CRIAR, OUSAR, INVENTAR, IMPROVISAR…

Os brasileiros são dados a amores e entusiasmos à primeira vista. Após a frustrante campanha do selecionado brasileiro na última Copa do Mundo, o surgimento de uma nova equipe, jovem, alegre e mostrando movimentação, deslocamentos rápidos, belas triangulações e ousadia no ataque, deu um sopro de esperança de que, agora, o futebol-espetáculo volta ao palco.

Alguns analistas e torcedores, temerosos de novas frustrações e desencantos com o esporte-símbolo da “pátria de chuteiras”, ainda estão com um “pé atrás”, aguardando mais testes e mais embates desse novo grupo. Aí sim, após tais novos enfrentamentos, poderão aceitar a idéia de que está a surgir, no futebol brasileiro, uma nova era!

Criar, ousar, improvisar e inventar parece que é o  que o futebol-moleque, da garotada, está quase a demonstrar e a convencer. Deslocamentos, triangulações e mudanças de tática, diante de alterações na postura do adversário, fazia tempo que tais atitudes não se viam no comportamento da equipe brasileira.

“Quem se desloca recebe; quem pede tem preferência,” segundo a máxima de Gentil Cardoso – ou seria de Neném Prancha? – voltou a ser posta em execução.

Neymar, aos dezoito anos, deu um show particular de exibição e saiu homenageado, não só pela crítica nacional, mas pela mídia internacional, que o aponta como o novo fenômeno do futebol mundial. O próprio Pato, após período de dificuldades emocionais e de sofrer o impacto das “más companhias”, mostrou que idade, criatividade e “boas companhias em campo” determinaram e determinarão, se assim ele quiser, o seu bom desempenho dentro das quatro linhas.

E, impressionou muito bem, não só o já reconhecido talento e sobriedade criativa do brilhante Paulo Henrique Ganso que, ao lado de Ramires e do lateral André Santos, fez despontar uma feliz esperançosa presença de um jovem zagueiro, David Luis, que mostrou firmeza, segurança e excelente presença de área.

Seria injusto não se referir ao elenco, como um todo, pelo belo futebol que apresentou e pela capacidade de responder, de forma criativa, aos obstáculos e resistências que o adversário impôs ao escrete brasileiro.

No todo, a equipe quebrou a monotonia desses dezesseis anos de futebol-força e, se Deus quiser, abre espaço para a volta do futebol-arte em substituição à mesmice frustrante e decepcionante desses aos de crença e desenganos frequentes.