DESÂNIMO, DESENCANTO, DECEPÇÃO E DESISTÊNCIA!
É duro, para qualquer cidadão brasileiro, descobrir-se em meio a esse estado de coisas onde tudo parece errado e fora de lugar e não se enxerga onde buscar uma espécie de refúgio de que algo possa recuperar alguma ou qualquer perspectiva ou um laivo de esperança de tempos menos duros e menos impiedosos!
Os escândalos estão em todo lugar, em todas as atividades humanas, de todas as formas e não respeitam dimensões e nem limites. As chamadas pequenas contravenções, que hoje, como que, definem o caldo de cultura da ética de comportamento dos brasileiros, estão tão arraigadas e disseminadas, na sociedade, em todos os gestos e atitudes das pessoas, desde o aparentemente irrelevante estacionar ilegalmente ou desrespeitar regras e leis as mais comezinhas da convivência humana, até a quase natural e vista como normal atitude de corromper pessoas ou alguém munido de qualquer poder, para transgredir regras e comportamentos.
Nesse quadro de tanto pessimismo, sente-se que o país afunda e o que se assiste é, afora o clamor solitário e isolado do Juiz Sérgio Moro e de alguns abnegados procuradores e policiais federais, são as abjuráveis tentativas de lideranças, as mais expressivas, de construir espúrios acordos destinados a salvar nomes e figuras da vida pública, da necessária punição pelos desmandos e crimes cometidos.
Ao invés dessas figuras da vida pública nacional estarem buscando caminhos que contribuíssem para uma assepsia geral do quadro e para uma limpeza das instituições, tão necessárias a uma retomada do caminho que o Brasil vinha trilhando, até bem pouco, ninguém mostra compromisso com a república e com a democracia, o que se assiste é esse espetáculo de buscar manter a impunidade e garantir que o status quo deplorável seja mantido!
O país está exausto. O fôlego da sociedade encurtou e a capacidade de resistência foi minguando a ponto de uma manifestação popular esperada e destinada a exteriorizar a vontade do povo ver Dilma e companhia fora do poder, foi quase um verdadeiro fiasco. E o que sobrou aos brasileiros foi assistir, impotentes, por exemplo, a episódios ridículos e reprováveis de um digladiar físico, indo quase as vias de fatos, de membros do Legislativo, na defesa de seus interesses mesquinhos.
Se os momentos de decepção e frustração com a representação parlamentar são tantos e tão frequentes, a sessão da Corte Suprema que se propôs a normatizar o processo de Impeachment, em curso na Câmara dos Deputados, foi um desfilar de inconsequências que extrapolaram, de muito, sua competência, invadindo decisões “interna corporis” daquela casa legislativa, atropelando seu Regimento Interno (legítimo), criando leis e procedimentos para os quais não tem o necessário mandato concedido pelo Povo (de quem emana todo o poder)! Para tanto fez contorcionismos verbais e jurídicos, alguns até ridículos, numa inapropriada é equivocada leitura da Constituição!
Não há o que discutir da letra da lei pois o texto constitucional é claríssimo quando estabelece que cabe a CD admitir a acusação e ao SF julgar a matéria. Não cabe e não compete ao SF admitir o processo após já ter ocorrido na Câmara dos Deputados, mesmo porque, se fora assim, estaria ocorrendo o que se consagra no direito um “bis in idem” desnecessário, absurdo e inconsequente, pois transformaria a CD em uma casa legislativa de segunda categoria, quase que, um grêmio literário!
A incompetência ululante dos que fazem o Executivo e um Judiciário que, lamentavelmente parece e envolto em “perigosos entendimentos” com o Excutivo, pois não se entende e não convence a ninguém a “invasão de privacidade” da Câmara, a judicialização do seu Regimento Interno e a retirada de sua competência constitucional, exclusiva, de autorizar o inicio do processo de “impeachment” de um Presidente, estabeleceram-se, na decisão do STF, sérias e graves violências à independência dos poderes e a sua proclamada harmonia!
Nesse universo em desencanto, até a mídia, em parte, não ficou fora desse contexto, pois que, apesar de possíveis laivos de esperança que estimulava a sociedade a crer quanto à sua imparcialidade, notadamente diante das atrocidades perpetradas pelo Executivo e pelo Poder Judiciário, muitas vezes, face às dificuldades de sobrevivência e os rigores da crise econômica, submete-se, a mídia, às pressões e a escusos interesses, assumindo, muitas vezes, uma postura de simpatia, de leniência ou de condescendência para com o poder, buscando recolher algumas migalhas de meios para a sua sobrevivência. As vezes, também ocorre atitude distinta dessa e, ao contrário, assume uma violência verbal, estabelece uma verdadeira catilinária a quem não lhes paga a conta devida ou não lhes dá a esperada e cobrada atenção.
Para que a frustração e o desencanto não sejam totais e completos, a vinda do Natal e as festividades do Ano Novo dão aos cidadãos, uma espécie de refresco e leniência pois que, no Brasil, como as crises costumam viajar, acabam dando uma trégua nesses sentimentos tão pessimistas que dominam a sociedade brasileira!
Ao lado da eleição de MACRI, na Argentina e, a esmagadora derrota do chavismo, na Venezuela, muitos creem que esses dois fatos poderão abrir perspectivas para que surja alguma lucidez e algum espírito público nas elites do país e se conclame, a população, para que empreenda uma cruzada de consciência de que é hora de, aqui, também, rejeitar, não só a chamada “Nova Matriz Econômica” do “de cujus” Mantega; o aparelhamento inconsequente do estado; a leviandade na gestão das finanças públicas e a burra opção terceiromundista da política externa do País e, com isto, poderão ser abertos espaços para a construção de uma nova agenda para a nação brasileira.
Ao final desses questionsmentos, para estimular alguns sentimentos mais positivos e otimistas, por que as concessões de portos, de ferrovias, de hidrovias, de aeroportos, de rodovias, de obras de mobilidade urbana, não andam? Por que os marcos regulatórios não são capazes de serem formulados e apresentados, sociedade, de tal forma a interessar e atrair os investidores externos e internos? Por que tanta lentidão em tais processos? Por que o planejamento estratégico para as áreas de água, saneamento, energia não é desenvolvido, apresentado e discutido com a sociedade? Por que não são agilizadas as providências destinadas a melhorar o ambiente econômico, de forma a abrir espaço para que investidores venham para explorarar as potencialidades nas áreas minerais, de petróleo, de infra-estrutura, entre outras?
Enfim, por que não são agilizadas as reformar fundamentais a superar grandes óbices ao crescimento nacional, como são as reformas previdenciária, trabalhista e fiscal que assentariam as bases para remontar e recuperar o respeito aos fundamentos da economia, a redefinição do pacto federativo, a nova definição de autonomia municipal e do poder local? Por que tantas coisas simples e que são do domínio e do interesse público, não vão a frente?
Eh! A mistura de incompetência, má-fé e corrupção parece que liquida qualquer pretensão de erguer uma nação e, infelizmente é o que, lamentavelmente, está ocorrer com o Brasil!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!