DEPOIS DE MINAS, O QUE VIRÁ?

Muitas foram as confabulações, as articulações e as tramas de bastidores ocorridas em Minas, na última quinta-feira. Muitas foram as especulações, as interpretações de gestos e as tentativas de avaliar o que queriam dizer alguns próceres, de forma direta e expressa ou, talvez, nas próprias entrelinhas. Nunca houve uma circunstância em que cada gesto foi pensado, medido; cada palavra ponderada; cada indagação respondida com cautela e avaliando as suas consequências, como nesta festiva e apoteótica quinta-feira, em Minas Gerais.

A hora, para os políticos, para os analistas políticos e para os jornalistas, é a de buscar interpretações, fazer conjecturas e ilações sobre o que sobrará das comemorações dos cem anos de Tancredo Neves. Os mineiros sonhavam que ali, dar-se-ia a concretização de seu “wishful thinking”, qual seja, ver o seu menino-homem, ungido candidato das oposições, à Presidência da República. Mas, o calabrês José Serra, com muita estrada e muita vivência, é muito mais frio, mais experimentado, mais calculista e mais senhor de seus destinos do que a “vã filosofia imagina”, de tal forma que, nem as grandes emoções ai sofridas ou vivenciadas por ele, abalaram, aparentemente, o seu “mood”. Serra saiu do evento, para muitos, com determinação ainda maior de ser candidato, já tendo mandado Goldman, seu vice, preparar-se para assumir o governo e Aluisio Nunes Ferreira e o seu marqueteiro, prepararem-se para estabelecer orientações e diretrizes para que o comando nacional do partido ajuste-se a linha e aos ditames do que é o seu estilo e seu “jeitão” de comandar o processo.

Ciro Gomes, parceiro de empreitada de Aécio na eleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, também torcia, desesperadamente, para que fosse Aécio o candidato, pois que, em tal ocorrendo, resolveria os problemas seus, de Tasso e do governador, seu irmão. Ciro até provocou Tasso chamando-o, carinhosamente, de “meu vice-presidente”, vez que, o que se especula é que, caso Aécio não aceite ser vice, Serra buscaria um vice do Nordeste e, o mais adequado e oportuno para a empreitada, seria o Senador Tasso Jereissati. Claro que alguns acham tal possibilidade remota porquanto Tasso sempre teve e, parece ainda ter, as suas diferenças com Serra. Mas, como o que interessa é ganhar o pleito, Serra “engoliria” Tasso. Isto porque o Ceará é o quinto maior colégio eleitoral do País e, até agora, é o mais “embrulhado” no que tange a formação de palanque para Serra. Tasso não se entusiasmou, aparentemente, com a idéia, pela provocação que se fez de sua possível candidatura a vice de Serra. Mas, como dizia Gonzaga Motta, ex-governador do Ceará, “a política é dinâmica” e, tudo pode acontecer!

Por seu turno, o PT continua querendo aprontar das suas, ameaçando lançar o nome de José Alencar como candidato ao governo de Minas, numa nítida provocação aos demais partidos, fazendo jogo com o estado de saúde do Vice-Presidente, para tirar proveito eleitoral em Minas.

Por outro lado, os petistas estão apavorados com a hipótese de Lula credenciar-se, efetivamente, para assumir a candidatura de Dilma, afastando-se do governo por três meses. Deixar o governo, para os petistas, nem pensar. E o principal partido aliado de Lula, o PMDB, nem piscou para dizer que apoiaria a idéia.

Finalmente, um dos grandes temores da Oposição é que Dilma assuma muito a postura de “filha do Lula” e que, o seu papel de candidata a Presidente, seja deveras reforçado.