COPENHAGUE, O QUE VAI OCORRER?

Espera-se, para hoje ou amanhã, as definições em torno do entendimento de Copenhague que deverá substituir o Protocolo de Kyoto que, tanto os EUA como a China, além dos demais emergentes, nunca deram bolas para o mesmo, a não ser nos discursos de alguns ambientalistas bem intencionados, de ecoxiitas ou de alguns políticos oportunistas. Na verdade nenhuma nação se apressou em tomar atitudes e providências destinadas a proteger e reduzir os danos provocados pelas agressões constantes e crescentes ao meio ambiente.

E, como fica o Brasil, que se propunha a ser um dos principais protagonistas nesse possivelmente grande momento para a humanidade? As cobranças sobre o Brasil começaram de maneira suave mas, a tendência é que elas venham a endurecer haja vista ser o País o quarto maior poluidor do mundo. Desde questões menores como o fato de, até hoje, até mesmo compromissos internos no sentido de redução de CO2, estabelecidos pelo CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente –  e que deveriam ter sido cumpridos faz mais de cinco anos, não receberam o respeito da Petrobrás nem tampouco da indústria automobilística. Ou seja, exporta  o  Brasil diesel na categoria Euro 4 e consome, internamente, diesel, na categoria Euro 3, com 60% a mais de emissão de gases tóxicos. A indústria produz motores para exportação com as especificações exigidas internacionalmente e com os filtros garantidores de emissões baixíssimas de CO2 mas, para o País, a referida indústria não se propõe a alterar plantas, fazer investimentos, mudar de postura pois que, sendo aqui a “casa de mãe Joana”, ninguém, nem o governo, a perturbará para respeitar a saúde e a qualidade de vida dos brasileiros.

Por outro lado, a comunidade internacional está questionando sobre o impacto da exploração do pré-sal e quais políticas o país irá adotar para minimizar os seus efeitos, não só em relação a intensidade da exploração mas quanto as medidas acautelatórias para reduzir os seus impactos negativos sobre o clima. Também já se questiona sobre a política do Brasil para a exploração pecuária porquanto, 50% da emissão de CO2 vem do grande rebanho bovino e bubalino do País. Não se sabe o que fazer, nem como e nem quando fazer!

E, se isso não bastasse, a comunidade internacional, embora admitindo que o Brasil tenha uma das mais limpas matrizes energéticas do mundo, não tem idéia de como o País agirá para ampliar o uso de biocombustíveis, o desenvolvimento das energias alternativas, máxime a eólica e a solar.

Adicionalmente, lá fora, indagam quais as mudanças que o Brasil fará no perfil do setor industrial voltado para racionalizar e otimizar o uso de energia, para a redução da emissão de CO2 além de alterações tecnológicas, como ora faz o Império do Centro quando está a lançar o programa China Verde.

Na própria política de redução do desmatamento, as idéias colocadas, ainda não configuram uma política e um programa consistentes para por em prática as medidas necessárias ao alcance dos objetivos desejados ou compromissados. Também ambientalistas tupiniquins se perguntam o que se fará quanto às políticas de saneamento ambiental porquanto nem sequer se dispõe de metas para reduzir a precariedade da oferta de tais serviços como não se tem políticas adequadas para o destino final, por exemplo, do lixo, capaz de não gerar poluição adicional. Outra questão vinculada à temática diz respeito ao que fazer com o problema das grandes cidades, pois que não se tem planos definidos de “correr” com a implantação de transportes de massa – metrôs, trolleybus, veículos leves sobre trilhos, sistemas multimodais, ônibus a hidrogênio, transporte elétrico de pequenas cargas, veículos híbridos, etc. – nem mesmo diante da motivação de jogos olímpicos, copa do mundo, ampliação do turismo -, o que  preocupa no sentido do cumprimento das metas-compromisso a que o Brasil se estabeleceu!

