de toda ordem. Claro que, quando há um conflito entre iguais, o problema é um mero Fla-Flu, analogia tão a gosto do Presidente Lula, sem maiores consequências. Mas quando tais contendores são vistos como desiguais pela sociedade, como sói ocorrer agora, então surgem preocupações e divagações infundadas quanto ao futuro. Isto porque, a não ser por uma questão de competência gerencial e política, PT e demais partidos, bem como Lula e FHC ou Lula e Serra, seriam todos farinha do mesmo saco! Claro está que, se no relógio do tempo os chamados de direita e os de esquerda, ainda viverem os saudosos tempos do comunismo albanês, provavelmente terão temores assemelhados aos enunciados por Chavez quando disse que “a eleição de um presidente de direita no Brasil seria oferecer um títere aos interesses do Imperialismo”! Ou seria, caso Dilma ganhe, admitir que voltará o Brasil aos tempos que “os comunistas comiam criancinhas”. Nem uma coisa nem outra pois, no Brasil, se não são todos ditos de esquerda, no mínimo seriam progressistas mas liberais ou conservadores, jamais! Ninguém se intitula assim por estas plagas, a não ser algum anarquista empedernido.
Agora mesmo, a história de Dilma, o seu estilo “durona e mandona”, as propostas explicitadas pela turma da República Bolivariana – Marco Aurélio Garcia, Paulo Vanucci, Luis Dulci, Alexandre Padilha, Franklin Martins, Samuel Pinheiro Guimarães, Tarso Genro, Erenice Guerra, entre outros menos votados – geram, em muitos analistas e em muitos políticos, principalmente os mais conservadores, o temor de que a esquerdização embutida nas propostas formuladas por este grupo ou, até as desencontradas idéias explicitadas por Dilma, na forma de fortalecimento do estado, conduzirão a um perigoso caminho de instabilidade institucional e ao retorno a concepções de governo e de políticas públicas que remontam aos anos 70 ou, até mesmo, ao período getulista.
Por outro lado, diante das reações de aliados políticos, máxime o PMDB e, de certa forma, de “pragmáticos” dentro do próprio PT, além, é claro, de reações explicitadas, de forma quase unânime, por quase toda a mídia, a tendência de Dilma e dos dirigentes partidários é dizer que, “uma coisa são as propostas do partido, outra as diretrizes do governo e outra, bem diferente, a proposta que Dilma irá construir, com o apoio dos aliados e a convalidação de segmentos, de alta relevância e peso político, dentro da sociedade brasileira.
Aos poucos, inclusive as reações da mídia internacional – “El País” chamou a atenção para a diretriz esquerdizante e estatizante de Dilma – e opiniões críticas de veículos como o “The Economist”, entre outros, começam a colocar um freio nos arroubos e arrojos de petistas que ainda se acham e se sentem revolucionários e construtores do sonhado socialismo tupiniquim.
É certo que, conforme cunhou uma expressão deveras conhecida pelos cearenses, o ex-governador Gonzaga Motta, quando cobrado face ao fato de ter abandonado quem o criou e o inventou politicamente, explicou-se afirmando, com uma frase de filosofia de bar, que a “política era dinâmica”. Com isto justificava todos os seus gestos e se desculpava de desvios de conduta política. E isto sói ocorrer com o PT quando, lançando propostas polêmicas no ar, diante da reação avaliada, retiram-nas, reposicionam-nas ou reescrevem-nas, de tal forma a torná-las mais palatável aos mais renitentes.
É certo que o PMDB, temeroso de perder seus apoios tradicionais e seus fiéis financiadores, para mostrar discrepância ao que pensam os ideólogos do PT, já criou um grupo, sob a liderança de Delfim Netto e de Henrique Meirelles, para dizer que a visão deles é diferente daquela que os radicais do PT querem colocar no programa de Dilma. E, o próprio Lula, determinou que as próprias propostas partidárias viessem amenizadas em termos de linguagem e as idéias a discutir, reduzissem o radicalismo e, até o cheiro de naftalina e, que não fossem vendidas como dogmas de fé, como querem os petistas puristas de esquerda (E ainda existem tais puristas?).
Por outro lado, Lula e os seus assessores, mais imediatos, querem descartar a possibilidade de ter que “engolir” o pouco palatável Michel Temer como companheiro de chapa de Dilma e, colocar, em seu lugar, “goela abaixo” do PMDB, o nome de Henrique Meirelles. Tal indicação valeria pelo papel que a Carta aos Brasileiros e a indicação de José Alencar serviram para aquietar os mercados, tranquilizar os militares e por panos quentes nas angústias dos segmentos mais conservadores da sociedade brasileira, como ocorreu com a disputa eleitoral de 2002!
Ademais, sabendo Lula que a “costura” de palanques estaduais encontra muitas dificuldades e embaraços, mesmo com um candidato que não tivesse as limitações de Dilma, com a explicitação do programa partidário, da proposta de Marco Aurélio Garcia e com as iniciativas de tentativa de controle da mídia, dos conteúdos culturais, das fontes de financiamento do País, além da verdadeira nova “Constituição”, como está sendo chamado o Programa Nacional de Direitos Humanos, a tendência é perder mais apoios dos ditos conservadores, nos estados brasileiros.
Assim, mesmo que haja muito exagero dos conservadores, no que diz respeito aos seus temores de uma nova onda esquerdizante no país e, consequentemente, do seu impacto sobre as instituições, sobre o crescimento econômico e sobre a convivência harmoniosa dos contrários, como Lula conseguiu conduzir o País, nesses oito anos, o ambiente no Brasil é se não de temor, mas, pelo menos, de perplexidade e incertezas. Isto porque, Lula é Lula e Dilma é Dilma! Lula não traz ranços e estigmas do passado nem feridas abertas como o grupo “dos bolivarianos” demonstra ter. E, será que Dilma, lá no fundo, também não é bolivariana?
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!