DEUS É, DE FATO, BRASILEIRO!

No auge de uma quase crise institucional, alimentada por uma avalanche de manifestações populares contra muitas coisas mas, particularmente, contra o governo, vem um momento de catarse nacional, na forma de um grande alívio e de um extremado amor pela pátria amada!
O Brasil lavou o peito e, de alma enxaguada, gritou, cantou, chorou de alegria e de emoção diante de sua seleção que, ontem, parecia que não era a atual mas a de oitenta e dois! Só que, a daquela época mas dando tudo certo diante, não da Itália do carrasco Paolo Rossi, mas diante da gloriosa, invicta e quase imbatível Espanha de Iniesta, Xavi, Casillas e tantos outros mestres do famoso esporte bretão, como dizem os intelectuais comentaristas de futebol.

O que se viu e se assistiu, num novo Maracanã, belo, altivo e de tantas glórias foi um time que, não faz mais do que um pouco mais de um mês, era visto com uma total descrença dos brasileiros e a vigésima segunda seleção nacional no ranking da FIFA mostrar-se brilhante, com um esquema tático muito eficiente e com um desempenho excepcional. Foi uma equipe onde todos se agingantaram na defesa da história e da glória da amarelinha.

A amarelinha não amarelou. Ao contrário, vestiu-se de uma brasilidade que faria corar Nelson Rodrigues e faria chorar um Didi, mostrando que ningúem humilha a pátria de chuteiras quando ela resolve ter vergonha na cara!

E agora, José? A festa acabou! Músicos na estrada, recolhidos os instrumentos musicais, é hora de colocar a cabeça no lugar, usar o calor e o entusiasmo da grande conquista e, de forma sóbria, buscar os meios de como enfrentar os graves problemas do País.

A Presidente Dilma faz mais uma reunião ministerial. Lula diz da África que a sua pupila conduziu bem o País diante da crise e irá conduzir ainda melhor. Não se sabe que decisão ou decisões serão apresentadas no dia de hoje e nem sequer se surgirá uma nova agenda para o País.

Será que virá a propalada idéia de redução à metade, do número de ministérios e de cargos comissionados do Governo Federal? Isto não seria tão relevante para a solução dos problemas graves do País mas, por certo, seria de um simbolismo extremamente marcante. Será que serão divulgadas medidas para melhorar o ambiente econômico e facilitar a entrada de recursos e investidores externos no País, notadamente para enfrentar os problemas de mobilidade urbana, os gargalos infra-estruturais e as dificuldades nas áreas de saúde pública, educação e segurança? Será que Dilma anunciará a saída de Mantega e companhia e chamará um Meirelles, um Armínio, ou um Carlos Eduardo de Freitas para comandar a Economia? Será que a idéia de déficit nominal zero será estabelecida, como meta, mesmo que, pelo menos, para o ano começando agora em julho?
Para amanhã, já foi anunciado que o Governo Central enviará a sua proposta de reforma política ao Congresso ou será que mandará apenas sua sugestão das perguntas que deverão estar contidas no famigerado plebiscito?
A semana promete muitas emoções pois que, o próprio Congresso e o Supremo, procurarão mostrar que estão no ritmo de Felipão e no entusiasmo da torcida brasileira!

Um Comentário em “DEUS É, DE FATO, BRASILEIRO!

  1. Os primeiros movimentos do jogo político pós-Copa das Confederações, indicam, aos olhos do cidadão comum, uma tentativa de se ganhar tempo. Tempo para quê é a pergunta que não cala. Para um plebiscito com cinco perguntas que ao serem simplificadas tornar-se-ão incompreensíveis para a maioria? Redução a toque de caixa do número de Ministérios (alguém tentou isso antes e não deu muito certo)? A verdade é que o fator Economia vai, cada vez mais, encostando o país na parede, acuando a classe média e em seguida, a classe pobre. Todos sabemos que os animais, mesmo os racionais, quando acuados, ganham força e lutam bravamente (vide o exemplo da seleção brasileira). Talvez esteja na hora do governo repensar a cadeia de eventos que colocou as pessoas na rua e a partir daí construir saídas mais factíveis e menos fantasiosas.