4 Comentários em “COPENHAGUE, O QUE VAI OCORRER?

  1. André,
    Concordo com a sua análise e o seu enfoque. Ao invés de está fazendo marketing político com a presumida oferta de um bilhão de dólares, o mais interessante seria de um plano, bem estruturado e bem concebido, para enfrentar desmatamentos, mudanças na matriz energética, mudanças tecnológicas na indústria voltadas para otimizar o uso de energia e reduzir a emissão de CO2, entre outras providëncias. “Menas” conversa e mais planejamento e antevisão estratégica do país a que nós temos direito.

  2. A grande questão é como resolver o problema da saúde, da educação, o sanitário e o abismo social em nosso país. Realmente a questão climática é importante, mas já li diversos pesquisadores “céticos” que falam em um ciclo natural de aquecimento e resfriamento do planeta e que a contribuição humana é ínfima se comparada a isso. É interessante que justo no momento em que países emergentes começam “a dar as caras” a pressão sobre o clima aumenta. Acredito que há uma mudança climática em curso, mas acredito também que isso não se dará do dia para noite e a engenhosidade humana será capaz de contornar a situação, como vem fazendo a séculos aliás. Obama condiciona a ajuda ao cumprimento de metas dos outros países que acaba implicando justamente na diminuição do crescimento destes. E o que ele faz? Não se compromete mas quer que os outros se comprometam? Lula diz que ajudará com recurso. Não passa de marketing internacional. Um país como o Brasil, com todas as suas mazelas, não está em condições em falar em contribuir com recursos. Precisamos é fazer nosso dever de casa (redução do desmatamento, crescimento sustentável, educação, saúde, infra-estrutura). Esse dinheiro não representará quase nada se comparado ao montante realmente necessário para fazer algum efeito. Por outro lado, se aplicado aqui, garanto que terá um efeito muito maior, inclusive para o planeta, pois seria menos um país subdesenvolvido para ocupar a atenção da comunidade internacional.

  3. Paulo,
    Ainda é tempo de corrigir erros históricos. As cidades estão inviáveis. Ou se substitui o transporte individual por transportes de massa — metrôs, vlts, troleybus — além de se buscar, como soi ocorrer na China,a produção de carros híbridos, ou, em menos de uma década, as grandes metrópoles estarão totalmente inviáveis. Por outro lado, no que concerne a carga, ou nos voltamos para os transportes ferroviários, aquaviários, a navegação de cabotagem, entre outros, ou também vamos transferindo ineficiências para o setor privado que vamos torná-lo inviável e não competitivo internacionalment.e Ou o ponto de inflexão ocorre agora, ou não haverá mais tempo para tais mudanças.

  4. Amigo, também creio que o Brasil, per si, está numa “meio sinuca de bico”. Ou seja, como impedir que o maior rebanho bovino do mundo pare de funcionar seu sistema digestivo? Acho que tem um pouco de hipocrisia de outros países e “ambientalistas” nesse tipo de crítica. Sem mencionar que entre essa tribo encontra um grupo de empedernidos vegetarianos. O grande erro que o Brasil cometeu, independentemente da crise ambiental, nos últimos 50 anos, foi deixado de investir em infraestrutura como a férrea e investido muito pouco na hidrovias fluviais e na navegação de cabotagem. Os milhares de caminhões e veículos pesados em nossas precárias estradas é a eternização dessa precariedade. Mas, por outro lado, ouvi hoje, dito pela presidente da CNA e senadora Kátia Abreu, que o Brasil pode DUPLICAR sua produção agropastoril sem desmatar um metro de áreas de preservação. Na verdade, acho que uma declaração e um fato como esse, em lugar de ser comemorado por certos países, torna-os mais renhidos em críticas. É o Mercado e não o bom senso a lógica internacional…. infelizmente.
    Amigo, assino embaixo de suas ponderações, em especial acerca das grandes cidades. O problema brasileiro está no inchaço e na velha infraestrutura das metrópolis brasileiras.
    Se nós e nossas autoridades ficarmos contemplativos esperando que tudo se resolva por sí, as gerações futuras existirão? Em que condições? É esse o nosso legado?