DE SELEÇÃO, DE GOVERNO E DE ECONOMIA!
Parece o samba do crioulo doido! Que diabo tem a ver a seleção, o governo e a economia?
Para alguns, nada. Para outros, tudo!
Se a seleção começar a engrenar e alegrar os corações e mentes dos brasileiros, então o clima se desanuvia, o governo se alivia e, a própria Dilma se desangustia!
Mas, imagine-se o Felipão, agindo como agente do governo, ser capaz de numa magistral alquimia, inventar talento, criatividade e futebol para a nossa, até agora, selecinha?
É tarefa para lá de hercúlea embora, os otimistas como este cenarista, acreditam, não se sabe por efeito de um chamado “wishful thinking” ou por outra magia qualquer que, no futebol tudo é possível, notadamente para quem já demonstrou, como o Brasil, notadamente no passado, tanto talento.
Na verdade, é hora de esperar que o “Sobrenatural de Almeida” comece a agir e fazer a seleção produzir coisas que “até Deus duvidará”.
Aliás, diga-se, a bem da verdade, que, quem assistiu com olhos críticos, o primeiro tempo de Brasil versus Inglaterra, começou a acreditar que, por incrível que pareça, a 18a. ranqueada seleção do mundo, começava a esboçar um esquema tático capaz de fazê-la resistir ao assédio de equipes européias, de primeiro nível.
Claro que ainda falta criatividade e jogadas capazes de mostrar talento e o velho futebol-arte do passado.
E a gente se pergunta, por que é que, tendo os principais jogadores nos melhores times do mundo, não consegue o País, armar, com esses mesmos talentos, uma esquadra capaz de ombrear-se à Espanha, Alemanha, França, Inglaterra, Itália e, diga-se a bem da verdade, até mesmo os estados unidos e o japão?
Por enquanto, não conseguiu o país engrenar a equipe que seria a dos sonhos dos brasileiros.
Por certo o esquema tático mostrado contra a Inglaterra, onde o time brasileiro fechou os espaços e impediu que Inglaterra quase não tivesse a chance de tocar a bola, mostrou que, com o que se tem, será possível, talvez, armar algo que relembre os velhos tempos do futebol brasileiro.
Na defesa, quase nenhuma reparo, a não ser a cobertura da cabeça de área pois, com a saída de Luis Gustavo, a confusão gerada na marcação, permitiu dois gols bobos fossem marcados pelos ingleses.
No meio de campo, se se permitir que Paulinho tenha a liberdade quem tem no Corinthians para estar mais colado aos armadores, pode melhorar a criatividade do meio de campo. E, para surpreender o adversário, a possível escalação de David Luis como cabeça de área e, às vezes, apoiador, pode ser uma alternativa interessante.
Agora, Paulinho e Oscar, juntamente com Neymar jogando pelo meio, ajudam a ampliar os espaços de criatividade.
Quem viu Luis Gustavo descobriu que ele e Renato, são cabeças de área da melhor qualidade. Na defesa, nada a fazer a não ser manter o Marcelo na lateral esquerda e forçar a Daniel Alves a jogar na seleção como ele joga no Barcelona. Por outro lado, uma melhor esquematização das coberturas na área é fundamental para não se contar com certas surpresas desagradáveis.
Uma outra coisa importante é que o Brasil está perdendo a mania de achar que gol só se faz na pequena área. Antes de isso acontecer, já se perdeu a bola pelo caminho. Chutes de longa distância, bons cobradores de falta, bom posicionamento de zagueiros nos escanteios, podem ajudar a complementar a criatividade de jogadas de um Neymar ou de um Bernard.
Se a seleção faz um notável esforço para se encontrar, a falta de humildade do governo para chegar aonde precisa chegar, é ululante. Desde questões aparentemente mais simples, a pergunta inicial é quem administrará o conflito com a classe política? Se Dilma resolver não agir, ficar distante e, de um modo particular, mantiver o seu estilo no trato com os políticos — distância, desprezo, grosseria — então o caldo vai engrossar.
E, diante de um quadro nada animador da economia nacional, não adianta o governo falar da onda de pessimismo que, segundo seus porta-vozes, a oposição busca instilar na opinião pública, porquanto os dados confirmam e sugerem preocupações sérias com o amanhã do País.
Assim, valeria à pena, a Presidente Dilma concluir que o Governo não tem azimuth ou melhor, não sabe para onde vai, nem porque vai e nem como vai. O governo, simplesmente vai, ao sabor das circunstâncias.
Portanto, da mesma forma que a seleção é hora de parar, pensar, refletir e agir em termos de planejar o Brasil para os próximos 20 anos ou, até, numa perspectiva maior.
O fundamental é saber o que ser quer, para onde se quer ir e com base em que instrumento se pretende ir. O resto é definição de vontade. Talvez a troca de Mano por Felipão tenha permitida uma chacoalhada na seleção. Se assim for, talvez comece a perpassar, na sociedade, um sentimento mudancista que pretenda que as coisas alterem o seu curso.
Mas, enquanto o povão não sentir na carne os efeitos da inflação; enquanto os programas de compensação de renda se mantiverem e, enquanto o desemprego se mantiver baixo, o discurso da oposição continuará sem repercutir e sem provocar, sequer, uma mudança de atitude do Governo. E, aí, se se ganhar a Copa do Mundo, Dilma vai comemorar a sua reeleição e, no novo quadro, ela terá chance de distribuir gentilezas de maneira mais efetiva!
Num clima de alternância dos humores da sociedade brasileira é que poderemos viver a coincidência de dois eventos que mexem com o país, a copa do mundo e as eleições gerais. Pelo andor da carruagem a reeleição da Presidente deverá ser casada com o desempenho da “selecinha”, o que venhamos e convenhamos, é uma aposta, no mínimo, temerária. E o que dizer dos governadores que construíram estádios superfaturados, utilizando-se do espertíssimo regime diferenciado de contratações? Esses, então, poderão ir para o céu (reeleitos) ou para o inferno (sem mandato e correndo o risco de serem responsabilizados pelo esbanjamento dos parcos recursos da viúva) dependendo da dupla Filipão/Parreira e seus pupilos.