CRESCIMENTO BRASILEIRO: O QUE ESPERAR?
Segundo comunicado especial da Secretaria Geral da CEPAL, o Brasil deverá crescer a sua economia, em 7,6%, este ano. A América Latina, como um todo, terá um bom desempenho à exceção do Haiti – por razões mais que óbvias – e da Venezuela, em face dos chamados “experimentos” destinados a construção da “República Socialista Bolivariana”.
Para 2011 a previsão da CEPAL é que o Brasil cresça a taxa de 4,5%. As explicações para o bom crescimento deste ano derivam da base anterior baixa, face à crise econômica internacional e do uso de capacidade instalada ociosa.
Já a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) advertia que o crescimento do PIB brasileiro alcançou o seu o ponto máximo e não há mais espaço para melhorias. Isto porque, para a OCDE, a crise européia pode ter o seu segundo momento, e os empresários brasileiros queixam-se da alta carga tributária, das elevadas taxas de juros, dos escorchantes encargos sociais sobre a folha de pagamentos de pessoal e de um ambiente econômico insatisfatório em vários sentidos. Além disso, as empresas médias e pequenas agregam, entre outros fatores, que limitam a sua expansão, a falta de acesso aos recursos de financiamento de longo prazo, notadamente os oferecidos pelos bancos oficiais, fundos de pensão e bolsas além do elevado custo das administradoras de cartões de crédito.
Na verdade, a grande pergunta é o que poderia ser feito para manter uma taxa de expansão da economia, na média de 7% ao ano se, de 1870 até 1980, o Brasil cresceu, continuadamente, em torno de deste percentual?
De forma simplista, o que apontam os economistas é que, se a taxa de investimento não for elevada dos atuais 17 ou 18% deste ano, para algo em torno de 25%, dificilmente será possível alcançar tal objetivo.
Ora, como dar tal salto se, ao invés de uma significativa redução dos gastos públicos de custeio, o que se tem observado é uma espécie de “farra do boi”, em inaceitável desregramento que só faz forçar a um aumento da carga tributária bruta do País? Como será possível superar tal “constrangimento” ao crescimento se crescem os encargos da dívida pública interna? Como enfrentar a oportunidade que se apresenta ao país de reduzir a miséria se as limitações de mão de obra reduzem as expectativas em termos de aumento da produtividade física do trabalho e, consequentemente, do aumento do salário real?
Por outro lado, as restrições logísticas em termos de comunicações, energia, transportes de toda ordem, limitam o aumento de eficiência, reduzem a competitividade dos produtos, criam embaraços à ampliação das exportações brasileiras e impedem maiores ousadias do empreendedorismo nacional.
Na verdade, a desaceleração dos emergentes já se iniciou neste segundo semestre, notadamente na China e no Brasil, segundo dados relativos à mensuração do EMI (Índice de Mercados Emergentes) que caiu de 57,4 no primeiro semestre para 55,8 no segundo semestre (expansão só ocorre com o índice acima de 50).
Talvez, diante das perspectivas de negócios promissores nas áreas de petróleo, mineração, turismo, copa do mundo e jogos olímpicos, o País atraia um volume considerável de recursos que não encontrarão oportunidades de negócios nem na Europa, nem nos EUA e nem no Japão. Claro está que a política de juros elevada do Brasil ajuda a atrair capitais especulativos, mas, de qualquer forma, alimenta as bolsas e os negócios internos, garantindo o “funding” de curto prazo para os empreendedores nacionais. Ademais, o volume de fusões pode ajudar a internalizar mais recursos no País.
Por outro lado, o que ocorre com os chamados CIVETS, sigla para denominar “países emergentes promissores” – Colômbia, Egito, Turquia, África do Sul, Vietnam e Indonésia – aliado ao tamanho e dinamismo do mercado interno nacional, ajudarão a vislumbrar perspectivas mais interessantes para o crescimento, pelo menos, pelo lado da demanda. Se se alia a tal, o ingresso de mais brasileiros na chamada classe média emergente e os limites ainda existentes de expansão do crédito, bastaria que uma reforma tributária reduzisse os encargos sobre a cesta básica e sobre os serviços industriais de utilidade pública – energia, telefonia, água, esgoto, lixo – para as populações de baixa renda, então mais se ampliaria o mercado interno.
É importante ressaltar que uma espécie de luz amarela, no que respeita ao crescimento do País, está se acendendo, inclusive, quando se considera a entrada de investimentos externos, o Brasil caiu quatro posições, de décimo país que mais recebia investimentos estrangeiros, para 14º.
Apesar de tais indicadores e análises preliminares, os presidenciáveis não mostram preocupação e nem apresentam propostas para superar tais limitações, na crença de que o eleitorado não está nem aí para tais questões, mas para demandas e sonhos mais imediatos como o bolsa família, alguma coisa palpável em termos de combate à violência e algo para melhorar o atendimento médico e o transporte de massa, venha a ser posto, de forma convincente. Não interessa se possível e viável, pois os governos acostumaram o povo a acreditar que a Viúva tem grana para fazer qualquer coisa. Basta querer!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!